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Universidade de São Paulo

Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI

Departamento de Minas de Petróleo - EP/PMI Artigos e Materiais de Revistas Científicas - EP/PMI

2008

Reconciliação pró-ativa em empreendimentos


mineiros

REM: Revista Escola de Minas, Ouro Preto, v. 61, n. 3, p. 297-302, jul./set. 2008
http://producao.usp.br/handle/BDPI/4471

Downloaded from: Biblioteca Digital da Produção Intelectual - BDPI, Universidade de São Paulo
Ana Carolina Chieregati et al.
Mineração

Reconciliação pró-ativa em
empreendimentos mineiros
(Proactive reconciliation in mining industry)

Ana Carolina Chieregati


Professora, Dra., Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo, Escola Politécnica da USP
E-mail: ana.chieregati@poli.usp.br
Homero Delboni Jr.
Professor, Dr., Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo, Escola Politécnica da USP
E-mail: hdelboni@usp.br
João Felipe Coimbra Leite Costa
Professor, Dr., Departamento de Engenharia de Minas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
E-mail: jfelipe@ufrgs.br
Fernanda Bastos Carneiro
Engenheira de Minas, Rio Paracatu Mineração, Kinross.
E-mail: fernanda.carneiro@kinross.com

Resumo Abstract
A prática comum de reconciliação baseia-se na defi- The common practice of reconciliation is based on
nição do mine call factor (MCF) e sua aplicação às esti- definition of the mine call factor (MCF) and its
mativas dos modelos de longo e de curto prazo. O MCF application to resource or grade control estimates. The
expressa a diferença entre a produção prevista pelos MCF expresses the difference, a ratio or percentage,
modelos e a produção registrada na usina e, portanto, between the predicted grade and the grade reported by
sua aplicação permite corrigir futuras estimativas. Esta é the plant. Therefore, its application allows to correct
uma prática de reconciliação reativa. Entretanto a apli- future estimates. This practice is named reactive
cação desses fatores às estimativas dos modelos pode reconciliation. However, the use of generic factors that
mascarar as causas dos erros responsáveis pelas discre- are applied across differing time scales and material
pâncias observadas. As causas reais de qualquer variân- types often disguises the causes of the error responsible
cia só podem ser identificadas analisando-se as informa- for the discrepancy. The root causes of any given
ções referentes a cada variância e, em seguida, modifi- variance can only be identified by analyzing the
cando metodologias e processos. Este é o conceito de information behind any variance and, then, making
prognosticação, ou reconciliação pró-ativa, um proces- changes to methodologies and processes. This practice
so iterativo de recalibração constante dos dados de en- is named prognostication, or proactive reconciliation,
trada e dos cálculos. Portanto a prognosticação permite an iterative process resulting in constant recalibration
uma correção das metodologias de coleta de dados, e of the inputs and the calculations. The prognostication
não, simplesmente, uma correção das estimativas dos mo- allows personnel to adjust processes so that results align
delos. O presente trabalho analisa as práticas de reconci- within acceptable tolerance ranges, and not only to
liação realizadas em uma mina de ouro no Brasil e sugere correct model estimates. This study analyses the
um novo protocolo de amostragem, com base nos con- reconciliation practices performed at a gold mine in
ceitos de prognosticação. Brazil and suggests a new sampling protocol, based on
prognostication concepts.
Palavras-chave: Reconciliação, prognosticação,
amostragem. Keywords: Reconciliation, prognostication, sampling.

