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Oi gente, eu sou Fernanda Novaes, e esse é o moça, vc é cinéfila?

Eu assisti O Bar, ou The Bar, ou El Bar, disponível na Netflix não faz muito tempo. Já queria ter
visto ele, mas fiquei um pouco receosa por conta da sinopse que me pareceu um tanto quanto
clichê e não muito atrativa. Mas tomei coragem e acabei vendo.

Bom, esse filme é espanhol dirigido por Álex de la Inglesia. E eu tava achando que eu nunca
tinha visto nada do cara, mas não, estava enganada, recentemente eu assisti Peles, ou Pieles,
onde esse mesmo diretor teve participação como produtor desse filme. E Pele, pra você que
não viu ainda, provavelmente ainda está disponível lá na Netflix, acho interessante você ver
também. Quem sabe eu faça um vídeo falando sobre ele, não sei por que não fiz!

Mas enfim, vamos focar em “O Bar”. A proposta inicial do filme tem um “quê” de Nevoeiro do
Stephen King. Um grupo de pessoas bem diferentes entre si presas em um lugar, mas não por
que querem estar, mas por que há algo desconhecido lá fora que ameaça o grupo todo. A
história é mais ou menos assim: A gente acompanha uma garota, bem estereotipada, e isso é
uma das coisas que já chama atenção no filme, não sei se de uma forma muito boa, todos os
personagens possui um estereótipo muito nítido, e por isso mesmo acaba não sendo muito
original em retratar pessoas assim, é como se víssemos as mesmas personalidades em outros
filmes. Soa familiar. Essa garota entra nesse “bar”, que mais parece na verdade uma
lanchonete, e dai começa a ação. Enquanto ela é bombardeada com pessoas que visivelmente
a incomoda, algo muito estranho acontece lá fora. Um homem é morto bem em frente ao tal
bar. Há todo um tumulto lá fora, as pessoas dispersam até não sobrar ninguém do lado de
fora, e a galera do bar, sem saber ao certo o que fazer permanece no bar.

Tecnicamente, o filme tem cenas muito boas e que funcionam nas partes tensas e de horror.
Antes mesmo de começar a história, o filme possui aquelas entradas com uma intenção
específica. Tem filmes que possui entradas explicativas, como por exemplo no filme Word War
Z, que já começa mostrando notícias sobre doenças, e casos que afetaram drasticamente o
comportamento dos seres vivos, e que só no filme do filme você vai compreender melhor toda
aquela entrada até mesmo misteriosa, que apesar de nem tudo ter significação, a gente fica
encasquetado por que a gente quer saber o que significa cada frame daquele filme. Sou
dessas. Mas tem filmes que possui entradas mais artísticas, simbólicas, metafóricas, e nem
tanto explícitas. No caso do filme em questão, ele possui uma entrada que ao mesmo tempo
quer explicar, mas chega a ser bem conceitual. A gente vê células, organismos, algo que parece
nascer, morrer, se transformar, multiplicar. Microscopicamente tudo parecer ser agora algo
muito maior do que realmente é, e fazer um efeito muito mais complexo do que podemos
imaginar. Que é o que realmente acontece em O Bar.

Uma pessoa morta na rua, na frente de todos. Uma pessoa sai do bar pra tentar ajudar, e
também é morta. Detalhe: Não dá pra saber que é o atirador. Provavelmente um sniper.
Dentro do bar temos pessoas aleatórias, cada um com sua personalidade e traumas bem
peculiares. A mocinha, o bonitinho, o louco, o ex- policial que é o único detém uma arma, o
moço bonzinho que trabalha no bar, o misterioso que acaba sendo suspeito, mas que na
verdade e só uma pessoa esquisita mesmo, enfim, personalidades bem pontuais. Como disse,
talvez isso não seja algo ruim, eu mesma não me incomodei. Até por que o filme beira o
cômico, o humor negro, e funciona bem assim. Mesmo que ao longo ele vai perdendo o
cômico e adicionando elementos de horror.

Na abertura do filme conhecemos alguns personagens através de um plano longo,


entrepassando por alguns deles que veremos mais adiante já dentro do bar. E de cara
conseguimos captar a essência de cada um. Particularmente gosto bastante desse efeito, e foi
algo que funcionou muito bem nesse filme, por que isso faz um papel importante dentro da
narrativa do filme, logo que, posteriormente vamos acompanhar uma mudança
comportamental drástica dos mesmos personagens por conta da tensão instalada dentro do
ambiente. Todos os impulsos vão chegar ao limite, e ai sim, vamos conhecer cada um da forma
mais intensa possível.

Tudo acontece de forma bem rápida, apesar do filme não ser tão curto assim. A ação do filme,
que chega a transitar por vários momentos entre o humor negro e o horror, no final das contas
acaba não sabendo lidar com ambos juntos. Parece que o humor do filme é algo que diverge
muito dos momentos de horror. É interessante a sensação que temos, por mais que isso soa
como algo estranho, perdido, por que uma hora você ta rindo, e dali a pouco você já ta com a
boca aberta com tudo que ta acontecendo ali. Eu confesso que achei até surpreendente
algumas reações comportamentais de alguns personagens que eu não dava nada.

Existe o equilibro, por mais que suas vidas apresentam problemas. O bar é uma representação
do cotidiano das pessoas que passam por ali. Existe o estímulo, que é quando o primeiro
homem é morto, seguido da situação de ter que esperar pela salvação trancafiados ali naquele
lugar pequeno, cheio de pessoas que estão com medo e que por essa razão começam a agir de
forma mais instintiva, não agindo, em nenhuma hora pelo lado racional. A emoção toma conta.
Parecem estar em um jogo de terror. A necessidade acontece no momento em que tentam de
alguma forma organizar o grupo depois que descobrem se tratar de um vírus. Há a
necessidade de se proteger, não só fora do bar, mas dentro também, logo que algumas
pessoas do grupo tocaram em um homem morto, provavelmente infectado, que estava
dentro do banheiro do lugar. A tensão aumenta, há ainda mais medo e desespero no lugar, e o
comportamento muda completamente. A insatisfação da necessidade que uma parte do grupo
desenvolve, chega causar alienação, aflição, nervosismo. A conduta de uma pessoa frustrada
nesse ponto, pode se tornar repentinamente ilógica e sem explicação aparente, totalmente
agressiva, que é o que mais tem nesse filme.

Resumindo, é um filme que vai abordar um tema muito recorrente atualmente:


comportamento humano levado ao extremo devido ao caos, a hostilidade, o medo.

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