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TEOLOGIA, ACONSELHAMENTO
E CAPELANIA CRISTÃ
GRADUAÇÃO
TEOLOGIA
MARINGÁ-PR
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
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Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação
da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação
continuada.
Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que,
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.
Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente,
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.
Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados,
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma
comunidade mais universal e igualitária.
A lógica desta disciplina prima pelo diálogo e respeito entre os conhecimentos que fazem
interface com a Teologia Prática, o qual não poderia ser diferente, contudo, foi opção respeitar
Quanto aos objetivos a serem alcançados nesta disciplina, procurou-se atender as três áreas
enfatizadas pela didática, a saber: cognitiva, afetiva e motora. Nesta sequência e sentido,
foram sendo elaborados os estudos tema a tema para que o aluno ou a aluna, ao final desta
disciplina, tenha condições de conhecer e de refletir sobre os conhecimentos necessários para
o exercício da Teologia, em especial, nas áreas do Aconselhamento e Capelania Cristã.
Por fim, a disciplina “Teologia, Aconselhamento e Capelania Cristã” está divida em 5 unidades:
UNIDADE I – Aconselhamento e Capelania Cristã: Marco Bíblico-Teológico; UNIDADE II – Os
Fundamentos do Aconselhamento e da Capelania Cristã; UNIDADE III – Teologia e Práticas
em Aconselhamento Cristão; UNIDADE IV – O Perfil e Papel do Conselheiro e do Capelão
Cristão e UNIDADE V – Temas e Procedimentos em Aconselhamento e Capelania Cristã.
UNIDADE I
UNIDADE II
UNIDADE III
UNIDADE IV
ACONSELHAMENTO DE APOIO������������������������������������������������������������������������������������������������������104
CONCLUSÃO�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������126
REFERÊNCIAS���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 127
UNIDADE I
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
“A tua palavra é lâmpada para guiar os meus passos e luz para o meu caminho”.
Salmo 119:105
“A Palavra era a fonte da vida e essa vida trouxe a luz para todas as pessoas”.
Evangelho de João 1: 4
A boa tradição cristã, de corte Protestante, ressalta a Bíblia como uma das fontes necessárias
para o desenvolvimento da Fé Cristã. Nesse sentido, a presente unidade busca evidenciar os
fundamentos para a prática do aconselhamento e da capelania cristã que assinalem, por um
lado, uma genuína tradição cristã e, por outro, dialogue com as necessidades de nosso tempo.
Por isso, nos voltamos para os fundamentos bíblicos e teológicos do próprio ministério
cristão em que se destacaram os seguintes temas: diaconia, ministério, poimênica e cuidado.
Nossa fundamentação teórica parte do latino Gattinoni (apud CASTRO, 1973) sobre “As
bases do ministério pastoral no Novo Testamento” e do americano Clinebell (2000) sobre “O
aconselhamento pastoral modelo centrado em libertação e crescimento no universo bíblico”
dentre outros. Em ambos os autores citados, bem como nos outros, temos o objetivo maior de
fundamentar biblicamente o aconselhamento e capelania cristã, como expressão mesma da
ação cristã, ou seja, do próprio Cristo hoje.
Nesse sentido, nota-se uma demanda significativa para dois ministérios em especial da igreja
hoje: aconselhamento e capelania cristã. Eles apontam para as necessidades individuais,
grupais, comunitárias, familiares, conjugais, sociais dentre outras. Essas necessidades
cobram respostas da igreja. Contudo, essas repostas precisam de fundamentação também
Teológica, para que esses ministérios, ações e vocações da igreja estejam em consonância
com a Palavra de Deus e, assim, sejam eficazes, do ponto de vista bíblico, teológico e prático.
O exercício do aconselhamento e da
capelania cristã está na mesma
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Inicialmente, Gattinoni (apud CASTRO, 1973) informa que o sentido etimológico do termo
“diákonos” indica uma tarefa de condutor de camelos no pó (poeira): diá = através kónos = pó,
portanto diácono é um servente, um servidor. Exemplo maior é o próprio Jesus quando lava os
pés dos discípulos (Jo. 13:1-17); o serviço é a definição própria da missão de Jesus, portanto
ele veio para servir, pois é um servo (Lc. 22:27 e Mc. 10:45).
Compreende Gattinoni (apud CASTRO, 1973) que o ministério pastoral não pode deixar de
evidenciar essa atitude serviçal. Tal atitude é imprescindível, conforme Mt. 20:25-28; 25:31-46;
10:24. Nesse perspectivo, tanto o aconselhamento quanto a capelania devem estar inseridos
nessa visão bíblica: servir.
Portanto, os cristãos são chamados a servir a Cristo e ao seu Reino (Ro. 7:6; Col. 3:24; I Ts.
1:9; 1:1; 2:20;7;3); nesse sentido, o serviço aos homens é entendido como servir ao Senhor
Jesus Cristo (Ro. 14:18; Gá. 5:13; Ef. 9:9); a ideia de servir dos seres humanos como parte do
serviço a Cristo (I Cor 16:15; II Cor. 6, 8:4; 9:1, 12; Atos 20:28, 34, 35; II Ti. 1:18; Fim. 13) ou
ainda, o servir às pessoas como sendo uma ação ao próprio Cristo (Mat. 25:31-46). Diaconia,
nesse sentido, por fim, evoca de forma categórica que todo e qualquer ministério da Igreja,
com destaque para o aconselhamento e capelania cristã, é um ato de serviço ao próximo no
mundo. Uma ação missionária que nasce do ministério de Jesus Cristo como identidade da
Igreja.
Por fim, outro sentido para “diaconia” é uma expressão, conforme Gattinoni (apud CASTRO,
1973), “Diaconia como um ministério da Igreja, a serviço da obra de Deus, no mundo”. Diaconia
como ministério de toda a Igreja e de toda a comunidade cristã, bem como de cada comunidade
em particular – Ef. 4:12; Ap. 2:19; I Co.12 e Ro. 12:1-8; ou seja, toda e qualquer comunidade
que se diz cristã tem uma identidade em comum: ser sinal de Deus por meio do serviço da
igreja às pessoas. Essa expressão coroa e assinala a riqueza dos sentidos para “diaconia” já
observados acima.
Compreende-se, sem dúvida, que os sentidos de “diaconia” abordados até o presente ressaltam
biblicamente o serviço como fundamento para o exercício do ministério cristão, ou os mais
diversos ministérios da igreja, com destaque para o aconselhamento e a capelania cristã.
Javé, portanto, é compreendido como o único e verdadeiro Pastor de Israel. Essa alegoria é
celebrada no AT, especificamente, no Sl 23.1: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”. Ao
lado Dele não há outro! Este Salmo revela a poimênica, pois ele refere-se ao centro vital do
ser humano, que é sua relação com Deus. Uma relação concretizada a partir da fé humana
em Deus, enquanto Criador e Pastor da vida. Então, a poimênica, nesse contexto, remete para
aquilo que permite e ajuda o ser humano a continuar a respirar, a manter a sua vida saudável,
afinal a morte para o semita é a falta da relação com Deus.
Nessa perspectiva, a poimênica tem a ver com o clamor e o louvor da criatura perante o seu
Criador. O ser humano clama pelo hálito de vida que provém de Deus e o louva por este hálito
que o mantém, como afirma o último salmo: “Todo ser que respira louve ao Senhor. Aleluia!”
(Sl 150.6).
Nota-se que a poimênica está no coração do Antigo Testamento, pois ressalta e afirma
categoricamente que tudo aquilo que torna plena a vida é concedida pelo Bom Pastor, Javé,
o Deus que cuida de suas ovelhas, conforme o Salmo 23: “O Senhor é o meu Pastor e nada
me faltará”.
Hoepfner (2008) observa que no Novo Testamento a poimênica tem nas ações e atitudes
libertadoras de Jesus Cristo a expressão perfeita do que significa pastorear. Ele sim é o
verdadeiro Pastor que dá a sua vida por suas ovelhas, ressalta o Novo Testamento de forma
vigorosa. Nesse sentido, tem-se nas ações e atitudes de Jesus Cristo a prática da poimênica
como um modelo de ação.
Hoepfner (2008), nesse sentido, faz a seguinte observação sobre esse termo “poimênica” à
luz do Novo Testamento:
A poimênica neotestamentária encontra no termo grego “paraclein”, “paraclesis”, o seu
conceito-chave que aponta para a oferta de salvação e de vida em abundância oferecida
por Cristo em sua vida e cruz. A “paraclesis” remete ao consolo da salvação que Cristo
oferece por meio de sua graça (2 Ts 2.16); entretanto, igualmente admoesta às pessoas
a transformarem suas vidas cotidianas, desafiando-as a realizar uma identificação com
Jesus Cristo também no decurso de um sofrimento (2 Co 1.5-7). Após a reflexão acima,
acerca do ministério de Cristo, viu-se que Ele guiou, vigiou, providenciou a vida e sentiu
profunda afetividade pelo povo do seu Pai. (p.65)
Por fim, Hoepfner (2008) define poimênica a partir de quatro funções pastorais a partir do
ministério de Jesus Cristo:
• Poimênica é guiar. Mas não no sentido de se colocar como maioral ou superior; Jesus se
colocou com um irmão, em conjunto pelos novos caminhos que podem surgir, novas trilhas
diante da adversidade, pois Ele é a própria esperança viva. Conforme Hoepfner (2008), Ele
é o novo caminho que possibilita a vida; Ele é o guia que leva a novas esperanças, a um
novo caminho.
• Não por último, poimênica é a afirmação de uma vida cheia de dignidade. Ali, onde a vida
corre perigo com suas contradições sociais, por exemplo, essa vida se faz presente. É
impossível desassociar a ajuda psicológica e espiritual da ação social. Nesse sentido, a
poimênica em Cristo é anúncio de um evangelho integral. (p.p 65-66)
Portanto, podemos concluir por ora, que tanto a teoria quanto a prática da poimênica está
sustentada na tradição do Bom Pastor que dá a sua vida por suas ovelhas, como o Bom Pastor
do Antigo Testamento, Javé. Jesus Cristo, sem dúvida, testemunhou de maneira viva ao fazer
poimênica como porta voz do Evangelho de Deus. Hoepfner (2008) nesse particular afirma: “É
o Evangelho o esteio da poimênica cristã e Cristo o seu paradigma” (p.66)
b) O ser humano foi criado a imagem e semelhança de Deus, imago Dei, (Gn 1:17).
c) Jesus veio para conceder vida e vida, em abundância (Jo. 10:10), O ser humano tem
condições de desenvolver seus potenciais de sabedoria e de vida, segundo a parábola dos
talentos (Mt. 25:14-30) e as admoestações de Paulo a Timóteo, para “acender a chama do
dom de Deus que há em ti(...), pois o espírito que Deus deu é (...) para inspirar poder, amor
e autodisciplina” (2 Tm. 1:6).
