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Os Predicáveis
Limites da predicação
Em sua significação estrita, os seis predicáveis não representam uma análise exaustiva
da predicação, nem sequer da predicação necessária.
A primeira razão disso repousa no entendimento de que um predicado é
necessariamente afirmado acerca de um sujeito se for uma propriedade ou uma diferença de
um gênero remoto do sujeito; mas não pode ser classificado como propriedade nem como
diferença daquele sujeito. Exemplo: Um homem necessariamente tem peso (é ponderável).
Peso é uma propriedade do corpo, e corpo é um gênero remoto de homem; mas peso
não é, em sentido estrito, uma propriedade do homem, pois não é um termo conversível em
relação a homem. Ainda assim, é necessariamente predicado de homem. Em termos da
análise de Aristóteles, uma propriedade ou diferença de um gênero remoto do sujeito seria uma
parte da definição, no sentido amplo de que está incluída em sua intensão, mas não no sentido
estrito de ser a diferença, ou propriedade, daquele sujeito, tal como são definidas diferença e
propriedade. (Propriedade, tal como definida, não é, obviamente, uma parte da definição em
sentido estrito, porque não é uma parte da essência, apesar de dela derivar). O mesmo vale
para a interpretação dos escolásticos, isto é, de espécie como um predicável.
A segunda razão é: porque o indivíduo é um membro de uma espécie, pode
predicar-se necessariamente de um indivíduo não apenas a espécie, mas outros predicados
necessários que ele tem em virtude de sua espécie. Por exemplo, João é necessariamente um
homem, um animal, um animal racional, capaz de jovialidade.
Animal é um gênero de homem, mas não de João. Animal racional é definição de
homem, mas não de João, pois um indivíduo não pode ser definido. Jovialidade é uma
propriedade de homem, mas não de João, pois não é conversível em João.
Os predicáveis são, além disso, uma classificação dos predicados apenas em
proposições afirmativas, pois o predicado de uma proposição negativa está sempre totalmente
excluído do sujeito e obviamente não pode ser relacionado ao sujeito como espécie, gênero,
diferença, definição, propriedade ou acidente dele. E mais, o predicado pode ser
necessariamente excluído do sujeito. Algumas das mais importantes proposições na filosofia
são proposições negativas necessárias. Dois exemplos: Os juízos contraditórios não podem ser
ambos verdadeiros; Um quadrado necessariamente não é um círculo.
Os predicados podem, é claro, ser classificados nas categorias ou praedicamenta.
Quando o predicado está na mesma categoria que o sujeito, ele declara a espécie ou o gênero
do sujeito com maior ou menor determinação.
As categorias são universais metafísicos diretos, chamados termos de primeira intenção
porque classificam nossos conceitos do ser ou da realidade. Os predicáveis são universais
lógicos reflexivos, chamados termos de segunda intenção porque são completamente mentais,
uma vez que classificam as relações que a mente percebe e
ntre nossos conceitos da
realidade.