Rafael Capurro
Indice
Introdução
I. Correntes epistemológicas do Século 20
II. Paradigmas epistemológicos da ciência da informação
Conclusão: Conseqüências práticas dos paradigmas epistemológicas
Bibliografía
Resumo
Palavras-chave
Abstract
In the introduction the concept of paradigm as well as the scope of epistemological
research in information science are analized. The first part mentions some
epistemological paradigms that have influenced information science so far such
hermeneutics, critical rationalism, critical theory, semiotics, constructivism,
second-order cybernetics, and system theory. The second part is dedicates to a
detailed analysis of three epistemological paradigms in information science. The
first one is the physical paradigm that goes back to Shannon's theory of
communication. The Cranfield tests and Michael Buckland's conception of
"information-as-thing" are mentioned. The second one is the cognitive paradigm
represented by B.C. Brookes, Nicholas Belkin, Pertti Vakkari and Peter Ingwersen.
Finally the social paradigm, going back to Jesse Shera's "social epistemology", is
explained with regard to criticisms and theories by Bernd Frohmann, Birger
Hjørland, Rafael Capurro, and Søren Brier. Practical consequences of
epistemological research concerning the design and evaluation of information
systems as well as research in information science are considered.
Introdução
Há aproximadamente vinte anos, a biblioteca do Royal Institute of
Technology de Estocolmo convidou-me para proferir uma série de conferências
sobre a ciência da informação, uma delas intitulada „Epistemology and
information science“ (Capurro 1985). Foi a primeira vez que falei sobre a
relação entre hermenêutica e tecnologia da informação, fazendo uma exposição
da tese que um ano mais tarde seria aceita pela Universidade de Stuttgart como
tese de pós-doutorado (‘habilitação’) em filosofia, intitulada „Hermenêutica da
informação científica“ (Capurro 1986). Nessa tese indicava que desde o ponto de
vista hermenêutico o conhecimento está ligado à ação, mostrando os
pressupostos e as conseqüências a respeito dos processos cognitivos e práticos
relacionados com a busca de informação científica armazenada em
computadores, assim como com a concepção de tais sistemas e seu papel na
http://www.capurro.de/enancib_p.htm 2/18
21/12/2017 Epistemologia e Ciencia da Informacao
sociedade.
Uma definição clássica da ciência da informação diz que essa ciência tem
como objeto a produção, seleção, organização, interpretação, armazenamento,
recuperação, disseminação, transformação e uso da informação (Griffith 1980).
http://www.capurro.de/enancib_p.htm 3/18
21/12/2017 Epistemologia e Ciencia da Informacao
http://www.capurro.de/enancib_p.htm 4/18
21/12/2017 Epistemologia e Ciencia da Informacao
É claro que essa raiz da ciência da informação ou, como também poderíamos
chamá-la, da ciência das mensagens (Capurro, 2003b), está ligada a todos os
aspectos sociais e culturais próprios do mundo humano. A outra raiz é de caráter
tecnológico recente e se refere ao impacto da computação nos processos de
produção, coleta, organização, interpretação, armazenagem, recuperação,
disseminação, transformação e uso da informação, e em especial da informação
científica registrada em documentos impressos. Este último impacto permite
explicar porque o paradigma físico torna-se predominante entre 1945 e 1960,
seguindo a periodização proposta por Julian Warner (2001). O problema dessa
periodização consiste não apenas no fato de que antes de 1945 existisse já, no
campo da biblioteconomia, o que hoje chamamos de paradigma social, mas
também, como veremos a seguir, nas transformações posteriores desse
paradigma que chegam até os dias de hoje.
