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Ano 2 | Nº 1 | 2014 | Uma publicação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa

Telemedicina e
telessaúde encurtam
distâncias no Brasil
pág. 16

pág. 8 pág. 14 pág. 26


A tele-educação como Inovação e tecnologia: O alto investimento
importante ferramenta conheça o Painel de de empresas de TI
de ensino e pesquisa Colaboração e Visualização em ações de e-health
sumário

Ponto de troca 3

Transmissão 5
Cresce demanda por capacitação em e-Saúde

Link de Ideias 6
“A conectividade é como as nossas estradas”

Ponto a Ponto 8
A tele-educação como ferramenta de
ensino e pesquisa

Enlaces 12
Rede acadêmica viabiliza ações nacionais do
governo em e-Saúde

Novas Rotas 14
Conecte-se ao painel de visualização avançada

Capa 16
Ações de telemedicina e telessaúde evidenciam
nova realidade da saúde no Brasil

Interconexão 22
Visibilidade para ações da Rute

Conectividade 24
Infraestruturas de rede de alto desempenho a
serviço da saúde

Convergência 26
Empresas de TI investem em ações de e-health

Artigo 30
Programas de e-Saúde nas Américas: mais
2

próximos do acesso universal à saúde


RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

RNP em Revista. Uma publicação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)


Ano 2 • Edição: nº 1 • Ano: 2014

Diretor-geral: Nelson Simões


Gerência de Comunicação Corporativa: Viviane Souza | Coordenação de Comunicação: Stela Tsirakis | Edição: Stela Tsirakis
Redação: Fabíola Bezerra e Viviane Rosalem | Propaganda institucional: Olavo Calaça | Projeto gráfico: Daniele Mazza
Direção de arte: Daniele Mazza | Diagramação: Jaime de Sousa | Ilustração: Rodolpho Henrique
Fotografias e imagens: Cisco, Escola Bahiana de Medicina, Intel, Microsoft, RNP, Shutterstock, Siemens, Telefônica Vivo,
UEA, Uerj, UFSC, UFPE, USP
Impressão: Colorset | Tiragem especial: 1.300 exemplares
Agradecimentos aos entrevistados que compartilharam conosco suas histórias e imagens.
Venda proibida. Nenhuma parte dessa obra pode ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada e repro-
duzida sem autorização prévia.
Os textos publicados podem ser livremente reproduzidos, desde que citada a fonte.
Os conceitos emitidos em artigos assinados exprimem apenas as opiniões de seus autores e são de sua exclusiva res-
ponsabilidade.
ponto de troca

Nosso cotidiano é fortemente mediado pela saúde repercute também na colabora-


tecnologia de informação e comunicação. Já ção internacional. As instituições e os
faz parte da rotina do trabalho ou lazer de grupos de pesquisa brasileiros acabam
qualquer pessoa a expectativa de uma cone- participando da organização de melho-
xão contínua à internet. Contudo, há muitos res práticas e políticas para Telessaúde.
brasileiros que ainda não dispõe dessa experi- E, especialmente na América Latina,
ência, especialmente na educação continuada essa integração permite ampliar o im-
e na pesquisa, uma limitação que impede a pacto das redes nacionais de pesquisa
qualificação e a produção de conhecimento em diversos países.
para a sociedade.
Isso exige uma parceria estratégica
Há 22 anos, a Rede Nacional de Ensino e Pes- entre profissionais de tecnologia em Nelson Simões,
quisa (RNP) desenvolve ações de ampliação e diretor-geral da RNP
cada campus. Uma abordagem que
uso de sua infraestrutura de rede e serviços. permite a construção de uma visão co-
Com o apoio do Programa Interministerial, hoje mum sobre a relevância de tecnologias
envolvendo os ministérios da Ciência, Tecnolo- de informação e comunicação para a
gia e Inovação (MCTI), Educação (MEC), Saúde
educação superior e a pesquisa.
(MS) e Cultura (MinC), visamos materializar um
ambiente de comunicação e colaboração cuja As mudanças realizadas na educação e
fruição independa da localização do campus no pesquisa global não permitem manter
território. Essa meta implica na construção de os mesmos modelos em que apenas
parcerias para melhorar ou implantar infraes- os engenheiros e especialistas de TI
trutura de redes no interior, realizar ações de se responsabilizavam por esclarecer e
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), qualificar apontar as possibilidades e limitações
recursos humanos e desenvolver serviços sim- de novas tecnologias. Cada vez mais,
ples, previsíveis e de qualidade. precisamos que as lideranças de TI
conheçam a estratégia da educação
Operando em dezenas de gigabits por segun-
e pesquisa em saúde e interpretem o
do desde 2010, a rede nacional habilita novos
cenário tecnológico. Por outro lado, os
usos como o vídeo de muito alta definição,
dirigentes de nossas organizações tam-
a transferência de dados massivos e a co-
bém precisam aumentar a consciência

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municação simultânea de uma comunidade
acadêmica que ultrapassa quatro milhões de sobre essas transformações.
alunos, professores e pesquisadores. Nesse
Acreditamos, pois, que não deveria RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
ecossistema, os atores do campo da saúde
existir uma separação entre o que
vêm liderando de forma consistente o uso
uma organização de tecnologia faz e a
inovador de aplicações. A maior evidência é a
missão acadêmica de nossos campi e
evolução da Rede Universitária de Telemedicina
hospitais de ensino. Nosso Fórum RNP
(Rute), que aprimora a assistência, o ensino, a
2014 olha para esses desafios e convida
pesquisa e a gestão em saúde. Agora, as novas
você a considerá-los conosco. Estamos
possibilidades criadas pela Empresa Brasileira
muito entusiasmados com as possi-
de Serviços Hospitalares (EBSERH) e o MEC am-
bilidades dessa construção. Achamos
pliam a qualidade e a disponibilidade de educa-
que temos os componentes essenciais:
ção continuada e a formação dos profissionais
de saúde nos hospitais universitários federais. pessoas, artefatos e tecnologias, que
nos permitem compartilhar essa nova
A experiência interministerial de cooperação em visão e desdobrá-la em uma estratégia
tecnologia aplicada à educação e pesquisa em comum em rede.
Segurança na nuvem:
como se proteger das
tempestades

05.09.2014
local: Hotel San Marco
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aSa Sul - braSília - dF
inScriçõeS e tranSmiSSão online:
Horário: 9h às 18h
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Realização
transmissão

Cresce demanda por


capacitação em e-Saúde
Prontuários eletrônicos e outros novos
processos têm alterado a rotina de quem
trabalha na área
Quando conclui sua formação e
entra no mercado de trabalho, o
profissional de saúde se depara com
uma infinidade de ferramentas tecno-
lógicas necessárias para o exercício de
suas atividades. Segundo o Conselho
Brasileiro de Telemedicina e Telessaú-
de no Brasil (CBTMS), a demanda por
profissionais capacitados na área vem
aumentando nos últimos anos, diante
das novas práticas em saúde digital,
como prontuários eletrônicos, sistemas
e bases de dados e processamento
de sinais e imagens. De acordo com o
presidente do CBTMS, Cláudio Souza, as
tecnologias avançadas contribuem para
a capacitação na área em duas verten-
tes: na tele-educação, com o uso da
tecnologia no ensino a distância, e na cada hospital universitário contratante da EBSERH re-
teleassistência, para a troca de conheci- ceberão formação técnica em redes de computadores,
mento e assistência à população. em uma carga horária de 120 horas.

Através de sua Escola Superior de Já a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) —


Redes (ESR), a RNP tem apoiado ações uma das pioneiras a ter cursos de mestrado e douto-
de capacitação para grupos de saúde rado na área —­­ é parceira da Universidade Aberta do

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desde 2008, quando mais de 200 pes- Brasil (UAB) desde 2007 e atualmente oferece dez cur-
soas da equipe técnica do Ministério sos de capacitação, seis de especialização em saúde. A
da Saúde receberam treinamento em professora adjunta da Faculdade de Enfermagem da
Voz sobre IP (VoIP). Mais cursos foram UNIFESP e coordenadora adjunta do Programa Te- RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
oferecidos desde então, para treinar os lessaúde Brasil Redes, Cláudia Barsotinni, destaca o
técnicos que atuam na Rede Univer- aumento da demanda pelo curso de especialização em
sitária de Telemedicina (Rute), em Informática e Saúde. Somente em 2013, foram rece-
hospitais universitários e outros órgãos bidos 2,9 mil pedidos de inscrições para 700 vagas. “A
públicos, como sistemas de videocon- ementa é voltada para profissionais de todas as áreas
ferência e gerência de redes. “Brasília, e abrange desde a formação de recursos humanos até
por ser no centro do país, tem sido um disciplinas práticas”, explica.
ponto de concentração de demandas
distribuídas. Com o crescimento da de- Na Universidade de São Paulo (USP), a Escola de
manda, faremos cursos em todo Brasil”, Enfermagem percebeu uma procura maior pelo curso
afirma o coordenador nacional da ESR, de atualização em gestão em saúde e enfermagem.
Luiz Coelho. Ministrado totalmente online e voltado para cargos
gerenciais, 50% das vagas são oferecidas para o Brasil
Atualmente, a RNP está envolvida na e 50% para Portugal, em parceria com a Universidade
formação de técnicos para operar as do Porto. A USP ainda mantém um Centro de Estudos
redes da Empresa Brasileira de Servi- em Telenfermagem (CETENF), com dois laboratórios
ços Hospitalares (EBSERH), dentro do virtuais de aprendizagem, que permitem aos alunos
projeto Rede de Gestão de Hospitais o uso de videoconferência para discussão de casos
Universitários (RGHU). Três técnicos de clínicos a distância.
link de ideias

Claúdio de Souza
O atual presidente do Conselho
Brasileiro de Telemedicina e
Telessaúde fala sobre o panorama
e os desafios da área no Brasil

