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●  ●  , º  ● -  201

Gestão do processo de projeto na construção de edifícios


 .  *

Resumo ● Este artigo tem como principal objetivo expor os resultados iniciais de uma pesquisa sobre
gestão de empresas de projeto de edifícios que está sendo desenvolvida pelo Núcleo de Pesquisa em
Administração da Universidade São Judas Tadeu. Nele é apresentado um referencial teórico sobre o
processo de projeto e um rápido mapeamento do seu fluxo de informações. Finalizamos propondo
algumas diretrizes introdutórias para gestão de empresas de projeto que foram elaboradas a partir do
referencial teórico apresentado e dos resultados parciais de pesquisas de campo realizadas em oito em-
presas de projetos de diversas especialidades e vinte empresas construtoras.
Palavras-chave ● processo de projeto, gestão de empresas de projeto, construção de edifícios.

Title ● Management of the designing process in the building construction


Abstract ● This article aims at presenting the first results of a research on the management of edifice
designing enterprises being developed by Núcleo de Pesquisa em Administração of Universidade São
Judas Tadeu. It presents a theoretical reference concerning the designing process and a quick mapping of
its information flow. It finally presents some introductory directions for the management of designing
enterprises; such directions have been defined from the theoretical reference we present, as well as from
the partial results of field researches by eight designing enterprises – with different specializations –, and
twenty building enterprises.
Keywords ● designing process, management of designing enterprises, building.

.  Diversos estudos vêm sendo realizados no sen-


tido de tornar esse setor mais dinâmico, produ-
As organizações empresariais de todo o mundo tivo e, conseqüentemente, competitivo. Esforços
estão enfrentando uma nova realidade. Cenários têm sindo concentrados na melhoria da qualidade
cada vez mais competitivos pressionam-nas do setor por meio de parcerias feitas entre governo
a reestruturarem-se e munirem-se de novos ins- e iniciativa privada. Como exemplo podemos citar
trumentos e técnicas para sobreviver sob a égide a criação do Programa Brasileiro da Qualidade e
dessa nova ordem. Produtividade no Habitat (PBQP-H), do Qualihab
Na construção civil esse quadro torna-se ainda (SP), do Qualiop (BA), do Pará Obras (PA), do
mais preocupante dada sua importância no pa- Qualipav (RJ), etc., todos programas voltados para
norama socioeconômico brasileiro. A cadeia da o desenvolvimento da qualidade na cadeia da cons-
construção civil representa 15,5% do PIB. É isola- trução civil.
damente a maior fonte de empregos diretos, tem O subsetor de edificações é hoje, em face da
elevado e crescente poder multiplicador de deman- substancial diminuição de investimento público
da e constitui a mais poderosa fonte indutora de em obras pesadas, um dos maiores responsáveis
emprego e renda do país (CONSTRUBUSINESS, 2003). por estes imponentes números que caracterizam
o setor de construção civil no Brasil. Pelo exposto,
pesquisar, discutir e propor melhorias para este
subsetor é uma condição fundamental para o desen-
volvimento de toda a cadeia da construção civil.
O meio acadêmico tem demonstrado grande
Data de recebimento: 22/12/2003.
Data de aceitação: 30/01/2004.
interesse pelo tema e produziu importantes estu-
* Doutorando em Tecnologia e Gestão da Produção pelo Programa dos visando a contribuir para a melhoria da quali-
de Construção Civil da EP–USP. Professor-pesquisador do Núcleo
de Pesquisa em Administração da USJT.
dade do subsetor de edificações nos últimos anos,
E-mail: prof.otaviodeoliveira@usjt.br. e todos eles apontam o projeto como uma das mais
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importantes armas para a conquista desse objetivo de projeto (03 de arquitetura e 02 de estruturas)
(P ICCHI , 1993; S OUZA, 1997; R EIS , 1998; O LI - que se localizam na cidade de São Paulo, e foram
VEIRA , 2001; e S ANTOS , 2003). aplicados 22 questionários para a verificação do
Sabe-se que o projeto tem influência grau de satisfação dos gerentes de obra com a
determinante sobre o desempenho de uma qualidade dos projetos utilizados.
edificação em seu uso. Mais que isso, ele deter-
mina grande parte da possibilidade de ganhos .    
financeiros reais durante sua construção, por   
meio da redução do desperdício e das patologias
construtivas e por meio da melhoria da imagem A indústria de produtos seriados percebeu mais
das empresas integrantes do empreendimento cedo o papel fundamental do projeto e a influência
imobiliário, proporcionando aumento no núme- deste na composição do custo de produção de
ro de vendas, fidelização de clientes, etc. seus produtos. Na construção civil, a preocupa-
Ele tem papel essencial na produção de ção com o projeto tornou-se recentemente maior
edificações de qualidade e possibilita a introdu- por ser ele considerado uma das principais fontes
ção de inovações tecnológicas no processo produ- de melhoria para o desempenho do produto edi-
tivo, gerando, com isso, reflexos positivos na ficação e por propiciar a diminuição dos custos
satisfação do cliente com o produto adquirido. de produção.
Hoje, apesar da evidente importância do pro- Franco (1992) considera o projeto como a fase
cesso de projeto para a construção de edifícios, em que as decisões tomadas “trazem maior reper-
ainda se percebe uma enorme carência de estudos cussão nos custos, velocidade e qualidade dos
em quantidade e com a profundidade que o tema empreendimentos”, além de ser a origem da maio-
exige. As poucas pesquisas sobre o tema têm apon- ria dos problemas patológicos dos edifícios.
tado a gestão da qualidade como uma interessante Os empreendimentos na construção civil, assim
alternativa para melhorar o desempenho do pro- como em outros setores produtivos, devem atender
cesso de projeto. Este instrumento já se mostrou aos objetivos estratégicos de seus empreende-
eficaz na indústria seriada e começa a dar seus dores e viabilizar a sobrevivência e o crescimento
primeiros resultados positivos nas empresas das organizações que deles participam. O projeto
construtoras após o período de implantação e pode ser utilizado como um importante instru-
amadurecimento. Existe, porém, um sério proble- mento na viabilização desses objetivos, por seu
ma de adaptação dos conceitos e ferramentas da potencial de influenciar e definir as características
teoria da qualidade à realidade organizacional físicas do produto edificação, desempenhando,
das empresas de projeto, que têm características dessa forma, um papel de grande responsabilida-
muito peculiares, e que serão discutidas no decor- de como otimizador dos processos de construção
rer deste texto. e como instrumento de aumento da satisfação dos
Pelo exposto, o objetivo deste artigo é discutir usuários finais.
o atual estágio de evolução do processo de gestão O projeto vem sofrendo uma evolução concei-
do projeto na construção de edifícios no Brasil sob tual significativa, que não só amplia seu escopo,
a ótica da qualidade, identificando suas principais como reposiciona o seu papel no contexto do pro-
dificuldades e pontos positivos e sugerindo algu- cesso produtivo de edificações. Vários estudos e
mas propostas para sua melhoria. pesquisas têm sido realizados com o intuito de mo-
Este artigo está baseado nos resultados parciais dificar seu conteúdo, introduzindo uma filosofia
de uma pesquisa docente ainda em andamento, baseada em princípios de racionalização, constru-
que está sendo realizada por este autor junto ao tibilidade e evolução tecnológica (M ELHADO , 1994).
Núcleo de Pesquisa em Administração da Univer- Segundo Leusin (1995), mudanças na metodo-
sidade São Judas Tadeu. Até o presente momento logia de concepção do edifício podem induzir for-
foram realizados cinco estudos de caso em empresas tes ganhos de produtividade, passando o projeto
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a incorporar o processo de trabalho enquanto O conhecimento está fundamentado nas expe-


