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Quando se é mulher, negra, doutora e professora universitária: uma travessia

marcada por disputas

Maria Simone Euclides1


Sâmia Paula dos Santos Silva2
Joselina da Silva3

Este trabalho é parte da pesquisa de doutorado que investiga a ascensão de mulheres


negras doutoras e professoras universitárias no Estado do Ceará. Partimos da
problemática que docentes negras no ensino superior torna-se cada vez mais singular.
Se analisarmos a pirâmide social, verifica-se que a medida que avança-se os anos de
escolaridade a presença de pessoas do segmento étnico racial negro torna-se cada vez
mais ausente. Tal situação é reflexo das desigualdades e hierarquias raciais que
compõem o quadro da sociedade brasileira. Objetivamente, nessa pesquisa busca se
compreender se a existência do racismo institucional, e os marcadores de gênero
interferem no âmbito profissional dessas mulheres. Sendo assim, partimos dos seguintes
questionamentos: De que maneira gênero e raça atuam como diferenciadores na
trajetória de professoras negras? Haveria algum impedimento para que essas professoras
ocupassem lugares de prestígio na universidade? Quais os desafios encontrados e
enfrentados durante essa travessia? Para a realização desse trabalho, adotou-se uma
pesquisa qualitativa utilizando como técnica de coleta de dados a revisão bibliográfica e
a realização de entrevistas semi estruturadas com as professoras negras, de modo a
compreender sua história de vida e os desafios encontrados na docência do ensino
superior. Como dito incialmente, o recorte realizado se restringe a docentes doutoras
negras que atuam em âmbito federal no estado do Ceará. A entrevista foi dividida em 3
partes: perfil de identidade (informações gerais da entrevistada), dados sócio
econômicos e história de vida. Até o presente momento, foram realizadas 2 (duas)
entrevistas, com docentes que atuam na Universidade da Integração Internacional da
Lusofonia Afro - Brasileira (UNILAB), localizada na cidade de Redenção do estado do
Ceará. Dentre os principais resultados encontrados até o presente momento, destaca-se
que o percurso realizado pelas entrevistadas se assemelha no que tange as dificuldades
encontradas no período antes de entrada no ensino superior. Já no que se refere ao
exercício de docência na universidade, cada uma cria por si própria, estratégias de
sobrevivência para conseguirem se manter em meio a competitividade e aos estereótipos
de gênero e raça. A ideia dos campos em disputas, discutido em Bourdieu é bastante
válida para se compreender como essas estratégias são elaboradas e ressignificadas nas
tramas do cotidiano profissional.

1
Doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Ceará. E-mail:simoneeuclides@yahoo.com.br
2
Mestranda em Educação pela Universidade Federal do Ceará. E-mail: samiapaula86@gmail.com
3
Docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: joselinajo@yahoo.com.br

1
Considerações iniciais

A situação de negros e negras na esfera do ensino superior, diz respeito a quebra de


estereótipos tão presentes no imaginário social no qual deve ser suplantada a ideia de
que negro é incapaz, não possui assim, capacidade intelectual para ocupar espaço que
exigem controle, raciocínio e ordem. Para docentes negras, romper com esse viés, é
ainda duplamente desafiador haja vista que tem que romper também o binômio de
serem mulheres inferiores aos homens na ciência.

Assim, considerando o lugar do trabalho docente na educação superior, há que se pensar


em um grande galgar de posição para mulheres negras, pois representa a tomada de um
espaço outrora não ocupado pelas mesmas. Embora, se reconheça o papel diferenciador
que esse espaço passa a tomar na identidade profissional dessas mulheres, há de se
considerar que de acordo com as nuances de racismo e sexismo na sociedade brasileira,
o fato de uma mulher negra vir a serem doutoras e professoras universitária, isso não
impede que as mesmas possam vivenciar situações em que preconceito racial e de
gênero atuem como demarcadores. Como salienta Santos (2010), embora o número de
mulheres ocupando o espaço público seja maior do que há algumas décadas, é possível
vê-las muito mais em espaços historicamente destinados ao feminino.

É considerando tais nuances que este artigo busca identificar as marcas de racismo e
sexismo na trajetória profissional de mulheres negras doutoras e professoras
universitárias que atuam em universidades públicas do estado do Ceará.

Gênero e Raça no Ensino Superior

Mesmo com a universalização do ensino a toda a população, o espaço escolar, é um


espaço que homogeneiza e legitimam as desigualdades. Nesse aspecto, Bourdieu
(1996), nos traz reflexões importantes acerca desse assunto. Segundo ele, o espaço
escolar não é neutro, pelo contrário, chama a atenção para o fato de ele ser regido por
normas de uma cultura arbitrária que tende a reproduzir determinados valores
condizentes a uma determinada classe social. Neste sentido, a institucionalização do
ensino escolar segue concomitante aos valores e interesses que estão impregnados na
sociedade.