No ano passado, o então professor maioria dos núcleos de telessaúde estão


da Faculdade de Medicina e coordena- implantados em instituições públicas
dor geral do núcleo de telessaúde da federais e estaduais. Um dos pontos im-
Universidade Federal de Minas Gerais, portantes no amadurecimento da tele-
Cláudio de Souza, passou a acumular medicina brasileira foi a consciência de
mais uma função em seu currículo: a de que é uma atividade multiprofissional,
presidente do Conselho Brasileiro de que envolve gestão com planejamento
Telemedicina e Telessaúde (CBTMs). A de sustentabilidade, pesquisa e desen-
frente do novo posto, passou a conhe- volvimento de conceitos e soluções para
cer mais de perto a realidade da área aplicação em educação, saúde e pesqui-
de saúde digital no país, os avanços no sa científica, além de discutir aspectos
setor e os problemas que ainda per- éticos e legais.
sistem, como a dificuldade de conexão
e de acesso à internet em banda larga RNP - Quais são os principais desafios A conectividade é
que o país ainda enfrenta na área?
em certas localidades. “A conectividade
Claúdio de Souza - As dificuldades
fundamental para
é fundamental para a telemedicina e a
telessaúde, é como as nossas estradas”, de conexão e de acesso à internet a telemedicina
compara. Mas ele acredita que novos de banda larga com capacidade de e telessaúde, é
paradigmas estão por vir. transmissão de imagens de qualidade
como as nossas
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nas vídeo e webconferências, princi-


RNP - Qual o panorama atual da tele- palmente em áreas remotas do interior estradas. Ela,
medicina no Brasil? do país, onde esses problemas ainda
inclusive, atrai
RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

Claúdio de Souza - Podemos dizer existem, porque as operadoras não têm


que a telemedicina no Brasil está bem interesse em implantar infraestruturas o médico para
avançada, por conta dos projetos fede- de comunicação nessas áreas. A conec- atendimento em
rais que foram implantados no âmbito tividade é fundamental para a teleme-
da saúde pública como o Telessaúde dicina e telessaúde, é como as nossas
lugares remotos.
Brasil Redes, iniciado em 2007, com o estradas. Ela, inclusive, atrai o médico
propósito de melhorar a qualidade do para atendimento em lugares remotos
atendimento e da atenção básica no Sis- porque, mesmo não tendo todos os
tema Único da Saúde (SUS), integrando equipamentos adequados, ele consegui-
ensino e serviço por meio de ferramen- rá fazer um bom trabalho com a ajuda
tas de tecnologias da informação, que do telediagnóstico, segunda opinião e
oferecem condições para promover a interação com outros profissionais por
teleassistência, o telediagnóstico e a te- meio de ferramentas de colaboração a
leducação. E as universidades brasileiras, distância. Outro ponto que vale destacar
inclusive, foram fundamentais para fazer é a falta de capacitação de grande parte
esse projeto decolar, uma vez que a das equipes de saúde para usarem as
link de ideias

modernas tecnologias de informação e definitiva no estilo de trabalho e comunicação dos


Arquivo pessoal

comunicação, embora essa dificuldade médicos, enfermeiros e agentes de saúde.


esteja sendo superada com o treina-
mento desses profissionais.

RNP - O Brasil está em que estágio no


Na Austrália, já existe
cenário mundial de telemedicina? a telepsicoterapia. Os
Claúdio de Souza - Na América Latina, pacientes fazem uma
o Brasil é líder na área. Alguns países
como México e Costa Rica começaram ou duas entrevistas
a adotar a telemedicina antes, mas nós presenciais com o
temos mais recursos hoje em dia. Posso
dizer que a Europa, tendo como exem-
terapeuta e depois,
plo países como a Espanha, França e só se consultam por
Portugal, está mais avançada do que as videoconferência.
Américas. Na França, nos atendimentos
de urgência, por exemplo, o paciente
é avaliado e medicado na ambulância. RNP - Isso pode impactar em uma mudança de com-
Uma ultrassonografia pode ser feita portamento do paciente e do médico?
e repassada ao hospital antes mesmo Claúdio de Souza - Hoje os pacientes não precisam
do paciente chegar lá. As ambulâncias se deslocar a um centro de saúde ou hospital para
são localizadas por GPS e acionadas aferir a pressão e consultar a taxa de glicose no san-
de acordo com cada problema. Se gue, porque já existem aparelhos de uso fácil como
o paciente sofreu um problema de pulseiras, colares e coletes, capazes de captar sinais
traumato-ortopedia, será atendido por dos pacientes e transmití-los via wireless para compu-
uma ambulância equipada para atender tadores ou smartphones, e daí serem encaminhados
casos dessa especialidade médica. ao médico ou à central médica responsável pelos
cuidados domiciliares (homecare). Muitos pacientes,
RNP - Sabemos das vantagens da inclusive, estão aprendendo a fazer uso dos recursos
Telemedicina e Telessaúde no Brasil. da telemedicina. Na Austrália, a telepsicoterapia está
E os riscos, quais são? muito desenvolvida. Os pacientes fazem uma ou duas
Claúdio de Souza - Na área de saúde, entrevistas presenciais com o terapeuta e depois, só
riscos podem acontecer a qualquer se consultam por videoconferência. As sessões são
momento, seja por falha de diagnóstico agendadas e pagas, como nos cursos de educação a

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ou de tratamento ou do profissional distância. Esse tipo de serviço funciona bem e ainda
atuante. As práticas de saúde com gera conforto e satisfação. A mudança de comporta-
emprego das TIC não fogem à regra. mento também ajuda nos casos de internação, em que
Mas existem normas e legislações do o paciente pode decidir se prefere ficar no hospital ou RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
Conselho Federal de Medicina. No em casa, sendo acompanhado por um profissional de
Brasil, por exemplo, só é permitida a saúde que mantenha o médico responsável ciente.
teleconsultoria de profissional para
profissional, com a presença ou não do RNP - Quais são os pontos mais relevantes em relação
paciente e consentimento do mesmo. à consolidação da Telemedicina no Brasil?
Em muitos países da Europa, a tele- Claúdio de Souza - A telemedicina veio para ficar.
consulta entre médicos e pacientes No mundo inteiro, os avanços na área de saúde estão
diretamente é permitida. Há possibi- relacionados ao desenvolvimento da e-Saúde como
lidade de escolha entre uma consulta um todo. Espero que os profissionais de saúde não
médica presencial ou pela internet. O ofereçam resistência ao bom uso da tecnologia, evi-
paciente tem autonomia para acionar o dentemente sem perder a visão humanística das pro-
médico e tratar do seu caso por vide- fissões de saúde. No Brasil, como a população precisa
oconferência, sem a intermediação de de cuidados, o que se tem a fazer é apostar e investir
outro profissional de saúde. É por isso muito nessa área. A saúde é o nosso maior patrimônio
que as TIC estão impactando de forma e deve ser nosso foco, hoje e sempre.
ponto a ponto

A tele-educação
como ferramenta de
ensino e pesquisa
Instituições desenvolvem ações e ferramentas
RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

para a educação permanente e integração entre


professores, alunos e profissionais de saúde
Destaca-se na saúde a modalidade de O Laboratório de Telessaúde da Universidade do
ensino que se utiliza das tecnologias Estado do Rio de Janeiro (Uerj) usa a tele-educação
de informação e comunicação (TIC) e no projeto Telessaúde na Escola, criado em 2011,
recursos de áudio, vídeo, texto e anima- para promover a saúde e prevenir doenças, utili-
ções gráficas para levar o conteúdo de zando multimeios em telessaúde. Profissionais de
forma atraente e eficaz aos aprendizes: saúde, alunos e comunidades comunicam-se por
a tele-educação. Concebida como uma webconferência e, além da abordagem de assun-
ferramenta de promoção da educação tos variados, podem acessar sites interativos sobre
permanente e colaborativa, constitui-se dengue, tuberculose, obesidade infantil e diabetes,
como um dos meios mais eficazes de com jogos, eBooks, cálculo automatizado do Índice
atuação da Telessaúde. de Massa Corporal (IMC) e outros materiais.
ponto a ponto

Imagem: arquivo Uerj


“Os médicos, nutricionistas, enfermeiros e psicólogos
Imagens: Disciplina de Telemedicina da FMUSP

que fazem parte do projeto abrem um canal direto


para apresentação de temas e esclarecimento de
dúvidas. Hoje, algumas crianças já enviam por e-mail
ou pelas redes sociais sugestões de temas para os
próximos eventos”, conta a médica e coordenadora
Alexandra Monteiro. O Laboratório de Telessaúde da
Uerj também oferece cursos de atualização a distância,
além de seminários temáticos para profissionais da
saúde, sejam eles brasileiros ou estrangeiros.

Na Faculdade de Medicina da Universidade de São


Paulo (USP), destaca-se a Educação Interativa apoiada
em Tecnologia (Educação 3.0), que compreende quatro
áreas: Inovação em Laboratório de Aprendizagem Ati- As informações do projeto Telessaúde na Escola podem ser
va (Inovalabs), Centro de Produção Digital em Saúde, acessadas de qualquer computador ou dispositivo móvel.

