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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO -


AUDITORIA GOVERNAMENTAL
TEORIA E EXERCÍCIOS
AULAl
PROF: RICARDO GOMES

Aula 1

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU)

Prezados Concurseiros e futuros Auditores do TCU!


Chegamos ao nosso 1º encontro!
Fico feliz de começarmos nossa trajetória rumo à aprovação
neste maravilhoso concurso do TCU-2015!
Há bastante tempo até o dia em que a prova será realizada.
Portanto, aos estudos!
Desejo a todos sucesso nessa reta final!
Agora vamos lá!
Ricardo Gomes
Por sua aprovação!

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Disponibilizarei para o Concurso do TCU os seguintes Cursos:

• DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ TCU - NO PACOTE DE MATÉRIAS


BÁSICAS
• DIREITO PROCESSUAL CIVIL P / TCU - TEORIA E EXERCÍCIOS
• BIZUS DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Não percam esta oportunidade de praticarem e aperfeiçoarem ainda mais
seus conhecimentos!

QUADRO SINÓPTICO DA AULA:

1. Princípios constitucionais do processo civil:


princípio do devido processo legal e seus consectários
lógicos: princípios do contraditório, da ampla defesa e
do juiz natural.

1. Princípios constitucionais do processo civil: Princípio do


Devido Processo Legal e seus consectários lógicos:
princípios do Contraditório, da Ampla Defesa e do Juiz
Natural.

Princípio do Devido Processo Legal ("Duo Processo Of Law'1


- Continuação.

Iniciamos na Aula Demonstrativa nosso estudo acerca deste


relevante princípio processual (Devido Processo Legal), destacando o seu

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conteúdo mínimo e as 2 (duas) concepções elencadas pela doutri na


(Formal/Processual e Material/Substantiva) .
No Direito Processual Civil, bem como no Processo Admin istrativo
(aplicável no TCU), no Processo Legislativo e nas relações privadas, o Devido
Processo Legal é um "Princípio Mãe", que incorpora todos os dema is princípios
a serem estudados à frente. Isto porque, juntamente com o Contraditório,
Ampla Defesa e Juiz Natura l (imparcialidade), o Devido Processo Legal
constitui o sistema de garantias processuais básicas de uma sociedade
democrática e justa.
Consoante já delineado no texto constitucional (art. Sº, LIV, da CF-
88) , ninguém pode ser privado de sua liberdade ou de seus bens sem que
tenha sido submetido a um julgamento prolatado com base no pertinente
instrumento estata l previsto em lei pa ra a solução do conflito
judicial/administrativo/privado.
No âmbito específico do Dire ito Processual Civil, a ofensa ao Devido
Processo Legal em seu sentido formal/processual pode ser reconhecida , por
exemplo, quando se adota um rito (procedimento) processua l sumário (ma is
simples e rápido), quando a lei determina que o rito aplicável é o ordinário
( mais completo, abrangente e garantísta) .
Já no âmbito do Processo Adm inistrativo, o Devido Processo Lega l
em seu sentido forma l/processual, resta atacado quando, por exemplo,
determinado servidor público recebe puniçao disciplinar (Advertência,
Suspensão ou Demissão) sem a instauração do competente Processo
Adm inistrativo Disciplinar ou Sindicância Apuratória; quando, em um Processo
de Auditoria de Contas de determinada entidade auditada, não seja
oportunizado à autoridade pública dirigente o direito de apresentar suas razões
de justificativa acerca das constatações re lacionadas no Relatório de Au ditoria
do Tribuna l de Contas ou do órgão de Controle Interno (ex : TCU e CGU) .
Um exemplo j urisprudencia l disso é a decisão do STF que co laciono
abaixo :

I Ementa : (. . .) O Estado, em tema de punições disciplinares ou de I


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restrição a direitos, qualquer que seja o destinatário de tais


medidas, não pode exercer a sua autoridade de maneira
abusiva ou arbitrária, desconsiderando, no exercício de sua
atividade, o postulado da plenitude de defesa, pois o
reconhecimento da legitimidade ético-jurídica de qualquer medida
estatal - que importe em punição disciplinar ou em limitação de
direitos - exige, ainda aue se cuide de orocedimento
meramente administrativo (CF, art. 5º, LV), a fiel observância
do princípio do devido processo legal. A jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal tem reafirmado a essencialidade desse
princípio, nele reconhecendo uma insuprimível garantia, que,
instituída em favor de qualquer pessoa ou entidade, rege e
condiciona o exercício, pelo Poder Público, de sua atividade,
ainda que em sede materialmente administrativa, sob pena
de nulidade do próprio ato punitivo ou da medida restritiva
de direitos. (STF, Agravo de Instrumento nº 241.201)

Com efeito, apesar de termos introduzido na Aula Demonstrativa


alguns pontos importantes do Princípio do Devido Processo Lega l, destaco
abaixo mais elementos re levantes acerca das 2 (duas) concepções do Princípio
e outras peculiaridades.

1. Concepção FORMAL/Processual do Devido Processo


Legal.
Pa ra esta concepção, o Devido Processo Legal é apenas o direito de
processa r e ser processado de acordo com as normas pré-estabelecidas pa ra
tanto. Trata-se de normas delim itadores dos procedimentos ou ritos mínimos a
serem adotados para que sejam respeitadas todas as garantias processuais.
Em outros termos, é o conjunto de garantias processuais a serem a
observados na condução dos processos. Exemplo : necessidade de citação do
réu no Processo Judicial ou do acusado em processo administrativo (respeito

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ao contraditório); necessidade de motivação; observância ao Juiz Natural.


Em linguagem simples, no Processo Judicial, devem-se respeitar
todas as garantias e ritos/proced imentos previstos nas Leis de Processo (ex:
Código de Processo Civi l, Lei do Mandado de Segurança - Lei nº 12.016/2009,
Lei da Ação Popular - Lei nº 4. 717/65, etc). No Processo Civil, o Devido
Processo Legal materializa-se também com as segu intes garantias: Juiz
Natural, Contraditório, Ampla Defesa, Direito de Acesso à Justiça,
tratamento isonômico das partes do processo, publicidade dos atos do
processo, motivação das decisões e duração razoável do processo.
No Processo Adm inistrativo, devem-se observar todas as garantias
ao administrado e os ritos procedimentais também previstos nas Leis de
Processo Adm inistrativo (ex: Lei nº 9.784/99 - Lei que regu la o Processo
Adm inistrativo na Admin istração Pública Federa l e Lei nº 8.112/90 - Estatuto
dos Servidores Públicos Federais, etc). Exemplo de procedimento a ser
seguido: o acusado em determinado Processo Adm inistrativo deve ser
notificado para que tenha acesso aos autos, produza provas, apresente defesa
e possa recorrer de eventual decisão incriminadora.
Para a doutrina especializada, a garantia constituciona l do devido
processo legal deve ser uma rea lidade durante todas as etapas dos processos,
para que ninguém seja privado de seus direitos, a não ser que no
procedimento em que este se materializa se constatem todas as forma lidades
e exigências previstas nas leis de processo.
Esta é a concepção mais comumente reconhecida em provas
objetivas como sendo o conceito de Devido Processo Legal. Isto é, nas provas
quase sempre os examinadores restringem o conceito do Princípio a sua
concepção formal/processual (respeito meramente ao procedimento). No
entanto, não se pode anular e deixar de reconhecer a 2ª concepção
(material/substantiva), especialmente se cobrada em eventual prova
discursiva.

