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FILOSOFIA SOCIAL E POLÍTICA

RESENHA A REPUBLICA PLATÃO

PEDRO HENRIQUE ADELINO DOS SANTOS

Livro I

O livro aborda no começo uma discussão entre Sócrates e Glauco a respeito das vantagens e
desvantagens da velhice. Deste assunto, passa-se ao objeto fundamental de todo este livro,
que de certa maneira, também está presente na obra toda, a saber sobre a virtude da justiça.

Perante do que diz Polemarco, que a justiça incide em fazer o bem aos amigos e o mal aos
inimigos, Sócrates contesta que é necessário antes, fazer a distinção entre os verdadeiros e os
falsos amigos e inimigos, pois as aparências facilmente podem nos enganar.

O homem que é justo deve realmente agir como justo e não apenas parecer. Neste intervalo,
Trasímaco entra no diálogo provocando Sócrates a uma resposta diante do argumento
segundo o qual a justiça consiste no interesse do mais forte, ou seja, daquele que tem o poder.

Sócrates não aceita esta tese, com um discurso sobre as diferentes artes existentes,
assegurando que cada uma não defende o próprio interesse, mas sim o interesse daqueles que
dela aos quais está destinada. A justiça, como arte, não é um bem para si, mas sim um bem
para os outros.

Trasímaco passa a afirmar sobre a superioridade da injustiça sobre a justiça, assegurando que
esta se identifica com a virtude, ao que Sócrates rejeita, com o raciocínio de que a injustiça
debilita a ação humana pelas desavenças que gera naqueles que a praticam. Termina o livro
assegurando que somente o indivíduo que possui a justiça é feliz.

Livro II

Neste livro,Glauco e Adimanto, desejam que Sócrates aprofundasse seu argumento sobre a
justiça, disfarçam estar do lado de Trasímaco e sugerem duas teses como desafio àquela que
Sócrates acabara de defender sobre a justiça.

O primeiro, Glauco, aponta três possíveis categorias de bem, os que são desejáveis por si
mesmos, os que são desejados pelas vantagens que proporcionam e os que se desejam apenas
por suas vantagens. Segundo Glauco, na opinião daqueles de quem está se fazendo
representante, todos buscam apenas a terceira categoria.

Já para Sócrates, a justiça se localiza na segunda destas categorias. Partindo adiante em seu
assunto, Glauco apoia que na verdade, o grande anseio do homem é atentar injustiças sem
sofrer punições por tal ato e também, aquele que não as comete, opera assim por medo das
punições que pode vir a sofrer.

Neste ponto, adentra no diálogo Adimanto, e adiciona novos argumentos em favor da tese de
Trasímaco. Fala que, na verdade, os homens não enaltecem tanto a justiça em si, mas a honra
que se pode adquirir com a mesma. Apoia esta ideia com o mito de Giges. Desta maneira,
melhor seria ser injusto, adquirindo a fama de justo.

Perante disso, Sócrates sugere que a questão seja avaliada num âmbito maior. Então,
apresenta uma cidade ideal, arranjada por lavradores, artesãos e mercadores, cada uma destas
classes, desempenhando na cidade o papel que lhe cabe.

Glauco interfere novamente, sugerindo que seja acrescentada a estas classes, uma outra, a dos
guardiões ou guerreiros, dedicada à defesa da cidade. Aparece, porém, a questão de sua
educação. Inicia-se uma apresentação dos dois componentes desta educação, a música e a
ginástica. Em relação à educação musical, Sócrates indica que seja extinta a influência das
obras poéticas, em referência às juízos negativos que estas apresentam dos deuses e heróis.

Livro III

Neste livro continua falando sobre a educação dos guardiões. Estes devem ser educados com
as virtudes da coragem e a temperança. Devem rejeitar as poesias e os mitos que provocam o
medo da morte.

Sócrates admite, em seguida, que apenas os governantes tem o direito de mentir aos súditos,
se o fim de tal ato for o bem da cidade. Ainda sobre a poesia, Sócrates a distingue em três
tipos: narrativa, imitação e mista.

Os guerreiros necessitam afastar-se daquela imitativa. A partir daí, é iniciada uma alongada
apresentação sobre os meios pelos quais se realizam a educação dos guerreiros, a música e a
ginástica. No que se alude à educação por meio da música, há uma descrição dos instrumentos
musicais, de seus ritmos e harmonias, escolhendo aqueles que são mais apropriados e aqueles
que não são.

A respeito da educação pela ginástica, esta tem por alvo desenvolver, não apenas a força
física, mas principalmente a força moral. Então, ela deve estar em harmonia com aquela
educação musical.

Livro IV

Neste livro inicia- se com uma resposta à oposição de Adimanto, para o qual os guardiões não
seriam felizes em tal cidade. Sócrates menciona que na cidade ideal, importa o bem da
coletividade, não apenas de uma única classe de cidadãos.

A legislação fique fundamentada apenas sobre poucos princípios fundamentais,


principalmente, a justiça. Para que seja abonada a existência da justiça, é indispensável que os
cidadãos aprendam a desenvolver a prática de três virtudes, a sabedoria, a coragem e a
temperança.

A sabedoria é a virtude dos que têm por função o governo da cidade. A coragem seria ideal
aos guardiões quando estão no campo de batalha para atacar ou defender sua cidade. A
temperança, deve estar presente em todas as classes de cidadãos. Para Sócrates, a justiça
existe na medida em que cada um desempenha bem seu papel como cidadão.

