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O Grave Problema da Delinqüência Juvenil 1

O GRAVE PROBLEMA DA DELINQUÊNCIA JUVENIL

INTRODUÇÃO

1. Assim como nos é difícil desfrutar das belezas de um lago


tranqüilo enquanto sofremos de um ataque asmático, e a tormenta de
uma enxaqueca acompanhada de uma dor de dente, a família não pode
ser feliz enquanto algum de seus membros vive desordenadamente, à
margem dos princípios que regem a conduta da sociedade.
2. Por outro lado devemos reconhecer que a família deficiente
favorece o surgimento de caracteres defeituosos.
a) Alexis Carrel declarou: "O fracasso da família é o seminário
da delinqüência juvenil."
b) Com essas palavras quis destacar a notável influência que o
lar exerce neste triste problema social.
3. Alguém disse que "a mão que embala o berço é a mão que move
o mundo".
a) Mas hoje não vemos esta mão muito firme.
b) Basta ler os jornais, ligar o rádio ou a televisão para inteirar-
nos dos roubos, crimes, atos anti-sociais ou qualquer outra
atividade delituosa cometida por jovens, ou mesmo por
crianças.
4. Este é um problema que está aumentando e do qual não podemos
desinteressar-nos.
a) Temos que fazer algo para freiar essa crescente maré.
b) Temos que fazê-lo por nossos filhos que podem ser presa do
delito e pelo futuro desta sociedade na qual nos toca viver.
5. Em primeiro lugar faremos bem em pesquisar quais são as
principais causas que produzem o triste quadra da delinqüência juvenil,
para podermos combatê-la.
a) Algumas estão dentro da criança ou do jovem.
b) E outras reinam no ambiente.
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c) Em forma sumária as enumeraremos.
(1) Dentro das de ordem interna mencionaremos três.
(2) E na ordem externa, cinco.

I. CAUSAS DE ORDEM INTERNA

1. Nos primeiros anos de vida não se exerce muita no julgamento


crítico por falta de maturidade suficiente, mas nem por isso se deixa de
captar o mundo que a rodeia. Durante esse período observa-se.
a) Uma grande sugestionabilidade.
b) Um desejo de imitação que costuma agigantar se na
adolescência por meio do qual se identifica com os
personagens que admira e procura, aderido a eles, afirmar seu
eu débil e imaturo.
c) Uma fácil excitação emocional que torna fascinante a emoção
e às vezes a violência.
2. Estes ingredientes normais na personalidade da criança e do
adolescente serão estudados e canalizados cuidadosamente, para o bem
de um pai consciente, mas quando se lhes descuidam podem ser postos
em ação por um ambiente que predisponha ou precipite ao indesejável
quadro da delinqüência juvenil.

