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Andressa Bordignon
RESUMO: A Educação Inclusiva é, hoje em dia, um tema muito discutido em encontros de
educadores. Percebe-se, porém, a falta de relação entre a teoria, muito estudada, e as
práticas dos educadores. Este estudo tem como objetivo principal contribuir para a
elucidação do termo Educação Inclusiva visando a melhoria do processo de ensino
aprendizagem, garantindo a todos os alunos a permanência e o sucesso escolar. A
valorização da diversidade, na sala de aula, torna-se uma das melhores oportunidades de
aprendizagens. Os professores continuam bem divididos quanto ao entendimento da
educação inclusiva, uns acreditam, ser ainda a aceitação de alunos deficientes em sala de
aula, enquanto outros, vindo ao encontro do estudo, estendem a educação inclusiva como
a percepção e valorização das diferenças, num sentido de diversidade, multiculturalidade.
Palavras-Chave: concepção - Educação Inclusiva – diferenças – diversidade.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, o discurso da inclusão escolar assumiu status
privilegiado. Entretanto, existem diversas controvérsias no plano dos discursos e das
práticas. Há autores e profissionais que, defendendo a inclusão escolar como parte
integrante de um movimento maior de inclusão social, atuam na educação pela
universalização do acesso e pela igualdade de ensino. E, há aqueles, pouco
informados, que têm interpretado a inclusão escolar como mero acesso de alunos
com algum tipo de deficiência na classe comum.
Tendo em vista os equívocos causados pelas dúbias interpretações do termo
inclusão, optou-se pelo desnudamento do mesmo através dos conceitos dos teóricos
e dos educadores, bem como através das práticas educativas dos últimos.
A necessidade de ouvir professores deve-se ao fato de que muitos estudos
têm sido feitos na área da inclusão e pouca mudança tem se percebido na prática,
pois mais do que criar condições para os deficientes, a inclusão é um desafio que
implica mudar a escola como um todo. É valorizar as peculiaridades de cada aluno,
atender a todos na escola, incorporar a diversidade, sem nenhum tipo de distinção. A
inclusão é um processo cheio de imprevistos, sem fórmulas prontas e que exige
aperfeiçoamento constante.
A leitura da realidade escolar indica a existência de um conflito entre a
concepção de teóricos, especialistas ou não, na área de inclusão e o que se observa
nos ambientes educacionais. Concebemos que a prática errônea se deva talvez ao
fato de os professores não possuírem um significado real e fundamentado do que
seja incluir. Fato que pode estar relacionado a má formação inicial, ao não
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parte de um todo maior; incitar o respeito e a apreciação pelos modos de viver das
pessoas; encorajar um interesse pelos outros, uma disposição para incluí-los;
desenvolver uma consciência da sociedade atual, no sentido de responsabilidade
social; capacitar as crianças para tornarem-se autônomas e críticas em seu
ambiente; desenvolver de habilidades educacionais e sociais necessárias para
participação na sociedade, de maneira adequada aos estilos, culturas e língua e
promover relacionamentos eficazes e recíprocos entre as escolas e famílias.
Mantoan (2003) cita alguns princípios fundamentais que têm sido observados
pelas escolas que obtiveram sucesso no ideal de inclusão, respeitando os alunos e
oferecendo alternativas para que todos aprendam: reconhecimento e valorização da
diversidade como enriquecimento do processo ensino-aprendizagem; professores
conscientes de como devem atuar para que todos aprendam; cooperação entre toda
a comunidade escolar envolvida; valorização do processo e não mais do produto;
enfoques curriculares, metodológicos e estratégias pedagógicas que favoreçam a
construção coletiva.
Para que o que foi referenciado acima aconteça, é preciso que os professores
conheçam seus alunos, suas capacidades, suas experiências prévias, seus
interesses e conhecimentos; devem ser conscientes de que os alunos precisam ser
ajudados a atribuir um sentido próprio às tarefas de que participam e que as aulas
devem ser organizadas com o objetivo de estimular a participação e o esforço.
Promover trabalhos em grupo e individuais que possibilitem diferentes níveis
de desempenho dos alunos; oferecer oportunidades para experimentarem, criarem e
fazerem descobertas, para a construção do conhecimento próprio; elaborar debates,
pesquisas e registros escritos; avaliar os avanços da turma a partir da evolução das
competências; fortalecer o processo de cooperação entre os alunos e diversificar as
metodologias, são alguns exemplos de como lidar com as diferenças na sala de
aula, favorecendo e facilitando a aprendizagem de todos (Zenti, 2005). O importante
é que professores e alunos saibam que ser diferente é ser normal, que tudo bem ser
diferente (Parr, 2002).
EDUCAÇÃO INCLUSIVA É...