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Cada indivíduo é caracterizado, por Bourdieu, em termos de uma bagagem socialmente
herdada, advinda da sua socialização primária. É o que ele conceitua por habitus. O
habitus tem relação com o aprendizado que adquirimos, nos apropriamos e
incorporamos de maneira durável, determinando, assim, nossa visão de mundo,
preferências, forma de conduzir a vida e enfrentar os desafios nos diversos campos que,
na visão de Bourdieu (1996), são espaços que detém relativa autonomia, porém
conduzidos por normas próprias. Nesses campos, os indivíduos se inter-relacionam e
travam embates visando os interesses específicos Silva (2012).

Para Bourdieu (2002 apud Silva 2012, pág 22) habitus é

“um sistema de disposições duráveis e transponíveis que, integrando


todas as experiências passadas, funciona a cada momento como uma
matriz de percepções, de apreciações e de ações – e torna possível a
realização de tarefas infinitamente diferenciadas, graças às
transferências analógicas de esquemas que permitem resolver os
problemas da mesma forma e graças às mesmas correções incessantes
dos resultados obtidos, dialeticamente produzidos por esses mesmos
resultados”.

Essa bagagem inclui, por um lado, certos componentes objetivos, externos ao indivíduo,
e que podem ser postos a serviço do seu sucesso escolar, tais como: o capital
econômico, o capital social, o capital cultural, este último composto, inclusive, pelos
títulos escolares. O capital cultural incorporado pelo indivíduo se constituiria
grandemente vinculado à herança familiar, a qual é concebida como influenciando na
definição do destino escolar do indivíduo.

Para este autor o capital cultural configura-se como uma herança familiar e que tem
grande influência na vida escolar dos indivíduos. Neste contexto, merece destaque a
importância da família em relação aos investimentos educacionais que contribuem para
que os indivíduos adquiram capital cultural: saberes, práticas, valores e metas para o
futuro profissional (SILVA, 2012).

Este capital estaria diretamente relacionado a outro capital ao qual seja o capital
econômico para ter acesso a esse capital cultural por meio da compra de livros, quadros,

3
possibilidades de viagens internacionais dentre tantas outras possibilidades de acesso ao
conhecimento.

A posse do capital cultural favoreceria o desempenho escolar na medida em que


facilitaria a aprendizagem dos conteúdos e dos códigos que a escola veicula e sanciona.
Os esquemas mentais, a relação com o saber, as referências culturais, os conhecimentos
considerados legítimos e o domínio maior ou menor da língua culta, trazidos de casa,
facilitariam o aprendizado escolar, tendo em vista que funcionariam como elementos de
preparação e de rentabilização da ação pedagógica, possibilitando o desencadeamento
de relações entre o mundo familiar e a cultura escolar. A educação escolar, no caso dos
indivíduos oriundos de meios culturalmente favorecidos, seria uma espécie de
continuação da educação familiar, enquanto para aqueles oriundos de outros meios
culturais significaria algo estranho, distante, ou mesmo ameaçador.

Ao contrário das camadas populares, a classe média e a elite tenderiam a investir pesada
e sistematicamente na escolarização dos filhos. As famílias deste grupo social já
possuiriam volume razoável de capitais que lhes permitiria apostar no mercado escolar
sem correrem tantos riscos (NOGUEIRA, NOGUEIRA, 2006). Enquanto os indivíduos
que já possuem uma bagagem cultural atrelada aos valores legítimos teriam maior
facilidade de acesso e permanência nas instituições escolares, outros encontrariam
maiores dificuldades e, diante de tais impasses, acabariam por evadir e deixar de lado o
sonho de se formarem. Dentre os indivíduos que se enquadram nesta segunda opção,
estariam as ditas minorias sociais: os pobres e os negros.

Dentro desta concepção, a escola é vista como um filtro através do qual se selecionam
alunos e se estabelecem barreiras, o que pode ser observado nas altas taxas de evasão de
determinados segmentos sociais e no acesso diferenciado ao ensino superior
(BOURDIEU, 1996). A escola acaba por reproduzir em seu espaço toda ideologia
presente no imaginário social e isso interfere diretamente nas trajetórias individuais dos
estudantes negros e negras. Assim, através de todo um aparatos muitas vezes invisível, a
escola separa os aptos dos não aptos.

Se, até fins da década de 50, a grande clivagem se fazia entre, de um lado, os
escolarizados, e, do outro, os excluídos da escola, hoje em dia ela opera, de modo bem

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menos simples, através de uma segregação interna ao sistema educacional que separa os
educandos segundo o itinerário escolar, o tipo de estudos, o estabelecimento de ensino,
a sala de aula, as opções curriculares. Exclusão “branda”, “contínua”, “invisível,
“despercebida”. A escola segue, pois, excluindo mas hoje ela o faz de modo bem mais
dissimulado, conservando em seu interior os excluídos, postergando a sua eliminação, e
reservando a eles os setores escolares mais desvalorizados (BOURDIEU apud
NOGUEIRA; NOGUEIRA 2006, p.13).