conhecimento técnico, o que exige uma nova estru- riências e formações anteriores dos projetistas e me-
tura no seu desenvolvimento. deia a criação e o desenvolvimento das soluções
projetuais. Associada ao conhecimento está a
.      cultura de produção, que demarca repertórios
projetuais e produtivos ligados aos costumes e
Segundo Fabrício (2002), diversas são as habilida- necessidades de um povo ou região e que são
des intelectuais e motoras requeridas dos projetistas introjetados em sua formação e nos raciocínios
no processo de criação do projeto. As principais projetuais.
estão relacionadas à capacidade de análise e síntese A representação e a comunicação são formas de
de informações e problemas, à criatividade e ao apresentar as soluções desenvolvidas (desenhos téc-
raciocínio, ao conhecimento (ligado ao campo da nicos, maquetes, modelos virtuais, etc.) para serem
memória e das técnicas de armazenamento de infor- executadas ou apreciadas e também uma forma de
mação) e à capacidade de comunicação e interação apoio e extensão ao desenvolvimento intelectual
entre diferentes indivíduos. das soluções projetuais (esboços, simulações etc.).
A capacidade analítica e de síntese está presente Essas habilidades são solicitadas de forma inter-
na formulação do problema de projeto. Trata-se de, relacionada e são interdependentes. O processo
a partir de informações e demandas iniciais, obter, mental de projeto processa-se por meio de apri-
ordenar, classificar e hierarquizar várias informa- moramentos sucessivos das idéias e da compreen-
ções aparentemente desconexas e formular um pro- são do problema inicial. Em um processo no qual
blema a ser resolvido. a totalidade das questões projetuais está posta
A criatividade e o raciocínio expressam a capaci- desde o início do projeto, o que evolui é o
dade humana de propor soluções espaciais, técni- aprofundamento que vai sendo construído ao
cas, funcionais, financeiras, comerciais originais e longo do caminho.
desenvolver soluções coerentes com o problema Assim, do ponto de vista intelectual, na pas-
posto. sagem de uma “fase” para outra não se marcam

Habilidades
intelectuais

Informações Informações
PROJETO qualificadas

Análise e síntese
das informações

Criação de
soluções projetuais
Conhecimentos,
procedimentos e
cultura
Representações /
Comunicações

ENTRADA PROCESSO SAÍDA

Figura 1. Processo de criação do projeto (F ABRÍCIO , 2003).


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rupturas no processo de projeto. Trata-se, portan- uma engrenagem apropriada, visando a atender
to, de um processo de amadurecimento contínuo, às necessidades da fase de execução”; e
que gradativamente desloca seu foco de desen- ● Conceito dinâmico: referente ao projeto como
volvimento. Na Figura 1 é possível observar a “processo através do qual são produzidas solu-
seqüência e o inter-relacionamento entre essas ções para os problemas que deram causa ao em-
habilidades. preendimento e que justificam o investimento”.