É importante ressaltar, por fim, que a concepção bíblica nessa perspectiva deixa claro que os
Outra ideia bíblica que Clinebell (2000) observa é a compreensão hebraica das pessoas. Era
essencialmente não dualista, ou seja, a Bíblia assinala que a vida humana deve ser entendida
de forma integral, em unidade de dimensões, dentro de uma visão holística, em uma visão
comunitária:
a) É assim que a Bíblia reafirma o sentido de glorificar a Deus no corpo (1Cor. 6:19), e não
fora dele ou desconsiderando-o.
b) Que se deve amar a Deus com todas as dimensões humanas (Mc. 12:30).
c) Que se deve viver a vida alimentando os relacionamentos em paz, shalom, do Antigo Tes-
tamento, ou em comunhão, koinonia, na perspectiva do Novo Testamento.
d) O respeito à Criação (ecologia) como ato único da vida. “E viu Deus que tudo era bom”.
e) A libertação é tanto pessoal quanto social. Tanto o pecado quanto a salvação são comu-
nitários e sociais, assim como individuais, onde o Novo Testamento afirma “Conheceres a
liberdade e a verdade vos libertará” (Jo. 8:32).
Nota-se que o ser humano é compreendido pelas escrituras em uma dimensão holística e
integral para o crescimento, conforme Clinebell (2000).
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
Pode-se concluir, por enquanto, que o marco bíblico-teológico aponta tanto o termo “diaconia”
quanto “poimênica” como palavras-chave da ação cristã da própria Igreja no mundo, ou seja,
como expressão própria do mistério cristão. Podemos assinalar, portanto, que todo e qualquer
ministério da igreja, como o aconselhamento e a capelania, é ação da Missão de anúncio da
Boa Nova, do cuidado que Deus tem pelo ser humano e, por outro lado, evidencia também
as potencialidades do ser humano, criadas pelo próprio Deus, as quais revelam as suas
possibilidades para um desenvolvimento de forma integral em Cristo.
A seguir, vejamos o trabalho realizado por Hoepfner (2008) sobre a análise do termo “cuidar”,
em que o referido autor faz um estudo sobre o termo em seu sentido etimológico e bíblico; bem
como o trabalho de Oliveira (2004).
Para Hoepfner (2008), o termo cuidar provém do latim cura, que assinala uma relação de
amor e amizade, uma atitude de cuidado, de desvelo, de preocupação e de inquietação
em relação a alguém ou a algo estimado. Portanto, o sentido aqui deve ressaltar, conforme
observa Hoepfner (2008), uma relação pessoal, existencial, e, por consequência, estabelecer
uma preocupação frente à vida de outra pessoa ou de algo, como o cuidado com os enfermos
ou com o meio ambiente.
Nesse sentido ainda, Hoepfner (2008) exemplifica e comenta da seguinte maneira essa
questão:
Quando uma mãe afirma: “Estou cuidando do meu filho adoentado!”, subentendem-
se, nesta afirmação, múltiplos atos. Atos como: estar preocupado com seu filho; levá-
lo ao médico; dar a ele, não apenas remédios, mas, igualmente carinho; orar com e
por ele, enfim, estar próximo dele por meio de ações diversas que compreendem uma
atitude de cuidado. Nesse sentido, pode-se afirmar que uma atitude de cuidado abarca
o ser humano em sua totalidade de vida. No que tange ao relacionamento humano,
tanto a pessoa que toma uma atitude de cuidar de alguém, quanto o indivíduo para o
qual é dirigida tal atitude, há um contato não meramente físico, mas também afetivo-
emocional, concretizando uma relação de sujeito para sujeito e não de sujeito para
sujeito-objeto, ou seja, o cuidado possibilita a dignidade, pois abre mão do poder
dominador e afirma uma comunhão entre seres reais. “A relação não é de domínio
sobre, mas de com-vivência. Não é pura intervenção, mas interação” Por conseguinte,
pode-se reiterar que só recebemos zelo se cuidarmos de outras pessoas; portanto,
nessa dimensão, apenas nos tornamos pessoa no encontro com outra. Percebe-se,
então, que a categoria cuidado tem conotações que superam as noções comuns que
lhe são aplicadas. (p.15)
Nota-se que o sentido ora ressaltado assinala vigorosamente uma atitude de cuidado total,
não com o que é particular ou pontual, mas sim com o ser humano em sua integralidade, em
suas mais diversas áreas e dimensões: física, afetivo-emocional, social, ecológica, cultural e
espiritual.
Outra questão importantíssima ressaltada ainda por Hoepfner (2008) é a relação entre os
seres humanos que deve ser pautada não pelo domínio sobre, mas pela convivência. Pode-se
compreender nessa perspectiva que só recebemos cuidado se cuidarmos também de outras
pessoas; portanto, nessa dimensão ou relação, apenas nos tornamos pessoa efetivamente
quando estamos no encontro com outra, ou seja, nos relacionamos respeitosamente como
iguais.
Hoepfner (2008) faz ainda um estudo sobre expressões correlatas ao termo “cuidar” no Antigo
Testamento e Novo Testamento:
Ainda nessa direção, Oliveira (2004) afirma, a partir das elaborações teológicas de Leonardo
Boff sobre o cuidado com o ser humano no contexto maior que é o cuidado com a natureza, o
seguinte: “cuidar da alma implica cuidados sentimentos dos sonhos, dos desejos, das paixões
contraditórias, do imaginário, das visões e utopias que guardamos dentro do coração” (p.17).
Tal elaboração aponta o cuidar como um ato integral da existência humana.
Oliveira (2004), tomando afirmação de Brakemeier, destaca que o cuidado com o ser humano
está justamente na afirmação doutrinaria da Imago Dei, ou seja, que o ser humano é imagem
e semelhança de Deus. Portanto, há uma dignidade no ser humano que lhe é atribuída,
concedida sem merecimento que provém de Deus e que se manifesta em si mesmo.
Oliveira (2004) assinala que a desesperança e o pessimismo podem ser revestidos pela
ressurreição de Cristo, pois ela apresenta uma nova condição antropológica para a existência
humana; bem como pela cruz que não nega o sofrimento, mas assinala que todos estão
suscetíveis nesta condição humana, pois Jesus também recebeu cuidados quando de sua
morte.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro aluno (a), esta nossa primeira unidade nos lançou no universo bíblico-teológico. Nela
visitamos e revisitamos textos clássicos e fundamentais da Fé Cristã que são imprescindíveis
não só para os nossos intentos, como para todo e qualquer objetivo que queira fundamentar
o testemunho cristão.
Em nosso caso, olhamos firmemente para o campo da Teologia Prática, ou mais especificamente,
para as áreas do Aconselhamento e da Capelania Cristã. Nesse sentido, quando estudamos a
palavra “diaconia”, vimos como este termo é rico e diverso, bem como aponta indelevelmente
para o ser próprio do Cristianismo: servir ao mundo. Destacou o nome e o sobrenome dessa
essência diaconal: Jesus Cristo, o servo por excelência. Assim, ficou límpido que o ministério
cristão, guarda-chuva maior que abarca o Aconselhamento e a Capelania Cristã, é um
instrumento de serviço no mundo, quer intra ou extraigreja.
Vimos ainda, juntos, o termo poimênica. Termo que deve ser entendido como ponto de
Neste link, você encontrará mais informações sobre o cuidado à luz da poimênica. Especifi camente, o
texto enfoca a questão do cuidado de pastores e pastoras.
<http://www3.est.edu.br/biblioteca/btd/Textos/Mestre/Oliveira_rmk_tm105.pdf>.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. Como vimos nesta unidade, o termo “diákonos” é muito rico e diverso em sua significação.
Aponte em que sentido Jesus é entendido como exemplo maior enquanto “diákonos”.
2. O estudo do termo “diákonos”, na perspectiva bíblica que vimos, é essencial para direcionar
o Ministério Cristão, o qual também orienta o aconselhamento e a capelania cristã. Diante
disso, interprete a seguinte afirmação: “Diaconia como um ministério da Igreja, a serviço da
obra de Deus, no mundo”.
5. Nesta unidade foram vistos os termos “Diaconia”, “Ministério Cristão” e “Cuidado”. Vimos
que esses três termos são importantes para uma compreensão bíblico-teológica do fazer
aconselhamento e capelania cristã. Construa um texto argumentativo entre 5 e 10 linhas,
a partir desta unidade, que expresse a importância desses termos para a atividade de
aconselhamento e capelania cristã.
OS FUNDAMENTOS DO ACONSELHAMENTO E DA
CAPELANIA CRISTÃ
Professor Me. Rubem Almeida Mariano
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Capelania Hospitalar
INTRODUÇÃO
“Assim como o corpo precisa do médico, a vida espiritual da pessoa precisa do
capelão”.
Jung, G. In: Silva – Capelania Hospitalar e terapia da enfermidade: uma visão pastoral.
Diante disso, esta unidade desenvolve estudos nos campos da história e das teorias puras, bem
como das teorias sobre as práticas do Aconselhamento e da Capelania Cristã. É importante
ressaltar que focamos na área Hospitalar em Capelania e, ainda, que os conceitos, a natureza,
os objetivos, o intento, as dimensões, os procedimentos, as atitudes, os instrumentos e os
comportamentos em Aconselhamento e Capelania Cristã foram observados e abordados à luz
Acompanhar, ajudar e fortalecer na fé sempre foi uma atividade própria da Igreja de Cristo.
Flor (2010) observa três modelos básicos de aconselhamento cristão durante o período Antigo
e Medieval:
c) “poimênica como função terapêutica” (na visão de luta entre poderes, era comum a busca
de cura de males atribuídos aos espíritos imundos).
Outras referências históricas dessa atividade podem ser encontradas logo nos primeiros cem
anos da Igreja Cristã. A história registra textos cuidadosos como, por exemplo, a Carta a
uma Jovem Viúva, escrita por João Crisóstomo em 380; o “Livro de Cuidado Pastoral”, de
Gregório, o Grande, no final do século VI ou a carta “Catorze Consolos Para os Exaustos e
Sobrecarregados”, escrita por Martinho Lutero em 1520. Em cada um destes há a demonstração
de um tempo na Igreja Cristã em que o cuidado era parte integrante do ensino e da vivência
pastoral (FLOR, 2010).
Como é bom estar localizado ou contextualizado. Isso não é diferente quando estudamos o
tema da capelania. Saber nossas origens, e, principalmente, os fundamentos da nossa forma
de pensar, bem como os motivos que estão na base de uma determinada ação ou atitude é
sempre importante. Conforme Gentil, Guia e Sanna (2011):
Silva (2010), ao tratar sobre a conceituação de capelania, observa que o termo aponta para
o cargo, a dignidade e o ofício de capelão. Tal atividade é exercida por um religioso, católico
ou protestante, responsável em prestar assistência religiosa e/ou realizar culto ou missa nas
instituições que serve. É comum ter um local denominado capela em repartições públicas ou
privadas, escolas, hospitais, quartéis, presídios, universidades etc., onde o capelão atende às
pessoas e essas podem também exercitar a sua fé. Observa ainda Silva (2010) que é comum
haver instituições que só têm capelão católico ou protestante, mas há também instituições que
comportam as duas ramificações do cristianismo, bem como fora do país há outras religiões
que também têm exercido essa mesma função.
