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2 – Deus, portanto, criou o “melhor dos mundos possíveis”, caracterizado pelo princípio da
“harmonia preestabelecida”.
8 – Do ponto de vista religioso, Leibniz apelava para o ecumenismo entre todas as Igrejas
cristãs, superando o trágico período das guerras de religião, que ocorreram na Europa ao longo
dos séculos XVI e XVII. O filósofo imaginava que esse ecumenismo poderia ser construído por
um Monarca cristão ilustrado (Luis XIV, da França), que faria uma espécie de pacto moderador
entre as várias igrejas, incluídos os católicos e os outros príncipes e soberanos europeus, a fim
de fazer frente à ameaça do Islã. Leibniz chegou a cogitar numa ordem político-religiosa
universal, que incluísse a China, mediante a relação de diálogo e de atividades conjuntas entre
cristãos ocidentais e budistas tibetanos.
9 – Do ângulo antropológico, Leibniz considerava que os seres humanos, criados por Deus à
sua imagem e semelhança, davam ensejo a criações variadas que deveriam ser conhecidas na
sua origem e nas suas manifestações, não se restringindo isso à cultura européia. Para
apreendermos o fenômeno humano, pensava Leibniz, seria necessário abordarmos todas as
culturas, respeitando a sua identidade, num esforço de abertura às criações humanas. Este
aspecto contrastava, evidentemente, com as reservas que o filósofo tinha em face do
Islamismo.
Substância ou mônada. Para Leibniz, para que uma coisa seja realmente um ser - uma substaâ ncia -
ela precisa ser verdadeiramente uú nica, precisa ser uma entidade dotada de genuíúna unidade.
Unidade substancial requer uma entidade indivisíúvel e naturalmente indestrutíúvel.
Ora, a mateú ria, como noú s a percebemos, eú extensa e infinitamente divisíúvel, logo naã o pode ser a
verdadeira substaâ ncia. O ser verdadeiro deve possuir unidade, e como os corpos saã o extensos e
divisíúveis, eles naã o representam essa unidade. Entaã o Leribniz cria as mônadas. A unidade estaú nas
moâ nadas que saã o pontuais e indivisíúveis, e assim respondem pela realidade das coisas, e unidas
constituem a mateú ria extensa e divisíúvel que conhecemos nos corpos.
A palavra "Monada" vem do Grego monas "unidade". O termo foi usado primeiro pelos pitagoú ricos
como o nome do nuú mero inicial de uma seú rie de nuú meros. Giordano Bruno empregou o termo com
sentido de "substaâ ncia real", emprego que ele teria copiado de Plotino e passado a Leibniz, que
certamente leu os seus escritos.
Mas, de que saã o feitas as moâ nadas? De dois elementos: um elemento material e um elemento
espiritual e dinaâ mico, que formam sua natureza mesma, saã o inseparaú veis, e variam
quantitativamente, isto eú , cada moâ nada tem uma relaçaã o de quantidade diferente entre o que
possuem de material e de espiritual, dependendo de qual corpo constituem, se um corpo bruto de
uma pedra ou o corpo de um ser vivente.
Todas as moâ nadas saã o eternas, imortais. Poreú m, toda moâ nada conserva sempre certo grau de
passividade, sua imperfeiçaã o, da qual a moâ nada criada naã o pode jamais libertar-se. A mateú ria prima
(concebida em abstrato pois naã o existe sem a mateú ria segunda, a forma) eú a mateú ria em si mesma,
de todo passiva, sem nenhum princíúpio de movimento. A mateú ria segunda ou vestida eú aquela que
tem em si um princíúpio de movimento, que eú o princíúpio vital nos seres mais avançados. Assim, aà
mateú ria prima, de todo passiva, dotada apenas de extensaã o (como queria Descartes), Leibniz
contrapoã e a mateú ria segunda, espiritual, dotada de açaã o. O elemento material na moâ nada
corresponde aà passividade da materia prima, e o elemento imaterial corresponde aà atividade
da forma da substaâ ncia; mateú ria e forma, como em Aristoú teles, e mesmo como em Plataã o, pois cada
moâ nada resulta de uma mateú ria prima ou princíúpio passivo, que eú a sua imperfeiçaã o, e de um
elemento ativo, uma alma, que busca a perfeiçaã o.