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BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 32. ed. São Paulo: Cultrix, 1994.
1. PRESSUPOSTOS HISTÓRICOS
No campo literário, segundo Bosi, as três escolas anteriormente estudadas continuam a ter
adeptos, mesmo com certo esvaziamento. De qualquer modo, nas duas primeiras décadas do
século XX, começa a formar-se uma nova consciência da realidade nacional, e novas
manifestações artísticas, estéticas, ajudarão a compor o ideário modernista, justamente por isto
é que ao período entre 1902 e 1922, deu-se o nome de Pré-moderismo, termo criado pelo crítico
Alceu Amoroso Lima em 1939, no livro Contribuição à história do Modernismo.
Segundo Alfredo Bosi, "a Semana de Arte Moderna foi, ao mesmo tempo, o ponto de
encontro das várias tendências que desde a I Guerra vinham se firmando em São Paulo e no
Rio, e a plataforma que permitiu a consolidação de grupos, a publicação de livros, revistas e
manifestos, numa palavra, o seu desdobrar-se em viva realidade cultural”. A necessidade de
consolidar a nova estética, de definir seus rumos, de romper com os padrões literários do
passado conferiu ao Modernismo da primeira fase um alto grau de radicalismo. Mário de
Andrade afirmou, a respeito da violência com que se processou a ruptura com o passado: "(...)
se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista. Isto é, o seu sentido
verdadeiramente específico. Porque, embora lançando inúmeros processos e idéias novas, o
movimento modernista foi essencialmente destruidor".
Sobre o “Pré-modernismo”, de acordo com Alfredo Bosi, o que se pode considerar de “‘Pré-
modernismo”, no século XX é “Tudo o que, nas primeiras décadas do século, problematizava a
nossa realidade social e cultural”. Bosi faz uma abordagem sobre os escritores e suas obras:
Lima Barreto, Graça Aranha, Alberto torres, Oliveira Viana, Manuel Bonfim e em especial a
Euclides da Cunha, ao qual dedica um largo comentário, em torno de oito páginas sobre a
biografia e obra do escritor, dando ênfase a obra “Os Sertões”. Retrata, inclusive o pensamento
social do escritor. faz uma análise minuciosa da estrutura da obra, no sentido sintático,
semântico, sociológico, ideológico e histórico-geográfico. Pormenoriza as peculiaridades de
Euclides em nível cultural e científico. Segundo Alfredo Bosi “Os Sertões são obras de um
escritor comprometido com a natureza, com o homem e com a sociedade”. Portanto, “Os Sertões
são um livro de ciência e de paixão, de análise e de protesto”, ou seja, denuncia o crime que a
carnificina de Canudos representou.
Na página (314), Alfredo Bosi abre um parêntese para falar de um crítico independente:
João Ribeiro, que segundo o autor representa um grande crítico literário, filólogo e historiador,
tipo exemplar de humanista moderno; considerado o profeta do modernismo. De acordo com
Bosi (P.315), alguns escritores o consideravam como “O verdadeiro precursor do Modernismo de
1922”.
O romance social de Lima Barreto é outro enfoque que Alfredo Bosi comenta em seu livro,
ao qual ele dedicou nove páginas de sua obra (316 a 324). Faz uma abordagem completa da
biografia do autor, suas relações sociais e ideologias; destaque especial para obra “Triste Fim de
Policarpo Quaresma”, que segundo ele pode ser chamado de “Romance Social”.
Assim, segundo Bosi (p. 318), Lima Barreto encaixa-se no Pré-Modernismo (1902-22),
pois, respeita códigos literários antigos (principalmente o Naturalismo, conforme anteriormente
apontado), mas já apresenta uma linguagem nova, mais arejada em relação ao momento
anterior.
A descrição da sociedade é outro ponto forte de Lima Barreto, diz Bosi (p.319), pois
consegue muito bem criar personagens bastante significativas da classe média para baixo (daí
uma certa aproximação com o Naturalismo). Na presente obra criou-se uma galeria valiosíssima
de tipos sociais. Segundo Alfredo Bosi, podemos entender a obra como o desenvolvimento de
três grandes núcleos: o retrato da personagem (primeira parte), a situação da agricultura
(segunda parte) e o levante da Armada (terceira parte). O autor ainda faz alusão a outras obras,
mas não tão relevantes quanto “Triste Fim de Policarpo Quaresma”.
1.2. Modernismo
Alfredo Bosi afirma que o Modernismo, como movimento ou como escola literária,
apresenta diferentes facetas. Não se pode caracterizá-lo de maneira única, na medida em que
havia grupos opostos que tentavam, cada qual, definir a arte moderna. No entanto, além da
ampla possibilidade temática e da valorização nacional, os modernistas buscaram renovar
esteticamente a arte, conferindo-lhe diversidade de ritmo e de criação:
A obra literária de Alfredo Bosi, “História Concisa da Literatura Brasileira”, tem sido um
precioso livro de pesquisas na área de literatura, utilizado pelos os estudantes universitários e,
em especial o capítulo que aborda sobre os pressupostos históricos do surgimento da escola do
Modernismo no Brasil, o qual serviu de fonte de pesquisa para a produção desta resenha.
Perfil do autor
Possui graduação em Letras - Língua Portuguesa e Pós-Graduação em Metodologia do Ensino
Superior pela Universidade Federal do Amazonas (2006). Atualmente é professor - Secretaria
Municipal de Educação e Cultura de Manaus. Tem experiência na área de Educação, com
ênfase em Língua e Literatura Portuguesa
Impresso de http://www.artigonal.com/literatura-artigos/abordagens-da-obra-literaria-de-alfredo-
bosi-944141.html