II. FATORES DE ORDEM EXTERNA

Estes também têm sua grande influência, pois indiscutivelmente a


criança "flutua num meio" (o meio familiar, o meio dos amigos, o meio
escolar).
a) Não é um ente isolado.
(1) Forma parte de um grupo social onde há trocas de idéias e
emoções.
(2) Onde se refere muito ao que se refere a cânones para a vida
e alimento afetivo.
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c) Em grande parte o ambiente moldará sua forma de pensar, de
falar e de atuar. Eis aqui os principais fatores ambientais que
precipitam ao despenhadeiro da delinqüência.
1. Um ambiente viciado. Dentro deste tópico pode riamos
mencionar muitas formas de vícios influentes. Mencionaremos
somente dois:
a) O alcoolismo. Além do problema que apresenta no campo
da genética, um dos primeiros efeitos do álcool é tirar o
freio moral e anular a força de vontade.
(1) O único efeito central que produz é depressivo.
(2) Se ao beber, alguns se tornam mais agressivos ou
atrevidos, é porque o álcool lhes produz uma depressão
de fatores inibitórios.
(3) Os cuidadosos estudos realizados na Universidade de
Harvard, mostraram que seis de cada dez crianças
delinqüentes tinham pais que bebiam em excesso.
b) O outro aspecto do vício que gostaríamos de mencionar é o
jogo.
(1) Este vai destruindo os incentivos para o trabalho ou o
esforço, substituindo-os pela ilusão da morte e da vida
fácil.
2. Cinema, Televisão e Má Leitura
a) Como muitos adultos os apreciam, sem dúvida, haverá os
que o discutirão.
(1) Não estamos cegos e reconhecemos que nem tudo é
mau, mas notamos que o bom é escasso.
b) A seguir alguns comentários muito recomendados:
Jean Chazal, conselheiro da Cour D'Appel, de Paris e
presidente de L'Assoiation Internationale des Juges des
Enfants, disse:
"Não podemos esquecer que a criança que vê diariamente
acontecer na tela imagens rápidas e variadas, não se adapta
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com o ritmo cotidiano da vida. A família, o trabalho, tornam-se
monótonos.
Buscará a aventura na irregularidade social.
Não se poderá negar que a imagem cinematográfica é para a
criança especialmente sugestiva, é imposta com vigor. É em si
um estímulo poderoso e sua força é inclusive acrescentada
pelas mesmas condições do espetáculo: a escuridão da sala, o
isolamento do espectador, a luminosidade da tela, o ritmo que
acompanha a projeção. Compreende-se, então, que alguns
filmes sejam especialmente prejudiciais para os jovens
espectadores saturados de projeções cinematográficas. São
filmes plenos de morbosidades maléficas ou de luxuosa
facilidade, nas quais dominam cenas de violência, torturas,
roubos e seqüestros.
"Filmes nas quais super-homens realizam aventuras
intermináveis e triunfam diante dos mais prodigiosos
obstáculos. Filmes onde reina um clima de desespero sexual e
brutalidade e nos quais a mulher, abdicando-se de sua
dignidade, transforma-se em um simples brinquedo. Não
menos prejudiciais são os filmes negros onde os personagens
se envilecem e degradam em sua impotente luta contra seu
destino implacável ou com acontecimentos agonizantes.
"A visão constante e renovada de tais filmes encaminha a
criança na vida do crime e da fuga. A ficção converte-se para
ela em realidade, impregnando progressivamente seus atos e
suas atividades.
"Tornam-se mais virulentos os impulsos antisociais que já
existiam nela, ou que seu meio suscitou."
c) Diante disto, não nos é estranha a notícia publicada pelos
brasileiros indicando que 80% dos jovens delinqüentes
detidos, cujas idades oscilavam entre 13 e 21 anos de idade,
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entraram nas vias do crime por causa do cinema. Desejaram
competir com o herói e escapar da polícia.
3. As brincadeiras
a) É um fato geralmente aceitável que a criança brinca daquilo
que será no futuro...
b) Não nos chama a atenção então, pois depois de aprender as
técnicas do crime na tela ou nas leituras, e depois de praticá-
las inocentemente em suas brincadeiras de pistoleiros, muitos
terminam executando na vida real esses crimes.
4. A Rua
a) A rua, mesmo que havendo nos ensinado muitas lições, não é
a melhor escola.
b) Foi com razão que o Dr. M. Benítez em Vagancia Infantil:
"Sem dúvida, a rua é o foco de infecção moral mais rápido e
mais terrível que se conhece. O vício multiforme vaga nela
em todas as horas."
5. O Lar
a) É ali onde podemos regular as influências que penetram na
mente de nossos filhas.
b) Onde podemos criar as forças impulsoras da vida psíquica,
anímica e espiritual dos mesmos.
c) Onde poderemos colocar ao alcance de nossos pequenos os
exemplos de virtude que moldarão seus princípios e
realizações.
d) Quando o lar fracassa a personalidade da criança se deforma.
(1) O doutor Berro afirma que "é unânime a convicção de.. que
a causa fundamental da delinqüência infantil está na
desorganização familiar."
(2) Um estudo dos lares de 500 crianças delinqüentes situadas
na Colônia Lar Ricardo Gutiérrez, deu os seguintes
resultados: Lares maus, 219; lares deficientes, 61; lares
considerados muito bons somente 2.
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(3) De sua parte os doutores Eleonor Glueck e Sheldon
Glueck, da Universidade de Harvard, fizeram um estudo de
500 rapazes delinqüentes e de 500que não eram, durante 10
anos. A conclusão levantada é a seguinte: se a vida
familiar da criança é correta, existe 97% de possibilidades
de que essa criança chegue a ser uma pessoa normal, útil.
Se as relações familiares são tensas e anormais, há 98% de
probabilidades de que a criança chegue a ser delinqüente.
e) A doutora Belle Wood Comstock enumerou alguns problemas
do lar que considera influentes no assunto que analisamos:
(1) Pais que carecem de conhecimento necessário a respeito do
cuidado das crianças.
(2) Mãe muito solícita.
(3) Pais que se criticam mutuamente.
(4) Pais egoístas que não querem trabalhar por seus filhos.
(5) Mãe cansada que não suporta os seus filhos.
(6) O lar dissolvido.
f) Para que a vida da criança se desenvolva normalmente, ela
necessita de um lar bem constituído.
(1) O doutor Alejandro Petre, do Conselho Nacional do
Menor, disse-me em conversação recente: "À medida que
o tempo se passa e vou entrando em anos, acentua-se mais
minha convicção de que uma criança necessita de seu pai
e de sua mãe. Não se pode desenvolver harmoniosamente
quando eles se separam."
(2) O que foi mencionado por este profissional que leva 40
anos de prática na psiquiatria, e que se encontra à frente
do Instituto Agote, concorda com as estatísticas e estudos
realizados por outros colegas e sociólogos nas diferentes
partes do mundo.
(3) A insegurança e ansiedade produzidas no tenro coração
infantil ao ver rachar a muralha de proteção de seu lar e a
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falta de afeto onde a criança tem direito, fá-la sentir
esmagada pela vida. Então buscará satisfações
compensadoras em atividades que essa sociedade censura.
g) Quando falamos de lares divididos, referimo-nos em primeiro
lugar ao problema do divórcio, e em segundo termo, ao caso
igualmente triste, daqueles casais que vivem sob o mesmo
teto mas que de fato estão separados.
(1) Casais que por suas contínuas brigas não têm interesse de
oferecer amor aos filhos.
(2) John Edgar Hoover, que fora diretor da P.B.I., declarou:
"Congenitamente consciente de que é um ser defraudado, a
criança descuidada raciocina cega e convulsivamente,
atropelando contra os costumes que a rodeiam e que
somente o lar verdadeiro possui. É esta reação
compensadora que na profissão judicial somos obrigados a
denominar delinqüência juvenil. A verdadeira falha,
naturalmente, jaz não na criança, mas no lar."