.      A partir desses conceitos verificam-se as dimen-


sões do conceito de projeto, enquanto produto, na
Em linhas gerais, o projeto na construção civil deve forma de documentos contendo discriminações
informar o design e as características físicas do técnicas e geométricas, confundindo-se com o pro-
produto, deve permitir a introdução de inovações duto final do empreendimento; e enquanto proces-
tecnológicas, reduzir a existência de problemas so, visando a atender necessidades e exigências
patológicos, garantir características de qualidade, requeridas, e buscando, portanto, soluções para os
racionalidade e construtibilidade do empreendi- problemas de construção do produto final.
mento, gerando, dessa forma, reflexos positivos na Por conseguinte, o projeto deve ser entendido
adequação ao uso, redução do lead time total de como uma atividade ou serviço integrante do
execução da obra e redução de seus custos finais, processo de construção, responsável pelo desen-
devendo, ainda, observar a segurança do trabalha- volvimento, organização, registro e transmissão
dor e a preservação do meio ambiente, tanto na das características físicas e tecnológicas especi-
fase de execução da obra como de seu uso (O LI - ficadas para uma obra, a serem considerados na
VEIRA , F ABRÍCIO & M ELHADO , 2004). fase de execução.
Barros (1991) ressalta a importância da tomada A aplicabilidade eficaz dessas novas definições
de decisões ainda na fase de projeto. Para o autor, implica transformações significativas na estru-
o projeto de qualquer subsistema do edifício per- tura da atividade de projeto, dando subsídios ao
mite a definição adequada da produção ainda na pensamento que sugere uma mudança estrutural
fase de concepção do produto, facilitando e con- na metodologia da sua elaboração.
duzindo a tomada de decisões subjetivas durante O projeto pode assumir o encargo fundamental
a etapa de execução por pessoas com menor nível de agregar eficiência e qualidade ao produto se for
de capacitação (característica inerente à mão-de- incorporado de forma antecipada e adequada à
obra da construção civil). idealização do sistema construtivo e explorado seu
Segundo Melhado (1994), a atividade de pro- caráter estratégico de indução da racionalização
jeto deve ser encarada dentro das seguintes dimen- e redutor dos custos dos empreendimentos.
sões: projeto como processo estratégico — visando a É necessário que a etapa de projeto receba
atender às necessidades e exigências do empreen- atenção especial e, a exemplo do que ocorre em
dedor, voltado para as definições das caracterís- outras indústrias, seja dilatado seu prazo de modo
ticas do produto final; e projeto como processo que se incorporem neste momento todas as ques-
operacional — visando a eficiência e a confia- tões inerentes à fase de execução do produto,
bilidade dos processos que geram o produto. minimizando improvisações em obra e, assim,
Evidenciando a abrangência desse novo con- parte da incerteza durante a realização da obra.
ceito de projeto, Melhado e Agopyan (1995) citam É nesse contexto que o projeto deve ser encarado
Marques (1979), autor que diferencia os enfoques como informação, que pode ser de natureza tecno-
de processo e produto, conforme se segue: lógica (indicações de detalhes construtivos, locação
de equipamentos, e, nesse caso, o produto projeto
● Conceito estático: referente ao projeto como é evidenciado) ou de cunho puramente gerencial
“um produto constituído de elementos gráficos (servindo como suporte ao planejamento e progra-
e descritivos, ordenados e elaborados segundo mação da obra, tendo então caráter processual).
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Quanto mais cedo forem detectados os po- As pessoas envolvidas no projeto e na execução de
tenciais problemas relativos à execução e uso uma construção normalmente trabalham em dife-
do edifício, a partir das informações fornecidas rentes empresas, e o grupo de companhias que
pelos empreendedores e do amadurecimento das cooperam entre si varia de um empreendimento
soluções projetuais, maior será a capacidade de para outro.
influenciar positivamente os custos do empreen- Em face disso, as peculiaridades dos projetos
dimento, desde que implantadas as soluções perti- tornam ainda mais difícil o estabelecimento de roti-
nentes, conforme se pode verificar na Figura 2. nas de trabalho para sua execução. É necessária,
portanto, a eficaz coordenação das informações
.     trocadas entre empreendedores, projetistas e
  construtores para que esse processo transcorra
de maneira mais integrada.
As construções podem ser analisadas sob os mais Alterações nos trabalhos realizadas por um dos
diferentes pontos de vista. Por exemplo, um enge- projetistas podem introduzir conflitos no desen-
nheiro civil vê uma construção como uma série volvimento do projeto, pois não se refletem auto-
de elementos estruturais, mas, para um arquiteto, maticamente nos desenhos, relatórios e banco de
trata-se de uma coleção de recintos e de um enve- dados dos demais participantes. Sem procedi-
lope que tem a função de filtro entre o ambiente mentos de elaboração que possam registrar e revi-
externo e seus ocupantes. Isto acontece porque sar os desenhos de forma sistemática, os erros são
cada um deles tem suas próprias referências e for- inevitáveis. O tempo adicional requisitado para
mas de estruturar e interpretar problemas e a pró- estes procedimentos aumenta o custo do processo
pria edificação (BAILEY & SMITH, 1994; GALLE, 1995). (T EICHHOLZ & F ISCHER , 1994).
Uma das mais difíceis tarefas na fase de projeto No processo de projeto, em geral, as informa-
é resolver os conflitos que ocorrem quando da inte- ções são espalhadas sem qualquer estrutura ou
gração de soluções derivadas destas múltiplas abs- classificação, ocasionando muitos problemas entre
trações ou de sua decomposição em subproblemas. as partes envolvidas (A OUAD et al., 1994). A troca

Figura 2. Influência das etapas de projeto sobre os custos do empreendimento (M ELHADO , 1994).
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constante de fornecedores e as relações dinâmicas Com base nelas, na legislação vigente e nas
entre os agentes e seus diferentes interesses (em características do terreno, é possível realizar a
função de visões particulares e suas necessidades análise dos riscos do empreendimento. Após isso,
diferenciadas) são fatores que tornam difícil a passa-se para execução do projeto propriamente
flexibilização do processo e tendem a incrementar dito, que deve ser validado (verificado e aprova-
também a dificuldade na troca de informações. do) pelo contratante para, só então, ser distri-
A utilização de um modelo simples, que tenha buído para a execução.
por objetivo integrar todos os participantes, pode Cabe ressaltar ainda que após essas etapas de-
limitar o impacto desses problemas e aumentar vem ser realizados o acompanhamento da fase de
a produtividade, evidenciando, dessa forma, a construção e a avaliação pós-ocupação (APO)
necessidade de buscar alternativas concretas pelos projetistas. Esses são importantes instru-
para o trâmite controlado de informações entre mentos de geração de informações que servirão
projetista e empreendedor, projetista e projetista e para aprimorar empreendimentos futuros.
projetista e obra sinalizando a importância do
papel da gestão nos escritórios de projetos. .  
Na figura abaixo podemos observar as princi-    
pais fases de execução do processo de projeto e
seu inter-relacionamento com o fluxo de infor- As deficiências do projeto podem trazer sérias con-
mações durante seu desenvolvimento. Na etapa seqüências para o processo construtivo, chegando
inicial (dados de entrada) é necessário considerar até mesmo a causar a inviabilidade do empreen-
informações acerca do empreendimento prove- dimento. Segundo Tilley e Barton (1997), a baixa
nientes de diversos agentes (empreendedor, agente qualidade do projeto pode gerar os seguintes efei-
financeiro, cliente, tecnologia, fornecedores, etc.). tos: redução da eficiência do processo construtivo,
Estas informações devem sofrer um tratamento aumento do risco do contrato do empreendimen-
e serem depuradas. to, aumento dos custos tanto para o construtor

- EM PRE ENDEDOR - TERRE NO - CHE CK LIST


- AGENTE F INANC EIRO - LEGISLAÇÃ O - COMPATIBILIZAÇÃO
- CLIE NTE - GARANTIA DAQUALIDADE
- TEC NOLOGIA
- FORNE CEDORES,...

DADOS DE TRATAMENTO ANÁLISE DOS EXEC UÇÃO


DAS RISCOS DO DO PROJETO VALIDAÇÃO DISTRIBUIÇÃ O
ENTRADA INFO RMAÇ ÕES
PROJETO

“AS BUILT” AC OMPANH AMENTO


DA OBRA

APO

- ESTUDO PRELIMI NAR


- ANTEPROJETO APO = Avaliação Pós-Ocupação
- PROJETO LEGAL
- PROJETO EXECUTIVO
- PROJETO PARA PRODUÇÃO

Figura 3. Processo de projeto × fluxo de informações.