Silva (2010) destaca em seu texto a importância do papel do capelão enquanto facilitador. Ele
observa que Jung atribuía ao capelão o papel de sujeito facilitador do encontro do homem com
a sua dimensão espiritual; assim como o corpo precisa do médico, a vida espiritual da pessoa
precisa do capelão, compreendia Jung, conforme Silva (2010).
Fonte: SHUTTERSTOCK.COM
1. Aconselhamento popular
É o que ocorre nos relacionamentos diários das pessoas que trocam problemas e conselhos
entre si.
2. Aconselhamento comunitário
É uma prática exercida por um pastor junto a sua comunidade. Precisa de preparo e
muita competência para tratar os mais diversos temas, como: problemas matrimoniais,
relacionamentos entre pais e filhos, disputas entre irmãos na fé, dificuldades econômicas,
dificuldades sobre a fé, falta de sentido na vida, homossexualidade, alcoolismo, vício de
drogas, prostituição e problemas emocionais mais profundos.
4. Aconselhamento profissional
Esse tipo de aconselhamento é exercido por conselheiros, psicólogos e psiquiatras. Esses são
profissionais que o pastor pode e deve trabalhar junto, pois há problemas mais profundas na
comunidade e por isso necessitam de um cuidado maior.
3. Descobrir as causas.
4. Tomar decisões.
d) Oferecer ao indivíduo uma situação na qual tome iniciativa e aceite se responsabilizar por
ela.
c) Promover encorajamento e orientação para aqueles que perderam alguém querido ou que
estejam sofrendo uma decepção.
• A bíblia.
• A oração.
• A visitação.
Se assim podemos nos referir, esses instrumentos têm o objetivo de potencializar esse
crescimento espiritual integral à luz da ação do Espírito Santo.
Nessa perspectiva, Clinebell (2000) observa, ainda, seis dimensões da integralidade da vida
de uma pessoa:
Castro (1974) faz a seguinte pergunta: qual será a meta da atividade pastoral? Ele mesmo
responde assim “logicamente como todo conselheiro, procura ajudar a recuperar a saúde
plena da personalidade do aconselhando” (p.182). Nessa direção, Castro (1974) destaca as
seguintes questões do aconselhamento:
c) Ser responsável tanto no desenvolvimento de suas ações como nos resultados das mes-
mas.
Por isso, para Schipani (2004) aconselhamento pastoral deve ser entendido teologicamente
como:
a) Adoção da sabedoria à luz de Deus como a metáfora fundamental que reconstrói a estrutura
teórica e os fundamentos teológicos do aconselhamento pastoral em solo firme.
c) A luz de Deus que define a natureza e a orientação de forma do ministério cristão, de modo
que prontamente reconhecemos as dimensões éticas e o contexto moral do aconselha-
mento.
Schipani (2011) observa ainda que em aconselhamento pastoral é imprescindível que se tenha
claro que cada situação requer formulação de objetivos específicos, bem como, em cada
situação, que se apliquem estratégias próprias. Contudo, há também de se reconhecer que há
muitas ocorrências em comum que apontam para um propósito geral ou fundamental, o qual,
1. Crescimento na visão
2. Crescimento em virtude
3. Crescimento em vocação
Portanto, Schipani (2011) entende que o propósito geral do aconselhamento pastoral é ajudar
o aconselhando a descobrir como viver uma vida mais íntegra, moral e plena.
• Educacional.
• Carcerária.
• Hospitalar.
• Militar.
• Empresarial.
Essas modalidades já estão em todo Brasil, devidamente reconhecidas por lei com uma longa
folha de serviços prestados à sociedade, como é o caso da capelania militar.
O capelão, seja qual for o contexto em que os tiver inserido, tem a missão de ajudar a pessoa
em seu crescimento utilizando os instrumentos próprios da ajuda cristã ou pastoral, os quais
já foram citados acima a bíblia, a oração, a visitação, a meditação, a exortação, o perdão, a
comunhão, dentre outros.
Capelania Hospitalar
b) De outro, a convivência com diversos profissionais da área da saúde e áreas afins que,
independente de suas possíveis crenças, têm uma formação profissional específica que pauta
a sua atuação, como é o caso da enfermagem, da medicina, da fisioterapia, da psicologia, da
assistência social, da administração dentre outras.
A capelania hospitalar é uma atividade que remonta a datas longínquas da nossa história, por
volta dos cem primeiros anos da Era Cristã, conforme Silva (2010). Hoje ela já é respeitada
e presente positivamente nos hospitais. Quem faz uma exposição muito interessante sobre a
capelania hospitalar em nossos dias é Silva (2010). A seguir, transcrevemos algumas de suas
principais ideias sobre essa questão. Vejamos:
Silva (2010) localiza a capelania hospitalar no contexto da teologia pastoral, mais especificamente
na tradição da Teologia Prática, que tem sua origem nos estudos de Schleiermacher (1768-
1834). Este Teólogo foi responsável por chamar a atenção dos estudos teológicos para a
Silva (2010) faz o seguinte comentário sobre a localização da capelania hospitalar no contexto
da Teologia Prática:
A capelania hospitalar se insere na chamada ‘’teologia prática’’ como o serviço cristão
da Igreja ao mundo dos doentes, nas casas, nos hospitais. Com o objetivo de ajudá-
los a partir da fé, da esperança e da caridade, em sua luta pela recuperação de sua
saúde ou pela cura integral da aceitação e da humanização dos últimos momentos da
existência mediante o diálogo...
O serviço de capelania hospitalar consiste num ministério de apoio, fortalecimento,
aconselhamento e consolação, desenvolvidos junto aos enfermos e seus familiares,
funcionários e médicos do hospital... É um serviço de dimensão holística, que considera
o enfermo uma unidade pluridimensional. Consiste em levar conforto em horas de
angústia, incerteza, aflição, desespero e compartilhar o amor de Deus por meio de
atitudes concretas: presença; gestos; palavras; orações; textos bíblicos; música e
silêncio. A capelania hospitalar é uma organização religiosa interdenominacional com a
finalidade principal de prestar assistência espiritual em instituições hospitalares...
A capelania colabora na formação integral do ser humano, oferecendo oportunidade de
conhecimento, reflexão, desenvolvimento e aplicação dos valores e princípios éticos,
na revelação de Deus para o exercício da cidadania. A capelania realiza também a
assistência espiritual, social e emocional às famílias de enfermos, equipes de saúde
dos hospitais e estudantes de medicina.
De acordo com Bautista, a capelania hospitalar tem como característica ser um serviço
sanativo, porque pretende a apropriação da realidade pessoal até o último instante
de vida. Esse serviço (diaconia) exige, em primeiro lugar, a colaboração dos cristãos
próximos ao mundo do enfermo, especialmente os agentes mais idôneos, desde os
pastores, diáconos e os leigos que vivem e conhecem o contexto hospitalar e podem
ajudar nas atividades no hospital. Esse trabalho é baseado no conceito de “atendimento
integral” em que o paciente tem uma aceitação melhor da hospitalização e tem mais
chances de um rápido reestabelecimento por ter também contemplados os aspectos
espirituais e emocionais. (p.p 26-27)
Teologicamente, Silva (2010) lembra que como toda ação pastoral, a capelania hospitalar está
fundamentada na própria prática de Jesus, pois Ele atendeu e cuidou dos enfermos e doentes
de sua época, em um contexto bem peculiar de pobreza e de contradições socioeconômicas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nossos estudos nos revelaram que tanto o Aconselhamento quanto a Capelania Cristã remonta
de uma datação longínqua, contudo, ambas foram mais recentemente tomando a forma que
temos nos estudos clássicos modernos. Ambas seguem a mais pura tradição cristã de ajuda
aos necessitados e aos que sofrem.
Vimos conceitos, objetivos e finalidades, bem como teorias sobre Aconselhamento Cristão.
Vimos também que algumas teorias ora enfatizaram os fundamentos, ora enfatizaram as
finalidades. Observamos ainda a riqueza de argumentos puramente teóricos e teorias sobre a
prática, bem como argumentações ricas teologicamente.
Sobre a Capelania Cristã foi dado um tom apenas introdutório e panorâmico. Focou-se mais
especificamente na capelania hospitalar. É importante ressaltar que essa área será mais
bem desenvolvida quando forem tratados o perfil e o papel do capelão, na Unidade IV desta
Por fim, esta unidade teve como objetivo tornar mais evidente ao leitor os fundamentos teóricos
e práticos do Aconselhamento e da Capelania Cristã, e assim possibilitar informações básicas,
fundamentais e técnicas sem as quais essas áreas ficam apenas no campo do voluntarismo
desprovido de toda sorte de competências.
Este link remete você ao site do Conselho Federal de Capelania Hospitalar. Nele há diversas informa-
ções sobre esse tema, bem como cursos e orientações básicas.
<http://www.capelaniafederal.org/>.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
3. Esta unidade foi rica em demonstrar objetivos e propósitos sobre aconselhamento cristão.
Desenvolva um texto de 5 a 10 linhas, que tenha como competência ressaltar os objetivos
essenciais do aconselhamento cristão a partir das concepções de Collins e de Clinebell.
5. Capelania cristã é uma atividade que hoje goza de respeito e consideração. Sua atividade
já é reconhecida pelo governo em nosso país, prova disso é a capelania militar. A partir da
Leitura Complementar “Capelania Hospitalar –Levando o amor de Cristo aos enfermos e
necessitados” e dos estudos realizados sobre capelania hospitalar, discuta qual a importân-
cia dessa atividade para o atendimento de enfermos no contexto hospitalar.
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
Caro aluno, esta unidade tem como objetivo abordar, os procedimentos adequados do
conselheiro, bem como refletir sobre a natureza do Aconselhamento Cristão de forma
introdutória.
Esta unidade também tem a missão de desenvolver as técnicas de intervenção como forma
de lembrar a todos os nossos leitores que a arte de aconselhar hoje necessita muito mais do
que boa vontade, como temos frisado; hoje se faz necessário conhecimento, ou como diz um
amigo, meu pastor e doutor em Psicologia, é necessário ter tecnologia para aconselhar. Pois
quem está do outro lado são pessoas que vivem em estado de sofrimento ou que precisam de
orientações e não podem continuar sofrendo mais do que estão. Portanto, cabe àqueles que
se sentem chamados cuidar de sua formação, preparando-se de forma adequada para essa
atividade. Esta unidade quer singelamente contribuir nesse processo.
É importante observar que há muitos escritos sobre o assunto, especificamente com teorias
e métodos devidamente elaborados. Há também diversos textos sobre o aconselhamento
cristão e o aconselhamento psicológico, que observam seus vínculos, contribuições, limites e
críticas, como: Mannóia (1985), Casera (1985), Collins (1995), Barrientos (1991), Szentmartoni
(1999), Clinebell (2000), Schipani (2004), Sathler-Rosa (2004) e Pereira (2007).