Laboratórios de Habilidades e Simulações e Ambientes


de Avaliações Integradas de Competências. Dentro fessores, alunos, médicos e profissionais
dos projetos de Inovalabs, estão o Laboratório de de saúde”, explica o professor e chefe da
Aprendizagem Clínico Prático em Saúde, com soluções disciplina de Telemedicina da Faculdade
tecnológicas como o Tablet da Saúde; e o Laboratório de Medicina da USP, Chao Lung Wen,
de Mídias Interativas 3D, no qual está inserido o pro- quem concebeu tal ferramenta. Ele cita
jeto Homem Virtual, que utiliza recursos visuais para os benefícios do equipamento tecno-
transmitir conhecimento, auxiliando na capacitação de lógico. “Os conteúdos nele gravados
profissionais de saúde, na orientação de pacientes e promovem a atualização profissional
na promoção da saúde do público em geral. continuada e orientam a população. No
caso da amamentação, os vídeos educa-
O Tablet da Saúde possui um conjunto de conteúdos tivos ensinam como o bebê deve mamar
digitais sobre temas como etiqueta respiratória, ama- sem ficar sufocado e como a mulher
mentação e aleitamento, saúde mental, vacinação, dia- deve interromper a sucção do leite sem
betes, cuidados com higiene, orientação sobre drogas, ferir o mamilo”, ressalta.
álcool e fumo, que podem ser acessados de forma rá-
pida e offline. O acesso à internet só é necessário para O projeto Homem Virtual usa os re-
a renovação da carga do conteúdo existente ou para cursos de computação gráfica 3D que,
somados aos conhecimentos científicos,

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promover a interação. “Os tablets da saúde podem ser
usados em Atenção Primária à Saúde, no atendimento permite a visualização detalhada e o en-
a domicílio, em atividades intra-hospitalares, e em ins- tendimento dos processos fisiológicos,
tituições de ensino, como ferramenta de aprendizagem fisiopatológicos, da ação de medica- RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
e como recurso de troca de conhecimentos entre pro- mentos e dos procedimentos cirúrgicos,
entre outros. “O Homem Virtual surgiu
em 2003, porque precisávamos mostrar
a pessoas cujos membros inferiores ha-
viam sido amputados quais os músculos
que precisavam fortalecer para poderem
voltar a andar normalmente usando
uma prótese”, explica Chao. “A partir de
então, veio a ideia de utilizar a com-
putação gráfica para explicar de forma
simples, detalhada e dirigida os diversos
assuntos sobre saúde”, afirma.

Tablet da Saúde: conteúdos digitais e


informativos sobre temas variados.
ponto a ponto

Imagens: Disciplina de Telemedicina da FMUSP


A construção do Homem Virtual é
resultado da integração de especialistas
científicos, de profissionais de teleme-
dicina e digital designers, e pode ser
instalado em computadores e tablets.
Mais do que imagens, as matrizes 3D
do Homem Virtual também podem
ser transformadas em peças físicas,
utilizando-se impressoras 3D ou braços
robóticos de escultura para produção de
peças em tamanhos reais.

Também estão previstas parcerias com


universidades brasileiras para utilizar o
acervo do Homem Virtual como instru-
mento educacional. “Os próprios alunos
poderão acessar o material nas biblio-
tecas para complementar os conheci-
mentos adquiridos nas aulas e tam-
bém poderão utilizá-lo para construir
simuladores, a partir das sequências da
computação gráfica”, garante Chao.

Além das atividades de tele-educação,


algumas universidades passaram a
incluir na sua grade curricular disciplinas
relacionadas à telemedicina e à teles-
saúde. Na faculdade de Medicina da
USP, a disciplina de Telemedicina, che-
fiada pelo professor Chao, foi a primeira
a ser criada no Brasil e hoje está pre- Os recursos de computação gráfica 3D permitem a visualização detalhada
sente na graduação, na pós-graduação do corpo humano e o entendimento dos processos fisiológicos. Acima, a
e na extensão universitária. Tem como imagem ampliada da entrada do canal auditivo externo. Abaixo, a anatomia
abdominal masculina, com destaque para os intestinos grosso e delgado.
objetivos a consolidação de linhas de
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pesquisas na área, inovação, formação,


promoção da saúde nas comunidades
por meio do Projeto Jovem Doutor e
RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

A medicina da
USP inova na
educação mediada
por tecnologia:
interativa e focada
no processo de
aprendizagem
colaborativa.
Chao Lung
FMUSP
ponto a ponto

Banco de imagem: USP

Grupo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em videoconferência com a Universidade do Estado
do Amazonas (UEA) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): discussão de processo cirúrgico.

de parcerias com instituições nacionais pelas disciplinas eletivas sobre Telemedicina e Informática aplicada à
e internacionais para criação de redes Saúde, dentro do programa de pós-graduação em Medicina. E na Uni-
colaborativas e desenvolvimento do versidade Federal de São Paulo (Unifesp), o curso de pós-graduação
e-health, mobile-health e eCare. em Informática em Saúde contempla, não só a disciplina Telemedicina
e Telessaúde, como Gestão e Informática em Saúde e Educação Digital
Na Universidade Federal de Alagoas
em Saúde. Na Universidade Federal de Goiás (UFG), a disciplina de
(Ufal), a disciplina Telemedicina e Teles-
Telemedicina está ligada ao Departamento de Cirurgia da Faculdade
saúde está presente na grade do curso
de Medicina. E na Universidade Federal do Ceará (UFC), a disciplina
de graduação em Medicina, desde 2009.
de Telessaúde será implementada no programa de pós-graduação em

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No programa, são abordados assun-
Cirurgia, para alunos de mestrado e doutorado.
tos como introdução geral ao uso de
tecnologias de informação e informática
A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) estabeleceu, na matriz
em saúde; conceitos e aplicações de RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
curricular dos cursos de Medicina e Saúde Coletiva, a disciplina
telessaúde, e aspectos éticos e legais. “A
Telemedicina e Telessaúde, com o objetivo de desenvolver, nos futu-
criação dessa disciplina na universidade
ros profissionais de saúde, as competências necessárias à realização
foi um importante passo para sensibili-
de teleconsultorias e educação continuada por telessaúde, qualifi-
zar a comunidade cientifica para a im-
cando-os, com menores custos e maior resolutividade.
portância da área no desenvolvimento
do Estado”, ressalta o coordenador do
Na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a disciplina Introdu-
núcleo Rute da Ufal, Marcelo Oliveira.
ção à Informática em Saúde consta na grade da graduação e no pro-
Na pós-graduação, conceitos sobre
grama de pós-graduação em Cirurgia. Sistemas de informação em
Telessaúde e como operar as ferramen-
saúde, prontuário eletrônico do paciente, imagens médicas digitais,
tas de TIC são aprendidas no curso de
telessaúde, e as questões éticas e legais das práticas tecnológicas
Informática Médica e Telemedicina do
são alguns dos tópicos abordados na graduação. Na pós-graduação,
programa de Mestrado em Modelagem
o objetivo é apresentar recursos da Informática que possam ins-
Computacional do Conhecimento.
trumentalizar os estudantes para a pesquisa na internet e a escrita
Na Universidade Federal do Estado do de documentos científicos, e apresentar os principais avanços das
Rio (Unirio), os alunos podem optar Tecnologias da Informação na Saúde.
enlaces

Rede acadêmica viabiliza


ações nacionais do
governo em e-Saúde
Parcerias da RNP com Ministério da Saúde
beneficiam comunidade científica e população
Através da infraestrutura de comuni- Implementado pelo Ministério da Saúde (MS) em
cação em alta velocidade provida pela 2007, o Programa Telessaúde Brasil Redes, que busca
RNP, uma série de ações do Ministé- apoiar os profissionais de atenção básica do SUS no
rio da Saúde que englobam o uso de atendimento remoto aos pacientes, emprega tecno-
tecnologias avançadas tomou corpo e logias avançadas para auxiliar os colaboradores da
pôde ampliar sua área de atuação em saúde. Isso dá-se de diversas formas: na teleducação,
todo o território nacional. Seja na dis- ou seja, na capacitação a distância e desenvolvimen-
seminação de conhecimento científico, to de objetos de aprendizagem; na teleconsultoria e
fomento à pesquisa, capacitação de segunda opinião formativa, intercâmbio de conhe-
profissionais, gestão de informações cimento entre especialistas; e no telediagnóstico,
ou melhor atendimento à população, o para análise de exames a distância e atendimento
desempenho e a capilaridade da rede remoto a pacientes. Seus principais benefícios são
acadêmica no Brasil exercem um papel evitar encaminhamentos para outras unidades de
estratégico no alcance das políticas saúde, garantindo mais agilidade na atenção primária
públicas nacionais em saúde digital. e comodidade para o paciente, além de uma maior
interação entre especialistas para a produção de
conhecimento científico.

A RNP oferece um curso de teleconsultoria em


parceria com o Telessaúde Brasil Redes, voltado
para o cuidado profissional da unidade de
saúde básica. Nele, o profissional que vai
responder às dúvidas, de forma assín-
crona, faz um treinamento para seguir
um padrão e garantir uma qualida-
de melhor nas respostas.

