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Problema da imagem – espaço sem expressão

Quando a imagem exterior larga o espaço interior

Casa Agras Norte (2003-2007), Ricardo Vieira Melo, Aveiro


http://0608.habitarportugal.org/ficha.htm?id=33

O programa requeria duas casas geminadas, dispostas lado a lado para a paisagem
natural e com o máximo de exposição solar possível dada uma teria de ficar posicionada
mais a norte.
Foi criada uma volumetria inferior regular de serviços, que serve de base a uma
volumetria superior, com dois pisos, formalmente mais recortada. A sua forma mais
talhada é justificada pela necessidade da captação solar por parte das casas, sobretudo
da qual ficaria menos exposta do lado norte.

A ideia de “deformar” o volume é satisfatoriamente eficaz na resolução do problema da


captação solar mas de forma alguma resolve a discrepância de luz entre as duas casas.
(que frase fraquinha)

Os espaços interiores de ambas são organizados de forma semelhante através de uma


mesma matriz de base. A partir dos vazios criados pelos blocos, responsáveis pelos
sanitários e arrumos, são definidos os percursos e os espaços de estar, separando a
organização interior da volumetria exterior.

-Problema

Volumetria prejudica o espaço habitacional.

Porém, existe uma discrepância no conceito do projeto. O desenho, procura ou não,


tornar semelhantes as características de ambas as habitações?
Por um lado, temos uma volumetria que ambiciona equilibrar as disparidades dos
espaços das casas, nomeadamente na exposição solar interior, porém torna-as bastantes
distintas. O que não é necessariamente um problema se a organização do espaço
responde-se a essas disparidades e tenta-se aproximar os atributos de ambas.(repete em
baixo)

É clara a intenção de tornar os espaços das diferentes habitações de alguma forma


semelhantes, mas fará sentido dadas as diferentes características originadas pela
volumetria? Ou seja, não é claro se a ideia do projeto, é ou não, assemelhar as duas casas
já que a volumetria naturalmente as distingue. E o espaço, em vez de responder mais
organicamente a essa distinção para assegurar condições (que condições) espaciais
semelhantes nas duas habitações não o faz, ou seja, acontece o contrário ao tentar ser
semelhante na forma, o que cria condições distintas na casa.

No espaço social (primeiro piso) não é tão claro o problema, pois, apesar dos blocos
organizacionais serem posicionados de forma semelhante, a organização não o é, e os
espaços respondem com alguma agilidade as condicionantes impostas pelo invólucro
da volumetria.

Mas o problema torna-se berrante no piso superior privado, pois a disposição dos blocos
é simetricamente semelhante nas duas habitações, o que cria uma enorme discrepância
nas condições de habitabilidade, e coloca em contradição as intenções da volumetria em
assemelhar as condições dos espaços interiores.
Além disso, o divergência as duas linguagens distintas do espaço e da volumetria cria
uma serie de espaços excedentes, que não são necessariamente problemáticas mas não
têm muito sentido.
Ou seja, a ambição de tornar a forma exterior mais expressiva priva e condiciona a
eficiência do espaço interior, criando alguns problemas de organização e de espaço sem
sentido. O espaço perde protagonismo face a uma obstinação por uma forma mais
expressiva justificada por objetivos que não fazem muito sentido.

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