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2. Concepção MATERIAL/Substantiva do Devido Processo


Legal.
O Devido Processo Legal em seu sentido Material ou Substantivo
decorreu de uma construção jurisprudencial que objetivava o controle do
conteúdo das decisões judiciais. De nada adianta uma decisão formalmente
correta, que segue todo o rito/procedimento previsto nas leis de processo, mas
que seja materialmente injusta, desproporcional e irrazoável (ex: uma decisão
teratológica - absurda). É a ga rantia de justiça das decisões!
Assim, o Devido Processo Legal nesta concepção Material ou
Substantiva constitui uma garantia de que as decisões adotadas sejam
efetivamente, na prática, razoáveis, adequadas, proporcionais e equilibradas.
O Legislativo não pode simplesmente editar uma Lei formalmente correta, mas
com conteúdo arbit rário ou teratológico; um réu confesso não pode ficar em
liberdade por tanto tempo como ocorreu com o Jornalista Pimenta Neves por
entendimento do STF, apesar de ser uma decisão forma lmente correta, posto
não existirem fundamentos para Prisão Preventiva, não é materialmente
correta; um furto de um lápis na repartição não pode ensejar a abertura de
uma Sindicância.
Isso porque não basta que uma decisão seja regular apenas
formalmente. É necessário que uma decisão seja substancialmente razoável e
correta. Por sua vez, a decisão será substancialmente devida quando o seu
conteúdo for razoável. Esta é uma exigência de que o conteúdo das decisões
seja razoável, equilibrado e adequado. A autoridade judicial ou administrativa
não pode emitir qualquer decisão somente observando as formal idades, mas
também à razoabi lidade e proporcionalidade.
Esta concepção visa, portanto, evitar leis absurdas, abuso de poder
(Devido Processo Legal Legislativo) e decisões judiciais ou administrativas
absurdas e irrazoáveis (Devido Processo Lega l Judicial e Adm inistrativo) .
A partir desta garantia processual que surgiu a aplicação dos
princípios da proporcionalidade e razoabi lidade ao processo . Para o STF, não
há qualquer distinção da aplicação do Princípio da Proporcionalidade ao

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Processo e o Princípio do Devido Processo Legal Material ou


Substantivo. A Suprema Corte entende que os 2 (dois) princ1p1os são
praticamente sinônimos, posto que o Princípio da Proporcionalidade decorreria
da cláusula geral do Devido Processo Legal Substantivo.

STF: Proporcionalidade = Devido Processo Legal Material/Substantivo

Devido Processo Legal Privado (Negocial}.

Ao lado das Leis, das Decisões Administrativas e das Sentenças


Judiciais, há uma quarta espécie de Decisões/Normas: são as Negociais ou
Privadas. São normas produzidas a partir da autonomia privada ( exemplo:
contratos privados, regulamentos de escolas, regulamentos de condomínios,
regimentos internos de um clube, normas de sociedades, etc.).
Se nas relações privadas são criadas normas negociais, deve-se
aplicar a estas relações privadas também o Princípio do Devido Processo Lega l?
No Direito Constitucional, estudam-se os Direitos Fundamentais em
suas eficácias v ertical e horizontal:

1. Eficácia Vertical: relação entre o Estado e o indivíduo . Aqui, os


direitos fundamentais voltam-se à proteção do indivíduo frente o
Estado.
2. Eficácia Horizontal: relação entre particulares. Decorre da
teoria da aplicação dos Direitos Fundamentais às relações
pa rticu lares.

Quando a Teoria Constitucional dos Direitos Fundamentais


começou a se desenvolver, falava-se que os direitos fundamenta is regulavam
as re lações entre Estado e cidadão . Esta foi uma técnica de proteção dos
cidadãos frente ao Estado . Por isso, havia somente a chamada eficácia vertical
dos direitos fundamenta is : re lação entre Estado x Cidadão .

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No entanto, com a evolução jurisprudencial e doutrinária, foi


construído o conceito de eficácia HORIZONTAL (entre os iguais -
particulares), ou seja, os direitos fundamentais também se devem aplicar e
incidir nas relações entre Indivíduo x Indivíduo.
É isso que se chama a eficácia horizontal dos direitos
fundamenta is, muito difundido na atualidade e matéria forte para as futuras
provas.
Assim, o Princípio do Devido Processo Legal, como um dos Direitos
Fundamentais, deve também reger as relações privadas. Hoje não é possível,
por exemplo, um condômino ser punido por não cumprir determinada regra
condominial sem que lhe seja oportunizado o direito de defesa. Mesmo no
âmbito privado, não se admite mais atos arbitrários e ditadores, sem que seja
oportunizado ao acusado o direito à m ínima defesa e à observância de um
procedimento mínimo antes de eventual sancionamento.
Portanto, o Devido Processo Legal e todas as garantias
fundamenta is do Processo (Contraditório, Amp la Defesa e outros) são
aplicáveis às relações particulares, independentemente de lei
infraconstitucional. Esta construção decorre da citada eficácia horizontal dos
direitos fundamentais (aplicação nas relações privadas).
Exemplos de aplicação do Devido Processo Legal às relações
privadas:
1. Norma prevista no art. 57 do Código Civil que proíbe a
exclusão de associado de associação civil, sem que lhe seja
oportunizado o direito defesa e de recurso, direitos que
decorrem da cláusula geral do Devido Processo Legal. Isto é,
para ser expulso, o associado deve responder em
procedimento próprio previsto no Estatuto da associação, não
podendo ser sumariamente punido sem a observância de um
rito mínimo:

ICC-02

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Art. 57. A exclusã o do associado só é admissível havendo ;usta


causa, assim reconhecida em procedimento que assegure
direito de defesa e de recurso , nos termos previstos no
estatuto. (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005)

2. Condomínio não pode aplicar penalidade sem ouvi r com


antecedência o condômino infrator. Exemplo: o Reg imento
interno do condomínio que diz que o condômino que não
cumprir determinada regra deverá pagar 1 (um) salário
mínimo. Antes de puni-lo deve o condômino ser cient ificado
para apresentar a sua defesa. Se o síndico simplesmente
punir o condômino, sem oportunizar o contraditório em um
procedimento específico, estará ferindo o Devido Processo
Legal Privado. Assim, não é devida a multa condominial sem
a oportunidade de defesa.
3. Aplicação de penalidade disciplinar a Sócio de Clube sem a
instauração de procedimento administrativo interno
sancionador.
4. Por fim, o julgamento do Recurso Extraordinário n°
201819/RJ pelo STF - Min. Gi lmar Ferreira Mendes é muito
didática na explicação sobre o tema:

EMENTA: SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. UNIÃO


BRASILEIRA DE COMPOSITORES. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM
GARANTIA DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. EFICÁCIA
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES PRIVADAS.
RECURSO DESPROVIDO.
1. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES
PRIVADAS. As violações a direitos fundamentais não ocorrem
somente no âmbito das relações entre o cidadão e o Estado, mas
igualmente nas relações travadas entre pessoas físicas e jurídicas

