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Sumário

• Introdução

• Entendendo os títulos públicos

• Como são os títulos públicos hoje

• O que é um agente de custódia e por que

eu preciso de um deles?

• Vencendo dois grandes medos

• Os tipos de títulos públicos

• Os nomes dos títulos públicos

• Planejamento para comprar os títulos certos

• O Leão está por perto (sobre impostos e taxas)

• Como me cadastrar numa corretora e

começar a investir

• Conclusão

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Introdução

Títulos públicos. Muita gente já ouviu falar, mas ainda tem desconfian-
ça sobre este tipo de investimento, o qual está entre os mais seguros e
conservadores do Brasil.

Nosso objetivo com este eBook é mostrar para você que esse medo de
investir em títulos públicos não tem razão de ser, principalmente quan-
do comparamos os títulos públicos com a caderneta de poupança, sua
maior concorrente.

Você aprenderá que os títulos públicos são o tipo de investimento ideal


para quem quer segurança e rentabilidade real, ou seja, rendimento
acima da inflação (coisa que a caderneta de poupança não consegue
fazer em tempos de inflação acima dos 8% ao ano).

Finalmente, você verá que não é difícil investir em títulos públicos. Mos-
traremos de forma simples e objetiva como é que você pode comprar
um título público.

Então, vamos começar!

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Entendendo os títulos públicos

Para começo de conversa, o que é um título público? Dê uma olhada na


imagem abaixo:

Este documento lembra um diploma, um certificado de conclusão de


curso, ou coisa parecida. Tem alguns dizeres, a assinatura dos respon-
sáveis, data de emissão, prazo de validade e um preço.

Na verdade, trata-se de um título público, datado de 1974. Foi emitido


pelo Governo Federal e conta com as assinaturas do Ministro da Fa-
zenda (na época, Mário Henrique Simonsen) e do presidente do Banco
Central do Brasil (na época, Paulo Hortêncio Pereira Lira). A moeda que
circulava por aqui era o Cruzeiro.

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Esta é a famosa Letra do Tesouro Nacional, que, em sua abreviação,
foi chamada de LTN até pouco tempo atrás (agora o nome desse títu-
lo é Tesouro Prefixado). É um documento que atesta ao portador que
ele receberá, na data do vencimento, o valor de Cr$ 50.000,00. Este é
um título público do tipo prefixado (outra palavra que vamos entender
logo mais).

Quando este título foi comprado, o valor pago, certamente, foi infe-
rior ao seu valor no vencimento. É uma forma do governo emprestar
dinheiro de pessoas ou empresas, em troca do pagamento de juros
interessantes no futuro.

Assim, comprar títulos públicos é comprar um documento que dá, ao


investidor, o direito de receber de volta o dinheiro aplicado, acrescido
de juros. Estes, pagos conforme regras específicas para cada tipo de
título. Em outras palavras, você empresta seu dinheiro para o governo
e ele te devolve, pagando juros pelo período do empréstimo.

Como são os títulos públicos hoje?

Com a evolução tecnológica, os recentes sistemas informatizados e


conectados à internet fizeram com que os títulos em forma de papel
(como aquele da imagem que mostramos) ficassem obsoletos, dando
lugar aos títulos chamados de “escriturais” – os quais são negociados
eletronicamente e ficam registrados em bancos de dados, redes e sis-
temas digitais.

No caso dos títulos públicos, esse registro fica na base de dados da


Companhia Brasileira de Liquidação de Custódia (sigla CLBC). As opera-
ções de compra, venda e consultas são feitas no site do Tesouro Direto,
criado em parceria com a BM&F Bovespa (clique aqui para conhecer).

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É um site semelhante aos sites dos bancos pela internet, porém mais
simplificado. A compra e a venda dos títulos também podem acontecer
diretamente no site do agente de custódia, dependendo da plataforma
que ele disponibiliza aos clientes.

Fique tranquilo. Explicaremos no próximo tópico o que é um agente de


custódia. Você entenderá o que ele faz, da mesma forma que hoje você
conhece o papel do banco em relação às suas aplicações na caderneta
de poupança.

Aliás, sempre que for possível, faremos um paralelo entre títulos pú-
blicos e caderneta de poupança, para fins didáticos, já que a poupança
é reconhecida como o investimento mais simples e popular do nosso
país.