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como para o cliente final e aumento da ocorrência nelas promotores e projetistas trabalham usual-
da não-qualidade no empreendimento. mente com um pequeno número de informações.
Verifica-se uma freqüente dissociação entre Este fator faz com que a variabilidade e incerteza
a atividade de projeto e a de construção, em que inerentes ao processo aumentem. A grande varie-
o projeto geralmente é entendido como simples dade de requisitos de desempenho e componen-
instrumento isolado, comprimindo-se seu prazo tes envolvidos na construção também contribui
e seu custo, recebendo mínimo aprofundamento e para o aumento da complexidade na medida em
assumindo um conteúdo quase meramente legal, que quanto maior a complexidade do produto,
a ponto de torná-lo simplesmente indicativo, de tal maior tende a ser também a do processo.
forma que grande parte das decisões é postergada Segundo Formoso e Fruet (1993), os principais
para a etapa da obra (M ELHADO & V IOLANI, 1992). problemas encontrados em relação ao projeto
Na construção, os projetos de diferentes espe- são: erros de cotas, níveis e alturas, incompatibili-
cialidades são geralmente desenvolvidos paralela- dade entre diferentes projetos, falha na especi-
mente pelos diversos projetistas (arquitetura, ficação de materiais e detalhamento inadequado
estruturas e instalações) em locais fisicamente ou mesmo falta de detalhamento.
distantes, sendo reunidos somente na hora da Segundo Glavan e Tucker (1997), os problemas
execução dos serviços. Este procedimento gera de projeto podem ser elencados a partir dos
uma série de incompatibilidades e não permite seguintes macrogrupos: desenho de plantas (inter-
clareza com relação às funções e responsabili- ferências, discrepâncias, omissão e erro); progra-
dades dos profissionais envolvidos, comprome- mação (falta de informação necessária, necessidade
tendo a qualidade do produto e causando enormes de esclarecimentos de algum detalhe por parte
perdas de materiais e produtividade. dos projetistas e necessidade de desenhos para
As diferentes formações dos profissionais que complementação de serviços); concepção do
atuam na atividade de projeto têm sido um dos projeto (erros de projeto e mudanças no projeto)
principais entraves à sua otimização. Em função e especificações (necessidade de esclarecimento
destas diferenças, cada profissional ou grupo de de informações, especificações incorretas e mu-
profissionais desenvolve diferentes percepções danças nas especificações durante o processo).
com relação à nomenclatura e aos conteúdos das Nascimento e Formoso (1998) destacam alguns
atividades de projeto, dificultando consideravel- problemas do projeto que merecem especial
mente o desenvolvimento e a utilização de ferra- atenção: difícil acessibilidade aos serviços a serem
mentas multidisciplinares que encarem o processo executados, falta de consideração das reais condi-
de forma holística. ções do subsolo, excesso de complexidade dos
As edificações vêm-se tornando cada vez mais projetos e existência de erros de repetição, modu-
complexas no que diz respeito à necessidade dos lação e tolerâncias.
clientes e em relação a novos materiais e Segundo o Programa Setorial da Qualidade
tecnologias. Uma parte da complexidade dos (PSQ) – Setor de Projetos, as principais dificulda-
projetos modernos é relacionada ao produto e des encontradas pelo setor de projetos em relação
outra parte ao seu processo de produção. As à qualidade são a falta de integração do projeto
condições técnicas e econômicas que limitam o com o processo de produção e a cadeia produtiva
desenvolvimento de empreendimentos são espe- da construção civil, juntamente com a falta de
cíficas para cada novo projeto, e a experiência metodologias adequadas para a gestão da quali-
prévia dos projetistas muitas vezes não cobre dade no processo de desenvolvimento de projeto
aspectos particulares que o cliente vê como impe- (PSQ, 1997).
rativos (TZORTZOPOULOS, 1999). A Tabela 1 mostra as principais dificuldades
As condições quanto à forma, funcionalidade vividas pelo setor de projetos em relação à quali-
e métodos de construção são tomadas nas etapas dade segundo o Programa Setorial da Qualidade
de concepção e projeto do empreendimento, e Brasileiro.
208   ● Gestão do processo de projeto

Tabela 1.
Dificuldades do setor de projetos. Adaptado do PSQ, 1997
- Defasagem do ensino, nos cursos de Engenharia e Arquitetura, em
relação às necessidades do mercado;
- Exercício ilegal da profissão, deficiência na fiscalização por parte dos
conselhos regionais das categorias profissionais ligadas à construção;
Dificuldades de caráter sistêmico
- Falta de incentivo à pesquisa;
- Baixa exigência de clientes públicos e privados quanto à qualidade do
projeto;
- Flutuações acentuadas de demanda no mercado.

- Setor pulverizado, com grande número de profissionais atuantes e


fragmentação do processo de elaboração do projeto;
- Inexistência de metodologias de acompanhamento da demanda por
Dificuldades de caráter estrutural projetos, que permitam um planejamento adequado da mobilização
dos profissionais de setor em todos os níveis;
- Falta de integração entre o projeto e o processo de produção e da
cadeia produtiva da construção civil.

- Falta de metodologias adequadas para a gestão da qualidade no


processo de desenvolvimento do projeto;
- Falta de capacidade de investimento no aperfeiçoamento do processo
de produção: capacitação dos recursos humanos, informatização e
desenvolvimento de metodologias próprias;
- Dificuldades de manutenção de equipes;
Dificuldades de caráter setorial - Baixo grau de integração com os outros profissionais envolvidos no
processo, devido à forma de contratação por parte dos clientes;
- Dificuldades de acompanhamento da evolução tecnológica construtiva;
- Falta de integração com os detentores de tecnologia;
- Falta de padronização de procedimentos entre os clientes;
- Falta de normalização técnica baseada em requisitos de desempenho do
edifício e suas partes.