Livro V
Neste livro, Adimanto exige explicação sobre a participação das mulheres e das crianças nesta
cidade ideal, e para Sócrates, a mulher pode desempenhar funções iguais às do homem, desde
que passe, por um processo seletivo rigoroso.

Fica entendido que a diferença de sexo não alude necessariamente em uma diferença de
atitudes. Então Sócrates passa para a questão das uniões entre homens e mulheres, como
também sobre sua procriação.

Para Sócrates as uniões devem ocorrer entre os melhores cidadãos, para que seja estabelecida
a qualidade e a quantidade apropriada para esta cidade.

A educação dos filhos deve iniciar já ao nascer. Os jovens devem receber uma educação para
a guerra, devem ser induzidos pelos pais para assistirem às batalhas e aprender com estes o
seu futuro ofício.

Sócrates anuncia, em seguida, seu próximo argumento, no qual defende que a cidade seja
governada por filósofos. Entende por filósofo aquele que ama a verdade.

Livro VI

Neste livro são expostos alguns argumentos que justificam a razão pela qual os filósofos
devem ser os governantes da cidade, pois estes possuem os atributos da natureza filosófica.
Filósofo se alegra com os prazeres da alma e não com os prazeres do corpo, portanto as
virtudes como, coragem, generosidade, elegância, busca pela verdade, justiça e temperança
são os atributos de uma natureza filosófica.
Que só é possível ele naturalmente tiver vontade de aprender e possuir boa memoria, logo
possuindo estes dois últimos ele não se sentirá enfadado ao se dedicar pela busca da verdade e
aos estudos.
Sócrates também afirma que a filosofia é constantemente caluniada por causa dos sofistas,
estes não se preocupavam em buscar a verdade, apenas em vender seus ensinamentos, e se
passavam como detentores da sabedoria, por isso era muito comum associá-los como
filósofos e por causa disso a fama de corruptos e desonestos afetavam os verdadeiros, os que
realmente se preocupavam com a justiça, verdade, e o bem, consequentemente ocorriam um
voraz ofuscamento das virtudes, e assim o povo entendia que era inútil um filósofo no
governo.
A educação dos filósofos deve focar a disciplina mais elevada, a qual tem por objeto o bem.
Aqui se começa a exposição dos conceitos e reflexões metafísicas, como o que gira em torno
da ideia do bem. Sócrates faz uso de uma analogia baseada na luz solar para tornar mais fácil
a compreensão Introduz também o conceito de mundo sensível e mundo inteligível.

Livro VII

Aqui apresenta se a alegoria da caverna onde o filosofo se liberta da prisão do mundo


sensível, conhece a verdade do mundo inteligível e se vê, em seguida, na obrigação de voltar
para libertar os que permaneceram na caverna.

Livro VIII
Aqui se retoma novamente a reflexão já iniciada no livro primeiro, sobre a felicidade do
homem justo e a infelicidade daquele que é injusto. Fala sobre quatro formas de governo
existente relacionando com quatro formas de homens. As formas são estas, a timocracia,
oligarquia, democracia e a tirania.

Na timocracia o homem é movido pelo dinheiro, é ambicioso, neste regime, reinam a ambição
e a avidez pelo dinheiro. A partir daí surge o estado oligárquico, baseado no senso de divisão
entre ricos e pobres.

Seguidamente surge a revolta da maioria, que é a classe mais pobre, que, por consequência,
gera o regime democrático. Nesse o homem possui a alma dominada pelo elemento
concupiscível. Mas a democracia não se sustenta como regime, pois a busca pelo poder leva o
homem a se tornar um tirano.

E quando se torna tirano o homem por medo de perder seu posto, seu poder acaba eliminado
os melhores cidadãos.

Livro IX

Aqui o personagem Sócrates explica a razão pela qual no governo tirânico, injusto, não pode
haver felicidade. Pois neste regime facilmente os cidadãos desenvolveria sentimentos sempre
contrários à lei. Pois estes deixariam guiar se pelos seus sonhos, a satisfação de seus apetites.
Então Sócrates propõe um Estado ideal contrario a este, um estado que promoveria a perfeita
felicidade. Nesse estado o homem não é escravo do medo e de suas lamentações, neste o
homem não é infeliz, ao contrario goza da máxima felicidade, por pertencer a um regime
proporcional ao seu grau de perfeição.

Livro X

Neste livro inicia uma densa reflexão filosófica onde faz a distinção entre as ideias, os objetos
sensíveis e os objetos da arte. Segundo Sócrates, o poeta e o pintor imitam os objetos
sensíveis, ou seja, a aparência dos verdadeiros objetos, os inteligíveis.

Então desta forma, estão três graus distantes da verdade, pois o imitador não possui nem
ciência, nem opinião sobre aquilo que imita. Quanto à arte, esta gera ilusão, excitando às
paixões e partes inferiores da alma, como por exemplo, é demonstrado nos efeitos negativos
da poesia trágica e cômica.

Seguidamente Sócrates trata das recompensas do homem virtuoso depois de sua morte, ele
menciona a imortalidade da alma, através do mito de Er. E fala sobre o processo que a alma
sofre ao sair deste mundo e o modo que irá reencarnar.

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