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escrito por
Jóice Bruxel
A figura paterna e a figura materna possuem diferentes funções para um filho, assim como
também uma distinta inserção na formação da sua personalidade.
Existe uma crença, um tanto quanto equivocada, no que se refere aos papéis, em si. Nós não
somos mães e pais inatos, obviamente a nossa natureza é procriar e somos biologicamente
preparados para isto, mas no que tange e se tratando de questões psicológicas e emocionais,
nós aprendemos a ser mães e pais, nós desenvolvemos estes papéis e as funções destes
papéis, e é através deles que criamos vínculos afetivos com nossos filhos (ou não).
Ou seja, você não ama o seu filho desde o primeiro momento que você o vê, ou quando ele
ainda está na barriga da mãe. Você pode amar a ideia, pode ter muitas expectativas, o seu filho
pode ter um significado muito positivo e ele pode ter sido muito desejado (e que bom seria se
todos os filhos fossem desejados), mas ainda assim o amor e o vínculo são construções e
ainda há bastante caminho a ser percorrido.
Esqueça o glamour. Entenda a realidade e faça o melhor que
você puder com isso.
Um filho vem para bagunçar qualquer estrutura, chega exigindo novas configurações, ou
melhor, uma reconfiguração familiar. É um “abalo” na estrutura, e não, eu não estou falando
que isto não é maravilhoso, mas nem sempre é tão “glamouroso” como é vendido. É cansativo,
exaustivo, requer muito esforço, paciência, aprendizado, dedicação.
Já ouvi muitas mães frustradas por não se sentirem em êxtase após o nascimento de um filho,
e sim, exaustas. Já ouvi relatos de mães que não se sentiam mães porque ainda se sentiam
deslocadas com a realidade e com as exigências da maternidade.
Já vi pais, que não se sentiam pais, porque não queriam ficar com a mãe da criança, como se a
função de pai, fosse dependente da função da mãe. Se não está com a mãe, não exerce o
papel de pai. Ele se torna nulo. Inexistente. Resta só a função de procriador.
O que me impressiona também, é que muitas vezes, ao nascer um filho, muitos homens não se
identificam muito com o papel de pai e suas funções, e adotam uma postura de “ajudantes de
mãe”. E pior ainda, há quem julgue ser um “plus”, os bonitões se prontificarem a fazer alguma
coisa.
Eu acho um absurdo quando alguém pergunta para uma mãe: “mas o fulano (no caso o pai) te
ajuda”? Como se ajudar a cuidar de um filho fosse uma opção.
E há quem defenda: “Ah, mas o marido trabalha fora e de noite ele chega cansado, quer mais é
descansar, ele tem o direito de relaxar”.
Mas e a mulher, que logo após o nascimento do bebê, está sofrendo mudanças hormonais
drásticas? E a mulher que precisa fazer um reconhecimento de si mesma e que mudou
completamente a sua rotina e agora vive em função daquele bebê? E a mulher que na maioria
das vezes é responsável pela casa, pela comida, e muitas vezes, também tem uma profissão e
precisa (ou quer) conciliar isso o quanto antes possível? E a mãe? Também tem o direito de
estar cansada? Também tem o direito de descansar?