O desenvolvimento de um novo modelo de necessidades do cliente, à gama de possibilidades


Sistema de Gestão da Qualidade para empresas de soluções, às tecnologias disponíveis, à viabili-
de projeto certamente contribuiria para a melhoria dade da solução em relação a outras disciplinas
desse quadro mediante a redução de alguns dos de projeto etc. — são fatores decisivos para a pro-
diversos problemas acima relacionados. dução de projetos de qualidade.
As necessidades dos clientes devem ser
.    traduzidas em parâmetros, que serão parte inte-
    grante dos dados de entrada (programa) do pro-
cesso de projeto. Os dados de saída (projetos) devem
Projetar com qualidade é, com base nas necessida- contemplar soluções para o produto edifício e sua
des e informações do cliente, gerar alternativas produção alinhadas com as informações de entrada.
(soluções) que realmente resolvam o problema O projeto deve ser analisado criticamente por
proposto, que sejam exeqüíveis e economicamente todos os que participam de sua execução e valida-
viáveis e decidir de forma racional entre elas. do em relação aos clientes e/ou contratantes, de
Nesse processo de tomada de decisão, assim forma que se garanta sua coerência com as metas
como em todos os outros, a disponibilidade de propostas e com o processo de produção sub-
informação no momento certo e a quantidade seqüente (construção). Tais relações são represen-
suficiente e com qualidade — seja em relação às tadas simplificadamente na Figura 4.
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De uma forma geral, pode-se considerar que a construção. Eles certamente podem trazer promis-
qualidade do projeto depende da qualidade das sores resultados para o setor de projetos, desde que
etapas intermediárias de sua execução: qualidade desenvolvidos e implantados de forma adaptada à
do programa (atendimento às necessidades do realidade das empresas de projeto brasileiras. Mas
cliente, equacionamentos financeiro-econômico o que é um sistema de gestão da qualidade?
e comercial), qualidade das soluções projetuais Oliveira (2003) define Sistema de Gestão da
(atendimento às exigências de desempenho da Qualidade, de uma forma geral, como um con-
edificação, sustentabilidade e manufaturabilidade), junto de elementos dinamicamente relacionados
qualidade da apresentação do projeto (clareza, entre si, formando uma atividade que opera sobre
detalhamento, informações completas e facilida- entradas e, após processamento, as transforma em
de de consulta) e qualidade dos serviços associa- saídas, visando sempre o objetivo de assegurar que
dos ao projeto (cumprimento de prazos e custos, seus produtos e seus diversos processos satisfaçam
compatibilização entre disciplinas de projeto, às necessidades dos usuários e às expectativas dos
acompanhamento do projeto durante a obra, ava- clientes externos e internos.
liação pós-ocupação e assistência técnica); e tam- Tzortzopoulos (1999) define Sistema de Ges-
bém da qualidade de sua utilização durante a fase tão da Qualidade no Processo de Projeto como
de execução da obra. um conjunto de ações gerenciais de caracterís-
Reis (1998), citando Melhado (1994), argu- ticas comuns que definem uma mesma estrutura
menta que a qualidade no processo de projeto para gerir o processo de projeto na empresa,
envolve um conjunto de ações de gestão, tais necessárias e suficientes a seu adequado desen-
como qualificação de projetistas, contratação de volvimento.
consultores, desenvolvimento de metodologia de
projeto, padronização e atualização de procedi- .   
mentos de execução e controle dos serviços,    
gerenciamento da execução e coleta e análise de    
dados para a retroalimentação do projeto.
Como foi dito anteriormente, os sistemas de ..  
gestão da qualidade (SGQ) já se mostraram viá- A engenharia simultânea (ES) pode ser defini-
veis e eficazes na indústria seriada e vêm apresen- da como um “modo sistemático para o projeto
tando interessantes frutos nas empresas de simultâneo e integrado de produtos e de seus

PROJETO

Dados de (concepção e Dados de Validação Produção


entrada saída
representação
de soluções)

análise crítica

ARQUIVO
modificação

Figura 4. Controle da qualidade nas etapas do projeto (M ELHAD O , 1994).


210   ● Gestão do processo de projeto

processos relacionados, incluindo manufatura e lidade ao longo do ciclo de produção e uso do


suporte” (W ERNER , 1995). Também denominada empreendimento”.
engenharia concorrente ou paralela, tem como
premissa a redução do ciclo de vida do processo O mesmo autor ainda salienta que os principais
de desenvolvimento de produtos. fatores a serem considerados na implantação dessa
A filosofia da engenharia simultânea busca in- filosofia devem ser: a) valorização do papel do proje-
tegrar na fase de concepção do empreendimento to e integração precoce, no projeto, entre os vários
todos os intervenientes necessários à sua consecu- especialistas e agentes do empreendimento; b)
ção de modo que se gerem nesta fase inicial deci- transformação cultural e valorização das parcerias
sões acerca do projeto, respaldadas nas experiências entre os agentes do projeto; c) reorganização do
de todos os integrantes da equipe, considerando processo de projeto de forma que se coordenem
qualidade, custo, tempo e exigências dos clientes. concorrentemente os esforços de projeto; e d) uti-
Os grupos interdisciplinares são a base dessa lização das novas tecnologias de informática e tele-
filosofia, contudo, Werner (1995) salienta que seu comunicações na gestão do processo de projeto.
sucesso depende da escolha de seus integrantes,
que devem ter habilidade para a identificação pré- ..   
via de problemas potenciais e iniciativa de ações A tecnologia para a construção está embutida
em tempo hábil para evitar os possíveis gargalos. nos processos construtivos por meio dos projetos.
Nesse sentido, torna-se essencial o treinamento Entretanto, a realidade das práticas construtivas
dos recursos humanos quanto às técnicas e habili- mostra que nem sempre o projeto incorpora a
dades requeridas, assim como a incorporação de tecnologia construtiva efetivamente empregada no
uma nova cultura de valorização do trabalho em canteiro de obras. Na maioria das vezes, o projeto
equipe dentro da empresa, até mesmo alterando- limita-se à definição do produto sem incorporar-
se o sistema de avaliação de desempenho existente, lhe os métodos e processos construtivos, os mate-
em que o sucesso deve ser considerado como resul- riais e os equipamentos (B ARROS , 1996).
tado natural da equipe (K RUGLIANSKAS , 1993). No projeto para produção são definidas as
Cardoso (1993) defende a idéia de formar gru- técnicas construtivas a serem empregadas no
pos de projeto na construção civil segundo “cortes processo construtivo e projetados os detalhes de
transversais”, reunindo diferentes profissionais além execução.
dos projetistas — homens de vendas, encarregados O objetivo deste projeto é minimizar ao máxi-
de produção, de assistência técnica, qualidade, mo as incertezas na obra, por meio da antecipação
custos, fornecedores, etc. —; superpondo as fases das atividades de execução, sendo aplicado aos di-
de concepção e do projeto para produção, de for- versos subsistemas do edifício, proporcionando
ma similar ao que já é feito em outras indústrias. uma visão local detalhada em termos de soluções
Fabrício (2002) define projeto simultâneo na pré-estudadas e uma visão geral de todo o
construção de edifícios como seqüenciamento da execução.
Assim, a função básica do projeto para a produ-
“o desenvolvimento integrado das diferentes di- ção é a transmissão de todos os condicionantes que
mensões do empreendimento, envolvendo a envolvem a tecnologia construtiva escolhida, de
formulação conjunta da operação imobiliária, modo que se subsidie a etapa de execução da obra
do programa de necessidades, da concepção ar- da forma mais completa possível, evitando com
quitetônica e tecnológica do edifício e do proje- isso im-provisações, paralisações, retrabalho e a
to para produção, realizado através da implantação de uma solução não planejada du-
colaboração entre o agente promotor, a cons- rante a execução.
trutora e os projetistas, considerando as fun- O projeto para produção visa também a redu-
ções subempreiteiros e fornecedores de ção dos custos, que é uma das maiores preocupa-
materiais, de forma a orientar o projeto à qua- ções dos empresários; e ainda busca a otimização
. ⁄ . ⁄ . ●  ●  , º  ● -  211