Para o diretor do Departamen-


to de Gestão de Educação na
Saúde do Ministério da Saú-
de (DEGES/MS), Alexandre
Medeiros, pelas ferramen-
tas de TIC serem relativa-
mente novas, leva certo
tempo para que sejam
incorporadas ao dia a dia
de trabalho nas unidades
enlaces

Telessaúde Brasil Redes em números

Presente em 23 estados Mais de 1,7 milhão


e 3.417 municípios de telediagnósticos
um total de 8.097 pontos de
Telessaúde em Serviços de Saúde

714 segundas
204 mil opiniões formativas
teleconsultorias

Fonte: Coordenação Nacional Telessaúde Brasil Redes / Departamento de Gestão da Educação na Saúde /
Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde / Ministério da Saúde

de saúde. A mesma opinião é compartilhada pelo distantes das unidades de referência


coordenador nacional da Rede Universitária de Tele- – agora ganhou um novo componen-
medicina (Rute), Luiz Ary Messina, que acredita que, te, a Empresa Brasileira de Serviços
à medida que novas gerações entrem no mercado de Hospitalares (EBSERH) .
trabalho, a tendência é de que elas se sintam mais à
vontade com essas ferramentas. Ao assumir a gerência dos hospitais
universitários federais, a EBSERH tem
UNA-SUS e EBSERH o intuito de promover um movimento
Outra organização que se beneficia da infraestrutu- ainda mais integrado de telessaúde no
ra da RNP é o Sistema Universidade Aberta do SUS Brasil. É o que anuncia o presidente da
(UNA-SUS), criado pelo Ministério da Saúde em 2010 empresa, José Rubens Rebelatto, que
para atender às necessidades de capacitação e educa- aposta nas tecnologias avançadas para
ção permanente dos profissionais de saúde que atuam promover mais sinergia entre estudan-
no SUS. Esse sistema é composto por uma rede cola- tes e professores. “Os alunos poderão
borativa que reúne 36 instituições de ensino superior, ser guiados por seus professores não
um Acervo de Recursos Educacionais em Saúde (ARES) só presencialmente nos hospitais, mas
e a Plataforma Arouca, base de dados que armazena também remotamente, através de video
e webconferência e outros recursos. Eles

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informações de interesse para os profissionais de saú-
de do Brasil, como oportunidades educacionais mais perceberão o impacto dessas ferra-
próximas de sua cidade. mentas e levarão essa experiência e
aprendizado para sua vida profissional,
RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
Segundo o consultor da UNA-SUS, Roberto Esteves, des- replicando as boas práticas do uso des-
de o lançamento do sistema, a Universidade Aberta do sas tecnologias na rede hospitalar e de
SUS alcançou resultados expressivos que reduziram o atenção à saúde do país”, afirma.
déficit de profissionais em saúde da família. Hoje, mais
de 15 mil médicos dessa subespecialidade estão forma- Segundo ele, a expectativa é que a
dos ou matriculados. Influenza, Dengue, Vacinação con- infraestrutura de TI, viabilizada pela
tra o HPV, Atenção Domiciliar, Tuberculose e Tecnologias rede acadêmica, também contribua para
Assistivas são alguns dos cursos oferecidos atualmente. melhorar a prestação de serviços do SUS
à população. “Essas soluções de TI tam-
Esse grande movimento iniciado pela Rute, pelo bém fornecerão informações fundamen-
Telessaúde Brasil Redes e pela UNA-SUS, cada um tais para atender melhor à população,
com o seu foco – a Rute nos hospitais de ensino, desde prescrições médicas plenamente
promovendo a troca de conhecimento entre profis- legíveis, feitas em computador, até dados
sionais de diversas subespecialidades, a UNA-SUS que auxiliarão na redução do tempo de
no treinamento de profissionais do SUS na aten- espera por atendimento, por exemplo”,
ção básica e o Telessaúde no atendimento a locais complementa Rebelatto.
novas rotas

Conecte-se ao painel de
visualização avançada
Ferramenta de alta definição permite o
compartilhamento de mídia e interação em
atividades de ensino e pesquisa
14

Um painel de monitores conectados a uma rede instituições em todo o mundo para


de alta capacidade, onde é possível compartilhar potencializar a comunicação.
RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

imagens, vídeos, mapas, planilhas e apresentações,


em tempo real e alta definição. A ferramenta tecno- A tecnologia permite o compartilha-
lógica atende pelo nome de Painel de Colaboração mento de desktop, visualização de
e Visualização e tem sido apresentada pela Diretoria conteúdos em alta resolução ou de
de Pesquisa e Desenvolvimento da RNP como um múltiplos conteúdos simultâneos, como
equipamento capaz de explorar as possibilidades de imagens, vídeos, mapas, planilhas e
compartilhamento de mídia e ampliar as atividades de apresentações, de fontes remotas ou lo-
colaboração entre usuários em videoconferências. cais através da rede, sem o uso de cabos
de vídeo. Suas principais características
Dotados de quatro monitores e placas de vídeo que são a escalabilidade e a capacidade de
suportam resolução em 4K (quatro vezes superior executar múltiplas aplicações.
à full HD), os protótipos implantados pela RNP são
controlados pelo middleware SAGE (Scalable Adap- “Com o recurso, é possível realizar reu-
tive Graphics Environment), software desenvolvido niões por videoconferência ao mesmo
por pesquisadores da Universidade de Illinois, em tempo em que múltiplos dados, mapas,
Chicago, nos Estados Unidos, e incorporada por simulações e apresentações são visualiza-
novas rotas

dos, além de atividades de ensino, em que estudantes e qualidade, nitidez e


Banco de imagens: Escola Bahiana de Medicina e RNP

professores podem exibir de forma remota a tela de seus detalhes mostrados,


laptops no painel”, explica o gerente de Comunidades e a impressão é de
Aplicações Avançadas da RNP, Leandro Ciuffo. maior visualização,
até mesmo de quem
A fim de disseminar a aplicabilidade da ferramenta, a está no centro cirúr-
RNP selecionou, em 2012, seis instituições para utilizar gico”, explica.
o protótipo do Painel de Colaboração e Visualização
em suas atividades regulares de ensino e pesquisa. Segundo Ciuffo, a
Uso do Painel na Escola Bahiana.
Uma das selecionadas foram a Escola Bahiana de RNP dá suporte, trei-
Medicina e de Saúde Pública, em Salvador (BA), que namento e fornece o kit para instalação
trabalha em parceria com o Hospital Santa Izabel, do equipamento, com um manual em
também localizado na capital. português, desenvolvido pela organiza-
ção. “Mesmo não possuindo um Painel,
Desde o ano passado, as aulas são compartilhadas en- basta o usuário instalar uma ferramenta
tre as duas instituições usando, concomitantemente, a em seu notebook para compartilhar
videoconferência e o Painel nas transmissões de casos arquivos ou a tela do seu desktop para
clínicos, com imagens de exames de raio-x e tomogra- uma instituição que tem o equipamen-
fia, para alunos e residentes presentes no auditório do to”, explica. Na RNP, foram instalados
hospital e na sala de videoconferência da escola. “As dois painéis, para uso interno, nas
imagens são transmitidas simultaneamente enquan- unidades de Brasília e Rio.
to a aula é realizada. Os alunos podem tirar dúvidas
em tempo real”, conta o vice-coordenador do Núcleo O projeto do Painel de Colaboração e
de Telemedicina e Telessaúde da Escola Bahiana e Visualização foi desenvolvido em par-
gestor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico ceria com o Laboratório de Arquitetura
Educacional (CEDETE) da instituição, profº Antônio e Redes de Computadores do Departa-
Carlos Costa. “Gostamos muito da ferramenta e, como mento de Engenharia de Computação
próximo passo, pretendemos realizar as transmissões da Escola Politécnica da Universidade
de cirurgia do centro cirúrgico do hospital. Participa- de São Paulo (USP), responsável pelo
mos, por vídeoconferência, da primeira transmissão apoio técnico para utilização, gerencia-
de cirurgia em 4k realizada no Brasil e, diante da mento e customização dos painéis.

RNP transmite pela primeira vez

15
cirurgias com transmissão simultânea em 4K
Em 2013, a RNP promoveu a Para isso, foi utilizado o pacote de
primeira transmissão de qua- software denominado ‘’Player Fogo’’, RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
tro cirurgias em 4k, em tempo desenvolvido pelo o Laboratório de
real e de forma simultânea, do Aplicações de Vídeo Digital da Univer-
Brasil para os Estados Unidos. sidade Federal da Paraíba (Lavid/UFPB),
Os hospitais universitários fe- em parceria com a RNP, que transmite,
derais de Porto Alegre (HCPA/ reproduz, armazena e transcodifica os
UFRGS), do Espírito Santo (HUCAM/UFES) e do Rio vídeos em UHD (Ultra Alta Definição).
Grande do Norte (HUOL/UFRN), além da Faculdade de
Odontologia da USP, foram as instituições responsáveis “Trata-se de um grande ganho para a
pelos procedimentos. educação. Com as transmissões em 4K,
estudantes, pesquisadores e profissionais
A demonstração inédita teve dois pontos de visualiza- de saúde poderão assistir às cirurgias de-
ção: um em Brasília, no Brasil, e o outro em San Diego, talhadamente e discutir com os especia-
na Califórnia, nos Estados Unidos, onde o evento foi fei- listas. Para se ter uma ideia, um coração,
to pelo CineGrid, associação internacional integrada por por exemplo, passa a ter o tamanho de
entidades e estúdios de cinema, empresas de tecnolo- um ser humano na tela”, disse Luiz Ary
gia, universidades e redes de pesquisas de vários países. Messina, coordenador nacional da Rute.
Ações de telemedicina e
telessaúde evidenciam
nova realidade da saúde
no Brasil
capa

Iniciativas públicas
como os programas
Telessaúde Brasil
Redes e Rute
beneficiam a
população e
contribuem para o
avanço da saúde
digital no país

Sempre que precisava fazer um exame


de vista, a costureira Ana do Nascimen-
to acordava antes do sol nascer, pegava
um ônibus que levava duas horas para
chegar ao centro de Goiânia e passava
toda a manhã em um hospital público,
aguardando a sua vez de ser atendida
por um oftalmologista que pudesse
verificar seu grau de miopia. Chegava
em casa, no cair da tarde, cansada e
nem sempre satisfeita. Hoje, o “dia de
fazer exame” não passa de 30 minutos.
Ana só precisa ir até o posto de saúde
do município de Morrinhos, onde mora,

17
para ter atendimento. A nova realidade
se deve aos benefícios da telessaúde,
que oferece serviços e cuidados em saú-
de a distância, por meio das Tecnologias RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
de Informação e Comunicação (TIC) e ao
trabalho de profissionais que, inde-
pendentemente do local onde estejam,
trocam informações sobre o paciente,
por vídeo ou webconferências, com o
propósito de analisar o caso e chegar ao
diagnóstico final.

