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Sobre o amor

O amor seria o exercício narcísico de viver com o outro, tendo-o como sua imagem e semelhança de
suas crenças e convicções religiosas, políticas, etc?

II

A vontade de criar com o outro é sentimento espontâneo ou necessidade virtual de construir algo
juntos e, indiretamente, garantir um vínculo visto por uma consciência insegura como não-
existente?

III

Transformação das incertezas perante o amor em potencial criativo. Diante do incerto amor,
exercício de sobrevivência, vivência: criar.

IV

Serena, calma incerteza. Ora, a realidade é incerta: abertura para o aleatório, o acaso. A expressão
de sentimentos incertos, inseguranças.

Qual é o fundamento de tanta insegurança? Medo de que não tenha encontrado seu verdadeiro
amor?

VI

O que é o amor? Sentimento que vem de dentro do peito que lança raízes em modos de sentir
pretéritos. Do passado, qual era idealização? Qual era real, vindo da experiência e da construção?

VII

O fato é que quero construir ao lado dela. De vez em quando me vem questionamentos de que “ela
não é o que quero”. O que quero? Uma pessoa no “meu nível”? Narcíso. Maldito ego.

VIII

Ora, ela é potencial. Eu sou potencial. Ao não valorizá-la como suficiente para mim abro a
possibilidade de não ser suficiente para alguém. Se consigo conceber em abstrato uma situação tão
desagradável emocionalmente, por que a necessidade de querer viver a experiência de tal desgraça?

IX

Querer ter o sentimento de não ser querido por alguém?

Será que tanto eu quanto ela temos essa necessidade horrorosa de não-ser-querido-por-alguém?
XI

Enquanto divago sobre isso, e que me causa medo, penso que é melhor me distrair disso criando
alguma coisa. Distração ou fuga?

XII

O que podemos criar juntos? Sinceramente, agora não quero criar nada juntos. Quero deixar ela em
stand-by para quando eu estiver bem, procurar outra pessoa.

XIII

Necessario exercício de humanidade: você não é todo poderoso capaz de arbitrar a vida do outro
como se fosse uma marionete. (E faço desse exercício de escrita a tentativa da elaboração de
justificaticas para continuar com ela, justificativas racionais; senão, me baseio através do quê? Do
que auto-questionável sentimento?).

XIV

Por quê quero ela? Por quê é virtuosa? Por quê é humilde? Um pouco inteligente? Ela tem defeitos,
mas quem não tem?

XV

Não gostei de uma; não gostei de outra; tive uma que fazia o que eu fazia. Todas incompletas.
Incompletas;

XVI

Sorriso amarelo, por quê? Cara, tuas divagações vão durar um bom tempo, então relaxa e viva o
momento.

XVII

Ainda não é você…

XVIII

Medo de fabricar sofrimentos…

XIX

Vontade de ver o amor com mais racionalidade, mais pé no chão e mais poder de escolha,
submetendo meus sentimentos às minhas escolhas maduras.

XX

Convicção: dubiedade. Quais são os fatos? Estou querendo trocar uma pessoa que tenho certeza de
que me amas, por uma possibilidade.

XXI
A ausência de amor no meu peito; ou seria ausência de idealização? E quando se vai a idealização
as imperfeições e incompletudes ganham relevo. O ego perfeccionista acha que tais incompletudes
fazem da pessoa como não-merecedora de você.

XXIII

Está na hora de abrir mão de você mesmo um pouco para criar com o outro. Deixar o outro entrar
na sua vida, mas sem perder sua individualidade.

XXIII

Exercício de individualidade: preservar suas crenças diante do outro, vivendo com respeito mútuo.

XXIV

Ora, se quero criar algo é por quê quero salvar o ideal de um passado e que não corresponde a algo
vivido no presente? E se esse algo vivido no presente é a distorção provocada por inseguranças
acerca do seu próprio sentimento? E se a busca por ela é a busca de um ideal que não corresponde a
realidade? E se não quero mais buscar um ideal passado?

XXV

E se ela não me estimula intelectualmente suficientemente? Ora, uma companheira precisa de


abastecer em todas as dimensões da sua vida?

XXVI

Em que ela mais te abastece? Artisticamente! Sem dúvida! Pois viva essa arte, e ame!

XXVII

Organizo pensamentos, pois as emoções não dão conta de organizar a racionalidade.

XXVIII

Companheirismo: dividir e construir.

XXXIX

Por quê insisto em ficar com ela? Por que ela é uma pessoa legal… isso é suficiente? Por que ela
tem várias de muitas qualidades boas… isso é suficiente? Por quê eu quase morri quando fiquei sem
ela? Você lembra? Quando eu quase morri eu sentia falta somente das suas boas qualidades?

XXX

Acho que devemos criar juntos, porque senão os pensamentos e sentimentos ficarão divagando ao
infinito. Acredito que o alicerce desse amor será a criatividade conjunta, por que já estamos ficando
enjoados um do outro a partir da ideia de que somente ficar juntos pura e simplesmente é suficiente
para fazer manutenção e prosperidade do sentimento.

XXXI
Humildade, diz uma definição: virtude caracterizada pela consciência das próprias limitações,
modéstia, simplicidade.

XXXII

Saber o que os outros fazem pode ser interessante, senão podemos nos sentir esquizofrênicos.

XXXIII

Suspeitava desde o princípio: justificar meu amor por meio do que o outro pode me fornecer, só
podia ser algo muito estranho…

XXXIV

O amor é querer estar ao lado, seja de que modo for, quando for, onde for, como for…

XXXV

Não sei o que é o amor. Sei o que ele não é.


Gostar e amar, diferenças…

XXXVI

Vazio?

XXXVII

O que preferes? A tristeza ou o peso nas costas e na consciência?

XXXVIII

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