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de direito p rivado. Assim, os direitos fundam entais assegurados


pela Constituição vinculam diretamente não apenas os poder es
públicos, estando direcionados também à proteção dos particulares
em face dos poderes privados.
II. OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS COMO LIMITES À
AUTONOMIA PRIVADA DAS ASSOCIAÇÕES. A ordem jurídico-
constitucional brasileira não conferiu a qualquer associação civil a
possibilidade de agir à revelia dos princípios inscritos nas leis e, em
especial, dos postulados que têm por fundamen to direto o próprio
texto da Constituição da República, notadamente em tema de
proteção às liberdades e garantias fundamentais. O espaço de
autonomia privada garantido pela Constituição às
associações não está imune à incidência dos princípios
constitucionais que asseguram o respeito aos direitos
fundamentais de seus associados. A autonomia privada, que
encontra claras limitações de ordem jurídica, não pode ser exercida
em detrimento ou com desrespeito aos direitos e garantias de
terceiros, especialmente aqueles positivados em sede
constitucional, pois a autonomia da vontade não confere aos
particulares, no domínio de sua incidência e atuação, o
poder de transgredir ou de ignorar as restrições postas e
definidas pela própria Constituição, cuja eficácia e força
normativa também se impõem, aos particulares, no âmbito
de suas relações privadas, em tema de liberdades
fundamentais.
III. SOCIEDADE CIVIL SEM FINS LUCRATIVOS. ENTIDADE QUE
INTEGRA ESPAÇO PÚBLICO, AINDA QUE NÃO -ESTATAL. ATIVI DADE
DE CARÁTER PÚBLICO. EXCLUSÃO DE SÓCIO SEM GARANTIA DO
DEVIDO PROCESSO LEGAL.APLICAÇÃO DIRETA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. As
associações privadas que ex ercem função p redominante em
determinado âm bito econômico e/ ou social, mantendo seus

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associados em relações de dependência econôm ica e/ ou social,


integram o que se pode denominar de espaço público, ainda que
não-estatal. A União Brasileira de Compositores - UBC, sociedade
civil sem fins lucrativos, integra a estrutura do ECAD e, portanto,
assume posição privilegiada para determinar a extensão do gozo e
fruição dos direitos autorais de seus associados. A exclusão de
sócio do quadro social da UBC, sem qualquer garantia de
ampla defesa, do contraditório, ou do devido processo
constitucional, onera consideravelmente o recorrido, o qual
fica impossibilitado de perceber os direitos autorais
relativos à execução de suas obras. A vedação das garantias
constitucionais do devido processo legal acaba por restringir
a própria liberdade de exercício profissional do sócio. O
caráter público da atividade exercida pela sociedade e a
dependência do vínculo associativo aara o exercício
profissional de seus sócios legitimam, no caso concreto, a
aplicação direta dos direitos fundamentais concernentes ao
devido processo lega/, ao contraditório e à ampla defesa
(art. Sº, LI V e LV, CF/88) . IV. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
DESPROVIDO. (RE 201819/RJ. Relator(a): Min. ELLEN GRACIE.
Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES. Julgamen to:
11/10/2005)

Princípio do CONTRADITÓRIO.

Como já estudado, todos os princ1p1os processuais decorrem do


Princípio maior (Devido Processo Lega l) . Juntamente com o Princípio da Ampla
Defesa e do Juiz Natural, o Contraditório é o que mais representa a expressão
maior do Devido Processo Legal.
O Processo é um instrumento de pacificação dos conflitos e de

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resolução de determinadas questões, sejam judiciais, administrativas ou


privadas, que devem realizar-se sob a égide do Contraditório.
Mas o que é Contraditóri o, Professor?
O seu conceito pode ser dividido em 2 (duas) ga rantias diversas,
de acordo com 2 (dois) sentidos Formal e Material:

1. Direito de Participação (sentido Formal/Processual) - é


o direito de participar do processo, de ser ouvido, de
contradizer, direito de audiência, de comunicacão, de ciência
do processo. A parte tem o direito de contrapor às acusações
que lhe são imputadas. Para tanto, deve ter assegurado o
seu direito de participar do processo, para que possa, pelo
menos em tese, contradizer/contrapor. Este é o direito de
poder falar no processo.
2. Poder de Influenciar a decisão (sentido
Material/Substantivo) Para que seja assegurado
verdadeiramente o Contraditório, não adianta simplesmente
garantir que a parte do processo apenas tenha simplesmente
o direito de ser ouvida. É preciso que a parte tenha efetiva
condicão de poder influenciar a decisão judicial.
administrativa ou privada. A parte tem direito a interferir na
decisão com argumentos, com ideias, com fatos e questões
jurídicas novas. Ela deve poder influenciar o conteúdo da
decisão após a finalização do processo, utilizando dos
instrumentos de defesa e ataque processuais para o
convencimento da autoridade julgadora. Assim, se o
Magistrado ou alguma autoridade administrativa
simplesmente garanta o direito de participar do processo, por
meio da citação da parte para responder ao processo, mas
reiteradamente indefere de forma motivada as provas
solicitadas pela parte, não está permitindo que a parte possa,
materialmente, contradizer, influenciar na decisão, o que fere

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substancialmente seu direito de Contraditório. Para muitos,


este sentido Material do Contraditório confunde-se com o
próprio Princípio da Ampla Defesa.

Em outros termos, o Contraditório é a expressão da democracia


no processo, pois assegura o direito de participação dos envolvidos no
processo. Assim , a decisão final é construída de acordo com os argumentos
dos partícipes do processo e não apenas unilatera lmente por parte da
autoridade julgadora. Somente o contraditório garante a construção da decisão
final, oportunizando a produção de provas de todos os polos do processo.
Os Direitos ao Contraditório e à Ampla Defesa também foram
assegurados em sede constitucional, sendo erigidos como Direitos
Fundamentais do Processo.

CF-88
Art. 5
LV - litigantes (partes), em processo judicial ou
aos
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
CONTRADITÓRIO e AMPLA DEFESA, com os meios e recursos a
ela inerentes;

Observem que o Contraditório e a Ampla Defesa são assegurados


expressamente tanto no Processo Judicia l quanto no Admin istrativo. Muitas
questões objetivas restringem a aplicação aos processos judiciais, deixando o
item errado. A despeito de não previsto no texto constitucional, registre-se que
referidos princípios aplicam-se também às relações privadas, conforme
explicamos linhas atrás.
O Contraditório no Direito Processual Civil poderá ser conferido em
2 (dois) momentos dist intos:
• Contraditório Antecipado é a regra. As partes
acompanham e participam do Processo desde seu início .
Todas as decisões (sejam Decisões Interlocutórias ou

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mesmo a Sentença) são tomadas após a efetiva participação


contraditórias das partes, com o convencimento do julgador
formado depois da ampla manifestação das partes de forma
definitiva. Exemplo: Processo Comum de Conhecimento, que
é o rito ordinário do Dire ito Processual Civil.
• Contraditório Diferido ou Postergado - há situações
processuais em que não tempo ou condições de abrir às
partes o direito do contraditório, sob pena da ocorrência de
algum prejuízo. É o caso, por exemplo, da concessão de
decisões liminares ( no início de um processo), antes
mesmo de ouvi r o réu. Neste caso o Juiz faz uma cognição
sumária das alegações e provas juntadas pelo autor,
prolatando uma decisão provisória. O contraditório não será
anulado, como é possível pensar, pois será realizado
posteriormente. Por isso o nome de Contraditório Postergado
ou Diferido no tempo. O Juiz aqui faz mero exame provisório
a respeito do pedido, dada a urgência da medida limina r
solicitada. Com isso, o contraditório somente será aberto
posteriormente.
Não há inconstitucionalidade neste contraditório diferido,
porque somente deste modo é que será possível a prestação
de medidas cautelares nos processos judiciais, que são de
natureza urgente.
Em outros termos, não há violação da garantia do
contrad itório na concessão, justificada pelo perigo e pela
urgência, de providências antes da ouvida da outra parte do
processo (chamada pela doutrina de providências inaudita
altera parte, isto é, sem que a outra parte seja ouvida).
Como colocado, o contraditório será postergado (diferido)
para momento posterior à concessão da providência
urgente.
Desse modo, as liminares e as diversas medidas de urgência

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ao longo do processo não violam o contraditório, apenas o


mitigam, postergando para momento subsequente .

