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Praxis Magica:

Arbatel
Da
Magia
dos
Antigos
Material Complementar

Em todas as coisas, pede conselhos ao Senhor;


e que tu não penses, fales ou faças
qualquer coisa, na qual Deus não seja teu conselheiro.

Provérbio 11.

Aquele que caminha fraudulentamente, revela segredos: mas aquele é que fiel de espírito, oculta-os.
Praxis Magica, Volume DOIS.

Uma Abordagem da Operação do Arbatel da Magia


Autor: Phil Legard.
Fonte: http://www.boudicca.de/arbat-e.htm
Tradução: G.T.O. — Grupo de Traduções Ocultas;
Tradutor: Leonardo M. P.

www.gtobr.org — Grupo de Traduções Ocultas


Uma Abordagem da Operação do Arbatel da Magia (1.1)

por Phil Legard

Plano de Fundo

O “Arbatel da Magia” surgiu na Basiléia, Suíça, em 1575 em latim e é uma das obras
menos conhecidas da tradição de ‘grimórios’. Waite escreve que esta obra possui a
qualidade de uma literatura verdadeiramente transcendental, estando livre das ‘perigosas
instruções que abertamente fazem parte da Magia Negra’. Embora possa parecer um
pouco distante a ponto de elogiar a obra como possuindo uma qualidade transcendental,
ela pode ser considerada mais alinhada com a tal ‘magia branca’ (seja lá o que isto seja)
do que muito dos outros livros da tradição grimorial.

É lamentável que apenas uma parte do livro tenha sobrevivido ou sido escrita, sendo
chamado de Isagoge, ou Instruções Fundamentais. O trabalho indica mais oito volumes,
preocupando-se com “Magia Microcósmica”, “Magia Olímpica”, “Magia Homérica e
Hesiódica”, “Magia Sibilina”, “Magia Pitagórica”, “A Magia de Apolônio”, “Magia
Hermética” e “Magia Profética”. Parece que “Arbatel” é o nome de um anjo ou espírito,
embora uma pesquisa preliminar não apresente nenhum anjo como ‘Arbatel’ em
nenhum das outras obras mais populares do saber oculto.

O Isagoge compreende sete grupos de sete aforismos, muito destes consistindo e


possuindo a mistura de saber cristão e judaico, com influências de Pitágoras e outros
filósofos esotéricos. Exemplos das informações apresentadas incluem hierarquias
espirituais, as propriedades de determinados números, preces e vários outros segredos
espirituais. Devemos estar preocupados principalmente com o terceiro setenário, que
examina os assim chamados ‘Espíritos Olímpicos’ e o método para convocá-los.

Os Espíritos Olímpicos são os espíritos que, abaixo de Deus, presidem sobre o mundo
natural. Há sete espíritos superiores, cada um correspondente a um planeta (ou esfera
planetária), e abaixo de cada um deles um determinado número de províncias sendo 196

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em número (embora o livro erroneamente exponha 186). Os espíritos Olímpicos, seus
sigilos e associações planetárias são as seguintes:
Aratron Saturno

Bethor Júpiter

Phaleg Marte

Och Sol

Haggith Vênus

Ophiel Mercúrio

Phul Lua

Como o Secundadeians de Trimethius, os Espíritos Olímpicos possuem regência


planetária sobre certo número de anos. Os Espíritos Olímpicos regem por 490 cada um.
De acordo com o livro, Bethor governou de 60 a.C. a 430 Anno Domino, Phaleg
governou até 920 Anno Domino, e então Och até 1410 e Haggith regeu até 1900.
Portanto, o regente atual é Ophiel.

John Dee é conhecido por ter possuído, embora possivelmente não utilizado, o Arbatel.
Ele faz diversas referências a ele e especialmente ao espírito Och em seus diários de
exercícios místicos conduzidos com Edward Kelly. Juntamente com o “Livro Jurado de

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Honório” e o misterioso “Soyga” (“O Livro Soyga ou Aldaraia”) o Arbatel pode ter
exercido um papel de formação no sistema “enochiano” de Dee.

Os nomes dos Espíritos Olímpicos não são exclusivos no Arbatel, mas podem ser
encontrados em outros manuscritos mágicos, embora com muitos modos diferentes de
associações de regência e sigilos. Por exemplo, o chamado “Livro Jurado de Honório”
menciona Araton (sic) como um dos anjos do primeiro mês. Dr. Rudd, também, em seu
“Tratado sobre Magia Angélica” considera os Espíritos Olímpicos como sendo somente
um pouco menor em poder do que as nove hierarquias angelicais.

Prática

Tal como acontece com muitos dos grimórios medievais, as instruções reais para a
chamada dos ‘Espíritos Olímpicos’ são um pouco confusas e às vezes contraditórias —
provavelmente devido aos anos de (má) tradução e transcrição. Minha abordagem do
Arbatel é bem simples, embora diretamente muito eficaz.