No Brasil, a mudança na rotina de


muitos brasileiros, sejam eles pacientes
ou médicos, justifica-se devido a duas
iniciativas públicas na área da saúde: o
Telessaúde Brasil Redes e a Rede Univer-
sitária de Telemedicina (Rute). Lançado
em 2006, o primeiro é um programa
capa

do Ministério da Saúde (MS), que busca universidades públicas e seus hospitais universitários
melhorar a qualidade do atendimento (HUs), instituições de saúde e hospitais certificados de
e da atenção básica no Sistema Único ensino e pesquisa no país, beneficiando a criação de
da Saúde (SUS), através das ferramentas núcleos de Telemedicina e Telessaúde. Coordenada pela
de TIC, que oferecem condições para RNP, a rede fortalece e integra o Telessaúde Brasil Redes
promover a teleassistência e a tele- por viabilizar o intercâmbio entre profissionais de saúde
-educação. A ação está presente em e grupos de pesquisas nacionais, por meio da troca de
todo o Brasil e permite a qualificação informações, palestras, ações de educação permanen-
de profissionais de Saúde da Família te, segunda opinião formativa e teleconsulta. Também
e a troca de informações via internet possui mais de 65 Grupos de Interesse Especial (Special
entre médicos do SUS e especialistas, Interest Groups – SIGs) em várias especialidades da
por meio da oferta de telediagnósticos saúde, que se reúnem para a discussão de casos clínicos
e teleconsultorias sobre casos clínicos, e troca de experiências e conhecimentos. Atualmente,
processo de trabalho, educação em saú- a Rute é formada por 100 unidades em plena opera-
de, planejamento e monitoramento de ção nas cinco regiões do Brasil e abrange mais de 150
ações em Atenção Primária à Saúde. instituições.

A Rute também surgiu em 2006, como Os núcleos de Telessaúde e Telemedicina, dotados de


iniciativa do Ministério da Ciência, Tec- equipamentos de ponta para comunicação em tempo
nologia e Inovação (MCTI), para implan- real, são conectados à infraestrutura de alto desempe-
tar infraestrutura de comunicação em nho operada pela RNP, a rede Ipê.

Banco de imagens: USP / UFSC

Direita: Discussão de caso clínico entre o professor da disciplina de Telemedicina da Universidade de São
Paulo e docentes da Faculdade de Odontologia de Bauru, no interior. Esquerda: Em Santa Catarina, exame de
RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

eletrocardiograma é realizado em posto de saúde e encaminhado para análise e laudo do cardiologista.

Os benefícios da Telessaúde e Telemedicina no Brasil


No Rio Grande do que atenderam os feridos, e centros de referência
Sul, os recursos no treinamento de queimaduras pulmonares, como
de videoconferên- os existentes no Iraque, Miami, Toronto e San Die-
cia foram usados go, para definir estratégias para o tratamento dos
para ajudar as vítimas do incêndio na pacientes. ”As equipes de saúde de Santa Maria con-
boate Kiss, na cidade de Santa Maria, taram com nosso apoio no tratamento psicológico
no interior do Estado, em janeiro às vítimas do incêndio e aos parentes, uma vez que
de 2013. Foram realizadas reuniões incidentes como esses mexem muito com o lado
virtuais entre o Ministério da Saúde, emocional”, lembra o coordenador do núcleo de
a Força Nacional do SUS, os hospitais telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande
brasileiros, principalmente os do Sul do Sul (UFRGS), Erno Harzheim.
capa

Banco de imagens: RUTE

Banco de imagens: USP / UFSC

Ortopedista analisa imagens de lesão no joelho, após receber o exame de raio-x pelo computador.

No Rio de Janei- atletas durante as Olimpíadas. Em 2012, em Londres,

19
ro, no núcleo de as equipes médicas das delegações brasileiras rece-
telemedicina do beram ajuda dos especialistas dos centros de cirur-
Instituto Nacional gias ortopédicas do INTO. “Demos suporte durante
de Traumatologia e Ortopedia (INTO), os jogos olímpicos”, conta a coordenadora, Marisa RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
existe a parceria com o Comitê Olím- Peter Silva. “Também participaremos da organização
pico Brasileiro (COB) para a discus- e execução de grandes eventos no Brasil”, revela. Nas
são, por videoconferências, de casos Olimpíadas de 2016, o foco do trabalho também será
clínicos de lesões mais complexas de a segunda opinião médica.

Em Goiás, são exa- aguardam o resultado. As imagens captadas são


minadas quase 500 enviadas a uma central, para que o médico oftal-
retinografias por mologista especializado faça o diagnóstico. Feito
mês, detectando o relatório, ele envia ao profissional de saúde
precocemente as principais causas da que atende aos pacientes no posto. Se o caso for
cegueira. Um importante trabalho na grave, haverá como indicação de conduta a visita
área de oftalmologia é realizado por a um oftalmologista. Do contrário, constará ape-
meio do telediagnóstico. “Os pacien- nas indicação de tratamento”, explica o coorde-
tes vão até o posto de saúde, fazem nador do núcleo de telessaúde e telemedicina da
os exames de vista necessários e Universidade Federal de Goiás, Alexandre Taleb.
capa

Banco de imagens: RUTE

Além das teleconsultorias, os profissionais de saúde realizam telediagnósticos em tempo real.

No Amazonas, a Os dois pontos de telessaúde em áreas indígenas


implantação do brasileiras estão localizados no distrito de Iauare-
Programa Nacional tê, no município de São Gabriel da Cachoeira, no
de Telessaúde e extremo noroeste do Amazonas, e em Umirituba,
os núcleos de telessaúde e telemedi- no município de Barreirinha, a 372 km de Manaus,
cina da Rute estreitaram as barreiras ou 6h de viagem - 4h30 de voadeira, embarcação
de acesso geográfico e a falta de de pequeno porte usada pela população ribeirinha,
profissionais para assistência à saúde para chegar até Parintins, e 1h30 de avião de Parin-
no estado, sobretudo no interior, em tins até Manaus. Hoje, cerca de cinco mil índios são
áreas de população ribeirinha e comu- atendidos por profissionais de saúde em Umirituba.
nidade indígena. A telecomunicação é Em área indígena, a maioria dos teleatendimentos
feita por antenas de radiofrequência está associada a doenças dermatológicas e enfer-
espalhadas pelas unidades básicas midades causadas pelo alcoolismo, como cirrose
20

de saúde distribuídas pelo território hepática, diabetes e hipertensão arterial.


amazonense, que integram os profis-
sionais de saúde do Estado ao núcleo “Além das comunidades indígenas, com a infra-
RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

central da Universidade do Estado do estrutura da telessaúde, em cinco anos, tivemos a


Amazonas (UEA). O trabalho de saúde oportunidade de atender a mais de 75 mil pessoas.
indígena se destaca entre as ações É um número considerável até porque as pessoas te-
de telessaúde na região amazônica. riam que recorrer ao SUS em Manaus, com um custo
“Nossa população indígena talvez seja muito alto de deslocamento e, muitas vezes, por via
a maior do Brasil. Além de nos aproxi- aérea”, explica Cleinaldo.
Banco de imagens: UEA
mar, tivemos que conhecer a realidade
em que vivem”, conta o coordenador
do pólo de telemedicina da Amazônia
e atual reitor da UEA, Cleinaldo Costa.

Especialistas do ambulatório de
teledermatologia da UEA ajudam a
prevenir a ocorrência de novos casos de
hanseníase no Amazonas.
capa

Em Minas Gerais, Em Pernambuco, o núcleo de te-


o atendimento por lessaúde (Nutes) da Universidade
telessaúde é feito Federal de Pernambuco (UFPE) dis-
a 710 municípios ponibiliza serviços de tele-educação,
(83% do Estado), o que corresponde a teleassistência e telegestão. Segundo a coordenadora,
quase mil pontos de atendimento, bene- Magdala Novaes, há grande atuação também na área
ficiando mais de 1.900 equipes de Saúde de pesquisa e desenvolvimento. “É uma das áreas mais
da Família. Cerca de 60 mil teleconsul- fortes, pois desenvolvemos tecnologias e avaliamos seu
torias já foram realizadas e, na área de impacto na melhoria da qualidade da assistência à saúde
telecardiologia, o Estado bateu o recorde da população, ao mesmo tempo em que contribuímos
de mais de 1,7 milhão de eletrocardio- para formação de recursos humanos especializados em
gramas analisados a distância. O Centro saúde digital”, diz. Outro ponto forte é o trabalho realiza-
de Telessaúde do Hospital das Clínicas do na área da política de sangue. O núcleo desenvolveu e
da Universidade Federal de Minas Gerais implementou a Rede Rhemo, rede de colaboração virtual
(UFMG) coordena a Rede de Teleassistên- por videoconferência para os serviços de hemoterapia
cia de Minas Gerais (RTMG), uma parceria e hematologia no país, em parceria com a Coordenação
de seis universidades públicas mineiras Geral do Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saú-
que é um exemplo de serviço de teles- de. Foram implantadas 31 salas de videoconferência em
saúde sustentável e de grande porte. todos os hemocentros coordenadores do Brasil.
Hoje cerca de 2 mil eletrocardiogramas
são analisados por dia. E o paciente não “O objetivo dessa rede é contribuir para aumentar a
precisa ter gastos com transporte, ali- eficiência dos processos de gestão, troca de experiências,
mentação e hospedagem, se for preciso. apoio à pesquisa e formação de redes de conhecimento
A coordenadora do núcleo de telesssaú- entre os serviços da hemorrede brasileira, e sua integração
de do Hospital das Clínicas da UFMG, com as demais redes de telessaúde do país, tais como a
Beatriz Alckmin, ressalta os benefícios da Rute e o Telessaúde Brasil Redes. Por meio de videoconfe-
tecnologia. “Em média, 80% dos atendi- rências, reuniões clínicas e de gestão, cursos e seminários
mentos por telessaúde evitam o enca- poderão ocorrer de norte a sul do país, permitindo o
minhamento de pacientes, o que gerou aprimoramento de técnicas de diagnóstico e a atualização
uma economia para o sistema público profissional permanente em todos os Hemocentros Coor-
de saúde de cerca de R$ 80 milhões em denadores do país”, explica Magdala.
oito anos de operação, comprovando a
Banco de imagens: Nutes/UFPE
viabilidade econômica da prática”.