O Princípio do Contraditório e da Amp la Defesa, aplicáveis também


em todas as espécies de Processo Administrativo, encontram pr evisão
expressa na Lei nº 9 . 784/99 e na Lei nº 8. 112/90 :

Lei nº 9.784/99
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporciona/idade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados,
ent re outros, os critérios de:
VIII - observância das formalidades essenciais à garantia dos
direitos dos administrados:
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de
alegações finais, à produção de provas e à interposição de
r ecursos, nos processos de que possam resultar sanções e
nas situações de litígio:
Lei nº 8.112/90
Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao princípio do
contraditório, assegurada ao acusado ampla defesa , com a
utilização dos meios e recursos admitidos em direito.
Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acompanhar
o processo pessoalmente ou por intermédio de procurador,
arrolar e reinquirir testemunhas, pr oduzir provas e contraprovas e
fo rmular quesitos, quando se tratar de prova per icial.

Ressalte-se que em sede de Procedimento Disciplinar instaurado

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em face de servidor público, serão garantidos o Contraditório e a Ampla Defesa


nos Processos Administrativos Disciplinares {PADs) e nas Sindicâ ncias
Punitivas, os quais podem resultar sanção disciplinar. Por outro lado, nas
Sindicâncias meramente investigativas não é necessária a observância de tais
garantias, posto que não ensejam qualquer punição ao servidor.

Princípio da AMPLA DEFESA.


A Ampla Defesa corresponde ao sentido material do Contraditório,
consistindo no conjunto de meios adequados para o exercício do adequado
Contraditório. A Ampla Defesa qualifica o Contraditório na medida em que não
há Contraditório sem defesa das partes. Ou seja, o Contraditório é um
instrumento de atuação do direito de defesa da parte. A Ampla Defesa realiza-
se por meio de um procedimento Contraditório.
Nesse sentido, a Ampla Defesa representa o direito de participar
efetivamente na formação do convencimento da autoridade julgadora, por
meio do efetivo acesso da parte aos meios e elementos processuais previstos
em lei (direito de ação e de instrução processual). Além do direito de ser
ouvido no processo, a parte precisa dispor de elementos mínimos de defesa
(instrumentos processuais básicos) para exercer seu direito de contrapor as
afirmações do autor.
Em outras palavras, a Ampla Defesa consiste na possibilidade de
utilização pelas partes de todos os meios e recursos legais previstos para a
defesa de seus interesses e direitos postos em juízo ou administrativamente.
O processo somente será justo e equânime se propiciar que as
partes tenham amp lo acesso a todos os meios processuais e legais de defesa.
O cerceamento do direito de defesa implica no ferimento ao princípio da Ampla
Defesa, que ocorre quando a decisão é prolatada sem que a parte t ivesse
disposto dos recursos previstos em lei para a sua defesa. Outra hipótese de
cerceamento do direito de defesa é a supressão de uma determinada fase
processual legalmente prevista.

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Ressalte-se que o Autor, e não somente o réu, de uma


determinada Ação no Direito Processual Civil também tem direito ao
Contraditório e à Ampla Defesa. Assim, se o autor tiver solicitado uma
diligência ao Juiz, que seja necessária para provar determinada alegação, e
este a negar de forma imotivada, estará ferindo seu direito ao Contraditório e
à Ampla Defesa ( defesa de sua alegação).

Súmula Vinculante n° 3. Contraditório e Ampla Defesa nos


Processos do TCU.

Já caiu muito em provas recentes e ainda será muito cobrado o


conhecimento da Súmula Vincu lante nº 3 do STF, que trata a respeito do
Contraditório nos Processos do TCU.

Vejamos inicia lmente seu texto:

Súmula Vinculante nº 3 - STF


Nos processos perante o Tribunal de Contas da União (TCUJ
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo
que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão (não assegura).

É até simples entender esta Súmu la Vinculante. A regra é que em


todos os Processos Administrativos instaurados no TCU, sejam de Aud itorias de
Contas, sejam de análise da legalidade de admissão e aposentação de
beneficiários, em todo caso, devem-se respeitar os direitos de contraditório e
ampla defesa dos interessados (REGRA) .

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No entanto, tão somente nos atos de apreciação da legalidade de


concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão , NÃO precisa
observar o contradit ório e a ampla defesa (EXCEÇÃO). Isto porque, nestes
casos o que há é uma mera expectativa de di reitos ainda não usufruívei s pelos
interessados, posto serem passíveis de controle de legalidade concom itante
pelo TCU.
Esta apreciação da lega lidade de concessão inicia l de aposentadoria,
reforma e pensão constitui Ato Complexo, realizado pela entidade concessora
(órgão público específico ou INSS) e o TCU. Antes deste controle o ato não se
aperfeiçoa, não havendo necessidade de contraditório e ampla defesa nesta
fase. Somente após a edição do Ato Adm inistrativo que conceda ou negue o
benefício, é que serão confe ridas ta is garantias. Na realidade, no âmbito dos
processos administrativos, este é um Contraditório Diferido, não é verdade?

Resumo:
o REGRA - Necessidade de Contraditório e Ampla Defesa nos
Processos do TCU, especialmente quando da decisão puder
resu ltar anulação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado;
o EXCEÇÃO - NÃO precisa observar o Contraditório e a Ampla
Defesa no Ato Complexo de apreciacão da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria. reforma e pensão.

CF-88
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União , ao qual

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compete:
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias,
reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que
não alterem o fundamento legal do ato concessório;

Súmula Vinculante n° Sº do STF.


O STF finalmente editou referida Súmu la Vincu lante para por fim às
discussões judiciais acerca da eventual anulação de Processo Adm inistrativo
Disciplinar finalizado sem a presença de Advogado do(s) acusado(s). O
entendimento atual da Suprema Corte é que a ausência de Advogado nos PADs
não é causa de anulação por não ofender a Constituição.
Esta med ida foi mais política do que técnica, pois na prática acaba
por ofender o contraditório e a ampla defesa qualificada . Foi política porque
apenas não permitiu a anulação de muitos processos em discussão judicial.

Súmula Vinculante nº 5 - STF


A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar NÃO ofende a Constituição.

Princípio do JUIZ NATURAL {Imparcialidade).