Tesouro Direto é o nome de um programa que foi criado pela Secre-


taria do Tesouro Nacional, em parceria com a BM&F Bovespa, para
permitir a venda de títulos públicos do Tesouro Nacional diretamente
para pessoas físicas, através da internet. Esse programa surgiu no ano
de 2002. Antes disso, uma pessoa física só conseguia investir em títulos
públicos através de fundos de investimento (os populares fundos RF e
fundos DI), ofertados pelos bancos e outras instituições financeiras.

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O que é um agente de custódia e por que eu preciso de

um deles?

Você sabe o que significa a palavra “custódia”? É o ato de proteger,


guardar alguém ou algo. No contexto dos títulos públicos, o agente de
custódia é a instituição responsável por intermediar (e não por guar-
dar) suas operações de compra e venda, através do programa Tesouro
Direto.

Pode parecer estranho o uso do nome “custódia” em relação à atuação


desses agentes, uma vez que, na verdade, eles não fazem uma custódia
real, mas apenas a intermediação de compra e venda. Porém, é assim
mesmo que funciona.

Na prática, como os títulos são escriturais, o agente de custódia não


guarda nenhum documento físico seu, nem mesmo os registros eletrô-
nicos de posse. Repetindo: eles apenas intermedeiam suas operações
de compra e venda.

Os registros dos títulos públicos, que você compra, ficam sob a respon-
sabilidade da CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia),
em parceria com a BM&F Bovespa, e são vinculados ao nome do com-
prador (investidor) e ao seu CPF.

Quem são os agentes de custódia?

São as chamadas corretoras e distribuidoras de valores. E os bancos?


Eles não são agentes de custódia diretos, mas alguns deles possuem
suas próprias corretoras de valores, o que os autorizam a operar como
agentes de custódia.

Para você conhecer o ranking dos agentes de custódia mais utilizados


pelos investidores brasileiros, para a compra de títulos públicos, clique
aqui (você será direcionado para a página do Tesouro Direto).

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Se quiser conhecer todos os agentes de custódia habilitados pelo pro-
grama Tesouro Direto, clique aqui.

Vencendo dois grandes medos

Quando analisamos as preocupações e receios dos investidores inician-


tes em títulos públicos, há duas coisas que se destacam. Vamos, então,
resolvê-las para que você siga tranquilo com seus investimentos.

Medo 1: E se a corretora pela qual invisto quebrar?

Esse é o maior medo do investidor iniciante. É natural que seja assim,


pois o contato das pessoas físicas no Brasil com as corretoras de valo-
res é relativamente pequeno, o que coloca as corretoras num mar de
incertezas por parte desses investidores. Para resolver essa questão,
vamos recordar o papel das corretoras no processo.

A figura abaixo foi extraída do site do Tesouro Direto (você acabou de


vê-la, se clicou no último link recomendado acima):

Aqui temos as responsabilidades de cada instituição dentro do proces-


so de compra e venda de títulos públicos. Observe que quem, de fato,
“guarda” ou administra os títulos é a BM&F Bovespa (em parceria com a
CBLC) – e não a sua corretora (apontada como “Instituição Financeira”,
na imagem acima).

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Assim, caso a sua corretora deixe de operar (seja qual for o motivo), os
seus títulos públicos irão permanecer normalmente “guardados” (ou
custodiados) pela BM&F Bovespa, em parceria com o Tesouro Nacio-
nal. Você precisará apenas escolher outra corretora e tudo segue, nor-
malmente, como antes. Inclusive, caso isso ocorra, você receberá ins-
truções específicas de sua atual corretora sobre como formalizar essa
mudança.

Saiba, também, que existe um órgão responsável por fiscalizar todas


essas questões: a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Medo 2: E se o governo der um “calote” e não pagar o valor devido


no vencimento dos títulos?

Aqui temos um grande mal-entendido, principalmente quando as pes-


soas comparam os títulos públicos com a caderneta de poupança. No
caso da poupança, sabia que o dinheiro que você aplica fica sob a res-
ponsabilidade do banco que mantém a sua conta poupança? Isso signi-
fica o seguinte: se o banco quebrar, você perde o seu dinheiro.