Outro destaque na área de telecardio-


logia é a participação do serviço na
Rede de Cuidado ao Infarto Agudo do
Miocardio (IAM) em Belo Horizonte.
Os resultados alcançados permitiram a
elaboração do projeto Minas Telecar-
dio 2, que está implantando a Rede de
Cuidados ao IAM no norte do Estado,
com instalação de eletrocardiogramas
nas ambulâncias do Serviço de Aten-
dimento Móvel de Urgência (SAMU) e
em hospitais regionais para melhorar o
atendimento de pacientes com suspeita
de IAM em áreas remotas e isoladas.

Desde 2011, o Nutes da UFPE passou a ter


uma sala de telepresença, que possibilita
discussões clínicas mais complexas, com o
uso de imagens médicas em alta definição.
interconexão

Visibilidade para
ações da Rute
Projeto coordenado pela RNP
é exemplo de inovação em
colaboração científica e integração
entre profissionais de saúde e
acadêmicos em todo o Brasil

Quando foi implantada, em 2006,


a Rede Universitária de Telemedici-
na (Rute) abrangia 19 instituições pelo
Brasil. A iniciativa, que integra e conecta
hospitais públicos universitários e de ensi-
no, dava seus primeiros passos, com a cria-
ção de núcleos de telemedicina e telessaúde
em prol do desenvolvimento da educação e
da pesquisa em saúde no país. Hoje, a Rute
abrange mais de 150 hospitais universitários e
de ensino e é formada por 100 núcleos em plena
22

operação em todo o Brasil.

A iniciativa já é considerada uma das maiores do mundo


RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

e, em 2012, recebeu a qualificação de melhor prática


em telemedicina na América Latina e Caribe pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID),
pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e
pela Comissão Econômica para América Latina e Caribe
(CEPAL). Desde então, a Rute tem servido de exemplo
de inovação em colaboração científica em rede; implan-
tação de núcleos de telemedicina e telessaúde; assistência
remota; educação continuada; prática e produção científica
nessa área; e integração entre profissionais de saúde e
acadêmicos em todas as regiões do país.

O reconhecimento mundial das ações da Rute e o sucesso


alcançado com o trabalho realizado também contribuíram
para o lançamento, em 2010, do projeto Protocolos Re-
gionais de Políticas Públicas de Telessaúde para a América
interconexão

Latina, financiado pelo BID. O objetivo Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da


era consolidar os programas nacionais UFMG, Alaneir Fátima dos Santos. “As perspectivas de
de telessaúde nos países da América progresso são grandes”, destaca.
Latina e estabelecer uma estratégia para
a criação de redes integradas de ensino O coordenador nacional da Rute, Luiz Ary Messi-
e pesquisa para o setor na América na, cita também a colaboração e a participação de
Latina, a partir da integração das redes instituições da América Latina nas sessões mensais,
acadêmicas avançadas já existentes, das científicas e práticas dos Grupos de Interesse Especial
comunidades de saúde e dos ministérios (Special Interest Groups – SIGs) que a Rute implanta,
de saúde, educação, ciência, tecnologia coordena e opera em atividades colaborativas com
e inovação, permitindo a promoção, seus membros. Em pelo menos oito SIGs há parti-
prevenção e prestação de serviços de cipação de profissionais de saúde e acadêmicos da
telessaúde. O esforço conjunto visa Venezuela, México e Equador.
tornar os serviços mais eficientes, reduzir
Apresentação e discussão de casos, formação de
os custos e aumentar a qualidade da
grupos e reuniões de trabalho, treinamento e eventos
telessaúde na região, principalmente em
virtuais com a participação de outros continentes vêm
locais de difícil acesso.
crescendo exponencialmente. As instituições de países
No Brasil, o projeto é coordenado pela africanos de língua portuguesa, como Moçambique,
Universidade Federal de Minas Gerais Angola e Cabo Verde, têm investido em parcerias com
(UFMG) e pela Rute/RNP. Participam as universidades brasileiras e a Fundação Oswaldo
representantes dos Ministérios da Saúde Cruz (Fiocruz), por exemplo. As atividades de colabora-
dos seguintes países: Brasil, Colômbia, ção acontecem por meio da Rede ePORTUGUESe, uma
Equador, México, Uruguai, El Salvador, plataforma criada pela OMS, para apoiar o desenvolvi-
Chile, Peru, Argentina, Guatemala, Costa mento de recursos humanos para a saúde das nações
Rica, Venezuela, Paraguai, República de língua portuguesa, fortalecendo a colaboração na
Dominicana, Haiti, Bolívia, Pana- área da informação e capacitação em saúde.
má e Guiana. O custo total do
programa está estimado em Em maio deste ano, o Centro de Relações Internacio-
US$ 1,4 milhão. O BID inves- nais em Saúde (CRIS) da Fiocruz foi designado como
te US$ 850 mil, com contra- Centro Colaborador da OMS para a Saúde Global e
partida de US$ 548 mil das Cooperação Sul-Sul. Entre outras funções estão o
nações participantes. Também apoio à rede ePORTUGUESe, em especial à parceria
africana para a segurança do paciente, e o fortaleci-

23
fazem parte do projeto a Coopera-
ção Latino Americana de Redes Avança- mento dos institutos nacionais de saúde dos países
das (RedCLARA) e as redes acadêmicas africanos de língua oficial portuguesa.
RENATA (Colômbia), CEDIA (Equador), RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
Os investimentos da África no Brasil não se restringem
CUDI (México) e RNP (Brasil).
às ações de telessaúde. Até o final de 2015, ficará
“A iniciativa possibilita aos países faze- pronta a infraestrutura construída pela operadora An-
rem um diagnóstico da sua realidade, gola Cables, que implantará cabos submarinos ligando
baseando-se em padrões estabelecidos Fortaleza, no Ceará, à Luanda, capital de Angola. Esse
pela Organização Mundial da Saúde é o primeiro projeto no Hemisfério Sul a ligar o Brasil
(OMS). Além disso, tem criado um à África. Serão seis mil quilômetros de fibras ópticas,
ambiente e um processo organizado e com capacidade de transmissão de 40 Tb/s para cone-
integrado para apresentação, discussão, xões internacionais de internet. A escolha de Fortaleza
estabelecimento de regras e parâme- se deve à proximidade com Angola e existência de
tros para a implantação de protocolos outros cabos com rotas internacionais saindo da ca-
e recomendações regionais ao esta- pital cearense. Mas há interesse em estabelecer novas
belecimento de políticas públicas de parcerias com outros estados brasileiros. Para o presi-
telessaúde na América Latina”, explica dente da Angola Cables, Antônio Nunes, “para o Brasil,
a coordenadora do projeto e respon- a nova rota pode ser uma alternativa de interconexão
sável pelo Departamento de Medicina com a Europa e a Ásia”.
conectividade

Infraestruturas de rede
de alto desempenho a
serviço da saúde
Soluções de engenharia viabilizam projetos
voltados para gestão hospitalar, ensino e
pesquisa e melhor atendimento à população
24

Imagine no futuro um posto de saúde através de infraestruturas de rede de alto desempe-


RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

que esteja conectado em alta veloci- nho e alta disponibilidade, desenhadas para atender
dade a um hospital de referência em à missão crítica exigida pelas unidades de saúde, uma
sua região. Através dessa conexão, o vez que falhas poderiam causar complicações e até
paciente poderia dispor de serviços que colocar vidas em risco.
agilizariam o seu atendimento, como o
Esse é um dos objetivos do projeto Rede de Gestão de
envio de um laudo de exame para um
Hospitais Universitários (RGHU), fruto da parceria da
especialista que está em outra unidade,
RNP com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
o acesso a resultados de outros exames (EBSERH), responsável pela gestão e o apoio ao ensino
sem precisar se dirigir a um hospital e à pesquisa dos hospitais universitários federais, além
mais distante ou ainda uma gestão da prestação de serviços gratuitos de atenção à saúde
eficiente que mantenha o controle da população, através do SUS. Ainda este ano, a EBSERH
do histórico do paciente, monitore a planeja conectar à rede acadêmica brasileira 16 hospitais
necessidade da compra de fármacos e universitários, após a adesão de suas reitorias ao modelo
esteja integrada ao Sistema Único de proposto e a transferência da gestão hospitalar para as
Saúde (SUS). Tudo isso se torna possível mãos da EBSERH, por um contrato de 20 anos.
conectividade

Para a viabilização do projeto, a de Gestão de Soluções da RNP, Gorgonio Araújo, a


