Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A tutela provisória também passou a ser vista como uma garantia constitucional,
sendo certo que qualquer disposição normativa que vede ou dificulte tal forma
de tutela deve ser tida como inconstitucional. O correto entendimento do
complexo de normas constitucionais, direcionadas para a garantia do sistema
processual, constitui o primeiro passo para conferir maior efetividade possível à
tutela que emerge do processo.
Segundo a previsão do art. 297, CPC, o juiz poderá determinar as medidas que
considerar adequadas para a efetivação da tutela provisória. O p. único, por sua
vez, prevê expressamente que a efetivação da tutela provisória é realizada por
meio do cumprimento de sentença provisório (arts. 520/522, CPC).
O art. 299, CPC, por sua vez, é o responsável pela determinação da regra de
competência para o requerimento da tutela provisória. Será competente para
decidir o pedido de tutela provisória o juízo competente para conhecer do pedido
principal, independentemente deste já ter sido feito ou estar por vir.
Caução
Responsabilidade objetiva
A atual sistemática processual também não deixou de lado os danos que o réu
pode sofrer como consequência do cumprimento das tutelas de urgência
deferidas, sendo que, além de o juiz observar as questões atinentes à
irreversibilidade da medida e à caução a ser prestada, o art. 302, CPC, atribui
responsabilidade objetiva ao autor pelos danos que vier a causar. Diante de tal
ponto, ao pleitear a medida, o autor assume, de determinada maneira, o risco
quanto à possibilidade do seu deferimento em cognição sumária e de a mesma
ser revogada ou perder a sua eficácia a qualquer momento.
Na tentativa de diminuir tais disputas, o par. ún. do art. 305, CPC, prevê que o
juiz, ao considerar que uma tutela pleiteada em caráter antecedente como
“cautelar” tem natureza antecipatória, deverá determinar seu processamento em
conformidade com as regras do art. 303 (que poderão conduzir à estabilização).
O CPC/15, a exemplo do que fazia o CPC/73 no art. 273, § 7º, disse menos do
que deveria, pois tal controle deve ocorrer também na hipótese inversa: ao
deparar-se com um pedido de tutela antecipada antecedente que a rigor tem
natureza cautelar, o juiz deverá também corrigir o processamento da medida, de
modo a excluir-lhe a possibilidade de estabilização.
A estabilização da tutela antecipada antecedente reúne as características
essenciais da técnica monitória: (a) há o emprego da cognição sumária com o
escopo de rápida produção de resultados concretos em prol do autor; (b) a falta
de recurso do réu contra a decisão antecipatória acarreta-lhe imediata e intensa
consequência desfavorável; (c) nessa hipótese, a tutela antecipada
permanecerá em vigor por tempo indeterminado – de modo que, para subtrair-
se de seus efeitos, o réu terá o ônus de promover ação de cognição exauriente
(ainda que ambas as partes detenham interesse e legitimidade para a
propositura dessa demanda – art. 304, § 2º, CPC). Ou seja, sob essa
perspectiva, inverte-se o ônus da instauração do processo de cognição
exauriente; e (d) não haverá coisa julgada material.
Pois bem. Se o réu não interpuser recurso contra a decisão que, em primeiro
grau, concede a tutela antecipada antecedente, essa estabilizar-se-á. O
processo, uma vez efetivada integralmente a medida, será extinto. Todavia, a
providência urgente manterá sua eficácia por tempo indeterminado. Sua
extinção dependerá de uma decisão de mérito, em uma nova ação, que a
reveja, reforme ou invalide (art. 304, caput e §§ 1º e 3º, CPC).
O art. 304, § 5º, CPC, por sua vez, estabelece prazo de dois anos para o
ajuizamento de ação de revisão da tutela estabilizada. O prazo é computado a
partir da data de ciência, pela parte, da extinção do processo gerada pela
estabilização da tutela provisória.
Tutela de evidência
Ainda, acrescenta o parágrafo único do art. 311, CPC, que o juiz poderá decidir
liminarmente nas situações descritas nos incisos II e III, mesmo porque, nos
incisos I e IV, o juiz somente poderá formar sua convicção (ainda que fundada
em cognição superficial) após a apresentação de defesa pelo réu.
Por fim, pertinente a observação de que, enquanto a tutela de urgência pode ser
pedida de forma antecedente e incidental, a tutela da evidência só pode ser
pedida de forma incidental.