O Princípio do Juízo Natural é extraído do Devido Processo Legal e


de dois específicos dispositivos do art. so da Constituição Federal (incisos
XXXVII e LIII) . O Juiz Natura l é aquele investido regu larmente na jurisdição
(investidura) e com competência constituciona l para julgamento dos conflitos a

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ele submetidos. É aquele previsto antecedentemente, com competência


abstrata e geral, para julgar matéria específica prevista em lei.
A CF-88, ao instituir o Princípio visa coibir a criação de órgãos
judicantes para julgamento de questões depois do fato (ex post facto) ou de
determinadas pessoas (ad personam).
O Princípio do Juiz Natural pode ser visua lizado sob 2 (dois)
prismas diversos:
1. Juiz Natural em sentido Formal - consagra 2 (duas)
garantias básicas:
a. proibição de Tribunal de Exceção (art. Sº, XXXVII)
b. respeito às regras objetivas de determinação de
competência jurisdicional ( art. so, LIII).
Proibição de Tribunal de Exceção - O Tribunal de Exceção
é um órgão jurisdicional criado excepcionalmente para julgar
determinada causa, consistindo em um juízo extraordinário.
É o caso de criar um órgão judicial para julgar um específico
conflito. Exemplo: Tribunal Penal que ju lgou Saddan !Russen
(apesar das barbáries que ele cometeu, vocês acham que ele
seria julgado de forma imparcial?); Tribunal de Nuremberg,
criado para julgar os crimes dos nazistas após a 2ª Guerra
Mundial.
O Tribunal de Exceção é o chamado de Juízo, Tribunal ad hoc
(para o caso), ou ex post facto (juízo designado após o fato)
ou ad personam (pa ra determinada pessoa).
O Princípio do Juiz Natural garante a imparcialidade das
decisões judiciais. Portanto, é uma garantia constitucional ser
julgado por um juiz que já está posto. O Juiz Natural é o
único que pode ser imparcial.
No Processo Civil poderá ser atentado contra o Pr incípio
quando o Presidente do Tribuna l designa unilateralmente um

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Juiz para ju lgar determinada causa, sem passar o processo


pela distribuição eletrônica ( critério objetivo e abstrato de
distribuição das ações entre os juízes disponíveis) .
Respeito às regras objetivas de determinação de
competência jurisdicional.
Além da proibição de Tribunal de Exceção, o Juiz Natural em
sentido Formal garante que o Juízo seja competente para
ju lgar a causa. Essa competência tem que ser fixada de
acordo com as regras legais processuais de determinação de
competência ( critérios objetivos de fixação de competência).
É a lei que atribui a competência para o Juiz (ele não escolhe
a causa, nem a causa escolhe o juiz) .
As regras gerais de determinação de competência,
previamente estabelecidas, fixam a competência do Juiz.
Uma ação não pode ser distribuída deliberadamente para um
Juiz específico sem um motivo legal para tanto. A distribuição
objetiva e imparcia l dos processos é uma forma de garantir o
Juiz Natural. Por isso, violar a distribuição eletrônica de
processos é viola r o Juiz Natural.
Frise-se que é a lei é quem cria as reg ras de competência,
bem como os modos de sua alteração. O que é vedado é o
próprio Juiz pleitear a alteração das regras que fixaram a sua
competência. Ass im, a garantia do Juiz Natural veda o Poder
de Avocação de processos por parte de Magistrado.

CF-88
Art. 5
XXXVII - não haverá ;uízo ou tribunal de exceçã o ;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senã o pela
autoridade competente ;

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2. Juiz Natural em sentido Material - é a ga rantia da


imparcialidade do Juiz. Todo magistrado deve exercer sua
função de forma imparcial, equidistante das partes . É
garantia da Justiça Material (independência e imparcialidade
dos Magistrados) .

Portanto, Juiz Natural é o Juiz Competente (dimensão Formal) e


I mparcial ( dimensão Material ).

Pessoal, espero a todos na próxima Aula, em que


continuaremos nosso estudo dos próximos assuntos de Direito
Processual Civil (Pontos 2 e 3 do Edital}.

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EXERCÍCIOS COMENTADOS

QUESTÃO 6: TCU - ACE - Analista de Controle Externo - Auditoria


Governamental [CESPE] - 02/08/2008.
Tendo por base os princípios constitucionais que informam o direito processual
civi l, julgue os seguintes itens
Ao longo de toda a fase instrutória de uma comp lexa ação envolvendo
apropriação indevida de direitos autorais, o juiz deferiu todos os requerimentos
que lhe foram dirigidos para juntada de documentos e outros elementos
probantes aos autos, sempre concedendo vista às partes para sua
manifestação nos termos da lei processual vigente. Nessa situação, ao
oportunizar aos litigantes o pleno exercício do contraditório, o magistrado,
simu ltaneamente, também deu efetividade concreta ao princípio constitucional
da ampla defesa.

COMENTÁRIOS:
Isto mesmo!
O Princípio do Contraditório está umbilicalmente ligado ao Princípio da Am pla
Defesa.
O Magistrado conferiu o Direito de contraditar ( de participar do Processo) , bem
como oportunizou todos os meios de defesa inerentes ao processo (ampla
defesa ) .
A Ampla Defesa corresponde ao sentido material do Contraditório, consistindo
no con junto de meios adequados para o exercício do adequado Contraditório. A
Ampla Defesa qualifica o Contraditório na medida em que não há Contraditório
sem defesa das partes. Ou seja, o Contraditório é um instrumento de atuação
do direito de defesa da parte. A Ampla Defesa realiza-se por meio de um
procedimento Contraditório.

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Nesse sentido, a Ampla Defesa representa o direito de participar efetivamente


na formação do convencimento da autoridade julgadora, por meio do efetivo
acesso da parte aos meios e elementos processuais previstos em lei (direito de
ação e de instrução processual). Além do direito de ser ouvido no processo, a
parte precisa dispor de elementos mínimos de defesa (instrumentos
processuais básicos) para exercer seu direito de contrapor as afirmações do
autor.
Em outras palavras, a Ampla Defesa consiste na possibilidade de utilização
pelas partes de todos os meios e recursos lega is previstos para a defesa de
seus interesses e direitos postos em juízo ou administrativamente.
O Conceito de Contraditório é dividido em 2 (duas) garantias diversas, de
acordo com 2 (dois) sentidos Formal e Material:

1. Direito de Participação (sentido Formal/Processual) - é


o direito de participar do processo, de ser ouvido, de
contradizer, direito de audiência, de comunicacão, de ciência
do processo. A parte tem o direito de contrapor às acusações
que lhe são imputadas. Para tanto, deve ter assegurado o
seu direito de participar do processo, para que possa, pelo
menos em tese, contradizer/contrapor. Este é o direito de
poder falar no processo.
2. Poder de Influenciar a decisão (sentido
Material/Substantivo) Para que seja assegurado
verdadeiramente o Contraditório, não adianta simplesmente
garantir que a parte do processo apenas tenha simplesmente
o direito de ser ouvida. É preciso que a parte tenha efetiva
condicão de poder influenciar a decisão judicial.
administrativa ou privada. A parte tem direito a interferir na
decisão com argumentos, com ideias, com fatos e questões
jurídicas novas. Ela deve poder influenciar o conteúdo da
decisão após a finalização do processo, utilizando dos
instrumentos de defesa e ataque processuais para o

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convencimento da autoridade julgadora. Assim, se o


Magistrado ou alguma autoridade administrativa
simplesmente garanta o direito de participar do processo, por
meio da citação da parte para responder ao processo, mas
reiteradamente indefere de forma motivada as provas
solicitadas pela parte, não está permitindo que a parte possa,
materialmente, contradizer, influenciar na decisão, o que fere
substancialmente seu direito de Contraditório. Para muitos,
este sentido Material do Contraditório confunde-se com o
próprio Princípio da Ampla Defesa.

Por isso, na hipótese dada na questão, ao ser garantido o Contrad itório, foi
também conferido o direito à ampla defesa.

RESPOSTA CERTA: ,Ç,

QUESTÃO 7: TRT 9ª - Magistratura do trabalho - 1ª etapa [TRT 9ª] -


12/11/2008
Sobre os princípios do direito processual civil, assinale a alter nativa correta:
O Direito Processual Civil brasileiro não admite procedimentos ou provimentos
específicos fundados em técnicas de contraditório diferido, de reação aos atos
processuais já praticados, pois o contraditório é elemento inerente ao devido
processo legal, alçado a nível constitucional.