EBSERH encomendou à RNP uma rede infraestrutura, por si, é fundamental, mas ela não é
com dupla abordagem em cada hospi- suficiente. “A excelência desses hospitais vai depender
tal universitário, com um enlace exclu- da excelência da gestão da EBSERH. Por isso, somos
sivo que opere de forma independente parceiros na criação de uma infraestrutura de qualida-
da conexão da universidade de origem, de para a gestão em saúde”, explica.
provida pela RNP. Caso a unidade de
saúde pertença a uma instituição sem
conectividade, os enlaces serão con-
tratados de operadoras e provedores
Melhorar a infraestrutura
locais. Nos dois casos, será uma rede de comunicação no interior
com dois enlaces – para promover a coloca em iguais condições
dupla abordagem – um como backup
do outro, para redundância e maior
pesquisadores e educadores
disponibilidade. Em um primeiro mo- com seus pares na capital.
mento, a largura de banda prevista é Eduardo Grizendi
de 100 Mb/s, mas a meta é chegar até
1 Gb/s. “Uma rede como essa permitiria
monitorar e gerir diversos indicadores, Em paralelo à rede de gestão hospitalar, a RNP e a
que envolvem não só a parte admi- EBSERH também são parceiras no projeto que eleva a
nistrativa e financeira, mas também a Rede Universitária de Telemedicina para uma versão 2.0.
gestão assistencial, para controle de Demonstrações já estão sendo realizadas em caráter
estoque, farmácia, taxas de ocupação experimental para transmitir, por exemplo, cirurgias em
de leitos e de mortalidade”, afirma o alta resolução e sinais vitais como batimentos cardíacos,
diretor de Gestão de Processos e TI da pulsação, pressão, temperatura e sinais elétricos, de for-
EBSERH, Cristiano Cabral. ma sincronizada e a distância, para vários especialistas no
Brasil. Segundo a EBSERH, a ideia é que esses ambientes
Através de um programa que visa à de rede também sejam utilizados para aumentar o com-
excelência de seus Pontos de Presença, partilhamento de informações entre alunos e professores
a RNP tem investido em soluções de de diferentes unidades. “Temos que lembrar que, além
engenharia e capacitação de técnicos de centros de atendimento de alta complexidade, são
para aumentar a disponibilidade do hospitais universitários, com o objetivo de formar profis-
seu backbone, pois o projeto deman- sionais da área de saúde. Então, essa rede vai nos ajudar
da monitoramento por 24 horas, sete a compartilhar as experiências que acontecem em cada

25
dias por semana. Para o diretor adjunto uma dessas universidades”, avalia Cabral.

RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa


Os desafios da interiorização
Levar internet em alta velocidade “Melhorar a infraestrutura de comunicação de
para locais distantes dos grandes instituições em cidades do interior coloca em iguais
centros é o desafio da RNP no âmbi- condições pesquisadores e educadores dessas
to do Programa Veredas Novas, que regiões com os seus pares na capital, promovendo,
visa conectar cerca de 900 campi de dessa forma, a pesquisa cooperativa e o desenvol-
instituições localizadas no interior a vimento científico”, afirma o diretor de Engenharia
pelo menos 1 Gb/s nos campi sede e Operações da RNP, Eduardo Grizendi. “Isso leva
e a 100 Mb/s em campi secundários, novos serviços de Telemedicina e Telessaúde a
aumentando, assim, a velocidade e a hospitais no interior que, em colaboração com seus
capilaridade da rede acadêmica bra- pares nas capitais, podem ofertar melhoria do aten-
sileira. Diversos estados estão sendo dimento à população que vive fora dos grandes
beneficiados pelas ações em curso, centros. A pesquisa nos hospitais universitários do
como o Ceará, que terá 32 campi no interior também é beneficiada por esse aumento da
interior atendidos até o final de 2014. capilaridade da rede”, garante.
convergência

Empresas de TI investem
em ações de e-health
26

Intel, Siemens, Telefônica, Cisco e Microsoft


se destacam ao apresentar soluções, produtos
RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

e serviços inovadores que se aliam à tecnologia


usada em áreas da telessaúde
Inovação, tecnologia, agilidade e A Intel, maior fabricante mundial de processadores,
solução. Com esses quatro pilares desenvolve tecnologias para ajudar estabelecimen-
básicos, empresas de TI, com sede no tos e profissionais da saúde a cuidar melhor dos
Brasil, estão revolucionando o mercado pacientes. O objetivo é desenvolver um ecossistema
de saúde digital, oferecendo produ- capaz de facilitar e aumentar a eficiência das soluções
tos, serviços, plataformas e sistemas criadas para o setor. No caso dos tomógrafos e outros
que possibilitam avanços na área da aparelhos, a empresa fornece computação embarcada,
telemedicina. A interatividade na saúde que processa dados com eficiência e rapidez, aumenta
oferece cada vez mais oportunidades a capacidade de armazenamento de informações e
aos hospitais e clínicas, e qualidade de melhora a qualidade da imagem o que, consequen-
vida aos brasileiros. temente, reduz o tempo de exposição do paciente
convergência

Banco de imagem: Intel


à radiação. “Hoje, os processadores
funcionam como ferramentas pode-
rosas para auxiliar um radiologista a
identificar anomalias em uma imagem
de alta resolução”, ressalta o gerente de
inovações da Intel América Latina para a
área da saúde, José Bruzadin.

Uma das ações de maior impacto social


da companhia foi a transformação
digital de Parintins. Com o apoio do
Governo e de empresas como a Cisco
e a Embratel, a Intel foi a responsável
pela implantação da rede de acesso à
internet que integrou centros de saúde
e instituições de ensino do município
amazônico entre si e outras cidades
maiores, como Manaus. Além disso,
a empresa contribuiu com a doação
e instalação de equipamentos para a
formação do primeiro núcleo da Rede
Universitária de Telemedicina (Rute)
Tomógrafo com computação embarcada Intel: dados com
na capital do Amazonas. “Uma das mais rapidez e eficiência.
iniciativas foi a instalação de câmeras
de alta precisão para os estudos de caso com envio de mensagens e orientações aos clientes,
na área de dermatologia, uma vez que a assim como avisos de campanhas de saúde, como
incidência de hanseníase era grande na a de vacinação. “Acessibilidade é o nosso mantra”,
Amazônia”, lembra Bruzadin. ressalta a gerente de e-government da Telefônica
Digital, Kátia Galvane.
No caso da Telefônica Vivo, os investi-
mentos na área de saúde envolvem as A área de saúde oferece muitas oportunidades de

27
plataformas de serviços digitais. Para negócios para as empresas de TI. De acordo com
o segmento de e-heatlh, existe o Vivo a Confederação Nacional de Saúde (CNS), o setor
Gestão de Imagens Médicas, que, após de saúde fechou o ano de 2013, com uma partici-
a captura e leitura de imagens, dis- RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
pação de 10,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do
ponibiliza-as em ambiente de nuvem, Brasil. Para a Microsoft, é um mercado com grande
viabilizando o diagnóstico a distância e potencial na área de tecnologia. A empresa está
o compartilhamento de opiniões médi- implantando na área de telemedicina o já existente
cas; e o Vivo Gestão de Saúde da Famí- dispositivo Microsoft Kinect, tecnologia de sensor de
lia, criado para organizar os serviços de movimento utilizado em jogos de vídeo. O cirurgião
Atenção Básica de Saúde do Governo, poderá interagir com a tela sem a necessidade de ti-
que, além de conteúdo educativo para rar as luvas, durante operações, caso precise acessar
a formação profissional, tem agenda- ou visualizar diferentes imagens e diagnósticos.
mento web, possibilidade de inclusão
de biomedidas e de videoconferência A Cisco, por sua vez, implantou infraestrutura de tele-
com profissionais da saúde. Além disso, medicina para atendimento pediátrico nos municípios
há os dispositivos móveis para checa- de Lagarto e Tobias Barreto, zonais rurais de Sergipe,
gem de medicação durante o período em prol do Programa Avançado de Colaboração e
de internação, com leitor de código de Educação em Saúde, desenvolvido em parceria com a
barra, e os serviços de teleorientação, Universidade Federal de Sergipe (UFS). Por mês, são
convergência

realizados cerca de 80 atendimentos. As consultas


Banco de imagens: Telefônica Vivo / Microsoft / Intel / Cisco

são acompanhadas em tempo real por especialistas


no Hospital Universitário de Aracaju, evitando que as
crianças e suas famílias precisem viajar em busca de
atendimento especializado. Graças à qualidade de som
e da imagem em alta definição de telemedicina com
telepresença da Cisco, os especialistas podem ver e
conversar com as crianças, acessar resultados e auxiliar
Dispositivos móveis - Telefônica Vivo o médico local com uma segunda opinião.

O projeto faz parte do Cisco Connected Health


Children, programa de responsabilidade social global
da empresa. Depois da primeira fase de implantação
das soluções da Cisco e treinamento dos médicos,
também foram desenvolvidos programas de educação
continuada para profissionais de saúde com o uso de
tecnologias de colaboração, telepresença e nuvem,
que permitem criar e gerenciar comunidades de vídeo
Kinect - Microsoft altamente seguras, agendar sessões de aula virtual e
acessar serviços remotamente por dispositivos móveis.

Pioneira em soluções voltadas ao uso da imagem


clínica, a Siemens possui uma divisão na empresa,
a Healthcare, que oferece inovações que combinam
diagnósticos laboratoriais, tecnologias de diagnós-
tico por imagem e soluções de TI, para identificar
doenças no estágio inicial, aumentando a precisão
do diagnóstico e os cuidados com o paciente.

Os equipamentos oferecem tecnologia de ponta para


Computador de beira de leito – Tecnologia Intel
tomografia computadorizada, ressonância magnética,
raios-x analógico e digital, mamografia, angiografia,
ultrassonografia e softwares que fornecem alta quali-
28

dade e menor tempo de aquisição de imagem. Entre


eles, estão o mamógrafo Mammomat 3000 Nova, sis-
tema analógico de mamografia que combina exame,
RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

diagnóstico e procedimentos de biópsia em um único


equipamento; os raios-X móvel e digital Mobillet Mira
e Multix Select Dr, produzidos na fábrica da empresa
em Joinville (SC); o arco cirúrgico Siremobil Compact L,
equipamento compacto e projetado para obtenção
de imagens de alta qualidade em diversas aplicações
cirúrgicas; as tecnologias em diagnóstico laboratorial
Rapid Point 500, que faz a apuração de exames em
até 60 segundos, e o DCA Vantage, uma analisador de
cuidados de diabetes.

