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Data: 10/09/2011

DIREITO Civil - contrato


Prof. clilton guimarães

Elementos do contrato

-Segundo Maria Helena Diniz, o contrato teria dois elementos estruturais:


- alteridade: existência de partes e convergência de vontades; não há
contratos em que não haja partes.
- harmonização de vontades: elemento funcional; organização de vontades;
contrato é o grande harmonizador de vontades. Assim, não é um instituto apenas de
direito privado.

É possível o auto-contrato, contrato consigo mesmo?


R: Em regra, é anulável, hipótese de invalidade do negócio jurídico, salvo
permissão legal ou permissão do representado. Previsão do art. 117, CCivil:
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por
conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes
houverem sido subestabelecidos.

Ex.: Contrato de gaveta: contrato de compra de imóvel financiado em que o antigo


proprietário outorga poderes para o adquirente – é o que recebe e o que transmite
mediante procuração. Gustavo Tepedino, Caio Mário = hipótese de auto-contratação;
transações bolsa valores.

PRESSUPOSTOS DO CONTRATO
(pressupostos do negócio jurídico) (escada ponteana)
- partes
- declaração comum de vontades
- forma
Pressupostos de validade na lei:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Requisitos do contrato
Caio Mário e Maria Helena
- objetivos.
- subjetivos: necessária aptidão para contratar; vai além da
capacidade. Ex.: contrato de compra e venda em que o vendedor é capaz, mas não tem
aptidão, pois é proprietário clausulado (cláusula de inalienabilidade). Legitimidade.
- formais: em princípio, prevalece a liberdade das formas, salvo se
houver exigência legal em contrário ou das próprias partes.

Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.

Em regra, as solenidades são exigidas por dois motivos:


1) própria natureza, elemento social dele próprio – ex. contrato de
mútuo; art. 108, CCivil.

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que
visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta
vezes o maior salário mínimo vigente no País.

2) prova do negócio.

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

- Em relação à natureza das obrigações (efeitos e não estrutura):


1.1) contrato unilateral: apenas uma das partes assume encargos ou
benefícios em relação a um determinado contrato. Ex.: contrato de mútuo federatício:
contrato de empréstimo a juros – apenas a parte devedora tem para si encargos; contrato
de doação: único benefíciário.
1.2) contrato bilateral: todas as partes assumem encargos ou
benefícios em relação a um determinado contrato.
2.1) benéficos (gratuitos): desencaixe patrimonial de apenas uma
parte, que não terá nenhum ônus. Ex. doação.
2.2) onerosos: partes assumem encargos e benefícios recíprocos.
3.1) paritários: cláusulas decorrentes de ampla discussão e influência
das partes envolvidas.
3.2) de adesão: apenas uma das partes pré-determina suas cláusulas
e condições, sem permitir às demais partes qualquer possibilidade de influência nesse
aspecto. No contrato de adesão, a parte aderente só tem uma possibilidade – manifestar
vontade no sentido da concordância plena e ampla com as cláusulas. Uma das partes,
portanto, não está em condição paritária.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais
favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito
resultante da natureza do negócio.

A nulidade de cláusula de eleição de foro decorre da aplicação do art. 424 acima.

OBS.: Distinções relevantes:

- contrato de adesão x contrato tipo.


Contrato tipo: formatação deve estar pré-estabelecida, inclusive com
previsão de registro em cartório, existente em situações como a de parcelamento do solo,
loteamento etc. Contrato tipo não seria de massa; não seria de adesão.

- contrato de adesão x contratos normativos.


Contrato normativo: previsão em lei; não derroga a influência de vontade do
contratante.
4.1) contratos comutativos: as partes, no momento de sua
consumação, estipulam e se certificam das prestações de cada qual, tornando certa a sua
existência e o seu caráter proporcional, se reciprocamente consideradas. De antemão, as
partes estabelecem as prestações de cada qual. Têm certeza sobre a existência da
obrigação da contraparte em cumprir certa e determinada prestação, bem como certeza
sobre a natureza e a extensão da prestação a ser entregue.
4.2) contratos aleatórios: álea em relação às prestações – incerteza;
apenas uma das partes conta com a certeza da existência e do montante das prestações
que a beneficiarão, enquanto a outra assume o risco tanto da existência da prestação
quanto de sua extensão ou valor.

Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos
contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido
dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir.

“Este é um contrato em que uma das partes assume o risco da contraprestação ou


não.” Exemplo de Caio Mário: Pago ao pescador aquilo que ele conseguir arrastar em 3
lances de renda; pode ser que venham peixes caros, pode ser que não venha qualquer
peixe. Não se está contratando a compra dos peixes, mas o lançamento da rede.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer
quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa
venha a existir em quantidade inferior à esperada.

Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido.

Nesta segunda hipótese, o adquirente assume o risco da quantidade.


O que identifica um contrato aleatório é o risco que uma das partes assume.