COMENTÁRIOS:
O Contraditório no Direito Processual Civil poderá ser conferido em
2 (dois) momentos distintos :
• Contraditório Antecipado é a regra. As partes
acompanham e participam do Processo desde seu início.
Todas as decisões (sejam Decisões Interlocutórias ou

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mesmo a Sentença) são tomadas após a efetiva participação


contraditórias das partes, com o convencimento do julgador
formado depois da ampla manifestação das partes de forma
definitiva. Exemplo: Processo Comum de Conhecimento, que
é o rito ordinário do Dire ito Processual Civil.
• Contraditório Diferido ou Postergado - há situações
processuais em que não tempo ou condições de abrir às
partes o direito do contraditório, sob pena da ocorrência de
algum prejuízo. É o caso, por exemplo, da concessão de
decisões liminares ( no início de um processo), antes
mesmo de ouvi r o réu. Neste caso o Juiz faz uma cognição
sumária das alegações e provas juntadas pelo autor,
prolatando uma decisão provisória. O contraditório não será
anulado, como é possível pensar, pois será realizado
posteriormente. Por isso o nome de Contraditório Postergado
ou Diferido no tempo. O Juiz aqui faz mero exame provisório
a respeito do pedido, dada a urgência da medida limina r
solicitada. Com isso, o contraditório somente será aberto
posteriormente.
Não há inconstitucionalidade neste contraditório diferido,
porque somente deste modo é que será possível a prestação
de medidas cautelares nos processos judiciais, que são de
natureza urgente.
Em outros termos, não há violação da garantia do
contrad itório na concessão, justificada pelo perigo e pela
urgência, de providências antes da ouvida da outra parte do
processo (chamada pela doutrina de providências inaudita
altera parte, isto é, sem que a outra parte seja ouvida).
Como colocado, o contraditório será postergado (diferido)
para momento posterior à concessão da providência
urgente.
Desse modo, as liminares e as diversas medidas de urgência

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ao longo do processo não violam o contraditório, apenas o


mitigam, postergando para momento subsequente .
Assim, não há que se alegar a impossibilidade de Contraditório diferido,
conforme afirma a questão.

RESPOSTA CERTA: f

QUESTÃO 8: TRT 24ª - Juiz do Trabalho Substituto [TRT 24ª] -


13/05/2008.
A respeito dos princípios que regem o Processo Civil, analise as proposições
abaixo:
São manifestações do princípio do devido processo legal no plano do processo
civil: garantia de publicidade dos atos processuais; motivação das decisões
judiciais; impossibilidade de utilização em Juízo de provas obtidas por meios
ilícitos; garantias do contraditório, da ampla defesa e do juiz natural.

COMENTÁRIOS:
O Princípio do Devido Processo Legal é um postulado fundamenta l do processo
em seu sentido mais amplo. Trata-se do princípio basilar do dire ito processual
do qual se originam e ao mesmo tempo convergem todos os demais princípios
e garantias fundamentais do processo. Também é chamado de "norma-mãe"
do Direito Processual, isto porque todos os demais princípios são decorrências
do Devido Processo Legal, pois se caracteriza como um conjunto de garantias,
além de servir de fundamento para outras garantias.
Nesse sentido, todos estes princípios processuais constitucionais são dele
decorrentes (garantia de publicidade dos atos processuais; motivação das
decisões judiciais; impossibilidade de utilização em Juízo de provas obtidas por
meios ilícitos; garantias do contraditório, da ampla defesa e do juiz natural) .

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RESPOSTA CERTA: ,Ç,

QUESTÃO 9: TCE-PI - Auditor [FCC] - 20/03/2007.


É considerado princípio geral do processo o do devido processo legal, previsto
implicitamente na Constituição Federa l, consiste na necessidade de que o
processo seja justo e tenha aptidão para gerar uma sentença justa .

COMENTÁRIOS:
O Princípio do Devido Processo Legal foi previsto expressamente (não
implicitamente) na Constituição Federal, aplicável a todo e qualquer processo e
direito subjetivo envolvido, sendo citados em diversos outros dispositivos os
Princípios "menores" que dele decorrem ( contraditório, ampla defesa,
motivação, publicidade, juiz natura l) .
Quanto à consequência de Justiça da decisão, este certamente é um dos
enfoques do Princípio do Devido Processo Lega l ( determ inar procedimentos
prévios necessários à retidão e justiça do conteúdo da decisão), mas não retira
o erro da questão.
CF-88
Art. 5
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo ;udicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
d efesa , com os meios e recursos a ela inerentes;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; (Juiz Natural)

RESPOSTA CERTA: f

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QUESTÃO 10: TCE-PI - Auditor [FCC] - 20/03/2007


É considerado princípio geral do processo o do contraditório e ampla defesa,
que se aplica exclusivamente ao réu , consiste na necessidade de que ele tenha
conhecimento de todos os atos do processo e possa contra eles se insurgir,
caso lhe sejam desfavoráveis.

COMENTÁRIOS:
Os Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa não são exclusivos do réu!
Ressa lte-se que o Autor, e não somente o réu, de uma determinada Ação
também tem direito ao Contraditório e à Ampla Defesa. Assim, se o autor tiver
solicitado uma diligência ao Juiz, que seja necessária para provar determinada
alegação, e este a negar de forma imotivada, estará ferindo seu direito ao
Contraditório e à Ampla Defesa ( defesa de sua alegação).
O Contraditório é na essência BILATERAL! A Contradição no Processo Judicia l
somente poderá ocorrer se houver 2 (dois) Polos (dois lados litigando) . Assim,
tanto o réu quanto o autor têm direito ao Contraditório.

RESPOSTA CERTA: f

QUESTÃO 11: TRT 12ª - Juiz do Trabalho Substituto [TRT 12ª] -


27 /11/2007.
Sobre os princípios fundamentais do processo civil, julgue o item abaixo:
O princípio do contraditório pode também ser identificado como princípio da
paridade de tratamento ou princípio da bilateralidade da audiência;

COMENTÁRIOS:
Sim. O Contraditório pode ser conceituado também como o direito ao
tratamento isonômico das partes, que devem possuir "paridade de armas" no

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processo para construção da decisão judicia l em conjunto . Com isso, as partes


devem deter paridade de tratamento (isonomia), bem como possuírem o
direito de bilateralidade de audiência (direito igual de serem ouvidos e de
participa rem do processo).

RESPOSTA CERTA: C

QUESTÃO 12: TRT 12ª - Juiz do Trabalho Substituto [TRT 12ª] -


27 /11/2007.
Sobre os princípios fundamentais do processo civil, julgue o item abaixo:
Pelo princípio do devido processo legal entende-se que toda e qualquer
consequência processual que as partes possam sofrer, tanto na esfera da
liberdade pessoal quanto de seu patrimônio, deve necessariamente decorrer de
decisão prolatada num processo com tramitação em conformidade com
antecedente previsão legal;

COMENTÁRIOS:
Este é o modelo correto do que se entende por obediência ao Devido Processo
Legal.
Consoante o art. so, LIV, da CF-88, ninguém pode ser privado de sua liberdade
ou de seus bens sem que tenha sido submetido a um julgamento prolatado
com base no pertinente instrumento estatal previsto em lei para a solução do
conflito judicial/administrativo/privado.
O processo sempre é regido por regras processuais previamente dispostas,
abstratamente elencadas para solução dos conflitos.
CF-88
Art. 5
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o

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Idevido processo legal;

RESPOSTA CERTA: C

QUESTÃO 13: CGU - Analista de Finanças e Controle - Correição [ESAF]


- 18/01/2008.
Em relação aos Princípios Constitucionais do Processo Civil, assinale a opção
correta.
a) A Constituição Federa l assegu ra o devido processo lega l no âm bito criminal;
no âmbito cível sua aplicação é feita por analogia, já que não é expressamente
previsto.
b) Nos processos administrativos não punitivos, porque não há acusados, é
desnecessária a aplicação dos princípios do contraditório e da ampla defesa.
c) Como o réu exerce a ga rantia da ampla defesa na contestação, esse
princípio não possui aplicação na fase probatória.
d) O princípio do contraditório implica assegu rar que as contradições
suscitadas pelas partes sejam devidamente esclarecidas pelo juiz na sentença.
e) O princípio do juiz natura l abrange a vedação de julgamentos por juízo ou
tribunal de exceção e as regras sobre competência dos juízos.