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Reconciliação pró-ativa em empreendimentos mineiros

1. Introdução um determinado lote tenham a mesma há custo adicional de perfuração. O pro-


chance de ser extraídas (François-Bon- blema mais sério da amostragem de fu-
A reconciliação é uma atividade ros de desmonte é o enviesamento das
garçon & Gy, 2002). Esse tipo de amos-
desenvolvida na maior parte das empre- amostras causado pela segregação de
tragem denomina-se amostragem não-
sas de mineração e pode ser definida densidade e de tamanho das partículas.
enviesada. Devido à falta de conhecimen-
como a comparação entre uma estimati- Uma das principais causas desse envi-
to dos fundamentos da teoria da amos-
va e uma medição, ou seja, entre os teo- esamento é a perda de finos, o que pode
tragem, muitas empresas perdem milhões
res de minério estimados pelos modelos levar a uma subestimativa ou a uma
de dólares por ano com problemas de
da jazida e os teores produzidos na usi- superestimativa do teor do minério
reconciliação. Estudos demonstram que
na de beneficiamento. Grandes discre- (Snowden, 1993). O enviesamento da
pâncias entre esses valores são um pro- mesmo pequenas melhorias na amostra-
gem resultam em melhorias significativas amostragem é, provavelmente, o erro mais
blema comum em diversas minas de ouro difícil de se medir e, certamente, merece
e de metal básico no mundo, fazendo-se nos resultados de uma operação.
uma consideração especial. Segundo Gy
necessária a adoção de estratégias que O trabalho apresentado a seguir tem (1998), “a heterogeneidade é vista como
minimizem esse problema. por objetivo desenvolver um sistema in- a única fonte de todos os erros de amos-
Historicamente, a reconciliação tem tegrado de reconciliação pró-ativa, ou tragem” e é a única condição na qual um
sido realizada de maneira reativa, i.e., prognosticação, fundamentado no pro- conjunto de unidades pode ser obser-
comparando-se os valores de produção cesso iterativo de análise de variâncias vado na prática.
com os valores estimados pelos mode- e correção de metodologias de coleta de
O planejamento de curto prazo an-
los e aplicando-se fatores, tais como o amostras. Com base nesse sistema, são
teriormente realizado na mina em estudo
mine call factor (MCF), a estimativas propostas alterações no protocolo de
baseava-se na amostragem manual por
futuras, na tentativa de melhorar a previ- amostragem de um empreendimento mi-
pá. Porém esse tipo de amostragem não
são do desempenho de uma operação. neiro, visando a diminuir os erros de
é correta, pois pressupõe que as partí-
Entretanto, conforme observou Morley amostragem, aumentar a confiabilidade
culas dispostas nas porções inalcançá-
(2003), esta não é melhor prática indus- nos dados e melhorar as estimativas dos veis pela pá apresentem as mesmas ca-
trial de reconciliação. Uma prática corre- modelos. racterísticas de qualidade das partículas
ta de reconciliação deve ser realizada de dispostas nas porções mais externas e
maneira pró-ativa, i.e., identificando as superficiais da pilha. Assim, na amostra-
causas das variâncias observadas e mo- 2. Materiais e métodos gem manual por pá, além da variabilida-
dificando as metodologias de coleta de Segundo Crawford (2004), a recon- de existente entre as partículas, os erros
dados e os processos. Só assim podem ciliação não deve, simplesmente, avaliar de amostragem são influenciados pela
ser tomadas ações que reduzam a vari- os modelos de recursos e de controle de disposição das partículas no interior do
ância a um nível aceitável. teor com base no produto final. Na práti- lote. Em conseqüência, a precisão da
A prognosticação é uma alternati- ca, cada etapa da operação deve ser exa- amostragem manual não pode ser es-
va à reconciliação e permite ajustar os minada seqüencialmente: do modelo de timada, tornando-a não confiável
processos de modo que os resultados recursos para a mina, da mina para a usi- (Grigorieff et al., 2002).
estejam sempre dentro de limites aceitá- na (mine-to-mill) e da usina para a meta-
O procedimento experimental ado-
veis. Os erros são analisados com a fina- lurgia ou produto final. O presente tra-
tado objetivou minimizar os erros anteri-
lidade de se tomarem ações corretivas balho está focado na segunda etapa de
ormente descritos, desenvolvendo um
para assegurar que a diferença entre os reconciliação, ou seja, na etapa de com-
amostrador que pudesse reduzir a perda
valores estimados e os valores medidos paração entre os teores da lavra e os te-
de finos e aumentar a representativida-
seja mínima. Dessa maneira, as estimati- ores alimentados na usina.
de das amostras. A alternativa escolhida
vas tornam-se previsões - ou prognósti- As estimativas para o planejamen- foi a utilização de um amostrador setori-
cos - e podem formar uma base para a al estacionário, proposto por Pitard
to de curto prazo são, em geral, basea-
tomada de decisões, assegurando que o (1993), colocado ao redor do furo de des-
das em perfurações adicionais e em
que acontecerá no futuro corresponde monte. Esse tipo de amostrador minimi-
amostragens de frentes de lavra. Na mai-
ao que foi planejado no presente. za os riscos de contaminação do materi-
oria dos casos, utiliza-se amostragem do
A reconciliação é vista como um pó de perfuratriz proveniente dos furos al e os erros cometidos na amostragem
teste de qualidade das estimativas dos de desmonte, o que apresenta duas van- manual. Ao amostrador proposto por Pi-
modelos, porém, sem uma amostragem tagens principais: (a) o espaçamento tard, foi sugerida uma modificação vi-
adequada, capaz de gerar dados confiá- entre os furos é pequeno, resultando em sando a minimizar a perda de finos, um
veis, qualquer análise perde o sentido. uma densidade de amostragem relativa- problema constante na amostragem de
Um ato correto de amostragem requer mente alta, e (b) já que os furos têm que furos de desmonte. Essa modificação
que todas as partículas pertencentes a ser perfurados de qualquer maneira, não consistiu em adicionar uma cúpula semi-