Da mesma forma, Szentmartoni (1999) também o faz, contudo ressalta ainda as marcas da
natureza do aconselhamento cristão, de onde se pode inferir:
c) É uma atividade religiosa (conselheiro e aconselhando) onde deve ser observada a pessoa
e seu relacionamento com Deus.
Barrientos (1991) lista os seguintes aspectos que o conselheiro deve dar atenção durante a
entrevista de aconselhamento:
• Fazer com que a pessoa se sinta ao nível do conselheiro. Para isto é melhor usar duas
cadeiras ou poltronas, ou uma de frente para a outra em uma mesa.
• Escutar com muita atenção. Há pessoas que se sentem aliviadas de sua carga pelo sim-
ples fato de que alguém as escuta com interesse e amor.
• Não interromper o relato, a não ser que seja para fazer alguma pergunta esclarecedora ou
que falte para completar o quadro.
• Discernir em silêncio aspectos que a pessoa poderia encobrir e que correspondem a seu
modo de ver o assunto.
• Ao final do relato, ajudar a pessoa a ver o problema como um todo, sem reparar em deta-
lhes, a menos que seja necessário.
• Ajudá-la a encontrar as causas. Aqui é necessário dar oportunidade para que a pessoa
opine e que ambos dialoguem até que concordem.
• Ajudar a pessoa a fazer um plano ou propor-lhe um alvo realista que tentará alcançar nos
dias seguintes.
• Quando necessário, levar a pessoa a colocar seu problema diante do Senhor em oração,
pedir libertação e dar graças por ela.
• Por fim, fazer uma seleção de textos bíblicos e indicar para a pessoa ler e meditar sobre
eles e relacioná-los aos seus problemas.
Por fim, Szentmartoni (1999) observa que o conselheiro tem de ter os devidos cuidados em
sua atividade. Deve evitar colocações ou expressões que não contribuem para o objetivo
principal do aconselhamento, que segundo Mannóia (1985), “é o de facilitar o crescimento da
personalidade ao máximo nível de maturidade” (p.103). São observações que o conselheiro
passa ao aconselhando como sendo as suas conclusões, de forma moralista e sem observar
as manifestações do seu aconselhando. Segundo Szentmartoni (1999), isso denota falta de
confiança nos recursos do outro por parte do conselheiro e impede que o objetivo maior do
aconselhamento seja atingido.
Outro exemplo de procedimento vem de Collins (1995) em seu texto clássico, o livro:
“O aconselhamento Cristão”. Nessa obra, o referido autor apresenta as técnicas de
aconselhamento, que considera como sendo as mais básicas em uma situação de ajuda; antes
de apresentá-las , porém, ele faz a seguinte ressalva: essa relação de aconselhamento não é
necessariamente de ajuda, mas de uma relação de ajuda que deve ser desenvolvida em um
formato profissional. Vejamos as técnicas:
• Contatos visual.
• Gestos naturais.
2. Ouvir – Isso significa muito mais do que uma recepção passiva da mensagem. Ouvir
envolve:
• Percepção suficiente.
• Ouvir não somente o que o aconselhando diz, mas as suas reais necessidades.
• Sentar-se imóvel.
• O conselheiro é um educador.
• O aconselhando é aprendiz.
Diante dessas propostas com suas respectivas técnicas, é importante que o conselheiro
5. Tendo como base esse primeiro diagnóstico, sugerir uma aproximação para dar ajuda.
Para facilitar a expressão dos sentimentos do aconselhando, Clinebell (1976) faz as seguintes
considerações:
1. Evitar muitas perguntas, mas fazer o mínimo requerido para obter apenas os dados essen-
ciais.
2. Fazer perguntas sobre seus sentimentos, por exemplo: como se sente quando é ignorado?
6. Evitar tanto a interpretação prematura de como funciona a pessoa ou suas formas determi-
nadas de sentir, como dar conselhos prematuros.
1. Evolutiva – uma resposta que indica que o conselheiro tem capacidade de fazer um juízo
de relativa bondade, apropriação, efetividade e correção. Tem condição de compreender
em certa forma o que o aconselhando pode e deve fazer; se há consequências grandes ou
profundas.
2. Interpretativa – uma resposta que indica o intento do conselheiro por ensinar, por apresen-
tar ou mostrar um significado ao aconselhando. Tem compreendido de certa forma o que o
aconselhando pode ou deve pensar.
3. De apoio – uma resposta que indica que o conselheiro intenta assegurar, reduzir a inten-
sidade emotiva do aconselhando (acalmá-lo). Possibilita, de certa forma, ao aconselhando
sentir-se fora dessa situação de desequilíbrio.
4. Indagatória – uma resposta que indica que o conselheiro intenta obter mais informações,
insistir na conversação, sobre uma linha determinada. Isso o faz chegar à conclusão de
certa forma que o aconselhando deve ou pode se desenvolver, beneficiando mais acerca
de um ponto determinado.
Diante disso, temos a firme convicção da importância que é saber ouvir e responder no
aconselhamento, pois fazê-los de forma adequada é uma virtude indelével não só do
conselheiro, mas também do capelão. Tamanha é a importância dessas duas habilidades que
existe muita literatura especializada em psicologia, aconselhamento e capelania que versa
Outra ideia que Faber e Shoot (1976) desenvolvem é a da reflexão dos sentimentos
significativos. Para Rogers, cabe ao conselheiro proporcionar uma relação positiva. Para
isso, ele compreende que a reflexão é fundamental. Tal dinâmica é possível numa relação
não diretiva em que aconselhando, numa relação de aceitação, desenvolve uma reflexão de
significado de seus sentimentos, que tão somente nesse contexto, ou melhor, justamente,
nesse contexto de aceitação faz toda a diferença. Nessa perspectiva assim entende Rogers:
na experiência terapêutica, um vê as suas próprias atitudes, confusões, ambivalência,
sentimentos e percepções expressadas exatamente pelo outro; porém livre das
próprias complicações emocionais, e, assim se vê a si mesmo objetivamente o que abre
caminho para aceitação do seu eu, de todos aqueles elementos que agora se percebem
claramente. Assim se avança no caminho da organização e do funcionamento mais
integrado do eu (pp.120-121)
Nesse sentido, ouvir e responder em uma relação de aconselhamento cristão deve passar
por uma relação de aceitação, de uma significativa reflexão dos sentimentos e empatia. Tal
ambiente, na compreensão de Rogers, proporciona as condições terapêuticas para que a
pessoa veja suas reais condições e necessidades e possibilita ainda ao aconselhando seu
Brister (1980), ao tratar sobre a natureza do aconselhamento pastoral em sua obra “El cuidado
pastoral en la Igreja”, observa que há basicamente dois métodos: um diretivo e outro não
diretivo. A seguir, transcrevo o diálogo entre os conselheiros e seus respectivos aconselhandos
como ilustração dos dois métodos. Vejamos o primeiro diretivo e o segundo não diretivo:
1. Aconselhamento diretivo
Sra. P: Olá, pastor. Desde muito tempo as coisas não vão muito bem em minha casa... (coloca-
se muito sentida).
Pastor: Veja bem, estou seguro de que as circunstâncias não são tão mal como parecem ser,
e estou seguro de que podemos ve-las melhor para ajudá-la à luz da Palavra de Deus.
Pastor: Penso que você veio se socorrer em seu pastor, não é isso? Falemos agora sobre o
seu problema abertamente e inicie desde o começo,Me diga tudo. OK?
Sr. B: É como quando tive o acidente com o caminhão. Tudo de ruim me aconteceu, mas agora
eu me sinto limpo. Quando sofremos nos eximimos de tudo que temos dentro de nós. Quando
perguntaram se a minha perna estava quebrada, eu falei: “quebrada, quebrada, quebrada”, e
assim foi. Disse-lhes que o meu sofrimento tinha me feito sentir mais perto do céu.
Sr. B: Na verdade, tenho uma vida muito dura. Eu não sei por que minha esposa age assim
Sr. B: Porque estive em um hospital psiquiátrico ... isso foi antes de casarmos...
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta unidade, caro aluno, foi estruturada para fundamentar o ato do Aconselhamento
Cristão propriamente dito. Aqui foram tratadas propostas, técnicas e procedimentos em
Aconselhamento Cristão.
Foi destacada a conversação como uma das técnicas imprescindíveis para o exercício do
Aconselhamento Cristão. Saber entrevistar, ouvir e responder o aconselhando é essencial
68 TEOLOGIA, ACONSELHAMENTO E CAPELANIA CRISTÃ | Educação a Distância
para o sucesso dessa atividade. Foram trabalhadas as ideias de Barrientos (1991) e de
Clinebell (2000) sobre entrevistas iniciais. Sobre o saber ouvir e responder ficou por conta
de clássicos do aconselhamento cristão, Faber e Shoot (1976) e Clinebell (1985). Este deu
destaque para as repostas evolutivas, interpretativas, de apoio, indagatórias e compreensivas;
enquanto aqueles à luz de Carl Rogers, destacaram: a aceitação, a reflexão dos sentimentos
significativos e a empatia. Todos foram categóricos em afirmar que ouvir e responder não são
atos simplesmente mecânicos, mas envolvem toda uma relação afetiva, comportamental e
espiritual.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. Atualmente, estamos chegando à compreensão que o conselheiro cristão não pode ter ape-
nas boa vontade, apesar de ser muito importante essa motivação. Ele tem que dispor de
competências para exercer essa função que hoje está se constituindo imprescindível para
a Igreja da atualidade. Liste dois procedimentos adequados do conselheiro em Aconselha-
mento que você julga necessário para o desempenho dessa atividade. Sua resposta tem
que conter argumentos que acompanhe suas escolhas.
2. Nessa mesma direção, no que concernem as propostas e técnicas que vimos nesta unida-
de, relacione e discuta as propostas e técnicas de aconselhamento de Szentmartoni (1999)
e Collins (1995) apontando sua importância para o aconselhamento cristão.
3. Nesta unidade, vimos que Szentmartoni (1999) lista aspectos distintivos da natureza do
aconselhamento cristão. Dentre eles está este: “Limites da atuação e da atividade do acon-
selhamento cristão e suas interfaces com outras atividades de aconselhamento”. Diante
disso, elabore um texto, 4 a 8 linhas, que ressalta a relação interdisciplinar entre os co-
nhecimentos da Teologia e Psicologia, no que toca ao tema principal do aconselhamento
cristão.
4. Saber conversar é uma necessidade pra todo e qualquer profi ssional na atualidade, contudo
para o conselheiro é essencial. Se ele não sabe conversar não conseguirá desenvolver a
sua função adequadamente. Contudo, para desenvolver uma conversa tecnicamente acer-
tada é necessário que o conselheiro saiba ouvir e responder ao aconselhando. A partir das
elaborações fundamentadas no texto intitulado “Escuchar y responder em la conversación
pastoral” de autoria de Faber e Shoot (1976), discuta como proceder e a importância de se
saber ouvir e responder do conselheiro ao aconselhando.
