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Gestalt Terapia e Ansiedade PDF
Gestalt Terapia e Ansiedade PDF
Phenomenological Studies
ISSN: 1809-6867
revista@itgt.com.br
Instituto de Treinamento e Pesquisa em
Gestalt Terapia de Goiânia
Brasil
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Ansiedade e gestalt-terapia
O ciclo do contato
sendo esta a última etapa do Ciclo do Contato. O fundo volta a ser difuso e indiferen-
ciado até o surgimento de uma outra necessidade, via nova figura, com a abertura de
uma outra gestalt. O Ciclo volta ao seu estágio inicial.
Esse funcionamento perfeito do Ciclo do Contato, infelizmente e não raro, en-
contra obstáculos, interrupções. As referidas interrupções relacionam-se significativa-
mente com fenômeno da ansiedade.
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O mundo, então, uma vez inassimilável, torna-se distante, nebuloso e muitas ve-
zes, distorcido e adulterado. Tendo em vista que a excitação não pode ser expressa na
relação imediata com o mundo, essa mesma energia busca alívio, ou expressão, através
da construção de uma “realidade” à parte, projetada e alucinatória em diversos graus.
Tal fato ocorre pois, como não há self sem contato, também não há homem sem mundo,
e quando o mundo torna-se intragável, o homem vê-se obrigado a criar a sua própria
“realidade”, mesmo que seja de fantasmas e de fantasias. Nesse entendimento, Berg
(1994) afirma que “o paciente que sofre de alucinações, tem objetos que lhe pertencem
exclusivamente. Tem o seu próprio mundo como resultado do seu isolamento” (p. 91).
Em indivíduos com esse perfil, a espacialidade do mundo é experienciada de for-
ma reduzida em vários aspectos. Assim, por exemplo, há redução dos contatos sociais,
sobretudo em situações em que os “olhos do mundo” irão se voltar para o indivíduo.
A clínica descritiva da fobia social é um exemplo proeminente desse fato. Tais indiví-
duos buscam fugir de situações onde serão objeto de maior contato social, como o ato
de comer com outras pessoas, assinar um cheque ou falar em público (Nardi, 1999).
Outro exemplo é a claustrofobia, onde os indivíduos evitam ambientes fechados, os
quais são experienciados como geradores de mal estar e opressão. A claustrofobia é
uma projeção, no ambiente, da experiência de um mundo que é vivenciado como es-
treitado e opressivo (Perls, 2002).
O tempo, para o indivíduo ansioso, da mesma forma, apresenta-se contraído.
O tempo é vivenciado como por demais estreito para conter satisfatoriamente o de-
senrolar dos fenômenos espaciais. Nas palavras de Dalgalarrondo (2000), “pacientes
muito ansiosos descrevem uma ‘pressão’ do tempo, como se o tempo que dispõe fosse
sempre insuficiente” (p. 79). Em algumas situações sociais esse fato torna-se evidente
como, por exemplo, entrar em uma fila de banco. Esta experiência é bastante penosa,
pois a vivência subjetiva do tempo, ou seja, a temporalidade, apresenta-se mais clara
no sentido do estreitamento, rigidez ou congelamento, em consonância com a espacia-
lidade, percebida como penosamente contida.
Outro exemplo é a gagueira, onde a ansiedade apresenta-se como excitação,
com ausência de suficiente suprimento de oxigênio, pois o indivíduo tenta falar en-
quanto inspira (Perls, 2002). Assim, a pessoa que gagueja atropela as palavras, pois o
tempo contraído é insuficiente para a construção das frases. O plano da temporalida-
de, onde deverá proferir o seu discurso, é experienciado em dimensões reduzidas. O
resultado é uma fila apertada e tensa de palavras, uma atropelando a outra, levando o
indivíduo a retornar ao início de uma palavra várias vezes na esperança de conseguir
pronunciá-la satisfatoriamente.
Dessa forma, esta redução espaço-temporal se apresenta como uma diminuição
generalizada do campo vivencial do indivíduo. Sob o ponto de vista sensório, esta redu-
ção se apresenta como uma significativa dessensibilização, traduzida em pontos cegos ou
escotomas, os quais são variadas formas de evitação do contato. Segundo Perls (1977),
“se a excitação não puder fluir para a atividade por intermédio do sistema motor, então
procuraremos dessensibilizar o sistema sensorial para reduzir a excitação” (p. 95). A rela-
ção com o mundo passa a ser efetivada através de mecanismos de interação resistente. O
ciclo do contato é, então, interrompido por uma série de mecanismos que comprometem o
seu funcionamento normal, sendo a confluência um exemplo de interação via resistência.
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nada, um contato humano. Dessa maneira, a sua relação com o cliente busca ser au-
têntica e sincera, esforçando-se para se apresentar sem nenhuma fachada por simples
aparência, ou objetivando ser apenas um receptáculo passivo das projeções do clien-
te. Isso significa dar notícias ao cliente de como ele (o cliente) o afeta, mesmo, por
exemplo, quando se sente aborrecido, triste, entusiasmado, alegre, ou mesmo quando
demonstra a sua própria insegurança e ansiedade. Ser uma pessoa autêntica e asserti-
va está a serviço da estratégia básica da Gestalt-terapia de incrementar a experiência
do cliente na sua relação imediata com o mundo.
O incremento da experiência do cliente, a princípio, pode aumentar os níveis
de ansiedade, no entanto, a satisfatória relação terapêutica possibilita que a excitação
siga o caminho rumo à figura mais importante em um dado contexto, favorecendo des-
sa forma, o retorno ao funcionamento satisfatório da awareness e do Ciclo do Contato,
sempre no aqui e agora.
Viver no aqui e agora é viver sem ansiedade patológica.
Considerações finais
Referências bibliográficas
Ferreira, A. B. H. (1999). Novo Aurélio Século XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
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Perls, F.; Hefferline, R. & Goodman, P. (1997). Gestalt-terapia. São Paulo: Summus.