Todos esses elementos compõe o que Bourdieu (1996), chamaria de campo. Para o
autor, campo se constitui um espaço dinâmico onde os indivíduos se encontram
constantemente em disputa para alcançar diferentes objetivos e, neste embate, aqueles
que dispõem de maior capital cultural, social e econômico ocupam posições de status e
conseguem fazer valer seus interesses, consolidando a desigualdade social e cultural,
bem como favorecendo a reprodução do poder.

Nas palavras de Arroyo (2007 apud Laborne 2012, pág. 5),

O sistema escolar se rege por essa lógica do direito individual à


educação, cada aluno é um aluno em seus percursos individuais, com
ou sem problemas individuais de aprendizagem, aprovado ou
reprovado e retido. As lógicas que regem o trato dos alunos no
cotidiano escolar são lógicas individualistas de sucesso, mérito,
fracasso.

Através dos estudos de Hasenbalg (1979) apud Ribeiro (2006), tem-se a conclusão de
que os estudantes brancos teriam mais chances de fazer com sucesso as transições
educacionais do que os estudantes negros. A desigualdade se faria antes da entrada no
espaço educacional e posteriormente à sua entrada no mundo do trabalho. Ainda que se
obtivesse o mesmo patamar de graduação que os estudantes brancos, após a conclusão
dos estudos os não brancos entrariam em desvantagem no mercado de trabalho em
decorrência da sua cor. Há um peso de responsabilidade para o negro, no qual ele
preciso ser “o melhor”, aquele que nunca comete falhas, para garantir sua visibilidade e
ser reconhecido socialmente.

Assim, embora o elemento raça não apareça concretamente como impedimento para a
ascensão dos negros e negras na sociedade, ele se constitui como elemento camuflado

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de racismo. São elementos quase imperceptíveis, mas que fazem a diferença, por
exemplo, quando se vai ingressar no mercado de trabalho (SILVA, 2012).

No que se refere especificamente a relação da mulher no universo acadêmico, percebe-


se que nos anos iniciais, há uma sobreposição de mulheres em relação aos homens.
Quando se chega, porém aos graus superiores, nota-se pouca ou quase nenhuma
presença do segmento racial negro. Em determinadas situações, a presença de negros e
negras encontra-se direcionada a cursos de menor prestígio na sociedade, e em se
tratando exclusivamente da presença feminina, autores como Queiroz (2001), ressaltam
que o campo científico ainda é marcado pelo sexismo e a falsa ideia de que fazer ciência
é somente privilégio do sexo masculino.

Historicamente, nossa sociedade ao hierarquizar raça e gênero, criou uma também uma
série de privilégios, no qual o segmento racial negro e a grande maioria das mulheres
ficam em situação desprivilegiada (SILVA, 2012). Dessa forma, às mulheres negras foi
reservado lugares menos privilegiados na pirâmide social como, por exemplo, o de
empregadas domésticas ou babás em casas de família (CARNEIRO, 2003). O
rompimento dessa cadeia é conseguido através de muita superação e resignação. Tal
atitude também pode ser compreendida a luz da resiliência que seria essa capacidade de
dar a volta por cima e resistir apesar de todos os obstáculos.

Quanto maior o nível de ensino, menor a probabilidade de se encontrar mulheres negras


no exercício da docência. Quando alcançam esse espaço, a todo o momento, precisam
mostrar que são capazes para ocupar o cargo, desempenhando esforço além dos demais
para que sejam reconhecidas (SILVA, 2012). Nesse percurso, cada uma, cria por si
própria, estratégias de sobrevivência para conseguirem se manter em meio a
competitividade. A ideia dos campos em disputas, discutido em Bourdieu (1996), é
bastante válida para se compreender como essas estratégias são elaboradas. Consta
nessa luta, o volume de capitais culturais, social, cultural que cada indivíduo dispõe em
sua trajetória. No que se refere às mulheres negras, é necessário reconhecer que dentre
as múltiplas questões que as diferenciam, têm também que lidar com o campo das
questões de gênero e questões raciais.

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De acordo com dados do Relatório Anual da situação da mulher, apesar de ter tido um
grande avanço significativo na participação dos vários segmentos na escolarização, as
hierarquias de gênero e raça ainda prevalecem. Em 2012, quanto mais elevado o nível
de ensino, maior era a desigualdade entre mulheres brancas e mulheres negras, de um
lado; e, entre homens brancos e homens negros, de outro. Embora as taxas de frequência
entre todos os segmentos populacionais tenham se elevado nos últimos anos, houve
poucos avanços no sentido da reversão desse padrão de desigualdade. Assim, 24,6% das
mulheres brancas e 19,7% dos homens brancos de 18 a 24 anos frequentava o ensino
superior, enquanto somente 11,6% das mulheres negras e 7,7% dos homens negros
nessa faixa etária o faziam. Da mesma forma, as mulheres são 57,2% das/os
matriculadas/os e 61,2% das/os concluintes de cursos de graduação do ensino superior.