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
“São muitas as pessoas à procura de um ouvido que ouça. Elas não o encontram entre os
cristãos, porque eles falam quando deveriam ouvir. Quem não mais ouve a seu irmão (ou
irmã), em breve também não mais ouvirá a Deus [...] quem não consegue ouvir demorada e
pacientemente, estará apenas conversando à toa e nunca estará realmente falando com os
outros, embora não esteja consciente disso”.
Para Clinebell (2000), o ato de aconselhar inicia-se na própria pessoa do conselheiro. Isso
também pode ser aplicado para o âmbito da capelania. Esta unidade que se inicia tem como
grande objetivo abordar o perfil e papel ou atributo do conselheiro e do capelão cristão.
Contudo, vamos destacar inicialmente algumas atitudes inadequadas dos conselheiros quanto
aos seus procedimentos em aconselhamentos.
Também será tratado o papel do conselheiro e do capelão, com destaque para as competências
esperadas de ambos. Serão ressaltadas mais uma vez as práticas, principalmente a relação
do conselheiro e do capelão com os seus respectivos sujeitos.
Quando lançamos nosso olhar para a realidade humana e suas carências, ficamos cientes da
enorme necessidade do papel do conselheiro cristão no contexto da Igreja tanto no sentido
intraeclesial quanto extraeclesial. Hoje, mais do que nunca, a figura do conselheiro cristão é
necessária e urgente. Contudo, nota-se que ainda há a produção de literatura destinada ao
grande público que continua a construir um perfil e um papel de conselheiro cristão que não
atende às reais necessidades do nosso momento, como afirma Coelho Filho (2011):
Não basta dizer-se vocacionado para o ministério pastoral ou para o ministério do
aconselhamento para ser bem-sucedido nestas atividades. Ser vocacionado não é uma
garantia de que as coisas darão certo. Prova disso é o grande número de ministérios
que dá errado e de igrejas com problemas muitas vezes causados por pastores. E, da
• Não possuir tempo disponível, podendo ser entendido pelo aconselhando como desinteres-
se de sua parte.
• Rotular em vez de respeitar a diferença é um equívoco que afasta e não possibilita novos
encontros entre conselheiro e aconselhando.
• Condenar em vez de ser imparcial gera uma relação de desconfiança por parte do aconse-
lhando, pois este se fecha e não fica disponível para a relação de aconselhamento.
• Ser diretivo por parte do conselheiro é uma atitude que revela uma concepção de negação
das potencialidades do ser humano, as quais são fundamentais para agir de forma adequa-
da e saudável por si só.
Nesse sentido, passo a transcrever um artigo de autoria de Coelho Filho (2011), que aborda
o perfil e os atributos do conselheiro bíblico. Um trabalho expressivo, com um toque todo
especial de sabedoria e com um bom suporte de fundamentação, informação e reflexãosobre
o conselheiro cristão. Ainda é necessário registrar que tal transcrição sofreu, em alguns
momentos, supressão ou acréscimo, contudo que fique também registrado que toda e qualquer
interpretação do texto apresentado abaixo, resguardado o seu sentido original, é de inteira
responsabilidade nossa.
Coelho Filho (2011) inicia seu artigo abordando o perfil do conselheiro cristão, como segue:
Não somos profi ssionais que atendem a pessoa, ouvem-na sem experimentar emoção alguma (algu-
mas vezes bocejando de indiferença), e depois apenas perguntam: “Sim, o que você pensa em fazer
sobre isso?”. Somos pessoas que amam a Deus, que amam o povo de Deus e que servem a Deus
servindo a seu povo. E mostramos nosso amor a Deus no amor ao seu povo. Empatia é mais uma
postura que adotamos que um sentimento que experimentamos. É sentir com a pessoa. A frieza ou a
indiferença é mortal no trabalho do conselheiro. Como bem frisou Collins: “É possível ajudar as pes-
soas mesmo sem compreendê-las inteiramente, mas o conselheiro que consegue transmitir empatia
(principalmente no início do processo terapêutico) tem maiores chances de sucesso”. Ouvi um pastor
psicólogo criticar um pastor que chorou no sepultamento de uma de suas ovelhas, dizendo que ele
era um amador e que não sabia controlar as emoções. O pastor que chorou não se descontrolou,
não surtou nem se mostrou histérico. E merece elogios exatamente porque não foi um profi ssional de
religião, mas um amador. Benditos sejam os amadores assim!
O segundo é respeito. Por vezes a pessoa chega e abre o seu coração, contando-nos um pecado
que julgamos ser escabroso (e às vezes é mesmo). Então fi camos chocados com a revelação e mos-
tramos à pessoa que não esperávamos aquilo da parte dela. Ou ela nos ataca ou ataca alguém da
igreja. O conselheiro, muitas vezes, é machucado pelo aconselhando. Qual deve ser a reação numa
Na primeira resposta viável, o conselheiro circunscreveu a questão a uma opinião pessoal do acon-
selhando, e não a deixou como um absoluto. Na segunda, deixou a porta aberta para o aconselhando
continuar a expor sua mágoa. Em nenhum dos dois casos ele deixou a questão descambar para o
bate-boca.
Respeito significa valorizar a pessoa, não a vendo como uma coitadinha ou uma leprosa moral ou
espiritual. É vê-la como sendo uma pessoa, imagem e semelhança de Deus, valiosa aos olhos do
Senhor, que no momento passa por uma crise e veio lhe pedir ajuda. Não esfregue sal e pimenta
nas feridas dela. Respeite seu desabafo, suas atitudes e sua postura. Isto é diferente de aceitar um
comportamento errado. É respeitar a pessoa que está querendo ajuda como pessoa. Não é um traste.
Lembremos que Paulo recomendou que apoiássemos aqueles que estão fracos.
O terceiro é sigilo. O que um conselheiro ouve deve morrer com ele. Ele não passa para frente nem
mesmo com pessoas interessadas no assunto. Muitas vezes alguém me procura e depois uma pessoa
da família ou do relacionamento com esta pessoa vem me perguntar o que foi dito. Geralmente me
nego, dizendo que o que a pessoa me contou pertence ao sigilo. Se quiser saber, que meu indagador
lhe pergunte. Lembre-se que comentar o que lhe foi dito em confiança acabará não apenas com sua
atividade, mas com seu caráter. E você terá traído quem confiou em você. Poucas coisas são tão
ruins para um pastor ou para um conselheiro que ser conhecido como fofoqueiro, como alguém que
passa para frente coisas que ouviu em confidência. Há pastores que contam de púlpito experiências
de gabinete. Não citam o nome da pessoa, mas deixam pistas claras de quem sejam. Isto é muito ruim.
Abrir o coração com alguém é tarefa difícil. Muitas vezes é um desnudar da alma, e é doloroso para a
pessoa. Já ouvi muitos casos tristes e dolorosos em gabinete, desde violência sexual que uma criança
sofreu por parte de pai até o uso de drogas por líderes da igreja. Por vezes, o peso era esmagador
e eu me sentia deprimido, querendo um buraco para me enfiar. Mas sabia que não podia partilhar
O quarto é sobriedade. O Novo Testamento faz várias referências à sobriedade. Nós é que pouco
mencionamos esta virtude cristã. Há líderes que amam holofotes ou são pouco discretos. Têm grande
necessidade de atenção. Jesus exortou a discrição na vida espiritual, quando deixou recomendações
sobre a oração e o jejum. Sobriedade tem a ver com discrição. Não se faz alarde de que estamos
ajudando alguém. O trabalho do conselheiro é um trabalho de bastidores, que se faz nos bastidores,
e não em público. Como o aconselhamento envolve questões emocionais, e por vezes delicadas, o
conselheiro deve lembrar que a imagem do aconselhando deve ser poupada. Repreensão pública ou
conselhos dados em voz alta prejudicam muito. Ninguém precisa ouvir a conversa. Por isso, quando
atender, fale baixo. Uma das tarefas do conselheiro é ajudar a pessoa a ser madura e tomar decisões
por si, orientada pelo Espírito Santo. Outra tarefa é levantar a pessoa. Neste sentido, expô-la em
público, como alguém tutelado, é prejudicial. Somos conselheiros e não pais de criancinhas travessas
que devem ser chamadas à atenção.
Há conselheiros que gostam de publicidade para que os demais vejam como ele é importante ou como
está sendo usado por Deus. Remo Machado, psicólogo cristão, faz esta afirmação, em uma de suas
obras: “Caso Deus seja o centro de nossa vida, ele tem um plano para nossa existência, e se ele nos
delegou a posição de psicoterapeutas, devemos usá-la para enaltecimento do nome de Deus, e não
para o nosso engrandecimento pessoal”. Sobriedade é esta característica assumida de que somos
apenas instrumentos, a glória é de Deus, fazemos o que temos que fazer e saímos de cena, sem es-
perar aplausos ou reconhecimento. O conselheiro não faz alarde do seu trabalho. A vaidade sempre
é notada, sempre desgasta o vaidoso e geralmente cobra um preço muito elevado. E as pessoas que
aconselhamos não devem ser vistas como troféus a exibir.
O quinto é desprendimento. Isso significa que o conselheiro não deve levar vantagem na tarefa de
aconselhar. Por vezes, o conselheiro é profissional, um psicólogo ou outro tipo de terapeuta. Neste
caso, ele cobrará consultas. O levar vantagem, neste contexto, significa que o conselheiro não usa
as informações que recebe, nem antes nem depois do processo de aconselhamento. Suponhamos
que o conselheiro seja o pastor ou o líder de um trabalho. Um irmão o procura e lhe revela um pro-
blema e pede ajuda. Não será justo o conselheiro divulgar publicamente uma possível incapacidade
da pessoa para o exercício de uma função para a qual ela vier a ser indicada. Evidentemente que se
for um caso grave, como uma pessoa que tenha tendências pedófilas sendo indicada para cuidar de
Quem também apresenta um perfil de conselheiro cristão é Clinebell (2000) quando trabalha
a questão das habilidades de poimênica e aconselhamento para o pastor, em especial. Para
este autor, a chave para ser bem-sucedido no aconselhamento está na própria pessoa do
conselheiro. Diante disso, Clinebell (2000) lista seis características, qualidades ou habilidades
que tipificam um perfil de conselheiro cristão.
Clinebell (2000) começa sua lista trazendo as ideias rogerianas, as quais são: congruência,
calor humano não possessivo (solicitude e respeito pela pessoa) e compreensão empática, e,
4. Uma robusta noção da própria identidade como pessoa - é quando o conselheiro de-
senvolve firmemente sua identidade e valor próprio, de sua personalidade e vida. É centra-
do. Certamente, observa Clinebell (2000, p.406), quando há essa condição, o conselheiro
é capaz de responder com sensibilidade necessária às necessidades dos outros na medida
em que possui esta consciência centrada de seu próprio valor e personalidade.