COMENTÁRIOS:
Item A - errado. Não, o Princípio do Devido Processo Legal é uma cláusula
geral de aplicação irrestrita a todo e qua lquer processo, seja judicial (cível ou
criminal), administrativo e legislativo, expressamente prevista no texto
constituciona l.
A CF-88 preleciona de forma clara que ninguém será privado de sua liberdade
(seara criminal) e de seus bens (seara cível) sem a observância ao Devido
Processo Legal.

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CF-88
Art. 5
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal;
Item B - errado. Nos Processos Admin istrativos punitivos deve-se sempre
respeitar os direitos do contraditório e da ampla defesa. Nos NÃO punitivos,
caso existam interessados, também se devem observar tais garantias, mesmo
que não se tratem de procedimentos disciplinares. Exemplo: processo
instaurado para retirada de benefício salarial de servidor. Neste caso, apesar
de não ser processo disciplinar, o servidor tem direito de se defender (senão
seria decisão administrativa arbitrária, não é verdade?).
Apenas nas Sindicâncias meramente investigativas é que não se respeitam o
direito ao contraditório! Nestas apenas são investigados fatos, inicialmente
cunho disciplinar, para amealhar elementos e/ou indícios da prática de alguma
irregularidade. Como não há acusados, também não há Contraditório. Este é
um procedimento de base inquisitiva (semelhante aos Inquéritos Policiais).
Item C - errado. A Ampla Defesa e o Contraditório aplicam-se em todas as
fases do processo, não havendo restrição na fase probatória ( instrutória). Ao
contrário, é nesta fase em que a ampla defesa e o contraditório são mais
exercidos!
Item D - errado. A questão quis induzir a erro o candidato. O direito ao
contraditório não quer dizer que o Juiz irá esclarecer as contradições das
alegações das partes. Em seu sentido formal, o Contraditório consiste no
direito de participar do processo, de ser ouvido, de contradizer, direito de
audiência, de comunicação, de ciência do processo. A parte tem o direito de
contrapor às acusações que lhe são imputadas. Para tanto, deve ter
assegurado o seu direito de participar do processo, para que possa, pelo
menos em tese, contradizer/contrapor. Este é o direito de poder falar no
processo.
Item E - correto. Exatamente!

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O Princípio do Juiz Natural pode ser visualizado sob 2 (dois)


prismas diversos:
3. Juiz Natural em sentido Formal - consagra 2 (duas)
garantias básicas:
a. proibição de Tribunal de Exceção (art. Sº, XXXVII)
b. respeito às regras objetivas de determinação de
competência jurisdicional ( art. 50, LIII).
Proibição de Tribunal de Exceção - O Tribuna l de Exceção
é um órgão jurisdicional criado excepcionalmente para julgar
determinada causa, consistindo em um juízo extraordinário.
É o caso de criar um órgão judicial para julgar um específico
conflito. Exemplo: Tribunal Penal que julgou Saddan Russen
(apesar das barbáries que ele cometeu, vocês acham que ele
seria julgado de forma imparcial?); Tribuna l de Nurem berg,
criado para julgar os crimes dos nazistas após a 2ª Guerra
Mundial.
O Tribunal de Exceção é o chamado de Juízo, Tribunal ad hoc
(para o caso), ou ex post facto (juízo designado após o fato)
ou ad personam (para determinada pessoa).
O Princípio do Juiz Natural garante a imparcialidade das
decisões judiciais. Portanto, é uma garantia constitucional ser
julgado por um juiz que já está posto. O Juiz Natural é o
único que pode ser imparcial.
No Processo Civil poderá ser atentado contra o Pr incípio
quando o Presidente do Tribunal designa unilateralmente um
Juiz para julgar determinada causa, sem passar o processo
pela distribuição eletrônica ( critério objetivo e abstrato de
distribuição das ações entre os juízes disponíveis) .
Respeito às regras objetivas de determinação de
competência jurisdicional.

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Além da proibição de Tribunal de Exceção, o Juiz Natural em


sentido Formal garante que o Ju ízo seja competente para
julgar a causa. Essa competência tem que ser fixada de
acordo com as regras legais processuais de determinação de
competência ( critérios objetivos de fixação de competência).
É a lei que atribui a competência para o Juiz ( ele não escolhe
a causa, nem a causa escolhe o juiz).
As regras gerais de determinação de competência,
previamente estabelecidas, fixam a competência do Juiz.
Uma ação não pode ser distribuída deliberadamente para um
Juiz específico sem um motivo legal para tanto. A distribuição
objetiva e impa rcia l dos processos é uma forma de garantir o
Juiz Natural. Por isso, violar a distribuição eletrônica de
processos é violar o Juiz Natural.
Frise-se que é a lei é quem cria as regras de competência,
bem como os modos de sua alteração. O que é vedado é o
próprio Juiz pleitear a alteração das regras que fixaram a sua
competência. Assim, a garantia do Juiz Natural veda o Poder
de Avocação de processos por parte de Magistrado.

CF-88
Art. 5
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente;

4. Juiz Natural em sentido Material - é a garantia da


imparcialidade do Ju iz. Todo magistrado deve exercer sua
função de forma imparcial, equidistante das partes. É
garantia da Justiça Material (independência e imparcialidade

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dos Magistrados) .

RESPOSTA CERTA: &

QUESTÃO 14: PM São Paulo-SP - Procurador Municipal (VUNESP] -


01/05/2007.
Com relação aos princípios do processo civil, pode-se dizer que o princípio do
contraditório alcança expressamente apenas o processo penal e,
indiretamente, o processo civil.

COMENTÁRIOS:
Jamais! O contraditório alcança todo e qualquer processo JUDICIAL (âmbito
penal e civil) ou ADMINISTRATIVO .

CF-88
Art. 5
LV - litigantes (partes), em processo judicial ou
aos
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
CONTRADITÓRIO e AMPLA DEFESA, com os meios e recursos a
ela inerentes;

Observem que o Contraditório e a Ampla Defesa são assegurados


expressamente tanto no Processo Judicia l quanto no Admin istrativo. Muitas
questões objetivas, como esta, restringem a aplicação aos processos judiciais,
deixando o item errado. A despeito de não previsto no texto constitucional,
reg istre-se que referidos princípios aplicam-se também às relações privadas,
conforme explicamos linhas atrás.
REGRA: Aplicação irrestrita do Contraditório e da Ampla Defesa!

RESPOSTA CERTA: &

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QUESTÃO 15: PM São Paulo-SP - Procurador Municipal [VUNESP] -


01/05/2007.
Com relação aos princípios do processo civi l, pode-se dizer que a existência do
tribunal é fundamental para a caracterização do "tribuna l de exceção", face ao
princípio do juiz natura l.