Em primeiro lugar, o espírito apropriado deve ser escolhido. Os poderes dos espíritos
são os seguintes:

Aratron é o espírito de Saturno. Ele pode, aparentemente, transformar qualquer coisa


em pedra, transformar tesouro em carvão e carvão em tesouro, conceder familiares
poderosos, ensinar alquimia e magia, reconciliar espíritos da Terra, tornar invisível,
transformar o estéril em fértil e prolongar a vida.

Bethor é o espírito de Júpiter. Ele pode fazer com que alguém seja importante, encontrar
tesouro, reconciliar os espíritos do Ar que podem transportar pedras preciosas e
miraculosamente faz o trabalho medicinal, ele também concede familiares do
firmamento.

Phaleg é o espírito de Marte, que é descrito como O Príncipe da Paz. A ele é atribuído a
concessão de honra em assuntos de guerra.

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Och é o espírito do Sol. Ele pode dar 600 anos de saúde perfeita, conferir sabedoria,
fornecer excelentes familiares, ensinar medicina, transformar as coisas em ouro e faz
com que uma bolsa “verta ouro” ou “cresça com ouro”.

Hagith é o espírito de Vênus. Ele torna as pessoas agradáveis e belas, transforma cobre
em ouro e ouro em cobre, e concede espíritos familiares.

Ophiel é o espírito de Mercúrio. Ele concede espíritos familiares, ensina todas as artes e
permite a conversão do Mercúrio em Pedra dos Filósofos.

Phul é o espírito da Lua. Ele concede familiares da água e permite que o homem viva
por 300 anos.

As afirmações dos poderes dos espíritos acima podem parecer um pouco improvável
para muitos, mas o livro do Arbatel declara que os milagres que os espíritos são capazes
de conferir acontecerão somente se o mago acreditar que eles podem — se ele tem fé
em “Deus” e nos “espíritos”. Alguns podem querer ver os poderes dos espíritos como
metafórico.

O próximo passo é inscrever o sigilo do espírito e as preces em um papel novo. A


primeira prece é para chamar o espírito e ela é a seguinte:

“Deus onipotente e eterno, que determinaste toda a criação ao teu louvor e glória, como
também para a salvação do homem; peço-Te que envie Teu Espírito (nome do espírito),
da (ordem solar, lunar, mercurial, etc.) a fim de que ele possa me instruir em relação às
coisas sobre as quais eu pretendo solicitar a ele. No entanto, que não seja a minha
vontade feita, mas a tua, por Jesus Cristo, teu Filho primogênito, Que é nosso Senhor.
Amém”.

A segunda prece é para despedir o espírito e é:

“Visto que tu vieste em paz e calmamente, tendo também respondido às minhas


petições, eu agradeço a Deus, em Cujo Nome tu vieste. Que agora tu possas partir em

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paz para os teus encargos; mas que retornes a mim novamente, quando eu chamar pelo
teu nome, pela tua ordem ou pelo teu ofício, que é concedido pelo Criador. Amém”.

Você deve aguardar até o dia e hora planetária do espírito que você pretende chamar. O
livro sugere que o melhor momento para isto é ao alvorecer, porém, minha opinião é de
que em qualquer hora planetária correspondente funciona bem. Após banir e realizar a
abertura (utilizando rituais como o Ritual Menor do Pentagrama e o Pilar Mediano), a
primeira prece é lida em voz alta. Geralmente eu tento ficar diante de uma janela e
permaneço atento aos sinais que o espírito possa ter manifestado, tal como a aparição de
um animal ou um som inesperado. A leitura da primeira prece pode ser usada como a
abertura para meditar sobre os poderes de um dos espíritos, por exemplo, ensinando
alquimia. Através desta meditação, pode-se entrar em contato com o espírito e até
mesmo ser capaz de entrar em conversação. Contudo, o Arbatel adverte que não se deve
manter o espírito por mais de uma hora ou ele pode se tornar ‘familiarmente viciado em
ti’.

Uma vez que o trabalho foi finalizado e o dever entregue, então a segunda prece é lida
para despedir o espírito. O papel com o sigilo e preces pode, então, ser armazenado em
um local seguro, ou carregado com você como um talismã.

O rito é constituído de tudo isto. É muito simples, embora seja efetivo — eu descobri
que os poderes dos Espíritos Olímpicos são muito potentes e úteis.

Notas

Uma cópia do Arbatel da Magia pode ser vista no Twilit Grotto de Joe e Candy
Peterson (os sigilos e preces podem diferenciar): http://www.esotericarchives.com/

www.gtobr.org — Grupo de Traduções Ocultas

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