Vejamos agora algumas atitudes necessárias ao conselheiro cristão, que são apresentadas
por Coelho Filho (2011):
Fonte: PHOTOS.COM
Silva (2010) observa que o capelão hospitalar deverá ter as seguintes características:
Vocacionado
O capelão hospitalar, para exercer sua práxis no hospital, deve ter convicção de sua
chamada, de sua vocação para esse ofício, o que exige fé de que foi chamado por
Cristo para este trabalho junto aos enfermos. Ele deve sentir-se chamado por Deus a
partir da realidade do sofrimento para produzir saúde e vida.
Sendo assim, torna-se continuador da ação misericordiosa e libertadora do Cristo para
com os doentes, a exemplo do Bom Samaritano (Lc 10,29-37). Sua ação vai muito
além da simples caridade ou filantropia, transformando situações de indiferença em
solidariedade, contextos de morte em vida, realidades manipuladoras em defesa
Agente de transformação
Inconformado com a realidade social em que está inserido, ele alimenta uma indignação
ética diante do descaso no tocante à vida humana. O capelão é um profeta. Denuncia o
que contradiz a verdade do evangelho de Jesus Cristo e anuncia uma nova perspectiva
sobre a realidade opressora. Apresenta-se como um ser ativo de presença crítica e
questionante diante da realidade do hospital que não vá ao encontro das necessidades
do enfermo.
Consequentemente é um militante de políticas de humanização que busca colocar
o enfermo como razão de ser e existir do hospital. Para que o capelão consiga
desempenhar bem o seu papel, faz-se necessária uma formação específica e uma
reciclagem (formação) continuada.
Profissional
Segundo Cavalcanti, o hospital funciona sem a presença de um capelão, mas não sem
a presença de médicos e enfermeiros. Portanto, o capelão deverá conduzir-se frente a
esses servidores da saúde com todo respeito e cortesia. Haverá sempre a prioridade
médica ao atendimento do paciente: são raros os casos ao contrário.
Os médicos e enfermeiros estarão trabalhando em suas respectivas áreas, sejam
doenças físicas ou psíquicas, enquanto o capelão direciona a atuação aos cuidados
espirituais. O capelão não deve dar conselhos médicos, receitar remédios, divulgar
diagnósticos ou outro assunto concernente à área médica.
O capelão apresenta-se normalmente à Chefia de Enfermagem quando em visitas
a pacientes nas enfermarias. Devendo participar de treinamento junto aos demais
profissionais para receber informações sobre como proceder em relação a veículos
transmissores de infecção, priorizando o tratamento do paciente e protegendo-o de
possíveis contaminações. Deverá, também, ser informado sobre diagnóstico de
pacientes com doenças infecto-contagiosas. O capelão hospitalar pode, também,
como forma de reconhecimento e congraçamento, promover comemorações no Dia do
Médico e do Enfermeiro.
Educador e evangelizador
Para o bom desempenho do seu trabalho no hospital, o capelão deve desenvolver a
competência de despertar novas lideranças para atuarem neste ministério que está no
“coração de Deus’’, na dimensão humana e ética. O capelão comunica e educa para
uma visão holística em que a pessoa humana é respeitada integralmente nas suas
Espiritualidade salvífica
De acordo com a capelã e pastora do Hospital Evangélico de Vila Velha Maria Luiza
Ruckert, o serviço de capelania representa um espaço privilegiado para traduzir a
Boa-Nova para a linguagem dos relacionamentos, uma linguagem que nos permite
comunicar uma mensagem de cura, salvação e esperança às pessoas que se debatem
em dor e desespero, incertezas e vazio (característica muito presente na nossa época ).
Portanto, o capelão valoriza a vida humana cultivando uma espiritualidade salvífica,
sendo agente gerador de vida e esperança em meio a dor, sofrimento e morte. Por
isso, deve ser um homem de oração constante e de comunhão profunda com Deus.
Um crente que ora com e pelo doente, um ser que vivencia uma vida orante a partir do
sofrimento humano numa perspectiva de salvação e cura. A partir dessa espiritualidade,
o capelão se torna um pedagogo da fé.
Líder
O capelão deverá saber delegar responsabilidades confiando nas capacidades das
pessoas, com isso evitando centralizações. Ele estimula iniciativas voluntárias que se
apresentam de forma gratuita e solidária movidas pelo amor ao próximo, como, por
exemplo, o voluntariado.
Fonte: PHOTOS.COM
Ecumênico
A função ocupada pelo capelão exige um bom relacionamento com outros religiosos que
atuam no hospital. Haverá certas ocasiões em que os capelães (católico, evangélico,
rabino etc.) serão convidados pela Administração para participar de solenidades ou
comemorações ecumênicas: cada convite deverá ser estudado para que não haja
dúvida quanto à presença e à mensagem proferida pela capelania.
O capelão, nessa realidade, zela pelo atendimento das necessidades psicoespirituais
dos enfermos segundo a sua tradição religiosa, o que não o impede de manter-se
aberto ao diálogo com outras tradições religiosas.
Nesse sentido, deve ser capaz de realizar um diálogo inter-religioso, cooperando no
objetivo comum de servir ao doente, preservando a própria identidade de fé, nesse
contexto pluralista, onde se encontram diferentes opções religiosas (pp. 32-35).
Conforme Silva (2010), o capelão deve ser uma pessoa de bom relacionamento com todos
no hospital. Sua amizade deve se estender, dos cargos mais simples até os mais elevados.
Sempre deve estar pronto para ajudar, aconselhar e prestar seus serviços. Isso requer
humildade, empatia, sinceridade e também versatilidade. Sua imagem ou papel social é
sempre de alguém espiritual, amoroso e testemunha de Cristo, por isso sua responsabilidade
estende-se a todas as pessoas com as quais convive.
Ainda sobre o perfil do capelão, Saad e Nasri (2008) observam a importância da espiritualidade
no contexto hospitalar, bem como ressaltam a relevância da assistência espiritual ao paciente
internado. Nesse particular, os referidos autores são taxativos em afirmar que não é qualquer
um que pode oferecer esse serviço. Tem que ter conhecimento e habilidade. Nesse sentido,
Saad e Nasri (2008) ressaltam que os capelães têm que desenvolver as seguintes habilidades
religiosas:
Partindo desses pressupostos acima, destacamos a partir de Silva (2010, p.36) algumas das
principais atribuições que o capelão possui, as quais o autor faz referência em sua dissertação.
Vejamos:
• Escreve ou aprova artigos escritos para a publicação no boletim do hospital e para cartões
e datas especiais.
Conforme Saad e Nasri (2008), são essas as atividades típicas do capelão, no contexto
hospitalar:
• Triagem de risco, identificando indivíduo cujos conflitos internos comprometem sua recupe-
ração satisfatória.
• Intervenção em crise.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sobre o perfil, a partir de Coelho Filho (2011) e Clinebell (2000), destacaram-se do primeiro
autor: empatia, respeito, sigilo, sobriedade, desprendimento e capacidade enquanto do
segundo autor: congruência, calor humano não possessivo, compreensão empática, uma
robusta noção da própria identidade como pessoa sarador ferido e vivacidade pessoal.
Com relação às atitudes do conselheiro, fundamentadas em Coelho Filho (2011), são: não ser
preconceituoso, não ser controlador, ser objetivo, não se envolver emocionalmente e saber
filtrar o que ouve.
Sobre Capelania Cristã foram trabalhados os estudos de Silva (2010) e Saad e Nasri (2008),
que desenvolveram seus estudos abordando o perfil e papel do capelão.
Com relação às tarefas ou atitudes que o capelão desenvolve, foram destacadas as seguintes:
coordenar o serviço de capelania; capacitar pessoal sobre as questões religiosas e espirituais;
organizar as atividades; orientar os religiosos e pastores que visitam o hospital; assegurar o
cumprimento dos regulamentos sobre a visitação religiosa; aprovar e escrever artigos sobre
temas afins e atuar como membro da equipe médica.
Este link remete a uma associação de capelania hospitalar. Nele você tem informações, orientações,
mensagens, literatura e cursos.
<http://www.capelania.com/2008/index.php>.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. Como temos ressaltado, é fundamental que tanto o conselheiro quanto o capelão desen-
volvam comportamentos adequados. Nesta unidade, foi concedido espaço para também
listarmos atitudes inadequadas do conselheiro cristão. Diante disso, relacione duas ati-
tudes inadequadas listadas e desenvolva um texto, entre 5 e 10 linhas, que ressalte as
implicações negativas desse comportamento.
3. Vimos dois perfi s de conselheiro cristão. Um apresentado por Coelho Filho (2011) e outro
por Clinebell (2000). Faça uma relação entre esses dois perfi s destacando pontos seme-
lhantes e diferenças. Seja objetivo em sua resposta, citando e argumentando com referên-
cia aos próprios textos estudados.
4. Assim como o conselheiro tem um papel esperado que aqui foi destacado, assim também
tem o capelão hospitalar. Que relação é possível fazer entre o perfi l do capelão hospitalar e
do conselheiro? Apresente pelo menos duas atitudes que podem ser relacionadas.
TEOLOGIA, ACONSELHAMENTO E CAPELANIA CRISTÃ | Educação a Distância 95
5. A capelania é uma atividade essencialmente de cuidado. Isso não é em absoluto estranho
no contexto hospitalar. Ser capelão hospitalar é cuidar. Relacione o papel apresentado por
Silva (2010) e as habilidades apresentadas por Saad e Nasri (2008), que argumentam no
sentido positivo de que a capelania é cuidar. Faça essa relação produzindo um texto entre
4 e 8 linhas.
A Prática
Como capelão por mais de 20 anos do Hospital Presbiteriano Dr. Gordon, procurei desenvolver um
ministério prático de visitação. Este projeto de Voluntários para a Capelania do Hospital que segue
representa o aprendizado da teoria que foi confi rmada e ampliada na prática. Cada experiência de
Capelania Hospitalar ou cada visita aos enfermos são experiências distintas. Porém, os princípios, os
valores, as regras, e as normas são semelhantes e válidos para todos os casos.
2. Deve:
* Identificar-se apropriadamente.
* Reconhecer que o doente pode apresentar muita dor, ansiedade, culpa, frustrações, desespero, ou
outros problemas emocionais e religiosos. Seja preparado para enfrentar estas circunstâncias.
* Usar os recursos da vida Cristã que são: oração, Bíblia; palavras de apoio, esperança, e encoraja-
mento; e a comunhão da igreja. Se orar, seja breve e objetivo. É melhor sugerir que a oração seja feita.
Uma oração deve depender da liderança do Espírito Santo, levando em consideração as circunstân-
cias do momento, as condições do paciente, o nível espiritual do paciente, as pessoas presentes, e
as necessidades citadas.
* Deixar material devocional para leitura: folheto, Evangelho de João, Novo Testamento, etc.
* Visitar obedecendo às normas do Hospital ou pedir de antemão, se uma visita no lar é possível e o
horário conveniente.
* Dar liberdade para o paciente falar. Ele tem suas necessidades que devem tornar-se as prioridades
para sua visita.