O sucesso excepcional de alguns indivíduos que escapam ao destino coletivo dá uma


aparência de legitimidade à seleção escolar, e dá crédito ao mito da escola libertadora
junto àqueles próprios indivíduos que ela eliminou, fazendo crer que o sucesso é uma
simples questão de trabalho e de dons Bourdieu apud Silva (2012).

Culturalmente e historicamente, há todo um mito fundante na sociedade que atribui aos


negros, falta de capacidade intelectual e desempenho que a todo o momento, têm que
provar que são capazes de exercer determinada função. Eu tenho que mostrar para todo
mundo que sou boa e isso independe da minha cor. Fazer um esforço maior do que
qualquer outra pessoa. Tal atitude é preocupante, pois demonstra certo que
conformismo ou aceitação do mérito individual como algo que diminuísse as
hierarquias sociais.

Sobre o racismo camuflado, como as situações são na maioria das vezes de forma
disfarçada, sutil e mais pelo lado da subjetividade, fica difícil entrar em confronto
direto. Para Vera, mesmo tendo alcançado um status na sociedade, não deixa de passar
por situações constrangedoras de racismo, mostrando assim que racismo independe da
condição de classe como afirmavam e afirmam adeptos a democracia racial.

Como dizia Beauvoir biologia não é o destino. A ideia do rompimento de uma cadeia de
situações o qual se abre novas possibilidades de inserção em nossas trajetórias. Rompe
com o determinismo e com a ideia da naturalidade das coisas.

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Mulher (es) e ciência

A concepção de gênero refere-se à maneira de compreender as desigualdades entre os


sexos desmistificando as relações sociais e as relações de poder entre os mesmos.
Segundo Louro (1992), tal concepção está relacionada à ideia de sujeitos identidades e
sua imersão na sociedade a depender do tempo e da cultura.

Dessa forma, gênero pode ser entendido como uma construção social e histórica que
ocorre envolvendo o corpo do homem e da mulher além de sua dimensão biológica. Por
se tratar de uma dimensão histórica e social, as relações entre homens e mulheres e o
conceito de masculino e feminino são plurais e diversificados até mesmo em uma
mesma cultura em função da classe, religião, raça, idade etc.

Ademais, considerar as questões de gênero enquanto construções que fazem parte da


identidade dos sujeitos é, ao mesmo tempo, considerar que essa construção é dinâmica e
se transforma ao longo dos anos a depender do contexto histórico e cultural. A ideia de
um sujeito dotado de uma identidade única, que antes era defendida no Iluminismo, já
não se fundamenta de fato. A noção de imutabilidade e continuidade foi, assim, se
descentrando e desfragmentando por vários motivos, desde a globalização, movimento
feminista, pensamento marxista e a psicanálise freudiana, colidindo com uma nova
forma estrutural de se conceituar a identidade no sentido amplo e complexo, não única,
mas plural, constituída a todo o momento e multiplicando as noções de sujeito.

Segundo Welzer-Lang (2001), a dominação não deve ser analisada como um bloco
monolítico onde tudo está dado, onde as relações se reproduzem ao idêntico. Mas, a
análise, tanto global quanto a que se interessa por um campo específico ou por
interações particulares, deve articular o quadro global, societário, e as lutas objetivas ou
subjetivas das mulheres e de seus aliados que visam a transformar as relações sociais de
sexo, logo a modificar a dominação masculina.

De acordo com Butler (2008), não se pode considerar mulher no singular, assim como
não se pode considerar masculinidade apenas. Sobre essas categorias, incidem tantas
outras que se inter-relacionam, pluralizando as desigualdades. Admitem dessa forma,
que mulher ainda que mulheres formem um grupo, não pode ser analisada somente no

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plural, pois há distintas e diversas formas de ser mulher, com identidades e posições
sociais diferentes (HUIJG, D. D, 2007).
É por essa abordagem que se encontram as reflexões e discussões das feministas negras
e de trabalhos sobre mulheres negras. Os primeiros debates iniciaram-se com as
feministas negras norte americanas ou mulheres de cor no final dos anos 70 e início dos
anos 80, época também conhecida também por second wave (segunda onda)
(CALDWELL, 2010).