1) O paradigma fisico
http://www.capurro.de/enancib_p.htm 6/18
21/12/2017 Epistemologia e Ciencia da Informacao
2) O paradigma cognitivo
3) O paradigma social
http://www.capurro.de/enancib_p.htm 8/18
21/12/2017 Epistemologia e Ciencia da Informacao
http://www.capurro.de/enancib_p.htm 11/18
21/12/2017 Epistemologia e Ciencia da Informacao
Conclusão:
Essa análise coincide exatamente com minha tese sobre uma hermenêutica da
informação científica de que falei no começo (Capurro 1986, 2000). Todo
processo hermenêutico leva a uma explicitação e com ele também a uma
seleção. Como dizíamos anteriormente, a diferença em que se baseia a ciência da
informação consiste em poder distinguir entre uma oferta de sentido e um
processo de seleção cujo resultado implica na integração do sentido selecionado
dentro da pré-compreensão do sistema, produzindo-se assim uma nova pré-
compreensão. É claro também que toda explicitação é de certa maneira uma
tipificação, já que, como sugere Wittgenstein, não existe uma "linguagem
privada". Esse é o fundamento epistemológico para a criação de estruturas de
(pre-)seleção ou de pré-compreensão objetivada, chamadas em suas origens
"disseminação seletiva da informação" ("selective dissemination of information"
SDI) ou também perfis informacionais individuais ou de grupo que permitem ao
usuário reconhecer sua pré-compreensão na redundância e ver também o novo e
potencialmente relevante, ou seja, a informação. A comunicação e a informação
são, vistas assim, noções antinômicas (Bougnoux 1995, 1993). Pura
comunicação significa pura redundância e pura informação é incompreensível. A
ciência da informação se situa entre a utopia de uma linguagem universal e a
loucura de uma linguagem privada. Sua pergunta chave é: informação - para
quem? Numa sociedade globalizada em que aparentemente todos comunicamos
http://www.capurro.de/enancib_p.htm À 12/18
21/12/2017 Epistemologia e Ciencia da Informacao
É claro que a rede digital provocou uma revolução não apenas mediática mas
também epistêmica com relação à sociedade dos meios de comunicação de
massa do século XX. Mas é claro também que essa estrutura, que permite não só
a distribução hierárquica, ou one-to-many, das mensagens, mas também um
modelo interativo que vai além das tecnologias de intercâmbio de mensagens
meramente individual, como o telefone, cria novos problemas sociais,
econômicos, técnicos, culturais e políticos, os quais mal começamos a enfrentar
teórica e práticamente. Esse é, ao meu ver, o grande desafio epistemológico e
epistemoprático que a tecnologia moderna apresenta a uma ciência da
informação que aspira a tomar consciência, sempre parcial, de seus pressupostos.
Aldo Barreto sinaliza a direção em que teremos que avançar com estas palavras:
Bibliografía
Apel, Karl-Otto (1976): Transformation der Philosophie. Frankfurt am Main:
Suhrkamp.
Arendt, Hannah (1958): The Human Condition. The University of Chicago Press.
Austin, John L. (1962): How to do things with words. Oxford, UK: Oxford
University Press.
Barwise, Jon; Perry, John (1983): Situations and Attitudes. MIT Press.
Belkin, Nicholas J.; Oddy, R.N.; Brooks, H.M. (1982): ASK for Information
Retrieval: Part I. Background and Theory. En: Journal of Documentation, Vol. 38,
No. 2, 61-71.
Blair, David C. (2003): Information Retrieval and the Philosophy of Language. En:
Blaise Cronin (Ed.): Annual Review of Information Science and Technology, Vol.
37, Medford: NJ: Information Today Inc., 3-50.
Brookes, B.C. (1977): The developing cognitive view in information science. En:
International Workshop on the Cognitive Viewpoint, CC-77, 195-203.
Capurro, Rafael; Højrland, Birger (2003): The Concept of Information. En: Blaise
Cronin (Ed.): Annual Review of Information Science and Technology, Vol. 37,
Medford, NJ: Information Today Inc., 343-411.
Cornelius, Ian (2002): Theorizing Information for Information Science. En: Blaise
Cronin (Ed.): Annual Review of Information Science and Technology, Vol. 36,
Medford, NJ: Information Today Inc., 393-425.
Journal of the American Society for Information Science Vol. 45, No. 3, 124-134.
Hjørland, Birger (2000): Library and information science: practice, theory, and
philosophical basis. En: Information Processing and Mangement, 36, 501-531.
http://www.capurro.de/enancib_p.htm 16/18
21/12/2017 Epistemologia e Ciencia da Informacao
Maturana, Humberto R.; Varela, Francisco (1980): Autopoiesis and Cognition: The
Realization of the Living. Dordrecht: Reidel.
Shera, Jesse (1970): Library and Knowledge. En: Jesse Shera: Sociological
Foundations of Librarianship, New York: Asia Publishing House, 82-110.
Social Epistemology (2002), Vol. 16, No. 1: Social Epistemology and Information
Science.
http://www.capurro.de/enancib_p.htm 17/18
21/12/2017 Epistemologia e Ciencia da Informacao
Vakkari, Pertti (1996): Library and information science: content and scope. En: J.
Olaisen, E. Munch-Petersen, P. Wilson (Eds.): Information science: from the
development of the discipline to social interaction. Oslo, Copenhagen, Stockholm,
Boston: Scandinavian University Press, 169-231.
Copyright © 2003 by Rafael Capurro, all rights reserved. This text may be used
and shared in accordance with the fair-use provisions of U.S. and international
copyright law, and it may be archived and redistributed in electronic form,
provided that the author is notified and no fee is charged for access. Archiving,
redistribution, or republication of this text on other terms, in any medium, requires
the consent of the author.
Regreso a la ciberoteca
http://www.capurro.de/enancib_p.htm 18/18