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ABSTRACT: Considering literature a knowledge modality of the humanity and of the world
it is relevant to offer conditions to the students realize the importance of this discipline to their
total formation; what can be done by questioning the literary fact and the possibility of
reaching the solution using a model that privileges this approach. An alternative modality of
effort concerns the use of action research aspects in Thiollent’s perspective whose educational
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process renovation defends the teachers and students acting as researchers in classroom. Thus,
the teacher secures better conditions to evaluate its practice; the result might represent an
improvement in the educational process. The present discussion involves the relevance of
using action research aspects in the literature teaching, which must be managed in its textual
variation to contribute to the revitalization of this knowledge.
1 Literatura e conhecimento
A literatura, como disciplina nos currículos escolares, tem sofrido significativo apagamento,
despertando o interesse de estudiosos da área, que procuram novos caminhos para o ensino
desse conhecimento, renovando estratégias de abordagem para a questão.
Se, antes do século XX, os livros aos quais as crianças e jovens tinham acesso não eram mais
que algumas traduções ou obras que atendiam ao interesse da classe dominante, divulgando
sua ideologia, a partir de Monteiro Lobato, a leitura literária passa a ter outro caráter, o de
obra emancipatória. Como tal, passa a deflagrar um processo de crítica aos valores impostos
às crianças tradicionalmente, o que viria a influir de forma considerável nas produções
literárias destinadas a jovens e crianças, no Brasil, em especial, a partir de 1980. Assim, tendo
em vista a potencialidade da obra literária como elemento formador do ser humano,
estudiosos buscam tornar a literatura um conhecimento que possa funcionar como recurso
transdisciplinar, na medida em que desenvolve competências e habilidades valiosas para
outros campos de estudo, bem como, segundo uma ótica cultural, transformá-la em fator de
humanização e unificação em uma sociedade tecnológica e fragmentada.
A partir do pressuposto que a literatura configura-se como uma modalidade de compreensão
do ser humano e do mundo, além de ser uma práxis social, torna-se essencial oportunizar ao
educando condições para que ele perceba a relevância dessa disciplina em sua formação
integral. Para isso, precipuamente, o mundo adulto – professores, pais – necessita estar ciente
dessa importância, pois é um primeiro passo em direção ao entendimento de que
o texto literário veicula uma modalidade de conhecimento particular que não se
assemelha ao saber produzido pela ciência. Sendo, ao mesmo tempo, representação
e análise, a literatura possibilita o resgate da realidade. Essa modalidade de texto,
por sua natureza, possibilita a crítica e a contradição através de uma linguagem não-
linear, isto é, distinta da linguagem comum. O autor aproveita o seu conhecimento
de mundo, recria essa experiência através dos recursos de seu imaginário e expressa-
a por meio da linguagem artisticamente trabalhada. Uma vez que esse texto
relaciona-se com a realidade e a experiência humana, desempenha uma função
muito significativa no aspecto comunicativo, pois auxilia o sujeito a emancipar-se
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Nessa perspectiva, o propósito deste estudo é ensejar uma discussão sobre a relevância de
trabalhar com diferentes gêneros textuais em sala de aula, numa abordagem da pesquisa-ação
no ensino da literatura, a fim de contribuir para revitalizar esse conhecimento, acenando com
a possibilidade de mudança na formação do educador e do educando, mudança essa que
poderá ser concretizada a partir da capacitação humanística, técnica e científica dos recursos
humanos envolvidos. Promover a literatura para que se torne, além de agradável e produtiva,
uma possibilidade de reflexão sobre o ser humano e a sociedade, torna-se, então, um ato
imprescindível.
A crise no ensino da literatura tem suscitado as mais variadas discussões entre estudiosos da
área. Para alguns, o problema situa-se no aluno que não lê, não apresenta maturidade para
entender o fato literário, prefere dedicar-se a outras atividades, cujo apelo permanente
encontra-se na mídia que envolve, de forma indiscriminada, todas as pessoas. Para outros, o
problema está no professor que não dispõe de um acervo de estratégias para o
desenvolvimento do gosto pela leitura, não conhece suficientemente uma metodologia que vá
ao encontro do ensino da literatura para jovens e crianças, ou mesmo, não frequenta com
assiduidade os livros e a literatura. Outros, ainda, atribuem essa crise a fatores externos, tais
como bibliotecas mal equipadas ou insuficientes, alto preço dos livros, pouco tempo para
leitura.