do processo de produção, proporcionando melhor importância de sua utilização e seus benefí-


produtividade e qualidade dos serviços. cios, além dos aspectos técnicos do projeto;
O projeto para produção foi definido por 5. Adequação das soluções de projeto aos pro-
Melhado (1994) como: cedimentos da empresa. Existe a necessidade
de conhecimento por parte do projetista dos
“um conjunto de elementos de projeto elabora- procedimentos do serviço a ser projetado para
dos de forma simultânea ao detalhamento do não se incorrer no erro de projetar algo que não
projeto executivo, para utilização no âmbito das será utilizado, porque não está de acordo com a
atividades de produção em obra, contendo as defi- tecnologia construtiva da empresa construtora;
nições de: disposição e seqüência de atividades 6. Existência de políticas de treinamento para
de obra e frentes de serviço; uso de equipamen- a mão-de-obra própria ou exigência em con-
tos; arranjo e evolução do canteiro; dentre outros trato desse treinamento para a mão-de-obra
itens vinculados às características e recursos pró- subcontratada. A mão-de-obra deve estar capa-
prios da empresa construtora”. citada para executar o projeto para produção,
caso contrário ele não será utilizado;
O projeto para produção deve ser encarado 7. Deve-se exigir em contrato o número de
como uma ferramenta essencial para a integração visitas à obra e sua periodicidade pelo proje-
da etapa de projeto com a de produção, definindo tista com escopo predefinido de forma que se
previamente as fases da execução e todos os recur- forneça feedback dos projetos e se estreite o
sos envolvidos, e disponibilizando informações para contato com a equipe de produção;
controle e auditoria da produção. 8. Definição do escopo de cada projeto para
Aquino e Melhado (2002) propõem as seguin- produção. Esta é uma tarefa das empresas cons-
tes diretrizes para a melhoria da utilização dos pro- trutoras junto com projetistas e o meio acadê-
jetos para produção nas empresas construtoras: mico na definição do que realmente compõe
um projeto para produção. Somente dessa for-
1. Necessidade de estabelecimento de parcerias ma se poderá exigir dos projetistas e também
entre empresas construtoras e projetistas da remunerá-los adequadamente;
produção: melhoria da qualidade das soluções 9. Capacitação dos projetistas no conhecimento
adotadas ao longo da realização de diversos de obras de edificações para que a aplicabi-
projetos por meio da troca de informações lidade das soluções projetadas seja reflexo de
contínuas entre projetistas e construtores, sua vivência ou experiência em campo;
proporcionando o conhecimento da tecnologia 10. O projeto para produção deve contemplar
construtiva pela empresa de projeto; todo o sistema, desde materiais até a utilização de
2. Participação do projetista de produção nas mão-de-obra. Portanto, ao projetar uma solução,
primeiras etapas do projeto (anteprojeto) o projetista, juntamente com a construtora, deve
viabilizando soluções juntamente com outros estar atento aos fornecedores de materiais e mão-
projetistas para facilitar a execução do serviço de-obra, buscando sempre a garantia do sistema.
projetado;
3. Participação do coordenador de obra e ..   
engenheiro de execução nas reuniões de   
coordenação do projeto, promovendo a multi- Segundo Melhado (1994), a coordenação de
disciplinaridade entre os diversos agentes do projetos é a atividade decorrente de um caráter
processo de produção; multidisciplinar que deve ser exercida por profis-
4. Apresentação do projeto para produção à sional experiente, de forma imparcial e isenta, repre-
equipe de execução (engenheiro da obra, encar- sentando em primeiro plano os seguintes objetivos
regado e mestre) pelo projetista e suas interfe- básicos: orientar a equipe de projeto e garantir o
rências com outros projetos mostrando a atendimento às necessidades dos clientes do pro-
212   ● Gestão do processo de projeto