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esférica ao amostrador, de modo que cujos passos tomados seqüencialmente mo procedimento de secagem, quartea-
todo o material proveniente do furo pu- seguiram um processo iterativo de alte- mento e rebritagem. De cada amostra fo-
desse ser coletado, diminuindo, assim, o rações nos métodos de amostragem, vi- ram retiradas 3 alíquotas de, aproxima-
enviesamento das amostras. A cúpula foi sando à diminuição dos erros de estima- damente, 50 g cada para análise de ouro,
construída em material acrílico e possui tiva e das variâncias dos erros de amos- arsênio e enxofre. A média ponderada
a forma de uma semi-esfera, respeitando tragem. Nesse processo, as alterações das 3 alíquotas representou o teor do
as condições de correção de extração da realizadas entre cada passo visaram a furo e a média dos teores dos furos pon-
amostra. O amostrador proposto está ilus- melhorar a qualidade das amostras, au- derada pela respectiva profundidade re-
trado na Figura 1. mentando, portanto, sua representativi- presentou o teor médio do bloco.
dade.
O amostrador setorial é encaixado
à lança da perfuratriz e gera duas amos- O método de reconciliação con-
tras, uma por recipiente, cada uma pe- sistiu na comparação entre os teores
sando, em média, 3 kg. Os recipientes das amostras coletadas na usina (head
setoriais são dispostos em dois quadran- samples) e os teores das amostras cole-
tes do amostrador e suas arestas são ali- tadas na mina (grade control samples).
nhadas com o centro do furo. Cada reci- A amostragem na usina foi efetuada nos
piente coleta um setor da amostra, em transportadores de correia que alimen-
forma de pizza, e o restante do material é tam a moagem, a intervalos de tempo re-
descartado. Este amostrador é dimensi- gulares, consistindo de material equiva-
onado de modo que a amostra coletada lente a 1 m de correia e pesando, em mé-
seja correta, seguindo a teoria de amos- dia, 50 kg cada. As amostras coletadas
tragem de Pierre Gy. O equipamento deve na mina foram provenientes dos furos
dar chances iguais de seleção para to- de desmonte, utilizando o amostrador
das as partículas do lote e, também, deve setorial descrito anteriormente.
amostrar todo o comprimento do furo. A
O total de amostras submetidas ao
Figura 2 mostra o amostrador encaixado
laboratório de preparação e análise quí-
à lança da perfuratriz.
mica, incluindo as amostras da mina e da
A metodologia de amostragem foi usina, foi de 480 amostras. Todas as
baseada nos conceitos de reconciliação amostras foram preparadas e analisadas Figura 1 - Amostrador setorial com cúpula
pró-ativa - ou prognosticação - de Morley, no mesmo laboratório, seguindo o mes- para captação de finos.

