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Trabalho Final
NUSP: 6907005
DOMÉSTICA
Este trabalho tem o objetivo de discutir a relação entre a governança global e a esfera
os estudos sobre a governança global. Para enfrentar este debate, é necessário retomar alguns
De acordo com Herz (2002, p. 10), o conceito de soberania demarca a relação entre o
estudo da ciência política e o das relações internacionais, visto que possui um componente
interno, a ideia de uma autoridade político-legal suprema sobre uma comunidade política
Assim, a literatura costuma distinguir a esfera doméstica, “onde a política com alguma
variam entre a anarquia e a cooperação utilitária” (Herz, 2002). Ademais, a tensão entre a esfera
doméstica e o nível internacional na área de relações internacionais pode ser observada por
interpretações antagônicas no que diz respeito às definições e aos papeis desempenhados por
intercâmbio positivo entre canais múltiplos transnacionais através dos quais as diversas nações
e estados interagem (cf. Nye; Keohane, 1977). Neste aspecto, verifica-se uma posição oposta
Por outro lado, autores como Dahl (1999) enfatizarão o lado nefasto da governança
âmbito nacional e a falta de participação dos cidadãos comuns. Deste modo, se soma a discussão
De forma bastante resumida e simplificada, estes são pontos centrais para uma
introdução ao debate na disciplina sobre qual é a relação entre a governança global e a esfera
doméstica, que acreditamos ser de crescente interdependência. A partir daqui, discutiremos esta
DOMÉSTICO
A governança é entendida como uma forma de administrar áreas diversas das relações
em um processo contínuo pelo qual interesses conflitantes podem ou não ser acomodados via
esforços e tentativas de cooperação (cf. Alves, 2015). Para Alves, trata-se, assim, de um projeto
político que busca a solução conjunta de problemas coletivos através de princípios, normas e
novos fenômenos nas relações internacionais apontaram a partir dos anos 1990 com mais
atuação dos Estados. Verificam-se novas leituras que analisam o sistema internacional a partir
autoridade, inexistindo hierarquia clara entre os níveis e os canais. Mello (2010) ressalta que a
arranjos e mecanismos para o provimento de soluções conjuntas para os problemas não restritos
accountability para garantir a ordem na atuação das organizações internacionais e dos Estados
Rosenau (1995) traz uma definição de governança global como um sistema de regras,
estes bens públicos globais. Por outro lado, Sposito (2014) observa que os Estados delegam
Os autores verificam, então, que existem dois componentes que determinam como a
estrutura doméstica pode ser influente no modo como a ação dos atores evocam leis ou normas
internacionais para apoiar seus interesses. São eles o modelo de tomada de decisões do Estado
e o padrão de relações entre o Estado e sociedade, no sentido de que quanto mais aberto o
modelo de tomada de decisões e mais próxima a relação entre Estado e sociedade, maiores as
Ainda no nível estatal, observam que a desigualdade entre os Estados determina o modo
como cada um influencia o sistema internacional e é influenciado por ele: os Estados fracos são
e pelos atores domésticos ligados aos interesses transnacionais. Por outro lado, as potências
internacionais podem ter importância sobre o outcome das políticas domésticas. Entre elas, está
cooperação.
regimes democráticos como um Estado membro, um cenário otimista para um círculo virtuoso
doméstica são realidades complementares, pois ambas asseguram os bens públicos e os bens
Conforme já foi mencionado nas seções anteriores, são apontados como desafios
para incentivar os países a cooperar em prol dos bens públicos globais; uma questão
e afirmam que são necessários arranjos para que a autoridade seja exercida em um sistema com
vários níveis interativos sem hierarquia clara e a partir de esferas de autoridade independentes
da soberania estatal.
Autores como Sposito (2014) defendem que a interação entre os níveis por meio de
regras formais e delimitadas por estruturas rígidas pode ajudar a superar os desafios elencados
pela literatura. Em nível estatal, os Estados nacionais são os principais atores das relações
defender os interesses gerais dos indivíduos; em nível supra-estatal, buscam-se as soluções para
mecanismo utilizado pelas potências para produzir resultados políticos de acordo com seus
ajustamento alto para introduzi-las. Este é outro dos desafios para a harmonização de regras
Ainda para superar os desafios listados, Downs, Rocke e Barsoom (1996) defendem a
são instituições criadas e dirigidas pelos governos nacionais, de modo que os avanços em
grandes potências. Este fator reafirma a assimetria de poder e a soberania como empecilhos à
democratização.
estatal para que se avance a um cenário mais cooperativo e que permita às organizações
Cabe destacar, por outro lado, que Lima e Hirst (2006) também apontam como falhas
para a governança global que as opções dos países intermediários são muitas vezes
constrangidas pelas atuações dos Estados com maior projeção de poder político e econômico
no sistema internacional. Percebe-se que, depois dos anos 1990, surge uma literatura de
anglo-saxão (Alves, 2015), ficando evidentes as faltas de compromissos das grandes potências
uma iniciativa no campo monetário e financeiro composta por atores heterogêneos nas suas
organizações políticas e nas suas preferências econômicas, para tentar administrar uma
realidade econômica e financeira global dinâmica. Para o autor, a governança do G-20 está
Ainda sobre a conjuntura recente do século XXI, Ikenberry (2009) observa que os EUA
estão dividindo seu poder de influência nas instituições multilaterais, mas não liquidando o
poder de veto, voto e de influência, o que indica parecer pouco provável que a ordem liberal
enraizada nos valores e nas ideias dos EUA seja contestada nos contornos da governança global.
Isto tornará a governança mais complexa e desafiadora, mas ainda será uma ordem hegemônica
norte-americana.
Outro exemplo relevante diz respeito à governança do meio ambiente, que diz respeito
a uma questão de relevância internacional, com efeitos que transpassam as fronteiras dos
regimes sobre matéria ambiental, bem como tem sido forte a atuação transnacional de
políticos assumidos com os regimes ambientais, uma evidência de que uma condição da esfera
doméstica favorece a interação com o regime de governança ambiental. O estudo não consegue,
(2006), observa o compliance sobre as normas do regime de meio ambiente, estabelecendo uma
fórmula para se atingir a observância nos regimes internacionais, que consiste em controle
desempenho dos regimes ambientais, observando algumas condições que precisam interagir
Este trabalho buscou discutir qual é a relação entre a esfera doméstica e o nível
entre os dois níveis e demos dois exemplos específicos para dialogar com a literatura.
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