As principais críticas estabelecidas por essas junto aos movimentos feministas, e o


próprio movimento negro, se referem a não representatividade junto aos anseios e lutas
desenvolvidas em ambos os movimentos (AZEREDO, (1994); RIBEIRO (1995),
CALDWELL (2000); CARNEIRO, (2003); MENEGHEL et al. (2005), WERNECK
(2010). Ou seja, ainda que as desigualdades de gênero existam, a dimensão da diferença
(racial), estabelece uma dupla discriminação das mulheres negras junto à sociedade.

De acordo com Ribeiro (2004), no movimento feminista as dificuldades de lidar com a


diversidade existente entre as mulheres (por exemplo, as diferenças raciais, étnicas, de
condições sociais, de orientação sexual, de geração ou culturais) e mesmo de ter uma
visão mais ampla dos processos organizativos vieram a reforçar a imagem feminista
como branca, de classe media, intelectualizada. Sendo assim as questões raciais e
étnicas passam a ser vistas como responsabilidade das mulheres negras.

Já no movimento negro as criticas partem das generalizações atribuídas aos sexos, e


acabam por representar anseios de uma sociedade machista. De acordo com Ribeiro
(1995), as mulheres negras sempre estiveram presentes no movimento, porém suas
questões especificas foram secundarizadas.

Aqui no Brasil, tais discussões vieram á tona a partir dos anos 80 com as obras de Lélia
Gonzalez, Beatriz Nascimento, Sueli Carneiro, Thereza Santos, Edna Roland, Luiza
Bairros e Fátima Oliveira (Caldwell, 2010). De acordo com Azeredo (1994), tais
debates ainda são bastante tímidos e silenciados do que em relação à militância presente
nos Estados Unidos. As explicações para a pouca discussão, segundo Barreto (2005),
poderia ser a presença ainda do mito da democracia racial, onde de forma sutil o

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racismo aparece menos latente do que nos Estados Unidos, tensões de caráter racial
tendem a ser minimizadas ou ignoradas.

De acordo com Giacomini (1988), durante a escravidão a imagem da mulher negra era
realçada por três tipos sendo eles: mãe-preta, ama de leite e objeto de desejo.. Nesse
período, tratada como coisa ou propriedade de seu senhor, era impossibilitada de viver
enquanto sujeito. Além disso, as mulheres cativas, frequentemente eram destinadas a
necessidades e serviços da casa-grande, servindo, entre outras atribuições, como ama-
de-leite, e objeto sexual. Exclusivamente na casa-grande, a poder e vontade masculina,
eram forçadas a satisfazer a libido do senhor e dos filhos destes. Por sua vez, as
senhoras sentiam-se ameaçadas por essa proximidade entre senhores e escravas, e
infligiam muitos castigos corporais (GIACOMINI, 1988). Das heranças desse trágico
período histórico, a autora destaca a negação da identidade negra ou a dificuldade de
inserção no mercado de trabalho.

Na pesquisa desenvolvida e publicada por várias organizações dentre elas: Rede de


Desenvolvimento Humano, Redeh, no projeto Mulher, 500 anos atrás dos panos. sobre
Mulheres Negras no ano de 2004, assim como nas análises de Giacomini, salientaram
que as mulheres negras estiveram presentes em vários momentos e em diferentes papeis,
ora como escrava sexual, ama de leite, vendedoras ambulantes a peças chaves na
articulação de movimentos revolucionários como a formação dos quilombos
(SCHUMAHER, 2007). A crítica que é feita nessa publicação bem além da condição de
objeto durante a escravidão se refere ainda há invisibilidade e ao desprestígio dessas
mulheres na reconstituição na História brasileira.

Ademais, os ranços históricos desse momento de identidade de mulheres negras, ainda


prevalecem de forma nítida principalmente com relação aos poucas oportunidades no
mercado de trabalho e autonomia dessas mulheres. Conforme salienta Theodoro (2008),
após o término da escravidão a mulher negra passou a atuar como viga-mestra das
famílias e das comunidades negras, arcando com o sustento moral e com a subsistência
dos filhos. Saiu da senzala para cortiços, tornando-se mulher da cama e mesa, ora
servindo ao seu companheiro, ora servindo o patrão que antes encarnava o papel de
senhor, além de servir à patroa que antes era a sinhá.

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Atuando no século XX como empregada ou babá, viabiliza a emancipação da mulher
branca, por permitir a sua saída de casa para ocupar as universidades e trabalhar nas
repartições públicas. Elas são a síntese da dupla discriminação de sexo e cor na
sociedade brasileira: mais pobres, em situações de trabalho mais precárias, com
menores rendimentos e as mais altas taxas de desemprego (DIEESE, 2005). O trabalho
doméstico ainda é, desde a escravidão negra no Brasil, o lugar que a sociedade racista
destinou como ocupação prioritária das mulheres negras. Nele, ainda são relativamente
poucos os ganhos trabalhistas e as relações se caracterizam pelo servilismo (RIBEIRO,
2004).