Figura 2 - Amostrador setorial acoplado à lança da perfuratriz.

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3. Resultados
A seguir são apresentados os cin-
co passos da reconciliação pró-ativa, re-
presentando as alterações no protocolo
de amostragem na mina e na usina, com
o objetivo de se reduzirem os erros de
estimativa.
1. MINA: substituição da amostragem
por pá manual pelo amostrador setorial.
2. MINA: inserção de borracha de veda-
ção sobre a cúpula do amostrador para
minimizar perda de finos. USINA: in-
clusão de amostragem na usina para
cálculo de reconciliação.
3. USINA: coleta de um maior número de
amostras.
4. MINA: exclusão da borracha de veda- Figura 3 - Teores de ouro estimados pelos diversos métodos.
ção e furação com mais água. USINA:
coleta de um maior número de amos- Tabela 1 - Resultados comparativos entre as práticas de prognosticação e de
tras. reconciliação reativa.

5. MINA: reinserção da borracha de ve-


dação e furação sem água. USINA: Teor Erro de Erro de
Origem Média Variância
menor intervalo de tempo entre coleta # médio estimativa de estimativa de
dos do erro do erro
de amostras. Bloco de Au teor teor
dados m(SE) s²(SE)
(g/t) prognosticação reconciliação
A Figura 3 mostra a comparação
entre os teores estimados pela aplicação MCF 0,385
do MCF às estimativas do modelo e os 1 * * * *
teores estimados pelos novos métodos Mina 0,612
de amostragem na mina e usina.
MCF 0,400
A Tabela 1 mostra os resultados
obtidos para cada bloco e para cada eta- 2 Mina 0,649 -0,024 0,054 3,50% 40,60%
pa de amostragem. Nota-se que as linhas
Usina 0,673
referentes ao MCF representam o teor
de ouro estimado a partir da aplicação MCF 0,522
do mine call factor às estimativas do
modelo da jazida, procedimento comum 3 Mina 0,548 0,029 0,053 4,60% 0,38%
às práticas de reconciliação reativa.
Usina 0,524
A análise da Tabela 1 mostra que as
práticas de reconciliação reativa não nos MCF 0,436
permitem prever e/ou controlar os erros
4 Mina 0,578 0,103 0,040 22,70% 7,40%
de estimativa e, portanto, não são capa-
zes de auxiliar, adequadamente, o plane- Usina 0,471
jamento de lavra. A reconciliação pró-
ativa, por sua vez, ajudou a compreen- MCF 0,265
der alguns dos erros cometidos durante
5 Mina 0,369 -0,011 0,028 1,70% 26,90%
os processos de coleta de amostras, o
que tornou possível a alteração de me- Usina 0,363
todologias visando a minimizar esses
erros. * Não há valor de referência, pois não houve amostragem na usina.