Novos lançamentos também integram o portfólio de


soluções Siemens como o Acuson FreeStyle
Ultrasound System, o primeiro ultrassom sem fio, que
Equipamento da Universidade Federal de pode ser utilizado em até três metros de distância com
Sergipe – Tecnologia Cisco excelente qualidade de imagem.
convergência

Banco de imagens: Siemens


Uma das iniciativas foi
a instalação de câmeras
de alta precisão
para os estudos
de caso na área de Siremobil Compact L - Siemens
dermatologia, uma vez
que a incidência de
hanseníase era grande
na Amazônia.
José Bruzadin
Intel

Rapid Point 500 - Siemens


As empresas de TI também costumam realizar parce-
rias em prol da saúde pública. Durante a Feira Hospi-
talar 2014, realizada em maio, Totvs, Microsoft, Intel
e a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert
Einstein anunciaram uma aliança estratégica para
oferecer aos hospitais uma solução composta por
software de gestão e mobilidade. A oferta engloba
a entrega de tablets equipados com aplicativos que
podem ser contratados no modelo tradicional para
rodar em data centers internos ou software como

29
serviço (SaaS), na nuvem.

Cada uma das quatro empresas participará de forma


Mammomat 3000 Nova - Siemens
distinta: a Totvs fornecerá o sistema de gestão empre-
RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
sarial (ERP); a Microsoft, o banco de dados SQL server
e a integração de plataformas; o Einstein, um dos hos-
pitais mais bem informatizados do Brasil, prestará ser-
viços de consultoria para outras instituições de saúde;
e a Intel dará apoio na entrega de tablets, fabricados
pela Motion Computing, baseados em sua plataforma
de processadores e projetados para área de saúde.

Os dispositivos possuem tela de até dez polegadas,


podem ser esterilizados para uso até em centros
cirúrgicos, vêm com biometria, leitores de código de
barras para identificação dos medicamentos, conecti-
vidade RFID (comunicação por radiofrequência) e uma
alça especial para serem carregados pelas equipes
de enfermagem. Tudo a serviço do avanço da saúde
digital no Brasil. Multix Select Dr - Siemens
artigo

Arquivo pessoal

Marcelo D´Agostino
Diretor da área de Gestão do Conhecimento,
Bioética e Pesquisa da Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS)
ehealth@paho.org

Programas de e-Saúde nas


Américas: mais próximos
do acesso universal à saúde
Na América Latina e Caribe, ainda A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) tem
persistem desigualdades considerá- por objetivo contribuir para o desenvolvimento sus-
veis de acesso aos serviços de saúde tentável dos sistemas de saúde dos Estados Mem-
em função de diversos fatores que bros e para a melhoria do acesso e da qualidade
limitam as possibilidades de prestar dos serviços de saúde através da iniciativa e-Saúde.
atendimento médico oportuno e de Nesse sentido, alguns dos componentes sobre os
qualidade. Entre os fatores que expli- quais a OPAS trabalha para atingir esse objetivo são
30

cam essa situação, estão a escassez de os padrões e a interoperabilidade, o registro médico


recursos humanos, de infraestrutura, eletrônico (RME), a telessaúde (inclusive a teleme-
de equipamentos, de medicamentos, dicina), a m-Saúde (prestação de serviços de saúde
RNP em Revista | Ano 2 • Edição 1

a distância física e cultural que existe por meio de dispositivos móveis), a alfabetização
entre os serviços públicos e a popula- digital e o uso das redes sociais no contexto da
ção, além dos baixos salários. saúde pública.

As tecnologias de informação e co- O programa de e-Saúde da OPAS tem por base três
municações (TIC) e os aplicativos de linhas de trabalho principais: governança, transfe-
e-Saúde desempenham uma função rência de conhecimentos e cooperação técnica.
essencial na facilitação do acesso aos
serviços de saúde. Esses instrumentos Governança
alteram o modo como a população A OPAS conta com instrumentos de coordenação
vive, trabalha e interage, assim como em matéria de e-Saúde nos níveis regional e global.
a forma como as autoridades e os Foram estabelecidas relações estratégicas com
profissionais de saúde contribuem diversas instituições, organizações e organismos
para que a vida de cada um dos cida- que têm trabalhado e continuam a trabalhar em
dãos seja mais longa e saudável, não temas de e-Saúde para dar seguimento à implan-
importa onde estejam. tação da Estratégia e Plano de ação regional de
artigo

e-Saúde. Dentre essas instituições alfabetização digital, destaca-se o estabelecimento


estão o Banco Inter-Americano de do curso virtual “Acesso a fontes de informação e
Desenvolvimento (BID), a Comissão gestão de redes sociais” que tem permitido treinar
Econômica para a América Latina e o mais de mil profissionais nessa disciplina. Também
Caribe (CEPAL), o Centro Internacional em matéria de alfabetização digital, um projeto com
de Pesquisas para o Desenvolvimento o BID colaborou para o desenvolvimento e implan-
(IDRC do Canadá), a Universidade de tação do curso de telessaúde para gestores. Uma
Illinois e o Hospital Italiano de Buenos das prioridades dessa cooperação tem sido o apoio
Aires (Argentina). Entre as iniciativas para o estabelecimento de estratégias nacionais
em matéria de governança, está o sobre e-Saúde. Como consequência, países como
Laboratório de e-Saúde da OPAS, um Argentina, Chile, Costa Rica, Guatemala e República
espaço para compartilhar informações Dominicana trabalham com o apoio da OPAS em
sobre TIC e saúde, que inclui o mapea- suas políticas nacionais de e-Saúde.
mento dos projetos e dos especialistas
de cada área; a realização de várias Conclusões
consultas técnicas regionais; a rede de As ações aqui descritas representam parte da políti-
centros de colaboração em e-Saúde; ca aplicada desde 2010 para fortalecer os sistemas
e a Rede ICT4Health, formada pelos de saúde e melhorar o acesso a serviços de saúde
Estados Membros das Américas. Além de qualidade através da e-Saúde. Nesse período,
disso, durante o biênio 2014-2015, os países implantaram diferentes intervenções
será formado um grupo técnico asses- que buscam fomentar a comunicação e a troca de
sor (GTA) para e-Saúde, que envolverá conhecimentos entre países na área de e-Saúde,
um grupo externo do mais alto nível colocar à disposição os melhores conhecimen-
responsável por assessorar a organiza- tos disponíveis na área e apoiar a elaboração de
ção nessas áreas. modelos de governança no nível de país através da
elaboração de estratégias nacionais de e-Saúde.
Transferência de conhecimentos
Foram criadas ferramentas e implan- Dada sua rapidez, disponibilidade, redução de custo
tadas atividades que fomentam o de acesso à tecnologia e maior flexibilidade de uso,
compartilhamento e a disseminação espera-se que as iniciativas em andamento desempe-

31
de conhecimentos em e-Saúde. Um nhem um papel fundamental na melhoria dos siste-
dos destaques é o projeto “Conversas mas e dos serviços de saúde na região das Américas,
sobre e-Saúde: gestão de informações, favorecendo o acesso à cobertura universal de saúde.
diálogos e intercâmbio de conhe- RNP - Rede Nacional de Ensino e Pesquisa
cimentos para nos aproximarmos
do acesso universal à saúde”, uma Bibliografia utilizada
iniciativa que reuniu mais de 400 pro- • ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE.
fissionais que contribuíram com ideias ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO SOBRE E-SAÚDE
(2012-2017) [Internet]. 51º Conselho Diretor da OPAS, 63ª
e debateram o presente e o futuro da
sessão do Comitê Regional da OMS para as Américas;
iniciativa de e-Saúde, o que levou à 26 a 30 de setembro de 2011; Washington (DC), Estados
publicação de um guia orientador para Unidos. Washington (DC): OPAS 2011. Disponível em:
tomar decisões relativas aos sistemas <http://www.paho.org/hq/index.php?option=com_
docman&task=doc_download&gid=14574&Itemid=>.
de saúde. Acesso em 29 de fevereiro de 2012.

• EHEALTH AND INNOVATION IN WOMEN’S AND


Cooperação técnica
CHILDREN’S HEALTH: A BASELINE REVIEW: BASED ON
Desde 2010, mais de 16 países das THE FINDINGS OF THE 2013 SURVEY OF COIA COUN-
TRIES BY THE WHO GLOBAL OBSERVATORY FOR EHE-
Américas são beneficiados pela coo-
ALTH, [Março 2014]. Disponível em: <http://www.who.int/
peração técnica em diferentes áreas goe/publications/baseline_fullreport/en/>.
relativas à e-Saúde. Em termos de
89 horas 90% das Acórdãos
Média anual de horas
organizações públicas do TCU
de treinamento das Entendem que seus Órgãos dos três poderes devem
organizações do recursos humanos de TI definir e manter um processo de
segmento de serviços são insuficientes frente à trabalho constante e sustentável
de tecnologia1. necessidade de negócio2. da governança de TI.

É importante para as organizações a boa formação


profissional de gestores e técnicos de TIC,
visando o atendimento aos acórdãos do TCU,
normas complementares do DSIC e instruções
normativas da SLTI

A ESR desenvolve cursos para a formação de gestores


de TIC e técnicos das organizações públicas

Cursos ministrados em
laboratórios conectados à Curta duração
Mídias
rede de alta velocidade Digitais
cursos de até 40h
Governança
da RNP que privilegiam de TI

uma abordagem prática


de ensino, através da
Sistemas
Mais de AVA
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típicos da realidade do de Aprendizagem
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didático exclusivo, matrí-
cula e certificado online. Programas de
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1 Fonte: pesquisa “O Retrato do Treinamento no Brasil Pesquisa Anual MOT/ABTD/Revista T&D 2013/2014”
2 Fonte: apresentação Governança de TI: avaliando práticas e resultados, Ministro-Substituto Weder de
Oliveira, TCU

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