Considerando-se que a civilização deste início de milênio é fundamentalmente letrada, torna-
se imprescindível ao ser humano ter a sua disposição as ferramentas necessárias, que lhe
possibilitem a sobrevivência num mundo que depende da palavra escrita para a realização das
ações mais triviais. Muito mais que executar ações rotineiras, a pessoa, continuamente,
necessita tomar decisões que exigem pensamento reflexivo, raciocínio, conhecimento. Este
último, basicamente, obtido através de duas fontes, ou seja, primeiramente, pela experiência
direta, na qual é executada uma tentativa, e, quando adequada a resposta, a experiência é
registrada como válida, caso contrário, é descartada e nova tentativa é realizada. Essa
modalidade de aprendizagem, fundamentada no ensaio e erro, é interessante e provê a pessoa
com experiências ricas e duradouras. A outra forma de enriquecer o universo pessoal é pela
leitura de textos diversificados, através da qual é possível desenvolver inúmeras habilidades,
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tais como, observação, comparação, seleção, análise e síntese, transposição de dados para
outras situações. Evidentemente, a experiência direta também enseja o desenvolvimento
dessas habilidades, entretanto, é mais limitada, pois a ocorrência de situações concretas
depende inteiramente de uma relação de casualidade. Já na leitura, especialmente de textos
ficcionais, a diversidade de situações é muito maior, possibilitando o contato com
experiências múltiplas e variadas. Isso pode ser comprovado, por exemplo, por estudos que
remontam à literatura infantil.
No trabalho relativo à influência dos contos de fadas sobre a psique infantil, Bettelheim
(1980) enfatiza a necessidade de fantasia para que o infante possa organizar seu mundo
interior e promover a integração de sua personalidade. Como a criança, atualmente, está mais
exposta ao bombardeio de informações nem sempre felizes, à solidão ocasionada por pais que
exercem suas profissões fora de casa e ao isolamento que isso acarreta, ela necessita
vislumbrar a possibilidade de que, apesar de “rejeitada e abandonada”, poderá dispor de ajuda
para reencontrar seu lugar no mundo que a cerca. Bettelheim (1980, p. 20) ressalta que a
criança precisa do “reasseguramento oferecido pela imagem do homem isolado que, contudo,
é capaz de conseguir relações significativas e compensadoras com o mundo ao seu redor.” A
obra literária parece cumprir, assim, um importante papel, pois, enquanto diverte o leitor,
proporciona-lhe caminhos que o levam ao auto-conhecimento necessário à sua formação
como ser humano, à organização de sua personalidade. Também Zilberman e Magalhães
(1982) discutem a necessidade de uma literatura emancipatória como elemento básico para a
educação de um ser pensante e crítico. Zilberman (1982, p. 13) afirma que a literatura pode
servir de ponte para o infante alcançar maior compreensão da realidade circundante:
se a criança – devido não só à sua circunstância social, mas também por razões
existenciais – se vê privada ainda de um meio interior para a experimentação do
mundo, ela necessitará de um suporte fora de si que lhe sirva de auxiliar. É este
lugar que a literatura infantil preenche de modo particular, porque, ao contrário
da pedagogia ou dos ensinamentos escolares, ela lida com dois elementos que
são especialmente adequados para a conquista desta compreensão do real:
- com uma história que apresenta, de maneira sistemática, as relações presentes
na realidade, que a criança não pode perceber por conta própria; [...]
- com a linguagem, que é o mediador entre a criança e o mundo, de modo que,
propiciando, através da leitura, um alargamento do domínio lingüístico, a
literatura infantil preencherá uma função de conhecimento.
Isso remete a conjecturar sobre o caráter formativo da leitura do texto literário, na medida em
que oportuniza a reflexão sobre o ser humano e sua circunstância, auxiliando-o a ter mais
segurança diante de suas próprias vivências, o que justifica reconhecer como imprescindível a
tarefa da escola de formar leitores. Zilberman e Silva (1988) também assinalam que o ensino
da literatura tem o compromisso de formar o leitor, através de atividades que proporcionam
experiências com textos literários.
A mediação do professor na condução da leitura de textos literários, por conseguinte, pode
determinar a constituição de um leitor produtor de sentidos, pois não basta decodificar o que
está escrito na página, é necessário que o aprendiz, a partir de seu repertório de conhecimento,
tenha a oportunidade de alargar seu horizonte de expectativas para poder tornar-se um
apreciador da palavra artística. Por esse viés, viabiliza-se uma visão de ensino de literatura
que transgride o processo de respostas pré-determinadas para dar lugar a uma diversidade de
alternativas possíveis em que o aluno se percebe um ser humano capaz de pensar criticamente.
Se a escola visa à formação de indivíduos, então a literatura deveria ter um lugar de destaque
nos currículos escolares pela potencialidade de transgressão que lhe é inerente. Entretanto, por
fugir aos padrões tradicionais de ensino, os gêneros textuais literários, frequentemente, não
são trabalhados em sua potencialidade artística, em especial, nas últimas séries do ensino
fundamental. Caso o professor de Língua Portuguesa não perceba a importância de seu papel
como mediador de leitura, privará seu aluno da mobilização necessária para otimizar o
processo de leitura do texto literário em seus mais variados gêneros.