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Sabendo que a variância do erro de 5. Conclusões
amostragem representa a precisão ou
reprodutibilidade das amostras e que a Mesmo conhecendo os conceitos da teoria da amostragem, nem sempre se
média do erro de amostragem representa consegue realizar, industrialmente, o teoricamente correto. A amostragem de ouro,
a acurácia ou enviesamento das amos- em especial, tem suas peculiaridades, principalmente no que diz respeito à segrega-
tras, a seqüência cronológica mostrou ção entre as partículas e à dificuldade em se reduzir a massa de uma amostra sem
uma melhoria nas estimativas, traduzida causar alterações significativas em seu teor. Todos os problemas com a amostragem
pela diminuição da variância do erro de de ouro são ampliados quanto menor o teor de ouro, quanto mais marginal o depó-
amostragem (de 0,054 para 0,028), pela sito e quanto mais irregular a distribuição do ouro na rocha. O presente trabalho
diminuição da média do erro de amostra- estudou um depósito de ouro de baixo teor, utilizando amostras provenientes do pó
gem (de -0,024 para -0,011) e pela dimi- de perfuratriz, onde a precisão de amostragem é baixa e, em geral, há enviesamento
nuição dos erros de estimativa do teor das amostras.
de ouro (de 3,5% para 1,7%).
Portanto, partiu-se da pior situação e procurou-se desenvolver uma metodolo-
A exceção, não menos importante
gia de amostragem que, no mínimo, permitisse conhecer os erros envolvidos nos
que a regra, é feita ao bloco 4, que, ape-
sar de exaustivamente amostrado, apre- processos, de modo que os resultados finais pudessem ser usados, conscientemen-
sentou erros acima do esperado. A pro- te, nos cálculos de reconciliação. A qualidade desses resultados depende da quali-
vável causa desse enviesamento foi o dade e da confiabilidade dos dados de entrada. E, portanto, especial atenção foi
aumento, particularmente para esse blo- dada à geração de dados confiáveis, ou amostras representativas, procurando se-
co, da quantidade de água utilizada na guir as regras básicas de seleção de amostras corretas.
perfuração, com o intuito de diminuir a
Como uma alternativa à reconciliação reativa, foi introduzido o método de re-
geração e a conseqüente expulsão dos
finos. Na realidade, o que ocorreu foi uma conciliação pró-ativa, ou prognosticação, o qual se baseia no processo iterativo de
“lavagem” dos finos para dentro do furo análise e correção de metodologias de coleta de amostras, com o objetivo de tornar
e, assim, a primeira condição de repre- mínima a diferença entre as estimativas e as medições.
sentatividade de uma amostra não foi Os resultados obtidos mostraram que:
satisfeita: a condição de não-enviesa-
mento. As estatísticas, felizmente, con- 1. Com a diminuição das variâncias dos erros, aumentou-se a precisão da amostra-
firmam que, sem dados de qualidade, gem.
qualquer análise perde o sentido.
2. Com a diminuição das médias dos erros, m(SE), aumentou-se a acurácia da amos-
tragem.
4. Discussão 3. Com o aumento da precisão e da acurácia da amostragem, aumentou-se a repre-
Uma amostra é considerada repre- sentatividade das amostras e, conseqüentemente, a confiabilidade nos dados de
sentativa quando as duas seguintes entrada.
condições forem satisfeitas: a amostra é
Conclui-se, portanto, que a prognosticação pode trazer benefícios significa-
acurada (não-enviesada) e precisa (su-
ficientemente reproduzível). Como as tivos a um empreendimento mineiro. É evidente que os erros de amostragem não
práticas de reconciliação baseiam-se nos foram eliminados por completo, mas um passo inicial foi dado e as melhorias foram
resultados de amostragem, um método demonstradas. A aplicação de protocolos capazes de eliminar os erros que podem
de reconciliação deve sempre ter por ser eliminados e minimizar os erros que não podem ser eliminados é uma ferramen-
objetivo aumentar a representatividade tas que nos permite criar um modelo cujas estimativas sejam previsões, ou prog-
das amostras, maximizando, portanto, nósticos, assegurando que os resultados futuros correspondam ao planejamento
sua acurácia e precisão. Os resultados presente.
das práticas de prognosticação apresen-
tados nesse trabalho mostraram, crono-
logicamente, o aumento da representati- 6. Agradecimentos
vidade das amostras, traduzido por: À Rio Paracatu Mineração, representada pelos Engenheiros Luis Alberto
1. Maior acurácia: diminuição da média Alves, Paulo F. Gontijo, Fernanda B. Carneiro, Rodrigo de L. Peroni e Maryse
do erro de amostragem, m(SE). Belanger, pelo Analista de Sistemas Anastácio B. Pains e sua equipe, pelos compa-
2. Maior precisão: diminuição da variân- nheiros de turno da Britagem e por todos os profissionais do Planejamento, Mina,
cia do erro de amostragem, s²(SE). Usina e Hidrometalurgia com quem os autores tiveram a chance de trabalhar.

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KOPPE, J. O problema de amostragem aprovado em 07/05/2008.
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