Na verdade, isso não acontece em todos os casos, pois existe uma ou-
tra entidade sem fins lucrativos, chamada Fundo Garantidor de Crédito
(FGC). O FGC protege o investidor, garantindo o pagamento dos depó-
sitos que ele tem na poupança, até o valor limite de R$ 250.000,00 por
CPF.

Dessa forma, a segurança da poupança está garantida apenas até este


valor. Os títulos públicos, por outro lado, contam com a garantia do
próprio Tesouro Nacional, que está acima de todos os bancos. Em teo-
ria, o Tesouro Nacional não “quebra”. Se isso acontecer, significa que o
país “quebrou” e, junto com ele (ou antes), os bancos afundaram.

Portanto, os títulos públicos possuem uma segurança maior do que a


caderneta de poupança.

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Os tipos de títulos públicos

Em um momento anterior, mencionamos a expressão “prefixado”. Ago-


ra é a hora de entendermos esta e outras expressões vinculadas aos
tipos de títulos públicos.

Prefixado e pós-fixado

Estas duas variações de títulos públicos dizem respeito às taxas de ju-


ros que serão pagas durante o período em que você estiver de posse
dos títulos.

Os títulos prefixados têm suas taxas de juros fixadas no momento de


compra. Assim, aconteça o que acontecer com a economia, você rece-
berá os juros no dia do vencimento, conforme a taxa que foi fixada de
antemão, no momento em que você os comprou.

Os títulos pós-fixados não possuem uma taxa fixa de juros no momen-


to de compra. A taxa varia com o passar dos meses e está associada a
algum índice de mercado (em alguns locais você irá ler a palavra “inde-
xador” de mercado), como a taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação
e Custódia) ou a inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Con-
sumidor Amplo).

Com ou sem pagamento de juros semestrais

Essa é uma variação interessante e que tem relação com o pagamento


dos juros.

Os títulos sem pagamento de juros semestrais são aqueles em que o


investidor recebe o lucro (proveniente dos juros) apenas no vencimen-
to do título ou quando faz o resgate antecipado. Até lá, nenhum di-
nheiro é depositado na conta do agente de custódia (corretora) que
intermedeia a negociação.

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Já os títulos com pagamento de juros semestrais são aqueles em que o
investidor recebe o lucro (proveniente dos juros) a cada 6 meses. Com
isso, o investidor obtém o lucro do investimento duas vezes ao ano
e, dependendo dos objetivos do investimento (vamos falar sobre isso
mais à frente), esse pagamento semestral pode ser algo bem interes-
sante (pense na sua aposentadoria, por exemplo).

Recordando a “sopa de letrinhas”:

LTN: Letra do Tesouro Nacional.


CBLC: Companhia Brasileira de Liquidação de Custódia.
BM&F: Bolsa de Mercadorias e Futuros.
CPF: Cadastro de Pessoa Física.
Fundos RF: Fundos de investimento em renda fixa.
Fundos DI: Fundos de investimento em depósitos interbancários.
CVM: Comissão de Valores Mobiliários.
FGC: Fundo Garantidor de Crédito.
SELIC: Sistema Especial de Liquidação e Custódia.
IPCA: Índice de Preços ao Consumidor Amplo.

Caso queira receber os juros em períodos menores, você pode comprar


(havendo disponibilidade) títulos com vencimento dos juros semestrais
em datas diferentes, montando uma combinação que atenda às suas
necessidades.

Tipo de indexador utilizado nos títulos pós-fixados

Agora que você já sabe o que é um “indexador”, podemos usar essa


expressão com mais tranquilidade.

Os indexadores utilizados nos títulos públicos, que estão sendo comer-


cializados no momento em que escrevemos este eBook, são apenas
dois. Já falamos sobre eles, mas vamos repetir para fixar o aprendiza-
do: taxa SELIC e taxa da inflação medida pelo IPCA.

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Cabe aqui uma dica importante: todas as pessoas que têm um mínimo
de interesse pelo assunto e, principalmente, aquelas que possuem in-
vestimentos ou estão pensando em investir, precisam se acostumar a
acompanhar (se possível diariamente) estes dois índices. Eles influen-
ciam diretamente a economia do país e também os seus investimentos.
Então, adicione esta tarefa ao seu dia a dia até que se torne um hábito.

