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Mora

Por Jéssica Ramos Farineli

A mora é a inexecução culposa ou dolosa da obrigação. Também se caracteriza pela injusta recusa
de recebê-la no tempo, no lugar e na forma devidos.  A mora pode ser por parte do devedor ou do
credor.

A mora do devedor (Mora Solvendi) caracteriza-se quando este não cumprir, por sua culpa, a
prestação devida na forma, tempo e lugar estipulados. A mora do devedor pressupõe um elemento
objetivo e um elemento subjetivo: O elemento objetivo é a não realização do pagamento no tempo,
local e modo convencionados; o subjetivo é a inexecução culposa de sua parte, esta, se manifesta
de duas formas:

Mora ex re (Artigos 397, 1ª alínea, 390 e 398 do Código Civil): Decorre da lei. Esta resulta do
próprio fato da inexecução da obrigação, independendo, de provocação do credor.
Mora ex persona (Artigos 397, 2ª alínea do Código Civil; Artigos. 867 a 873 e 219 do Código de
Processo Civil): Ocorre quando o credor deva tomar certas providências necessárias para
constituir o devedor em mora (notificação, interpelação, etc.)

Para a ocorrência da mora solvendi, são necessários alguns requisitos: A exigibilidade imediata da
obrigação; A inexecução total ou parcial da obrigação por culpa do devedor (Artigo 396 do Código
Civil); E interpelação judicial ou extrajudicial do devedor, no caso de Mora ex persona.

A mora do devedor traz algumas consequências jurídicas como a responsabilidade pelos danos
causados (Artigo 395, Código Civil), possibilidade de rejeição, pelo credor, do cumprimento da
prestação, se por causa da mora ela se tornou inútil ou perdeu seu valor (Artigo 395, parágrafo único,
Código Civil), e responsabilidade mesmo que se prove o caso fortuito e a força maior, se estes
ocorrerem durante o atraso, exceto se provar isenção de culpa ou que o dano teria ocorrido de
qualquer forma (Artigos 399 e 393 do Código Civil).

Por sua vez, o credor incide em mora se recusar-se a receber, injustamente, o pagamento no tempo,
forma e lugar indicados no título constitutivo da obrigação. Neste caso, são outros os requisitos que
devem ser verificados. São eles: A existência de dívida positiva, líquida e vencida; Estado de
solvência do devedor; Oferta real da prestação devida pelo devedor; Recusa injustificada, em receber
o pagamento; Constituição do credor em mora.

De acordo com os artigos 335 e 400 do Código Civil, o devedor libera-se da responsabilidade de
conservação da coisa; deve ser ressarcido pelas despesas efetuadas para a conservação desta;
obriga o credor a recebê- la pelo preço mais elevado, se o seu valor oscilar entre o tempo do contrato
e o do pagamento; tem a possibilidade de consignação judicial da coisa.

Na ocorrência da mora, surgem os juros. Estes podem ser compensatórios ou moratórios. Juros
compensatórios são aqueles que remuneram o credor por ser privado de usar a coisa. Os juros
moratórios consistem na Indenização pelo retardamento do adimplemento. Os juros moratórios
podem ser: Convencionais, quando as partes estipularem a taxa de juros moratórios até 12% anuais
e 1% ao mês; E legais, se as partes não os convencionarem, pois, mesmo que não se estipulem, os
juros moratórios serão sempre devidos, na taxa estabelecida por lei, ou seja, de 6% ao ano ou 0,5%
ao mês.

Os juros moratórios são devidos a partir da constituição da mora, independente da alegação de


prejuízo; nas obrigações a termo, são devidos a partir do vencimento; nas obrigações sem fixação de
prazo certo, com a interpelação, notificação e protesto; se a obrigação em dinheiro for líquida,
contar-se-ão a partir do vencimento; nas ilíquidas, desde a citação inicial para a causa.
Se houver mora recíproca, extinguem-se as responsabilidades.

A Purgação da mora consiste na quitação na prestação, remediando-se a situação a que se deu


causa, de modo a evitar os efeitos dela decorrentes, reconduzindo a obrigação à normalidade. Purga-
se, assim, o inadimplente de suas faltas.

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