Transpondo as discussões de gênero para o âmbito educacional e científico, temos


algumas peculiaridades. Como bem destaca Melo et al, (2004), a posse de um diploma
ainda é uma das vias de formação e oportunidades para a maioria da população que
deseja ocupar um posto no mercado de trabalho. Apesar de haver uma feminização do
espaço escolar, a medida que se avança os níveis de ensino, menos chances existem de
serem encontradas a participação feminina. (BORDI, BAUTISTA, 2007). Há
diferenciadas relações e atribuições de papéis nos quais mulheres e homens, vem
ocupando posições diversificadas e desiguais no mercado de bens simbólicos.

Dessa forma, há um acúmulo de estudos e pesquisas que apontam que há uma tendência
a identificar a ciência como algo exclusivamente masculino. Como destacam as autoras
(BORDI, BAUTISTA, 2007): “las ciencias son para los varones y el servicio para las
mujeres”; as mulheres que logram a ingressar no espaço, rompem com uma cadeia
lógica de normalidade, quebrando paradigmas de competência e destino profissional.
Toda essa “identificação” é parte de um contexto maior de resquícios ainda da
hierarquização de papéis masculinos e femininos na sociedade. De forma simbólica,
homens e mulheres já nascem com determinadas ideias do que é lugar de mulher e o que
é lugar de homem, e isso reflete nas atitudes, conquistas e projetos. É o que Bourdieu
(2005) chamaria de submissão encantada ou uma socialização desde sempre realizada
para manter os corpos em ordem na perspectiva de Foucault em Microfísica do Poder
(2007).

Ancorado as construções culturais sobre as questões de gênero, é válido destacar algo


evidenciado pelas pesquisadoras Bordi e Bautista, 2007; que para o sexo masculino não

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impera a questão biológica da maternidade. Para eles, não há diretamente a necessidade
de combinar o desenvolvimento profissional com a maternidade e o cuidado do lar,
como o é para as mulheres. Dessa forma, isso lhes garante uma maior disponibilidade
de assumir cargos de decisão nas instituições e dedicarem a carreira acadêmica.

Infelizmente, os programas de avaliação de produtividade não


consideram estas distinções em seus instrumentos. Todos, homens e
mulheres, estão sujeitos à avaliação mesmos controles, produzindo
desigualdades sociais nos estímulos que são dadas a esses esforços
individuais. Muito poucos são o espírito em busca da igualdade de
gênero, como se observa a nível nacional através do Sistema Nacional
de Pesquisadores (SNI), do Ministério de Educação Pública (SEP) e
do Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología (CONACYT).”
(BORDI; BAUTISTA, 2007, pág. 583 ).

Tendem a encontrar mulheres em atividades de pesquisas que não esteja relacionadas a


permanência em laboratórios já que em grande parte são mulheres casadas e com filhos
(BORDI; BATISTA, 2007). As autoras chamam a atenção para a maternidade que
aparece como marco que distingue lugares de pertença para homens e mulheres na
sociedade. E isso há de ser levado em conta quando se analisa e se estuda os critérios de
produtividade para os mesmos.

A diferencia de los varones, quienes no se preocupan en tomar


decisiones personales (matrimonio, número de hijos, edad para
embarazarse) para planear una carrera científica, se encuentra que,
para las mujeres, estas decisiones son cruciales. Si las mujeres deciden
comenzar la maternidad a un edad moderadamente temprana (antes de
los 30) y aún no han iniciado su carrera científica, ésta la postergarán
hasta que sus hijos e hijas hayan alcanzado al menos la edad de
secundaria. Pero si ya se encuentran en esa carrera de las ciencias y la
tecnología, tanto su productividad como su superación profesional se
verán seriamente detenidas. La mayoría observará cómo sus
compañeros de trabajo serán más valorados por sus logros en las
ciências (BORDI, BATISTA, 2007, pág. 593).

Essa situação não modifica no contexto brasileiro, ao passo que o sistema patriarcal que
legitima os papéis de gênero, ainda não foram desmistificados. Como bem evidenciado
por Carvalho e Casagrande, 2011; ainda hoje, há um descompasso entre a trajetória
profissional despendida por homens e mulheres no mercado de trabalho, de modo que
as mulheres ainda são as que assumem o papel da casa, do cuidado dos filhos e dos
idosos o que acaba implicando em sua saída para o espaço público.

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Essa constatação nos remete a pensar sobre os requisitos nacionais para mapear a
produtividade científica masculina e feminina. Como os órgãos de fomento intentam
validar e certificar produtividades? Seria a mesma para ambos os sexos? Em quais áreas
mulheres se apresentam em sua maioria? De que maneira adotar uma perspectiva de
gênero e raça para se pensar a equidade de mulheres e homens no universo científico?
Com relação a questão racial, é válido considerar que recentemente, a Plataforma Capes
que registra currículos de pesquisadores, passaram a colocar no perfil a identificação
pelo quesito racial.