Os nomes dos títulos públicos

Agora que você já aprendeu os parâmetros que fazem um título pú-


blico se diferenciar do outro, vamos apresentar os atuais nomes dos
títulos públicos que estão sendo negociados no momento em que es-
crevemos este eBook.

Fazemos essa observação (“no momento em que escrevemos”), pois


o governo pode emitir títulos diferentes dos atuais ou mesmo deixar
de emitir novos títulos iguais a estes. No passado, por exemplo, havia
títulos indexados ao índice IGPM (Índice Geral de Preços ao Mercado).

Eis a lista de títulos disponíveis. Observe, atentamente, os nomes e


lembre-se das explicações anteriores:

• Tesouro SELIC [ano]


• Tesouro Prefixado [ano]
• Tesouro Prefixado com Juros Semestrais [ano]
• Tesouro IPCA+ [ano]
• Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais [ano]

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A palavra “ano”, entre colchetes, representa o ano de vencimento do
título. Esta informação irá aparecer quando você consultar os títulos
disponíveis para compra. Agora, vamos detalhar um pouco mais cada
um deles:

Tesouro Selic: título público do tipo pós-fixado que paga juros iguais à
taxa SELIC. Como a SELIC pode sofrer variações, isso confere ao título
sua característica de ser pós-fixado. No momento em que escrevemos
este eBook, a taxa SELIC está em 14,25%. Dessa forma, este título pú-
blico paga, ao ano, 14,25% de juros brutos. Opa! Apareceu a palavra
“bruto”. Isso significa que temos impostos a pagar sobre os rendimen-
tos desses juros, mas isso vamos explicar mais adiante, quando formos
tratar de impostos e taxas.

Tesouro Prefixado: título público do tipo prefixado que paga juros fi-
xos definidos no momento da compra. Para saber quais juros estão
sendo pagos é preciso consultar o site do Tesouro Direto ou do agente
de custódia.

Tesouro Prefixado com Juros Semestrais: idem (em relação ao título


anterior), mas com o pagamento do rendimento dos juros a cada 6
meses. Esse dinheiro é depositado na sua conta junto ao seu agente de
custódia, conforme as datas definidas pelo Tesouro Nacional.

Tesouro IPCA+: título público que contém dois componentes de juros,


sendo um prefixado e outro pós-fixado. Um deles é a taxa fixa de juros
definida pelo Tesouro Nacional, no momento da compra, e o outro é o
índice IPCA. A soma destes dois componentes resulta na taxa total de
juros do título. Como o IPCA sofre variações mês a mês, isso confere ao
título a característica geral de pós-fixado.

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Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais: idem (título anterior), mas com
o pagamento do rendimento dos juros a cada 6 meses.

Repetindo: quando você for consultar a lista de títulos públicos dispo-


níveis para compra, irá perceber que, além dos nomes acima, há um
numeral (p.ex.: 2021, 2035 etc.) na frente de cada nome. Este número
representa o ano do vencimento do título.

E o que acontece na data do vencimento? Você recebe de volta o di-


nheiro investido, com o pagamento do rendimento dos juros (isso, no
caso dos títulos sem juros semestrais). Para os títulos com pagamento
de juros semestrais, no dia do vencimento você irá receber apenas o di-
nheiro investido de volta, uma vez que os rendimentos já foram todos
depositados na sua conta, a cada semestre

Liquidez é a capacidade de você transformar seu investimento em di-


nheiro. Um imóvel, por exemplo, é pouco líquido, pois demora até você
vendê-lo e transformá-lo em dinheiro. Um carro tem liquidez média,
pois é mais fácil vendê-lo e transformá-lo em dinheiro. Uma aplicação
no título público Tesouro SELIC tem alta liquidez, pois você pode resga-
tar o dinheiro diariamente.

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Planejamento para comprar os títulos certos

Com esta variedade de títulos à disposição, é necessário realizar um


estudo prévio para montarmos corretamente a nossa estratégia de in-
vestimentos em títulos públicos. Este planejamento tem relação com a
quantidade e com o tempo. Em outras palavras, você precisa olhar o
montante de dinheiro a ser investido e definir o quanto dele você irá
precisar em curto, médio e longo prazo.

As definições de curto, médio e longo prazo podem variar dependendo


de quão dinâmica é a sua vida. Assim, vamos utilizar tempos conside-
rados “dentro da média” para a realização de alguns objetivos de inves-
timentos.