* Demonstrar amor, carinho, segurança, confiança, conforto, esperança, bondade, e interesse na pes-
soa. Você vai em nome de Jesus.
* Ficar numa posição onde o paciente possa lhe olhar bem. Isto vai facilitar o diálogo.
* Dar prioridade ao tratamento médico e também respeitar o horário das refeições.
* Saber que os efeitos da dor ou dos remédios podem alterar o comportamento ou a receptividade do
paciente a qualquer momento.
* Tomar as precauções para evitar contato com uma doença contagiosa, sem ofender ou distanciar-se
do paciente.
* Aproveitar a capela do hospital para fazer um culto. Se fizer um culto numa enfermaria pode atrapa-
lhar o atendimento médico de outros pacientes ou incomodá-los. Deve ficar sensível aos sentimentos
e direitos dos outros.
* Avaliar cada visita para melhorar sua atuação.
3. Não deve:
* Visitar se você estiver doente.
* Falar de suas doenças ou suas experiências hospitalares. Você não é o paciente.
Numa visita hospitalar ou numa visitação em casa para atender um doente, sempre observamos
vários níveis de comportamento. Cada visita precisa ser norteada pelas circunstâncias, os nossos
objetivos ou alvos, e as necessidades da pessoa doente.
As perguntas servem como boa base para cultivar um relacionamento pessoal. As perguntas foram
elaboradas pelo Dr. Roger Johnson num curso de Clinical Pastoral Education em Phoenix, Arizona,
EUA . Dr. Johnson lembra-nos que há perguntas que devemos evitar. Perguntas que comecem com
“por que” e perguntas que pedem uma resposta “sim”ou “não” podem limitar ou inibir nossa conversa
pastoral. Segue uma lista de perguntas próprias. A lista não é exaustiva e as pessoas podem criar
outras perguntas. A lista serve como ponto de partida para uma conversa pastoral.
* O que aconteceu para você encontrar-se no hospital?
* O que está esperando, uma vez que está aqui?
* Como está sentindo-se com o tratamento?
* Como está evoluindo o tratamento?
* O que está impedindo seu progresso?
* Quanto tempo levará para sentir-se melhor?
* Quais são as coisas que precipitaram sua enfermidade?
* Ao sair do hospital ou se recuperar, quais são seus planos?
* Como sua família está reagindo com sua doença?
* O que você está falando com seus familiares?
* O que seus familiares estão falando para você?
* O que você espera fazer nas próximas férias (outro evento ou data importante)?
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
• Aconselhamento de apoio
2 Coríntios 1:4
Certa vez ouvi de um dos meus alunos, em uma aula de aconselhamento pastoral, a seguinte
afirmação: “o nosso problema, no aconselhamento, não é falta de conhecimento bíblico, mas
falta de conhecer a pessoa do aconselhando, seu comportamento”. Essa afirmação remete
sem dúvida aos conhecimentos de métodos e técnicas sobre o ato de aconselhar.
Tenho notado que o grande interesse das pessoas é como proceder quando alguém precisa
de apoio, ou quando está em crise; diante de uma separação; perda pessoal; crise matrimonial
ou como aconselhar toda uma família.
Hoje, temos um número considerável de literatura cristã que tem dado conta dessa demanda,
lembro aqui alguns clássicos, como “Aconselhamento Cristão” e “Ajudando uns aos outros
pelo Aconselhamento” de Collins; “Aconselhamento Pastoral: modelo centrado em libertação e
crescimento” de Clinebell e um dos textos mais recentes nessa área, do conhecido argentino
psicólogo e pastoralista Schipani, “O caminho de sabedoria no Aconselhamento Pastoral”.
Diante disso, nesta unidade estaremos apresentando alguns dos temas em aconselhamento,
bem como métodos e técnicas, que podem ser utilizados para o enfrentamento dessas
situações. Aqui fizemos uma opção em trabalhar com as ideias e casos apresentados pelo
a) Aconselhamento de apoio.
Esperamos que este texto não seja encarado como um receituário, mas como um guia
introdutório teórico-prático para o enfrentamento dos temas abordados aqui.
Ao final de cada tema estudado, tem-se uma sessão denominada “Atividade de exercício
prático de aconselhamento sobre o tema abordado”. O objetivo é bem simples, caro aluno,
possibilitar uma reflexão ou prática para implementar os conhecimentos estudados. Essas
atividades foram todas elaboradas a partir do livro “Aconselhamento Pastoral” de Clinebell
(2000).
ACONSELHAMENTO DE APOIO
Apoio. Essa é uma palavra muito comum no meio cristão. Afinal as pessoas procuram as
igrejas muitas vezes para enfrentar situações que as desestabilizam, pois se encontram
atribuladas quer no âmbito pessoal, conjugal ou grupal. Diante disso, é fundamental que o
conselheiro cristão desenvolva métodos e técnicas que possibilitem:
a) Estabilidade.
b) Alicerce.
c) Alimento.
d) Orientação.
1. Orientação.
2. Informação.
3. Tranquilização.
4. Inspiração.
5. Planejamento.
A seguir, vejamos sete procedimentos sugeridos por Clinebell (2000) para o aconselhamento
de apoio:
1) Satisfazer necessidades de dependências – deve ser uma atitude que comunique solici-
tude a uma pessoa atribulada. Há muitas formas de satisfação de dependência:
a) confortar;
b) sustentar;
d) inspirar;
e) orientar;
f) proteger;
g) instruir;
h) colocar limites seguros para evitar comportamento prejudicial à própria pessoa ou a outras.
6) Encorajar ação apropriada – quando as pessoas estão aturdidas ou paralisadas por sen-
timentos de ansiedade, derrota, fracasso a autoestima prejudicada por uma perda trágica,
é útil que o conselheiro prescreva alguma atividade que as mantenha em funcionamento
e em contato com outras pessoas; um tipo de “tarefa para casa”. Por exemplo: leituras
relevantes para o problema que a pessoa enfrenta.
7) Usar subsídios religiosos – oração, Bíblia, literatura devocional, a Ceia do Senhor etc,
constituem valiosos recursos de apoio, que são características singulares do aconselha-
mento pastoral.
Por fim, Clinebell (2000) alerta para os perigos do aconselhamento de apoio. Ele faz uma
comparação oportuna quando usa o exemplo do aparelho ortopédico. Ele tem a funçãode
dar um suporte temporário, contudo, existe o perigo desse aparelho se tornar uma muleta (no
sentido negativo), bloqueando o crescimento por meio de uma dependência persistente. É o
que acontece, por exemplo, quando o conselheiro faz alguma coisa que cabe ao aconselhando
fazer. Por isso é fundamental que o conselheiro esteja atento à pessoa e ao contexto em que
está inserida.
Orientações:
1. Você pode apenas refletir tentando visualizar toda essa situação proposta como cenas que
aconteceriam e como você procederia na qualidade de pastor, por exemplo.
2. A proposta propriamente dita é você e mais duas pessoas ou com mais outras pessoas,
fazerem uma dramatização ou teatralização. Os personagens são apenas dois. Você
necessariamente tem que seguir as sugestões propostas para o exercício. Lembre-se de
estudar e revisar os conteúdos e procedimento do aconselhamento de apoio.
3. Caso queira, faça uso de gravador para ouvir partes desta atividade de exercício prático de
aconselhamento de apoio.
Papel do aconselhando
Você é a Sra. V., uma viúva de 81 anos, acamada em consequencias de uma queda que
resultou na fratura de um punho e da clavícula. Você mora com seu filho e a esposa dele.
Sua fé foi seriamente posta a prova por seu acidente. Você não pode compreender por que
Deus parece tão distante. Muitas de suas amigas já morreram e você se sente extremamente
solitária. Você sabe que pode não lhe restar muito tempo de vida (deite-se para assumir esse
papel).
Papel do pastor
Você é o pastor da sra. V. e ela é o membro mais velho de sua congregação. Você tem um
sólido relacionamento pastoral com ela. Enquanto ela fala durante a visita, você percebe a
oportunidade de fazer aconselhamento de apoio como parte de seu ministério poimênico para
Papel do observador-monitor
Sua função é ajudar a sra. V. e o pastor, aumentar sua consciência do que está ocorrendo
entre eles e sua consciência do tom de sentimentos da relação de aconselhamento. Sinta-se à
vontade para interromper o aconselhamento ocasionalmente a fim de dar sugestões de como
ele poderia tornar-se mais proveitoso. Seja franco. Como observador você perceberá coisas
importantes que eles talvez não vejam.
A perda pessoal é uma crise humana universal. O pesar está presente: em todas as mudanças,
perdas e transições importantes na vida, não só por ocasião da morte de uma pessoa amada.
Diante das perdas que são as mais diversas, Clinebell (2000) propõe um esquema de cinco
tarefas nesse processo e o tipo de ajuda que facilita a realização de cada tarefa:
É importantíssimo ressaltar que há perdas que podem ser difíceis de serem enfrentadas. A
ambivalência é esperada, mas quando a pessoa continua, por exemplo, a superidealizar o
falecido, está usando das defesas da negação e repressão. É necessário que a pessoa saiba
entender os sentimentos reprimidos. Clinebell (2000) destaca alguns perigos:
b) Ausência de luto.
f) Desorientação.
g) Alterações na personalidade.
h) Sentimentos de culpa.
i) Indignação.
Por fim, é importantíssimo ressaltar que o pesar em si não é doença. Trata-se de um processo
normal de cura; somente quando o pesar passa a ser um processo patológico é que requer
aconselhamento ou psicoterapia especializada.
Orientações:
1. Você pode apenas refletir tentando visualizar toda essa situação proposta como cenas que
aconteceriam e como você procederia na qualidade de pastor, por exemplo.
2. A proposta propriamente dita é você e mais duas pessoas, ou com mais outras pessoas,
fazerem uma dramatização ou teatralização. Os personagens são apenas dois. Você
necessariamente tem que seguir as sugestões propostas para o exercício. Lembre-se de
estudar e revisar os conteúdos e procedimento do aconselhamento de apoio.
Papel do aconselhando
Se você teve uma perda dolorosa em sua vida dirija-se ao pastor, pedindo que o ajude. Ou
procure mergulhar nos sentimentos de alguém que você conhece bem e que está em pleno
processo de digerir uma perda grave. Desempenhe o papel daquela pessoa buscando a ajuda
do pastor.
Ou você é Jane Carone, uma mulher de uns 45 anos, cujo marido Ricardo faleceu
inesperadamente a 2 meses, de ataque cardíaco. Você sente profundamente a perda e acha
quase impossível enfrentar contatos sociais, principalmente na igreja, onde vocês participavam
ativamente como casal. Você se sente muito deprimida e gostaria de se esconder das pessoas.
Papel do pastor
Utilize o que você aprendeu nesta unidade sobre a facilitação do trabalho de pesar, fazendo
aconselhamento com um desses membros. Lembre-se da necessidade que a pessoa tem de
ajuda por meio de tarefas específicas de trabalhar o pesar.