- Em relação à forma:

1.1) consensuais: são os contratos que apenas dependem da manifestação


(ou presunção) de vontade para sua consumação, independentemente de uma
solenidade qualquer.
1.2) solenes: dependem de uma forma pré-determinada, sem qual não é
possível considerá-los sequer existentes. Ex.: art. 108, CCivil.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à
constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o
maior salário mínimo vigente

1.3) reais: são aqueles que somente se consumam com a entrega da coisa.
Ex.: contratos de mútuo, contratos de empréstimo.

- Em relação ao modo de execução:


1.1) contrato de execução imediata: é aquele contrato em que as obrigações
recíprocas se extinguem por completo a partir do pagamento. Ex. – contrato de compra à
vista;
1.2) contrato de prestação continuada: é aquele em que o cumprimento de
cada prestação renova as obrigações sem extinção do contrato.
Subdivem-se:
1.2.1) a prazo certo: Ex.: - aquisição de automóvel em 72
parcelas.

1.2.2) a prazo indeterminado: cabe aqui a denúncia unilateral.

- Em relação À reciprocidade:
1.1) acessório: não tem existência autonôma. Ex. contrato de fiança –
acessório a um contrato principal – contrato de fiança inserto em contrato de locação.
Não se confunde com contratos coligados (aqueles em que, a
despeito da ausência de cláusula ou previsão específica, têm, entre si, uma relação de
certa interdependência). Ex.: contratos de arena e publicidade de um jogador de futebol.
1.2) principal.

- Em relação À PREVISÃO LEGAL:


1.1) típicos: previsão legal disciplinando como serão as relações. Ex.: mútuo
federatício.
1.2) atípicos: contratos sem previsão legal específica.

Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.

OBS.: não se confundem com contratos inominados. É possível um


contrato atípico e inominado ao mesmo tempo.

CONTRATO PRELIMINAR
(CONTRATO PROMESSA)

Contrato típico.
É aquele celebrado pelas partes tendo por objetivo a obrigação de
celebração de um contrato futuro.
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser
celebrado.
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não
conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando
prazo à outra para que o efetive.
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente,
conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação.
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e
pedir perdas e danos.
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, deverá
manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
O contrato preliminar deve ter a mesma forma do contrato futuro? Ex.:
contrato de compra e venda preliminar depende de escritura pública?
R: Do ponto de vista do objeto, das condições da futura contratação, tudo
que for exigível deve figurar como conteúdo do contrato preliminar; assim, a forma não
precisa ser a mesma. É preciso que aquilo que seja imprescindível ao contrato futuro
conste do contrato preliminar.
Formas (Modalidades) do contrato preliminar:
1) contrato preliminar unilateral – “contrato de opção”: trata-se de contrato
preliminar em que se estipula a preferência em favor de alguém se e quando o contrato
principal for realizado.
2) contrato preliminar bilateral – “contrato compromisso”: retratável ou
irretratável.

FORMAÇÃO DOS CONTRATOS

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do
negócio, ou das circunstâncias do caso.

- Ciclo existencial do contrato:


formação do contrato – consumação do contrato – execução do contrato - extinção

primeiira Fase: Fase da puntuação


Momentos em que se iniciam as tratativas preliminares em que não há ainda
sequer certeza de que a contratação existirá; estipulação de contato, previsões
rudimentares daquilo que desejam. Tudo esta ainda sob cogitação.
Característica: não surte obrigações contratuais.
Pode haver responsabilidade civil por força da fase de puntuação?
R: Sim, quando exista má-fé, dolo. Ex.: advogado que explica linha que irá
atuar e a parte depois contrata outro profissional, passando-lhe as informações dadas
pelo advogado originário. Ex.2: Time que inicia preparativos com jogador, com alguns
gastos e depois esse vai para outro time.
“Ninguém discute que a responsabilidade pode existir. Mas ela será
contratual ou extracontratual?”
R: Há divergências doutrinárias. O art. 422 fala apenas na conclusão.

Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os
princípios de probidade e boa-fé.
Fase da policitação
Fase da proposta e aceitação.
A proposta corresponde ao ato pelo qual uma das partes manifesta vontade
de contratar, estipulando as condições necessárias ao futuro negócio, com a finalidade de
provocar terceiro à sua formal constituição.
Finalidade: concitar terceiro a vim contratar com o policitante (proponente)
nos termos daquilo que sua pré-declaração de vontade já estabeleceu.
Características da proposta:
1) que ela ostente todas as condições do negócio.
2) idoneidade.
3) vinculação.
OBS.: não vincula na hipótese do art. 428.

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do
negócio, ou das circunstâncias do caso.

Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:


I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa
que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento
do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.

Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se
o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.

Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade
na oferta realizada.

ACEITAÇÃO
A aceitação é uma declaração de vontade emanada do terceiro obrigado
(oblato), com a qual ele manifesta sua concordância pura e simples com a proposta,
observados os prazos para tanto.

Características da aceitação
A aceitação precisa ser pura e simples.
A aceitação precisa ser estipulada dentro do prazo legal/prazo razoável.

Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta.

A aceitação precisa ser clara e firme.


A aceitação pode ser considerada inexistente?
R: Sim, quando houver retratação.

Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do
aceitante.

Art. 434, CPC...

Fase da contratação
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EFEITOS DOS CONTRATOS


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EXTINÇÃO DOS CONTRATOS


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- Em relação à:

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