Curto prazo: é aquele dinheiro que você pode precisar a qualquer mo-
mento. Ele deve estar aplicado em um investimento que permita liqui-
dez diária. Em média, curto prazo significa um horizonte de 1 a 2 anos.
É um dinheiro usado para formar fundos de reserva de emergência –
por exemplo, para ser usado em casos de doenças, acidentes, período
de desemprego, entre outras situações adversas.

Médio prazo: é aquele dinheiro que você pode deixar aplicado, consi-
derando que não irá resgatá-lo nos próximos 2 ou 4 anos. Tem como
objetivo alcançar metas que possam esperar este tempo – como por
exemplo, a compra de um carro, a reforma de uma casa ou apartamen-
to, uma festa de casamento etc.

Longo prazo: é aquele dinheiro que você não pretende resgatar antes
de 5 anos ou mais. Tem como objetivo formar reservas para a compra
de algo de maior valor – por exemplo, comprar um terreno, um apar-
tamento, uma casa, recursos para a aposentadoria, para os estudos
futuros do filho recém-nascido etc.

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Ajustando a compra de títulos ao meu planejamento

Lembra que comentamos sobre o “ano” que aparece no final do nome


dos títulos? Esse número indica o vencimento dos títulos, ou seja, o
momento em que você receberá seu dinheiro de volta, acrescido do
rendimento dos juros (no caso dos títulos sem pagamento de juros se-
mestrais).

Dessa forma, você precisa levar em conta este prazo de vencimento


no seu planejamento, pois, com exceção dos títulos indexados à SELIC,
todos os outros sofrem o que chamamos de “volatilidade” ao longo do
caminho.

Volatilidade (o que é isso) dos títulos públicos

Volatilidade, neste contexto, é a palavra usada para definir a possível


oscilação de preços que ocorre entre a compra e a data de vencimento
de um título público.

Exemplificando: hoje você compra um título Tesouro IPCA+ 2019 (como


aprendemos, é um título para resgate no médio prazo). A taxa que ele
paga, por exemplo, é de 6% + IPCA. Vamos supor que a inflação come-
ce a cair. Neste cenário, o governo passa a emitir novos títulos com um
valor menor de juros, na parcela fixa da rentabilidade (por exemplo, de
5% + IPCA). Isso fará com que o título anterior fique mais valorizado aos
olhos do mercado. Assim, se vendê-lo antes do vencimento (sim, você
pode fazer isso com todos os títulos), você irá receber um valor ainda
maior, pois há pessoas dispostas a pagar um certo “ágil” por esse título
de maior rentabilidade, em vez de optar pelo novo título que o governo
emitiu.

Ufa! Esperamos ter sido felizes no exemplo. Leia mais uma vez, pausa-
damente, para compreender bem isso.

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A importância de prestar atenção na volatilidade está no fato de que
o contrário também pode acontecer, ou seja, o índice IPCA pode subir.
Neste caso, o governo poderá emitir novos títulos com a componente
fixa dos juros ainda maior, por exemplo, 7% + IPCA. Assim, aconteceria
o contrário com o seu título. Ele perderia valor de mercado se você pre-
cisasse vendê-lo antes do prazo.

No entanto, independentemente dessa volatilidade ao longo do cami-


nho, quem mantém o título em mãos, até a data do vencimento, irá
receber exatamente o que foi combinado no momento da compra. As-
sim, fechamos o raciocínio.

Por isso, é importante permanecer com os títulos (exceto o Tesouro


SELIC) até a data do vencimento. Dessa forma, garantimos que iremos
receber conforme o planejado.

Tesouro SELIC não é volátil?

É volátil, sim, porém em menor proporção que os outros títulos, pois


depende dos juros definidos pela taxa SELIC. Estes, apesar de poderem
variar ao longo dos meses, sofrem variações suaves.

Portanto, Tesouro SELIC é o título recomendado para curto prazo e


também para quem quer apenas substituir (sem muito planejamento)
a poupança por um investimento que vença a inflação e ainda pague
juros – especialmente quando a inflação está em níveis maiores do que
o rendimento da poupança (é o que está acontecendo no momento em
que escrevemos este eBook).