Papel do observador-monitor
Interrompa a sessão periodicamente para fornecer ao pastor feedback sobre sua eficiência
no processo de elaboração do pesar, principalmente no que tange à vazão de sentimentos
inacabados.
Principalmente no contexto religioso, o casamento é tido como uma benção para a vida
amorosa e sexual do homem e da mulher. Contudo, o relacionamento no contexto conjugal
não é tão simples assim, uma vez que quando homem e mulher se unem produzem uma
identidade conjugal própria.
Segundo Clinebell (2000), o homem e a mulher se atraem porque cada um espera que o
relacionamento satisfaça várias necessidades suas. Cada qual traz por dentro do casamento
uma constelação singular de necessidades da personalidade. Essas necessidades precisam
receber o mínimo de satisfações, para que a pessoa seja capaz de satisfazer as necessidades
do parceiro e dos filhos.
Collins (1995) observa que a origem dos problemas, do ponto de vista bíblico, é justamente
quando o casal se afasta dos princípios bíblicos, os quais são transformados consequentemente
em problemas conjugais. Vejamos alguns deles:
a) Comunicação defeituosa – esta é uma das principais causas de discórdia conjugal. É quando
um não consegue ouvir ou responder ao outro. E isso se dá pelas mensagens verbais e não
verbais, em nosso dia a dia. Por exemplo, quando um marido que dizer “eu te amo”, para ele
fazer isso é comprar um presente; mas sua esposa não o entende, pois quer ouvir literalmente
as palavras de sua boca.
• As exigências profissionais.
5. Negociar e então executar planos viáveis e justos de mudanças, nos quais cada pessoa
assume a responsabilidade de mudar a sua parte na interação entre os dois.
Assim como é necessário que o conselheiro disponibilize técnicas e habilidades para conversar
com o aconselhando, também é fundamental que o conselheiro de casal desenvolva também
1. Comunicar calor humano, demonstrar solicitude e disposição para ajudar, bem como
certificar o casal da validade de sua iniciativa de vir buscar ajuda.
6. Após expressar a dor e o sofrimento, descobrir o que cada pessoa ainda aprecia no
casamento e no outro; e quais os pontos fortes e os recursos potenciais que eles têm para
fortalecer seu matrimônio pelo aconselhamento.
7. Fazer uma escolha provisória (com base nos pontos 2 e 4) entre tentar aconselhamento de
curto prazo para crise matrimonial ou encaminhar o casal ao terapeuta conjugal.
8. Caso houver sinais de que o aconselhamento de curto prazo provavelmente será útil,
pedir ao casal que venha a três ou quatro sessões adicionais para poder decidir sobre o
encaminhamento.
9. Ajudar o casal a decidir e comprometer-se com certas tarefas a serem efetuadas em casa
entre as sessões; alguma pequena ação construtiva que empreenderão no sentido de contribuir
para que o quanto antes seu relacionamento se torne mais satisfatório reciprocamente.
10. Verificar e aceitar, perto do final da sessão, quais sentimentos negativos que possam ter.
12. Após a sessão, reflita sobre o que ficou sabendo e faça planos para tentar ajudar o casal;
entre em contato com um colega aconselhador, caso a situação seja complicada ou confusa.
O trabalho com casais vai bem além da boa vontade ou de boa intenção. É necessário ter uma
metodologia que contribua para a identificação precisa do que de fato tem gerado conflitos
e problemas ao casal. A falta de comunicação é um dos primeiro sintomas: deixa de haver
ou apresenta muitos ruídos, como se diz na linguística moderna. Vejamos, a seguir, duas
propostas de intervenção em aconselhamento conjugal, uma elaborada por Clinebell (2000) e
outra por Collins (1995).
Primeiro passo:
Após ambos ouvirem um ao outro, devem anotar tudo o que ouviram em um caderno
denominado de crescimento.
Segundo passo:
Depois de um completar a lista, o outro deve repetir o que ouviu, para garantir que as
necessidades foram bem entendidas.
Depois que ambos declararam suas necessidades e verificaram o que um entendeu do que
o outro disse, tirem um tempo para anotar as necessidades de cada um em seu caderno do
crescimento.
Terceiro passo:
Quarto passo:
Por fim, é importante ressaltar que esse método pode ser aplicado não somente com casais,
mas famílias, amigos, colegas e relacionamentos de equipe de trabalho, por exemplo. O
objetivo é aumentar a satisfação mútua de necessidades e assim reduzir frustração e conflitos,
como afirma Clinebell (2000).
Estágio I – Início
Conselheiro:
• Mostrar confiança.
Aconselhando:
Conselheiro:
Aconselhando:
Conselheiro:
• Guia e encoraja à medida que as soluções são tentadas, avaliadas e tentadas novamente.
Aconselhando:
• Aprender a formular.
• Avaliar soluções.
Estágio IV - Final.
Conselheiro:
Aconselhando:
• Reavaliar o progresso.
Orientações:
1. Você pode apenas refletir tentando visualizar toda essa situação proposta, como cenas que
aconteceriam e como você procederia na qualidade de pastor, por exemplo.
2. A proposta propriamente dita é você e mais duas pessoas, ou com mais outras pessoas,
fazerem uma dramatização ou teatralização. Os personagens são apenas dois. Você
necessariamente tem que seguir as sugestões propostas para o exercício. Lembre-se de
3. Caso queira, faça uso de gravador para ouvir partes desta atividade de exercício prático de
aconselhamento de apoio.
Requer duas pessoas. Como casal, vocês estão experimentando doloroso conflito e frustração
em seu relacionamento. Use um relacionamento com o qual um de vocês dois está bem
familiarizado para definir a dinâmica dos papéis. Procurem a ajuda de seu pastor.
Papel do pastor
Utilize o que você aprendeu ao ler e refletir sobre esta unidade, Para fazer aconselhamento
com este casal. Experimente a adaptação do MRI descrito para aconselhamento neste caso.
Papel do observador-monitor
Procure dar ao pastor feedback sobre o quanto ele se concentra na interação do casal como
diretriz primordial do aconselhamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta unidade, caro aluno, foi desenvolvida com o objetivo de expor uma teoria da prática em
aconselhamento cristão que pudesse atender tanto o conselheiro quanto o capelão.
Este link remete você, caro aluno, ao livro digitalizado de Aconselhamento Pastoral de Clinebell. Esta
obra é um clássico da literatura em aconselhamento pastoral.
<http://books.google.com.br/books/about/Aconselhamento_pastoral.html?hl=pt-
-BR&id=vYIK7NvMMbEC>.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
3. O luto é um processo próprio de todo aquele que vive uma relação. A morte de um ente que-
rido é um dos exemplos mais apropriados de luto. Não vivenciá-lo pode ser uma das formas
de negação da pessoa que sofre além do que pode suportar. Por isso, cabe ao conselheiro
desempenhar seu papel como suporte nessa situação. Posto isso, os comportamentos de
perda em um aconselhando devem ser entendidos como uma doença? Sim ou não? Expli-
que e justifi que a sua resposta.
4. É importante ressaltar que quando uma pessoa procura ajuda ela pode não reunir condições
para se expressar adequadamente. E, ainda, se procura ajuda é porque não consegue
identifi car as suas necessidades e tratá-las. Por isso, cabe ao conselheiro desenvolver
técnicas que deem conta de ajudar o aconselhando a falar. Elabore um texto, entre 5 e 10
linhas, que explique como ajudar um aconselhando se expressar da melhor forma.
O físico, matemático e fi lósofo francês Blaise Pascal, disse que: “Existe no coração do homem um
vazio do tamanho de Deus, o qual, somente Jesus Cristo pode preencher”.
Segundo o estudo da psiquiatra brasileira, Nise da Silveira, religião é compreendida no sentido de
“religar o consciente com certos poderosos fatores do inconsciente” onde o ponto de conexão é esti-
mulado pela força da experiência com o “numinoso”, conceito que ela toma da fi losofi a de Otto.
Esta autora compreende que Jung valida a realidade dos deuses desde que estes “sejam ou tenham
sido atuantes no psiquismo do homem...”, pois, “...há verdades psíquicas que, do ponto de vista físico,
não podem ser explicadas ou demonstradas, nem tão pouco recusadas.”
Rollo May (2002, p. 172) afi rma que “o abuso da religião é o que Freud ataca” sugerindo com essa
colocação que Freud não descarta o fenômeno religioso e sim o abuso dele.
Então, vou partir da compreensão dos autores citados, bem como do autor de referência que o “re-
-ligar” com o transcendente (religião) é algo existente e necessário ao homem. Assim, entendendo
religião como um fenômeno complexo, mas inegavelmente a difi culdade que parece surgir, segundo
a exposição de May, é quando:
E é exatamente neste ponto que há de se definir a prática da “...religião autêntica ou seja, uma afir-
mação fundamental do sentido da vida...”, ou uma ação perigosa que leva o indivíduo aos “bosques”
de ilusão, incapazes de aceitar a si e a humanidade, nunca chegando a encontrar o caminho da
verdadeira segurança.
O reconhecimento desta realidade, qual seja, a prática da religião autêntica ou neurótica por parte
do devoto vai definir a qualidade e saúde da Igreja. A religião para ser válida contrária a ansiedade
neurótica, conduzindo o indivíduo a um nível de ansiedade equilibrado que lhe permita segurança e
personalidade estável, longe de paralisias e pânicos pessoais, como tende ocorrer com aqueles que
utilizam a religião como “amuletos” de suas neuroses.
Entendo que o religar precisa responder ao homem ao menos as seguintes questões: De onde vie-
mos? Para que vivemos? Para onde iremos? Como chegaremos lá? Aceito estas como sendo as
maiores crises existenciais do homem. O homem equilibrado que aceita a si e ao mundo e que,
confiantemente responde estas perguntas através daquilo que crê, alcança a realização humana em
sua plenitude. Devo destacar, que sou cristão e, baseado na fé que pratico, admito a existência de
um só caminho que torna o homem religado a Deus e pleno em sua jornada humana – o caminho do
nazareno!
Chegamos ao final dos nossos estudos, caro aluno. Acredito que o nosso percurso cobriu
teoricamente os principais temas sobre as duas áreas estudadas, Aconselhamento e Capelania
Cristã.
Por fim, na Unidade V, estudamos teorias sobre temas atuais e recorrentes em aconselhamento
de apoio, de perda pessoal e de crise matrimonial. Identificamos os comportamentos do
aconselhando ou paciente em situação de crise, bem como os procedimentos e metodologias
necessárias para um bom desempenho em Aconselhamento e Capelania Cristã.
BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Barueri: Sociedade
do Brasil, 2000.
CASTRO, E. Pastores del Pueblo de Dios en America Latina. Buenos Aires: La aurora,
1974.
_________. Ajudando Uns aos Outros pelo Aconselhamento. São Paulo: Vida Nova,
1993.
SCHIPANI, D. S. El Consejo Pastoral Como Practica de Sabiduria. Revista Pistis & Práxis:
Teologia e Pastoral: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, v. 3, n. 2, jul./dez.
2011.