CONCLUSÃO:

1. A criança necessita do amor tanto quanto do alimento e do


vestuário.
2. Certa vez, um casal foi a um orfanato com o propósito de adotar
uma criança. O diretor propôs a eles conversarem com a criança
à qual se haviam afeiçoado. Sentiram-se atraídos pelo pequeno,
mas não o disseram. Em troca enumeraram todas as coisas que
lhe dariam se chegasse ser adotado: teria uma casa cômoda,
roupas novas, poderia passear por diferentes partes do mundo,
comprar-lhe-iam muitos brinquedos...
O menino ouviu tudo com indiferença e, enquanto com suas
mãos pegava em um dos seus joelhos, e seus olhos olhando à
distância, respondeu-lhes:
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– Se querem dar-me somente uma casa nova, roupas novas e
brinquedos como todas as demais crianças têm, desde já digo-
lhes que prefiro ficar aqui.
Quase contendo a respiração pela resposta imprevista, a senhora
exclamou:
– O que mais você queria que lhe oferecêssemos?
E a senhora ficou surpreendida quando o menino respondeu:
– Só desejo alguém que me queira. Isso é tudo.

3. De certa forma, isso é tudo o que todas as crianças querem:


AMOR. Um carinho genuíno que lhes permita sentir-se seguros
frente à vida. Um amor que mova esses pais a buscar as
melhores normas de educação para seus pequenos, a fim de
capacitá-los para ser cidadãos úteis e triunfantes.

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