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Bruna Letícia Testoni e Bruna Anjos

UMA ANÁLISE AO FILME: “A PELE QUE HABITO”!

Roberto Ledgard (Antonio Banderas) é um conceituado cirurgião plástico, que


vive com a filha Norma (Bianca Suárez). Ela possui problemas psicológicos
causados pela morte da mãe, que teve o corpo inteiramente queimado após
um acidente de carro e, ao ver sua imagem refletida na janela, se suicidou. O
médico de Norma acredita que esteja na hora dela tentar a socialização com
outras pessoas e, com isso, incentiva que Roberto a leve para sair, porém no
decorrer da trama o cirurgião pensa que a filha foi estuprada e elabora um
plano para se vingar do suposto estuprador.
O filme é emocionante e causa certo desconforto a quem o assisti, em poucas
palavras muita mensagens são transmitidas. No filme é possível analisar
diversas condutas praticadas pelo cirurgião, condutas estas que são ilícitos
civis e até mesmo crimes, vejamos:
A começar pelo SUICÍDIO que a esposa dele cometeu. Todos sabem que o
suicídio é o ato intencional de matar a si mesmo, tendo como causa mais
comum algum transtorno mental ou psicológico, dificuldades financeiras ou
emocionais. O Crime é tipificado no artigo 122 do Código Penal: Induzir ou
instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena -
reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a
três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência.
Outra conduta analisada na trama é o CÁRCERE PRIVADO previsto no artigo
148 do Código Penal: Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou
cárcere privado: Pena – reclusão, de um a três anos. § 1º – A pena é de
reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente
ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
II – se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou
hospital;
III – se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela
Lei nº 11.106, de 2005)
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de
2005)
§ 2º – Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da
detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Outro crime é o de LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE tipificada no
artigo 129 do Código Penal: Ofender a integridade corporal ou a saúde de
outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão corporal de natureza
grave § 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Pois no filme a submissão da vítima a troca de sexo sem seu consentimento é
uma violação grave ao seu corpo.
O que acontecia no filme é que o cirurgião mantêm a vítima trancada em um
quarto não podendo ela sair, sendo submetida a ficar naquele local sempre
sem outras possibilidades.
No filme também ocorre uma obrigaçaõ por parte do cirurgião para tranformar
outra pessoa no que ela não é, ou ao menos não sabe que é. Vejamos: A
mudança de sexo de uma pessoa requer análise cautelosa de todos os seus
aspectos, sejam jurídicos, sociais, culturais, médicos ou psicológicos. Nisto a
bioética vem para traçar limites éticos aos avanços científicos a fim de garantir-
se o respeito ao princípio constitucional da dignidade humana. O filme, A pele
que habito, na cena em que o personagem Vicente, após a de
transgenitalização, sobe em uma cadeira em frente a um espelho para ver o
resultado do que em si havia sido realizado, contra sua vontade.
Em conclusão todos os atos praticados vão contra a dignidade da pessoa
humana, que são afrontadas descaradamente pelo médico cirurgião.

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