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O Leão está por perto (sobre impostos e taxas)

Esse é outro assunto que gera muitas dúvidas para os investidores ini-
ciantes. Diferente da poupança, quando você investe em títulos públi-
cos há incidência de impostos e algumas taxas. No entanto, isso não
deve ser nenhum empecilho para que você invista em títulos, pois, ain-
da assim, sua rentabilidade será superior à inflação e à poupança.

Sobre os impostos

Existem dois tipos de impostos que incidem sobre os títulos públicos:


IOF e Imposto de Renda.

O IOF só irá incidir se você resgatar parte ou a totalidade do valor inves-


tido, num prazo menor do que 30 dias da data de compra dos títulos.
Ele incide apenas sobre o lucro obtido. Abaixo temos os percentuais
aplicados em função da quantidade de dias:

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O Imposto de Renda também incide somente sobre os lucros. A seguir,
os percentuais, que também variam em função do tempo entre a apli-
cação e o resgate desta:

• 22,5% para aplicações com prazo de até 180 dias;


• 20,0% para aplicações com prazo de 181 até 360 dias;
• 17,5% para aplicações com prazo de 361 até 720 dias;
• 15,0% para aplicações com prazo acima de 720 dias.

Você não precisa se preocupar em recolher estes impostos. O seu agen-


te de custódia fará o desconto na fonte, no momento do resgate (seja
ele antecipado ou na data de vencimento dos títulos).

Sobre as taxas

Temos dois tipos de taxas que incidem sobre os títulos públicos: taxa
de custódia, cobrada pela BM&F Bovespa, em parceria com a CBLC, e
taxa de administração, cobrada pelo agente de custódia (corretora).

A taxa cobrada pela BM&F Bovespa / CBLC é fixa, em 0,30%, e incide


uma vez ao ano sobre o valor total dos títulos. Assim, se uma pessoa
tem R$ 50.000,00 investido em títulos públicos, irá pagar, uma vez ao
ano, o valor de R$ 150,00 por esta taxa.

A taxa cobrada pelas corretoras sofre grande variação, mas temos óti-
mas corretoras que cobram 0,10% ao ano sobre o valor total dos títu-
los. No mesmo exemplo acima, quem possui R$ 50.000,00 em títulos
irá pagar, uma vez ao ano, o valor de R$ 50,00.

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Como me cadastrar numa corretora e começar a investir

Curiosamente, grande parte da população pensa que é complexo abrir


uma conta numa corretora (agente de custódia para títulos públicos).
Isso parece ganhar ainda mais força quando as pessoas descobrem
que a maioria das corretoras ficam nas grandes capitais e não pos-
suem filiais espalhadas pelas cidades de interior.

Além disso, muitos comparam o trabalho de uma corretora com o de


um banco, embora a natureza das atividades de ambos seja bem dife-
rente. Assim, vamos “quebrar” esses preconceitos e ainda surpreender
você, leitor, mostrando como é fácil abrir uma conta numa corretora.

Daqui em diante, precisaremos utilizar um exemplo prático. Para ficar


mais fácil, vamos falar da corretora que nós, autores deste eBook, utili-
zamos para realizar nossos investimentos em títulos públicos.

Passo 1: realizar o cadastro para abertura de conta

Abrir uma conta é muito mais simples numa corretora do que em um


banco, principalmente pelo fato de que você não precisa sair da sua
casa. Tudo é feito pela internet, onde você preenche seus dados e tam-
bém anexa as cópias digitais dos documentos solicitados.

Acesse o site da corretora onde investimos e observe que há um


botão azul, “ABRA SUA CONTA”, no canto superior direito da tela. Basta
clicar neste botão para iniciar o processo.

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Feito isto, é só seguir preenchendo seus dados e providenciar as cópias
digitais dos documentos solicitados.

Ao final do processo, basta ficar atento ao seu e-mail. Assim, em um


breve período de tempo, entre algumas horas e poucos dias, você re-
ceberá a confirmação de que sua conta está pronta para ser utilizada.

Passo 2: transferindo o dinheiro para sua conta na corretora

Assim que receber a confirmação de criação da conta, antes de come-


çar a investir, será preciso transferir o dinheiro que você possui no ban-
co para a sua conta na corretora.

A corretora não aceitam depósitos em cheques ou dinheiro, apenas


TED, em transferência de mesma titularidade de sua conta bancária
para a sua conta Rico.

