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Universidade Cidade de São Paulo – UNICID

Trabalho de Análise Crítica: “A Visibilidade Velada da Poesia


Periférica”.

Alef Costa RGM: 15537633


Diego Baena Fronteira RGM:15070638
Jéssica Gregório RGM:

São Paulo
2017
Nossa pesquisa teve, como pilar principal, a visibilidade dos artistas
contemporêneos em um espaço que outrora não dava chances para que eles
pudessem expor seus trabalhos, fazendo assim com que sua arte fosse
“marginalizada”, não atingindo os principais veículos de informação da
atualidade.
Na primeira reportagem, temos como destaque principal a poetisa Débora
garcia, que leva suas poesias para estudantes de escolas públicas em São
Paulo, a fim de quebrar as fronteiras entre esses estudantes e a arte que vem
sendo produzida pela poetisa e por outros poetas da região.
Já inserida no ramo literário e musical e também idealizadora do sarau das
pretas, a poetisa faz questão de ressaltar seu caminho pela literatura como forma
de motivar os alunos do ensino fundamental/médio. “Ir Às escolas e conversar
com os alunos é algo que me faz sentir que estou cumprindo meu papel como
artista”, afirma a poetisa.
Durante toda a reportagem, a redatora usa termos para ressaltar a arte e o
trabalho que a poetisa vem fazendo em sua vida profissional junto às escolas
públicas. Uma grande foto de Débora Garcia é colocada como destaque da
matéria, mostrando-a com trajes coloridos e um grande lenço floral prendendo
seus cabelos, ressaltando também a cultura afro e sua influência na arte da
poetisa.
Nossa segunda reportagem relatou a visibilidade a autores negros e a temática
periférica na Flip, a Festa Literária Internacional de Paraty. A notícia trouxe os
valores da periferia, relacionando a questão do racismo, preconceito e todos os
percalços percorridos por esses artistas.
Entretanto, acreditamos que esta repercussão só foi alcançada graças ao ator
que foi responsável pela apresentação, Lázaro Ramos, e sua influência junto à
emissora de Televisão, Globo. Logo, ficamos desconfiados sobre a famigerada
“visibilidade” que a feira “proporcionou” aos artistas, visto que nenhum deles
aparece em qualquer momento ou em qualquer imagem na matéria, que fora
estampada apenas por uma figura: Lázaro Ramos, o ator Global.
Nos perguntamos a todo momento: “como uma feira quer dar visibilidade a
autores da periferia sendo que nenhum deles nem sequer teve sua imagem
divulgada na materia?”. Este ponto nos fez refletir sobre a suposta imparcialidade
do veículo do informação ao qual a notícia fora retirada.
A terceira e última notícia relata a visibilidade que um portal bilíngue esta
proporcionando a poetas e poetisas da zona periférica de São Paulo. Durante
toda a exposição da matéria, a redação do jornal Rede Brasil inunda a matérias
com frases de efeito, como “[...]máxima que se tornou quase um lema[...]”,
“[..]expandir ainda mais a diversidade da literatura brasileira contemporânea[...]”,
e muitas outras. Contudo, a única imagem que ilustra toda essa “visilibidade” é
um printscreen da pagina na internet que mostra, apenas, um relógio com uma
contagem regressiva.
Todo o rebuliço de resistência do trabalho periférico é largamente deixado de
lado por uma imagem de um site que não ilustra absolutamente nada. Nos
perguntamos, durante toda nossa reflexão, que tipo de visibilidade é essa que
esse portal propõem. As únicas referências aos artistas que particparam desse
trabalho estão no último parágrafo do texto, em um fonte reduzida e em itálico,
quase que dificultando ainda mais nossa leitura.
Ficou muito claro para nós que a visibilidade que a mídia diz proporcionar não
condiz com nada do que realmente é proposto. Em excessão à primeira
reportagem, onde pudemos ver claramente uma foto da poetisa Débora Garcia
em seu ambiente de trabalho, todas as outras foram, de forma unânime, não
condizentes com a proposta que a materia diz carregar.
Depois de muito refletir sobre essas matérias, pensamos sobre a falta de
maturidade da mídia em lidar com um assunto que tem crescido
exponencialmente e se tornado alvo de discussões que são significativas para
uma parcela importante da nossa população. A luta continua sendo constante
para que o direito de expor seu trabalho e sua arte seja igual para todos. A
representatividade é importante para todos. Todos merecemos ter nossa voz e
nossa imagem difundida e atrelada ao nosso trabalho e à nossa arte, e para que
isso seja possível, matérias como as que vimos em nossa pesquisa devem ser
repensadas e reavaliadas para expor o que realmente proporam desde o início.

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