Além dessas questões, as autoras evidenciaram que há certa divisão por gênero de
carreiras na universidade, onde os homens estariam ligados diretamente a ciência dita
dura e as mulheres as áreas no qual se tem uma restrita interação com o cuidado ou as
falácias do estereótipo do que é ser feminino. O que pode ser interpretado também como
a extensão do serviço doméstico das mulheres no mundo privado para o espaço público.
Tais informações trazem a necessidade de se pensar em políticas publicas que possam
garantir uma maior equidade e paridade entre mulheres e homens no âmbito cientifico.

Concretamente para los hombres solteros y casados no hay


contradicción ni tensión entre el éxito privadofamiliar y el éxito
público-profesional. Sin embargo, en las mujeres solteras y casadas
existe esta tensión, por la política sexista del sistema y la carencia de
un contexto democrático que propicie la participación igualitaria de
mujeres y hombres tanto en lo privado como en lo público. Por
consiguiente, es manifiesta la importancia de implementar políticas
institucionales de igualdad, tanto en el ámbito educativo-académico,
como en el público-político (BORDI, BATISTA, 2007, pág. 605).

Inúmeras são situações já evidenciadas por pesquisadoras de mulher e ciência que


compõe detalhadamente o quadro das hierarquias criadas e recriadas ao longo dos
tempos. De acordo com (SCHIEBINGER, 2001; apud Carvalho e Casagrande, 2011),
as mulheres eram proibidas de frequentar lugares públicos, entrar em bibliotecas,
universidades, publicar resultados de suas pesquisas ou discutir em posição de
igualdade sobre seus conhecimentos com os cientistas. Muitas produziam conhecimento
em laboratórios dentro de seus lares e os resultados de seus estudos eram divulgados
com nomes de seus irmãos, pais ou maridos ou algum outro representante masculino,
pois aos homens era permitido produzir conhecimento científico. Algumas usaram
pseudônimos masculinos para poder comunicar-se com outros cientistas, serem ouvidas

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e respeitadas. Outras foram criticadas, discriminadas, perseguidas, humilhadas por
estarem transgredindo regras que eram rigidamente impostas às mulheres da época.
(pág. 23)

Todas essas “limitações” fazem com que as trajetórias para mulheres e homens se
diferenciem, principalmente quando se tem em vista que as mulheres se inserem na vida
cientifica de uma forma tardia (CITELI, 2000). Sendo que o processo para serem
reconhecidas é também diferenciado quando se compara ao universo masculino
(COSTA, 2006).

Ao passo que ainda com todos os vieses a presença feminina no espaço cientifico,
quando se articula questão de gênero com a questão racial, nota-se uma situação
bastante emblemática para mulheres negras. Enquanto mulheres brancas reivindicam
reconhecimento no universo acadêmico, as mulheres negras caminham na perspectiva
de serem integradas no mercado de trabalho para além do espaço de trabalhadoras
domésticas. Sendo assim, é importante destacar que a categoria “mulher”, embora
mulheres formem um grupo, não é um grupo singular, pois as mulheres são também
diferentes, com identidades e posições sociais diferentes “que fazem a diferença”
(HUIJG DYI, 2007).

Há inúmeros trabalhos que tratam da questão de gênero, ciência e tecnologia, mas


poucos que trazem a particularidade de gênero concomitante a questão racial. Essa é
uma discussão ainda incipiente nos debates acadêmicos, condicionada também a
ausência de dados concretos junto aos bancos de dados científicos no país.

Resultados e discussões

Até o presente momento foram realizadas 6 (seis) entrevistas, dentre os principais


marcadores citados pelas entrevistadas, tem-se o lugar de onde veem (na grande maioria
das camadas populares), e a sutileza de racismo e sexismo no cotidiano profissional.
Com relação à idade de ingresso junto as universidades e a entrada no mercado de
trabalho notam-se que há um espaço longo demarcado por escolhas, negociações
familiares até o ápice da carreira, como já dito isto estaria diretamente relacionado aos
papéis familiares que mulheres assumem dentro da esfera privada.

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Olhando a faixa etária das professoras entrevistadas e a entrada no mercado de trabalho,
nota-se que em sua grande maioria tiveram que romper a trajetória profissional por
causa do cuidado da casa, dos filhos ou dos maridos. Para as mulheres solteiras, a
caminhada acadêmica surte de maneira mais fluida e sem as nuances dos vários papeis
que o feminino deve se comportar. Além desse contexto, o fato de estarem inseridas em
um ambiente familiar que de certa forma lhes empoderasse a tal modo incentivando a
sua formação acadêmica, foi de primordial valia nas várias trajetórias recontadas. Essa
ideia de família citada aqui, não se restringe somente a figura pai, mãe e irmãos (ã), mas
os vários arranjos e rearranjos possíveis que fornecem determinados atributos de
proteção, acolhimento e encorajamento dos que dela fazem parte.