Após realizar a transferência, você verá, na sua área de clientes do site


da corretora, um resumo do valor que está disponível para fazer apli-
cações. Sua área de clientes tem alguma semelhança com os sistemas
de internet banking, porém é mais simplificada:

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Passo 3: escolhendo o título a ser comprado

Na tela anterior, vimos que há um menu do lado esquerdo. Dentro


da seção “Investimentos”, temos a opção “Tesouro Direto”. Basta clicar
nesta opção para ver a lista de títulos que o Tesouro Nacional disponi-
biliza, no momento, para compra.

Você verá, então, uma lista completa com todos os tipos de títulos. As-
sim, poderá testar o seu aprendizado, analisando cada um deles e re-
cordar o que expomos nos capítulos anteriores deste eBook.

Observe que agora aparecem os anos de vencimento dos títulos, con-


forme mencionamos durante as explicações.

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Para comprar um título, basta clicar no botão azul, no fim de cada linha.
Ao clicar, você verá mais detalhes, conforme a tela abaixo:

Veja que aqui temos mais um aprendizado. Há dois preços apresenta-


dos: o valor mínimo, que são frações de um título, e o valor inteiro, que
representa a compra de um título inteiro.

Você pode comprar do jeito que preferir, respeitando apenas os valo-


res múltiplos do valor mínimo – este, no exemplo acima, é de R$ 23,24.

Muitas pessoas pensam que para investir em títulos públicos é neces-


sário ter muito dinheiro. Porém, o que constatamos é que você pode

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começar a investir com apenas R$ 23,24; no caso deste título que usa-
mos como exemplo.

Observação: Este valor apresentado poderá estar diferente quando


você for realizar a compra, pois se refere ao dia em que escrevemos
este material. Variações na taxa SELIC, no IPCA e outros fatores econô-
micos fazem o preço do título sofrer alterações.

Para completar o processo, você irá digitar sua senha eletrônica (defini-
da no momento do seu cadastro) e clicar no botão “aplicar”.

Investir em títulos públicos é, portanto, um processo simples. Basta


conhecer alguns detalhes que ensinamos e praticar um pouco até que
isso se torne algo habitual.

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Conclusão

Conhecer diferentes formas de investimento, além da popular e co-


nhecida caderneta de poupança, é algo fundamental para a obtenção
de melhores rentabilidades. No caso de investimentos com baixo risco,
sem dúvida, a melhor opção são os títulos públicos.

O Brasil é o país que possui uma das maiores taxas de juros do mundo.
Isso não é algo para aplaudirmos, pois significa que há problemas na
economia. Porém, podemos aproveitar o lado bom deste cenário, colo-
cando nosso dinheiro para trabalhar para nós.

Este é o preço que pagamos ou recebemos, dependendo de nossa for-


ma de lidar com as finanças. Se sua vida financeira é desequilibrada
e você possui dívidas, então os altos juros vão fazer você sofrer, com
prestações cada vez mais caras.

Por outro lado, se você possui uma vida financeira equilibrada, isto é,
se consegue viver com menos do que ganha e poupa o valor que sobra,
então, você poderá usufruir dos juros para fazer o seu dinheiro crescer
ainda mais.

Não basta ganhar dinheiro. Cuidar dele e fazer com que ele se multipli-
que é mais importante. Conte conosco para ajudar você!

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amigos e familiares. Há muita informação gratuita e de qualidade te
esperando por lá.

Desejamos a você uma vida próspera e feliz!

Nunca se esqueça deste pensamento: A RIQUEZA É UMA QUESTÃO


DE ESCOLHAS!

Um grande abraço da equipe Dinheirama!

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Sobre os autores

Conrado Navarro é sócio fundador do Dinheirama.com, autor de diversos


livros sobre educação financeira e colunista de importantes veículos. Foi
eleito o “Guru Financeiro do Ano”, em 2012, pela comunidade de investido-
res ADVFN.

Ricardo Pereira é sócio fundador do Dinheirama.com, com vasta experiên-


cia em educação financeira e no mercado financeiro, tendo passagens por
bancos de investimento e também grandes organizações.

Giovanni Coutinho é investidor, colaborador do Dinheirama e praticante


da educação financeira como estilo de vida. Possui ampla experiência em
vendas, marketing, gestão de conteúdo e comunicação.

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youtube.com/dinheirama

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