jeto; garantir a obtenção de projetos coerentes sitos de projeto e a sua capacidade de atender a
e completos, isto é, sem conflitos entre as especia- esses requisitos, identificar problemas e propor
lidades e sem pontos de indefinição; coordenar o soluções. Ela pode ser feita a qualquer momento
desenvolvimento do projeto, distribuindo tarefas durante o desenvolvimento do projeto. Itens
e estabelecendo prazos; além de disciplinar o fluxo como satisfação das necessidades dos usuários e
de informações entre os participantes e demais necessidades do processo de execução devem neces-
envolvidos no projeto, transmitindo dados e reali- sariamente ser verificados quando da sua realização.
zando consultas, organizando reuniões de inte- Segundo Melhado (1994), a análise crítica não
gração e controlando a qualidade do “serviço deve ser confundida com o processo de coorde-
projeto”; e decidir entre alternativas para solução nação, podendo até mesmo ser um instrumento
de problemas técnicos, em especial nas interfaces dela, principalmente pelo fato de ser externa à
entre especialidades. equipe, favorecendo a necessária neutralidade
Trata-se, na verdade, de garantir que as soluções crítica nesse tipo de atividade.
adotadas sejam abrangentes, integradas e deta- Segundo o mesmo autor, a análise crítica po-
lhadas e que, depois de terminado o projeto, o pro- derá incluir em seu roteiro básico a verificação dos
cesso de construção ocorra de forma contínua, sem seguintes aspectos:
interrupções e improvisos (S OUZA et al., 1994).
Em geral, existem três modelos básicos de co- a) Estudo preliminar: qualidade da documen-
ordenação de projetos: a) a empresa de arquitetu- tação das informações básicas do empreendi-
ra exerce a coordenação de projetos, b) a empresa mento; número e qualidade das alternativas
construtora assume a responsabilidade por coor- consideradas; critérios adotados na análise das
denar o desenvolvimento dos projetos e c) uma alternativas e para a escolha da alternativa elei-
empresa especializada é terceirizada para exercer ta; verificação do atendimento às restrições
a coordenação dos projetos. postas pelo empreendedor e da adequação do
Cada uma destas possibilidades tem seus prós produto ao mercado; e qualidade da solução
e contras, porém não nos ateremos a essa discussão quanto à tecnologia de produção escolhida.
neste trabalho. b) Anteprojeto: nível de compatibilização das
Fontenelle (2002) recomenda, com base no interfaces entre especialidades de projeto; aten-
estudo do processo de coordenação de diversos dimento às normas técnicas e legislações aplicá-
empreendimentos, que a coordenação seja efeti- veis; aplicação dos princípios de racionalização
vamente exercida desde os trabalhos iniciais de e construtibilidade, expressos por indicadores
concepção, pois dessa forma o profissional respon- ligados a coordenação dimensional, padroni-
sável por executá-la gastaria menos tempo para zação e repetitividade; qualidade das especifi-
se inteirar do processo e saber como foi concebido cações de materiais e componentes; detecção de
e desenvolvido o empreendimento, tornando assim pontos desconsiderados ou mal resolvidos.
esta atividade significativamente mais produtiva. c) Detalhamento: análise do nível de informação
Já a análise crítica de projetos é a avaliação do definido pelo detalhamento e sua adequação
projeto ou de uma parte dele, propondo alterações à prática da empresa; qualidade dos detalhes
ou complementações, visando a atender a uma dada construtivos (análise da construtibilidade);
diretriz ou atingir um dado objetivo, de forma análise do projeto para produção sob critérios
que se possam adequar características do produto, de racionalização; verificação dos itens indicados
aumentar sua construtibilidade, reduzir custos, pelo projeto para serem controlados na execução
otimizar métodos construtivos e racionalizar a pro- (tolerâncias e critérios adotados); avaliação
dução e melhorar a qualidade do produto final. dos aspectos característicos de durabilidade,
A análise crítica do projeto consiste em uma custos de operação e manutenção do produto e
avaliação formal, documentada, abrangente e sis- de suas partes; análise do custo total e da com-
temática de um projeto para identificar os requi- posição dos fatores de custo.
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..    próprias da tecnologia e soluções construtivas


 utilizadas, sendo parte integrante do sistema geral
No atual contexto, qualquer tentativa para de informações da empresa e devendo estar dis-
sistematizar eficaz e eficientemente o processo ponível para uso nas atividades de projeto.
de projeto de edifícios deve respeitar a “cultura
construtiva” do agente da produção, além dos ob- ..  - ()
jetivos globais e a estratégia competitiva definidos O usuário é um elemento que exerce papel es-
pelo agente da promoção para o empreendimento. sencial na etapa de uso que integra o ciclo da cons-
Segundo Fontenelle (2002), pode-se afirmar trução. Nessa etapa, este passa a ser um termômetro
que a grande dificuldade nessa sistematização é da eficiência do ambiente construído. Sendo assim,
a formatação da estrutura e o modo pelo qual é primordial que haja a efetiva participação dos
essa “cultura construtiva” do agente da produção usuários em quaisquer levantamentos realizados
deva ser transmitida e devidamente integrada ao em edificações em uso. Destaca-se que a APO é de
processo de projeto de cada novo empreendi- fundamental importância na busca da detecção de
mento. Ele acredita que isso só será conseguido patologias em ambientes construídos, pautada não
com a estruturação e desenvolvimento, no seio apenas na visão técnica, como também no ponto
de cada agente da produção, de um banco de de vista dos usuários (MEIRA & PADARATZ, 1999).
tecnologia construtiva, que registrará, organiza- A APO possibilita a verificação de até que ponto
damente, o conhecimento construtivo acumulado o ambiente atende aos anseios de quem o usa,
do agente da produção, de forma permanentemente em que proporção e quais as suas conseqüências,
atualizada, ou seja, podendo incorporar, ao longo gerando subsídios para intervenções na edifica-
do tempo, as inovações tecnológicas introdu- ção em estudo ou para novos projetos (MEIRA &
zidas e sedimentadas em seu sistema de produção, SANTOS, 1998).
bem como as soluções (ou diretrizes) para os Trata-se de uma metodologia de avaliação do
principais problemas surgidos nas etapas do ambiente construído e de seus componentes que
processo de produção dos empreendimentos. reúnem avaliações comportamentais (avaliação do
É necessário ainda que o setor de projetos se ambiente, a partir do ponto de vista do usuário)
organize no sentido de criar um modo comum e técnicas (por meio de ensaios em laboratório ou
de padronizar a forma de estruturação e apresen- in loco) de todos os elementos relacionados ao
tação desse banco de tecnologia. Esta padroniza- desempenho do edifício. Além disso, resgata, como
ção não significaria seu engessamento. Seria subsídio de análise, o histórico da produção do
permitida a variação de seu conteúdo, a partir das ambiente que está sendo avaliado. Ela é uma
especificidades e do estágio de desenvolvimento metodologia que possibilita a identificação do grau
de cada empresa (ou grupos de empresas) em rela- de satisfação do cliente final e dos fatores que deter-
ção a sua utilização. Essa padronização poderia minam esse grau. Consiste em obter diretamente
facilitar o próprio entendimento e utilização dessa do usuário ou cliente uma avaliação do desempe-
ferramenta por parte dos escritórios de projeto. nho do produto entregue e da qualidade do aten-
Essa proposta de utilização de um sistema de dimento prestado pela empresa, segundo o grau
informação nos moldes de um banco de tecnologia de satisfação de suas necessidades.
construtiva, como dado de entrada para o proces- A condução de sua pesquisa envolve a elabora-
so de projeto, foi defendida por diversos autores ção e aplicação de instrumentos para coleta de
(F RANCO, 1992; MELHADO , 1994; N OVAES , 1996; dados, tais como visitas técnicas e reconhecimento
B ARRO s, 1996; e GUS , 1996). físico com auxílio da leitura de projetos, entrevistas
Segundo Melhado (1994), o banco de tecno- e questionários respondidos pelos agentes envol-
logia construtiva deve ser um sistema permanen- vidos na condução do empreendimento e aos seus
temente atualizado contendo informações, na usuários, levantamento de normas e recomenda-
forma gráfica ou escrita, relativas a características ções, entre outros.
214   ● Gestão do processo de projeto

AVALIAÇÃO TÉCNI CA-CONSTRUTIVA - ENTREVISTAS

- QUESTIONÁRIOS

- RECONHECIMENTO F ÍSICO AVALIAÇÃO F UNCIONAL - OBSERVAÇÕES, ETC.


