Era mato e virou lenha, Era tropa e se foi embora Num grito de venha, venha!
A pedra da boleadeira era do campo e da terra
Ganhou as asas do céu pra ser palavra de guerra Quando era pedra redonda, moradora deste chão De certo já derrubava por conta de um tropicão
Depois foi feita redonda, eterna em ciclos de lua
Paciência por precisão nas mãos de um índio charrua Eram só pedras de campo, cansadas de andar à toa Até que um dia alguém disse: Ah! Será que pedra não voa?
Ganhou parceiras pra guerra e tentos pra irem ao céu
Uma firme e duas soltas, rodando sobre o chapéu Voava de rumo e vento fazendo um “zum” pelo rastro Quando pegava era um tombo, quando cruzava era pasto
Pra bolear potros velhacos bem antes dos alambrados
A pedra da boleadeira tem ressábios do passado Hoje em dia nem se enxerga Três Marias pelos céus Se foi o tempo dos tombos, das potreadas e buléos
Mas sei que ainda há destino na pedra, na boleadeira
Que quando tem rumo certo é muito mais que certeira Mas sei que hay um rumo certo na pedra, na boleadeira, Que quando tem rumo certo é muito mais que certeira.