Uma das alternativas para o ensino da literatura, que tem se mostrado altamente promissora, é
a modalidade da pesquisa-ação aplicada ao ensino. Retomando-se os conceitos de Guido
Irineu Engel (2000), fica evidenciada a importância desse trabalho, pois essa modalidade de
pesquisa, segundo o autor, pode configurar-se como uma alternativa para a necessidade de
otimizar o processo de ensino em sala de aula. Desse modo, a mescla de teoria e prática pode
tornar-se uma realidade para professores, auxiliando-os na solução de problemas, na medida
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ensino da literatura poderia, então, consistir em que, depois de estabelecidos os objetivos que
o professor-pesquisador deseja atingir, este organize com os alunos uma discussão sobre
gêneros textuais, livros, leitura e literatura, com a finalidade de verificar quais as idéias que
circulam no grupo, suas necessidades e potencialidades, estabelecendo-se um diagnóstico
sobre a situação desse universo. A partir da discussão, são eleitos alguns tópicos considerados
importantes para a investigação, momento em que se determinam os objetivos do trabalho a
ser desenvolvido. Na fase exploratória, após o diagnóstico, de acordo com Thiollent (2000),
são definidas as estratégias metodológicas e planejadas as ações. Assim, escolhem-se os
textos, organizam-se roteiros de leitura e estabelecem-se alguns procedimentos para a
realização da investigação proposta. Com o levantamento das questões norteadoras da
pesquisa selecionadas, torna-se imprescindível buscar subsídios em referencial teórico,
disponível em diferentes áreas do conhecimento, o qual fornecerá elementos para elucidar
possíveis dificuldades no andamento do trabalho. Isso oportunizará ao aluno entrar em
contato com variados gêneros textuais, o que permitirá a diversidade na formação de seu
repertório de leitura.
Visto que a troca de idéias e o debate são indispensáveis para o engajamento na atividade, o
trabalho é desenvolvido em grupos, justificando-se a proposição da atividade fundamentar-se
nos princípios da pesquisa-ação, que supõe uma atividade coletiva em que o
comprometimento pessoal é fundamental para a consecução dos objetivos.
Como forma de divulgação e avaliação do trabalho realizado, cada grupo apresenta, na
modalidade que lhe parecer mais adequada, os resultados obtidos, colocando-os em discussão
no grande grupo. A avaliação é efetivada pelos alunos-pesquisadores e coordenada pelo
professor, os quais levam em conta a realização de todas as etapas do processo, examinando-
se, assim, a produtividade da leitura, a pertinência das questões de pesquisa, a adequação dos
procedimentos realizados, a apresentação dos resultados bem como a discussão plenária sobre
a atividade efetivada. Com esses passos, não só é possível avaliar a maturidade alcançada pelo
grupo em cada etapa da trajetória desenvolvida pelos alunos e pelo professor em sala de aula,
como também a percepção do aluno a respeito do trabalho calcado na diversidade de gêneros
textuais literários, favorecendo o entendimento sobre a necessidade dessa variedade para a
construção do conhecimento.
Machado (2004, p. 90), quando discute a constituição do campo da literatura infantil e juvenil,
no Brasil, pondera que
acompanhar a trajetória de formação de um público leitor de literatura no Brasil
é uma tarefa que aciona uma complexa rede da qual participam aspectos de
diferentes naturezas tais como o das diferentes condições de uso da escrita e da
leitura dos sujeitos que interagem na sociedade contemporânea; o das relações
existentes entre as práticas escolares e a formação efetiva do leitor de livros de
literatura; o das relações de poder mantidas pelas instituições escolares e as
políticas públicas de leitura, que afetam diretamente a produção e a circulação de
livros para crianças e jovens; entre tantos outros aspectos referentes ao campo da
leitura literária e seu ensino.
Sendo assim, pensar sobre formas de trabalhar o texto literário, em sala de aula, deve ocupar
um lugar cada vez mais abrangente nas discussões sobre o assunto. Acredita-se que a
modalidade de trabalho apresentada possa configurar-se como uma das alternativas de
abordagem da literatura no ensino, na medida em que promove o aprimoramento de
competências e habilidades relevantes para a vida prática. Dessa forma, a literatura torna-se,
além de guardiã do patrimônio cultural, uma possibilidade de dotar o ser humano de
desenvolvimento afetivo, cognitivo e social necessários para a integração da personalidade e
socialização. Entretanto, para que um processo de ensino dessa natureza alcance resultados
apreciáveis, torna-se indispensável o engajamento de um maior número de professores, pois,
com a divulgação de trabalhos que podem propiciar ao educando a descoberta de como
apreciar o texto literário, haverá maior estímulo para que escolas se comprometam com
projetos de ensino mais abrangentes e menos personalizados, conferindo-lhes maior
credibilidade. Na esteira dessas considerações, cabe ressaltar, também, de acordo com
Perrenoud (1999, p. 10), a necessidade de a prática pedagógica sustentar-se não só por um
conhecimento metodológico e teórico, mas também por atitudes e capacidades específicas.
Para o autor, somente “funcionando numa postura reflexiva e numa participação crítica [é]
que os estudantes tirarão melhor proveito de uma formação em alternância.” Nessa medida, o
educando estará exposto a um ambiente de interação que o remete a pensar sobre a
importância de se constituir um “ser aprendente”, que percebe na contínua busca do
conhecimento um bem maior. De acordo com Alarcão (2003, p. 26), “o aluno tem de se
assumir como um ser (mente num corpo com alma) que observa o mundo e se observa a si, se
questiona e procura atribuir sentido aos objetos, aos acontecimentos e às interações.” A
literatura, por seu caráter multíplice, cumpre papel fundamental na formação do educando, na
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Referências
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