- MEMORIAIS DE PROJETO E DE EXECUÇÃO
- LEVANTAMENTO DE CÓDIGOS DE OBRAS,
NORMAS E RECOMENDAÇÕES AVALIAÇÃO ECONÔMICO-F INANCEIRA
- MEDIDAS FÍSICAS

AVALIAÇÃO ESTÉTICA
USUÁRIOS

PESQUISADORES
AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL/ PSICOLÓGICA

REFLEXOS SOBRE A ESTRUTURA


ORGANIZACIONAL

RECOMENDAÇÕES PARA O AMBIENTE


CONSTRUÍDO
(fís icas e organizacionais)

Figura 5. Esquema-resumo das variáveis que abrangem a avaliação pós-ocupação (APO). Fonte: Adaptado de Ornstein e Roméro (1992).

O conteúdo coletado fornece dados para uma Não é possível alcançar todos os potenciais bene-
análise do desempenho do edifício em seus diver- fícios das recentes mudanças propostas para o pro-
sos aspectos, até mesmo as soluções apresentadas cesso de projeto se for deixado para segundo plano
no processo de projeto. o sistema de gestão das empresas responsáveis pela
Desta análise resultam diag-nósticos relativos aos sua produção. As mudanças na metodologia de
aspectos técnico-construtivo, funcional, econômico- projeto podem trazer vantagens competitivas e
financeiro, estético, etc., considerando seus aspec- agregar valor ao produto edificação, porém exi-
tos positivos e negativos, de forma que se subsidie gem a modernização dos instrumentos de gestão.
a elaboração de recomendações para o empreen- Como toda organização, as empresas de projeto
dimento estudado ou para projetos futuros (ver comportam-se de maneira sistêmica, interagindo
Figura 5). com o ambiente empresarial que as cerca e não
podem ter seus subsistemas analisados separada-
.     mente, pois eles interagem e interdependem entre
si. O trabalho conjunto destes subsistemas é que
O sucesso de qualquer melhoria proposta para o gera a sinergia necessária para a conquista dos
processo de projeto está intimamente vinculado ao objetivos organizacionais.
desempenho geral das empresas de projeto. Logo, O processo de projeto representa o “subsistema
elementos e funções ligados à gestão, como cultura de produção”, o mais importante em uma empre-
organizacional, empreendedorismo, estrutura sa de projetos, contudo, é de suma importância
organizacional, tomada de decisão, liderança, estudarmos todos os outros subsistemas da em-
sistema de informação, etc., se bem desenvol- presa (recursos humanos, comercial, finanças,
vidos e implantados influenciam de forma signi- marketing, sistema de informações, etc.), além
ficativa o desempenho da atividade de projeto, de outros elementos de gestão como estrutura
proporcionando as condições ideais para o desen- organizacional, liderança e empreendedorismo,
volvimento e implantação de programas e meto- cultura organizacional, etc., de forma que se reú-
dologias de melhoria. nam as condições mínimas para que o projeto seja
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desenvolvido com eficiência e eficácia e para que portanto, necessitam de eficazes instrumentos de
as melhorias em sua metodologia possam ser treinamento e orientação das rotinas de trabalho;
implementadas com sucesso. ● Considerar a clara identificação dos requisitos dos
As empresas de projeto, em sua maioria, são de clientes como elemento fundamental para o bom
micro e pequeno porte, nas quais seus proprietários desempenho do processo de projeto;
atuam tanto na gestão como na produção técnica ● Melhorar o sistema de informação da empresa
dos serviços. Esta particularidade confere a estas or- de projeto, utilizando a comunicação entre
ganizações uma alta dependência do grau de empre- empreendedor e projetista, projetista e proje-
endedorismo e liderança de seus proprietários. tista e projetista e cliente, e também a gestão de
É difícil manter em uma empresa de projetos documentos como indicadores da capacidade
o mesmo padrão de qualidade nos serviços pres- da prestação do serviço projeto; e
tados, pois em uma mesma equipe pode haver ● Instituir a retroalimentação sistemática, de forma
diferenças na qualidade dos processos devido à que se viabilize o aprimoramento contínuo da
capacidade diferenciada de cada indivíduo e tam- atividade de projeto e do sistema de gestão da
bém diferenças devido à interação com os clientes. qualidade como um todo.
Só é possível obter o êxito na introdução de uma
nova filosofia de gestão nos escritórios de projeto . 
se seus gerentes estiverem convencidos dos bene-
fícios que ela pode proporcionar e realmente quei- Podemos concluir que é possível melhorar o de-
ram implantá-la. Após o comprometimento da alta sempenho de empreendimentos de construção
gerência, deve-se envidar o máximo esforço para com investimentos relativamente reduzidos — se
que os demais funcionários passem também a se comparados aos investimentos que seriam neces-
comprometer com a causa. sários na fase de construção — por meio da ges-
A seguir são apresentadas algumas diretrizes tão e da melhoria da qualidade nas empresas de
genéricas para a melhoria do sistema de gestão das projeto. Assim sendo, uma abordagem mais
empresas de projeto: sistêmica, gerencial e voltada para as particulari-
dades das empresas de projeto é essencial para ga-
● Adequação do sistema da qualidade ao porte da rantir um progresso expressivo dos
empresa e a seus recursos; empreendimentos de construção civil e principal-
● Visualização sistêmica do processo de projeto, mente do subsetor de edificações.
considerando suas interações com o ambiente Este trabalho não teve a intenção de formular
empresarial à sua volta e os demais subsistemas um tratado sobre a gestão de empresas de projeto
que compõem as empresas de projeto; ou mesmo sobre o processo de projeto na cons-
● Adequação da estrutura organizacional da em- trução civil. Seu objetivo principal foi discutir o
presa de projeto às características do processo atual estágio de desenvolvimento do processo de
de projeto na construção civil; projeto na construção de edifícios e apresentar
● Desenvolvimento e implantação de metodologia diretrizes introdutórias para a adequação do sis-
para a gestão de serviços terceirizados que garantam tema de gestão das empresas de projeto às neces-
a qualidade e distribuição de responsabilidades; sidades de seu próprio processo produtivo.
● Consideração do nível de empreendedorismo e
estilo de liderança existente nas empresas de pro- Referências bibliográficas
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218   ● Gestão do processo de projeto

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