A Educação Especial foi concebida para atender os alunos deficientes físico,
mental, visual, auditivo e motor, além dos que apresentassem alguma síndrome, os
com altas habilidades e superdotação. Na abordagem inclusiva, a educação especial
passou a atender também os estudantes com problemas de aprendizagem
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aprender sobre a inclusão, ninguém pode ser excluído de ser capacitado para a
inclusão.
A inclusão não é apenas uma meta que pode ser alcançada, mas uma
caminhada com uma finalidade. Durante a caminhada, os professores vão construir
e ampliar suas habilidades sobre o que já experienciaram com o objetivo de alcançar
todas as crianças e suas necessidades de aprendizagem. Entretanto, eles também
têm o direito de encontrar apoio e oportunidades para seu crescimento profissional
durante a jornada, da mesma forma que as famílias têm o direito de esperar que
suas crianças sejam ensinadas por professores cuja formação os preparou para
ensinar a todas elas.
Outra professora também entende a inclusão como integração: “a inclusão é a
aceitação, a integração do diferente”. Mas reconhece que: “todos somos diferentes
em nossas qualidade e habilidades, no nosso modo de ver e viver. Mas somos
iguais em relação a direitos e deveres. Todos temos potencialidades e limitações”.
Algumas das pesquisadas consideram a inclusão com relação aos alunos que
precisam de “atendimento especial”, que possuam “necessidades especiais” para
que ele “possa conviver com pessoas também “diferentes” dele, fazer com que ele
se sinta capaz de fazer, falar, ouvir, sentir”.
O pensamento das pesquisadas vem ao encontro da maioria das concepções
teóricas sobre inclusão, tanto dos autores que consideram a Declaração de
Salamaca como um marco da inclusão, sendo que ela é uma lei que só referencia os
deficientes, quanto às “inúmeras propostas educacionais que defendem e
recomendam a inclusão e continuam a diferenciar alunos pela sua deficiência”
(Mantoan, 2005, p.13).
Entendendo a inclusão como a inserção na sala de aula de um aluno que é
diferente do “normal” ou das concepções e posturas desejadas pela professora e
pela escola. Considerando como incluso apenas aquele aluno que é diferente
fisicamente ou que apresenta algum déficit de aprendizagem, enquanto que a
inclusão parte do princípio de que todos como seres únicos são diferentes.
“No cenário da educação, entendo como inclusão a oportunização à
participação de todos os alunos em todas as atividades propostas”. “A possibilidade
de atender e atentar para as necessidades especiais de cada um”.
Quanto a existência da inclusão, todas as professoras se pronunciaram que
há, “sempre, em qualquer sala de aula, há um processo de inclusão, mesmo que
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não haja evidências de deficiências físicas ou mentais”, metade delas com relação a
alunos deficientes na sala de aula, que participam de todas as atividades. A outra
metade, no entanto, considerando que “cada pessoa é um universo particular, vê as
coisas de acordo com as suas vivências e experiências. Cada aluno é diferente, por
isso cada um tem seu tempo e modo de aprender. Ver os alunos e conhecer como
eles aprendem e se desenvolvem”, diversificando as atividades para contemplar
todos em suas individualidades.
Todas as pesquisadas planejam aulas variadas “para que as crianças
aprendam a conviver construtivamente com a riqueza das diferenças existentes
entre os seres humanos”, “trabalhando em grupos para que aconteça uma ajuda
mútua”, “mudando o nível de exigência”, “vejo no diálogo uma das melhores formas
de decidirmos em conjunto as maneiras de dinamizar as aulas, visando assim a
participação de todos”.
Alguns professores acreditam que devem ser incluídos apenas alunos com
necessidades especiais, “todo aluno que seja considerado “diferente” dos
parâmetros considerados normais”, sendo que a maioria considera que todos os
alunos devem ser incluídos. No entendimento das instituições educacionais,
também, todos os alunos devem ser incluídos, questionando inclusive, se não é
“obrigação da escola, sob pena de ter sua qualidade atingida, atender a todos os
alunos”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em tempos de “globalização”, existe, também, uma consciência crescente de
que inúmeras pessoas têm dificuldades em conseguir essa tal “participação
igualitária” na sociedade. Uma das maneiras de superar as desigualdades nesses
dias, é o conhecimento.
Sendo assim, este estudo teve como linha de pesquisa a educação inclusiva
na valorização da diversidade cultural, social e econômica, rompendo com a idéia de
que apenas os deficientes devem ser incluídos.
Não se pode uniformizar a vida no planeta. [...] Um país enorme, com uma
diversidade étnica, criado por várias raças, vindas de várias procedências
no mundo inteiro. Isso desencadeou a produção enorme de facetas
diferentes na vida brasileira, na cultura brasileira, nos modos de falar, de
viver, de existir, de celebrar. Tudo isso precisa realmente ter espaço. Essa
diversidade, essa variedade brasileira, e de outros países, não pode ser
aniquilada. (Gil, 2005)
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REFERÊNCIAS