Por se tratar de um estudo focado nas relações raciais e ser realizado por professoras
negras, para colegas cientistas, é uma ciência inválida que implica a não veracidade
quando realizada por outras pessoas. Essa situação de boicote, indiferença para com as
professoras negras, foi algo recorrente para a grande maioria das entrevistadas. Outro
fato interessante citado pelas entrevistadas diz respeito a solidão da mulher negra que
ousa entrar em um espaço de privilégios do sexo masculino. Foram citados momentos
em que as mulheres foram rejeitadas pelo coletivo na academia por estudarem temáticas
relacionadas a suas trajetórias.

No decorrer da trajetória como estudante até chegar a imersão no universo acadêmico


como docente, grande parte das entrevistadas contou com o apoio e incentivo de
familiares, professores e amigos. Tiveram que conciliar duplas ou às vezes triplas
jornadas de trabalho, a saber: mãe, trabalhadoras e estudante do ensino superior. Dessa
forma, é interessante destacar que para além do esforço individual, houve um somatório
de forças exteriores que contribuíram para que houvesse rompimentos e novas inserções
no universo profissional.

Quanto a presença de mulheres negras no espaço universitário, percebe-se que esse é


um espaço de arranjos e rearranjos, no qual docentes negras na maioria das vezes
sentem a solidão de militarem por suas respectivas causas. Partem assim, em busca de
parcerias que possam contribuir no debate de ideias sobre questões raciais, haja vista
que há um olhar desviado sobre mulheres negras docentes pesquisando assuntos
relacionados a temática racial, foi o caso relatado por uma das entrevistadas a professora

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Bakhhitah. Ousamos a questionar se fosse outras temáticas se a percepção dos docentes
seria diferente. Será que o incomodo seria por se tratar de uma temática racial e de
gênero?

A resposta para tal postura pode ser explicada em partes pela dificuldade que alguns
espaços da sociedade possuem de reconhecer a existência do racismo e sexismo nas
relações sociais. Tende-se tornar-se menos problemática a questão de modo a minimizar
e extinguir qualquer debate sobre tal assunto. Essa é a uma das variadas formas de
camuflar racismo e sexismo e até mesmo a negar a existência dos mesmos se
configurando em uma das formas mais eficazes de se distinguir pessoas por suas
características fenotípicas e sexuais.

Foi citada também a importância da representação e representatividade quando se pensa


em posições galgadas por mulheres negras e a referencia para seu grupo racial. Como
bem colocado por uma das entrevistadas, “uma sobe e puxa a outra” ou “As nossas
trajetórias só vão fazer sentido quando forem coletivas”. Ambas as falas, comunga com
toda a trajetória anterior ao universo acadêmico que uma das docentes travou em
espaços de militância junto a movimentos sindicais e de mulheres negras antes da
entrada na academia enquanto professora universitária.

Relata assim, seu compromisso com a coletividade e a responsabilidade de arrastar


demais mulheres junto aos espaços que ela já inseriu. Trata-se de ajudar a diminuir o
impasse histórico de pouca representatividade de mulheres negras em espaços de poder.
Vale ressaltar que trata-se uma docente com um diferencial em sua carreira que diz
respeito a experiência de candidatura para reitora em uma universidade estadual. Sua
fala remonta de um lugar marcado por disputa, luta e política.

Dentre os principais desafios encontrados, tem-se a expressiva constatação por todas as


entrevistadas de que “o racismo continua a existir mesmo que tenha uma ascensão
social. Ascensão social não protege contra o racismo”.

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Considerações Finais

Pelo que foi encontrado até o presente momento, é notório a constatação de que
hierarquias raciais e de gênero ainda imperam no espaço acadêmico, convergindo em
novos desafios e modos de atuação para professoras negras. Nesse espaço, o esforço
despendido para serem reconhecidas e aceitas como pesquisadoras é visível,
demonstrando assim que ainda há muito o que ser superado para que possam ter as
mesmas trajetórias profissionais com relação aos demais docentes da mesma instituição.
Além do mais, faz se conhecer através de suas trajetórias, a inserção na maioria das
vezes tardia para esse segmento nas carreiras superiores, enunciando a necessidade de
políticas de ação afirmativa que possam equiparar a presença de negros e negras
também na carreira profissional do ensino superior.

Por fim, há que se destacar que as nuances relatadas pelas professoras negras, fazem
parte de uma discussão de um contexto maior onde cotidianamente se enfrentam
situações de racismo e sexismo, para além da posição que ocupam. O fato de ocuparem
uma determinada posição no mercado de trabalho, não as isenta de sofrer pelas mesmas
ações vivenciadas pela maioria de mulheres negras que vivem na invisibilidade.

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