COMENTÁRIOS:
Não, o Tribunal de Exceção é um órgão jurisdicional criado posteriormente de
forma excepcional para julgar determinada causa, consistindo em um juízo
extraordinário. É o caso de criar um órgão judicial para julgar um específico
conflito. Exemplo: Tribunal Penal que julgou Saddan Russen (apesar das
barbáries que ele cometeu, vocês acham que ele seria julgado de forma
imparcial?); Tribunal de Nuremberg, criado para julgar os crimes dos nazistas
após a 2ª Guerra Mundial.
O Tribunal de Exceção é o chamado de Juízo, Tribunal ad hoc (para o caso), ou
ex post facto (juízo designado após o fato) ou ad personam (para determinada
pessoa).

RESPOSTA CERTA: &

QUESTÃO 16: SERPRO - Analista de Assuntos Jurídicos [ESAF] -


22/08/2008.
Relativamente aos princ1p1os constitucionais do processo civil, é correto
afirmar-se que o princípio do juiz natural consiste exclusivamente na proibição
de tribunais de exceção.

COMENTÁRIOS:

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Não, vimos em questão anterior que o Princípio do Juiz Natural têm 2 (dois)
sentidos diversos, e 3 (três) diferentes vertentes, não apenas a proibição de
tribunais de exceção:
1. Juiz Natural em sentido Formal - consagra 2 (duas)
garantias básicas:
a. proibição de Tribunal de Exceção (art. Sº, XXXVII)
b. respeito às regras objetivas de determinação de
competência jurisdicional ( art. 50, LIII).
2. Juiz Natural em sentido Material - é a garantia da
imparcia lidade do Ju iz. Todo magistrado deve exercer sua
função de forma imparcial, equidistante das partes. É
garantia da Justiça Material (independência e imparcialidade
dos Magistrados).

RESPOSTA CERTA: E,

QUESTÃO 17: SERPRO - Analista de Assuntos Jurídicos [ESAF] -


22/08/2008.
O princípio do contraditório tem o seu conteúdo lim itado à ciência bi lateral dos
atos contrariáveis.

COMENTÁRIOS:
Esta é apenas uma das facetas do sentido FORMAL do Direito ao Contraditório.
No mesmo sentido formal há outras, sem considerar seu sentido material,
conforme visto em questão anterior.
Mesmo sem saber muito, seria cabível considerar que o Contraditório somente
seria o direito de ciência bilateral dos atos contrariáveis? Muito pouco para tão
relevante princípio!

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RESPOSTA CERTA: f

QUESTÃO 18: SERPRO - Analista de Assuntos Jurídicos [ESAF] -


22/08/2008.
O devido processo legal, no sentido unicamente processual, assegura o direito
ao procedimento contrad itório.

COMENTÁRIOS:
Repiso que o conceito de Contraditório pode ser dividido em 2 (duas) garantias
diversas, de acordo com 2 (dois) sentidos Forma l e Material:

1. Direito de Participação (sentido Formal/Processual) - é


o direito de participar do processo, de ser ouvido, de
contradizer, direito de audiência, de comunicacão, de ciência
do processo. A parte tem o direito de contrapor às acusações
que lhe são imputadas. Para tanto, deve ter assegurado o
seu direito de participar do processo, para que possa, pelo
menos em tese, contradizer/contrapor. Este é o direito de
poder falar no processo.
2. Poder de Influenciar a decisão (sentido
Material/Substantivo) Para que seja assegurado
verdadeiramente o Contraditório, não adianta simplesmente
garantir que a parte do processo apenas tenha simplesmente
o direito de ser ouvida. É preciso que a parte tenha efetiva
condicão de poder influenciar a decisão judicial.
administrativa ou pri va da. A parte tem direito a interferir na
decisão com argumentos, com ideias, com fatos e questões
jurídicas novas. Ela deve poder influenciar o conteúdo da
decisão após a finalização do processo, utilizando dos
instrumentos de defesa e ataque processuais para o

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convencimento da autoridade julgadora. Assim, se o


Magistrado ou alguma autoridade administrativa
simplesmente garanta o direito de participar do processo, por
meio da citação da parte para responder ao processo, mas
reiteradamente indefere de forma motivada as provas
solicitadas pela parte, não está permitindo que a parte possa,
materialmente, contradizer, influenciar na decisão, o que fere
substancialmente seu direito de Contraditório. Para muitos,
este sentido Material do Contraditório confunde-se com o
próprio Princípio da Ampla Defesa.

Portanto, está certa a questão ao afirmar que no sentido processual o


contraditório assegura o direito ao procedimento contraditório.

RESPOSTA CERTA: ,Ç,

QUESTÃO 19: SERPRO - Analista de Assuntos Jurídicos [ESAF] -


22/08/2008.
A concessão de providência jurisdicional cautelar sem a ouvida prévia da parte
contrária implica violação ao contraditório.

COMENTÁRIOS:
Existe o chamado Contraditório Diferido ou Postergado - há situações
processuais em que não tempo ou condições de abrir às partes o direito do
contraditório, sob pena da ocorrência de algum prejuízo.
É o caso, por exemplo, da concessão de decisões liminares (no início de um
processo), antes mesmo de ouvir o réu. Neste caso o Juiz faz uma cognição
sumária das alegações e provas juntadas pelo autor, prolatando uma decisão
provisória. O contraditório não será anulado, como é possível pensar, pois será
real izado posteriormente. Por isso o nome de Contraditório Postergado ou
Diferido no tempo. O Juiz aqui faz mero exame provisório a respeito do pedido,

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dada a urgência da medida liminar solicitada. Com isso, o contraditório


somente será aberto posteriormente.
Não há inconstitucionalidade neste contraditório diferido, porque somente
deste modo é que será possível a prestação de medidas cautelares nos
processos judiciais, que são de natureza urgente.
Em outros termos, não há violação da garantia do contraditório na concessão,
justificada pelo perigo e pela urgência, de providências antes da ouvida da
outra parte do processo ( chamada pela doutrina de providências inaudita
altera parte, isto é, sem que a outra parte seja ouvida). Como colocado, o
contraditório será postergado (diferido) para momento posterior à concessão
da providência urgente.
Desse modo, as liminares e as diversas medidas de urgência ao longo do
processo não violam o contraditório, apenas o mitigam, postergando para
momento subsequente.

RESPOSTA CERTA: S

QUESTÃO 20: OAB-DF - OAB [OAB-DF] - 15/08/2007.


O devido processo legal se caracteriza por normas de proteção processual, tais
como contraditório, da igualdade das partes, da ampla defesa, da publicidade e
impa rcialidade do juiz;

COMENTÁRIOS:
O Princípio do Devido Processo Legal é um postulado fundamenta l do processo
em seu sentido mais amplo. Trata-se do princípio basila r do direito processual
do qual se originam e ao mesmo tempo convergem todos os demais princípios
e garantias fundamentais do processo. Também é chamado de "norma-mãe"
do Direito Processual, isto porque todos os demais princípios são decorrências
do Devido Processo Legal, pois se caracteriza como um conjunto de garantias,

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além de servir de fundamento para outras garantias.


Nesse sentido, todos estes princípios processuais constitucionais são dele
decorrentes ( contrad itório, da igualdade das partes, da ampla defesa, da
publicidade e imparcialidade do juiz).

RESPOSTA CERTA: ,Ç,

QUESTÃO 21: TCU - Analista de Controle Externo [CESPE]


21/03/2008.
Julgue os itens a seguir, à luz dos princípios que regem o processo civil
brasileiro.
A garantia de que ninguém será julgado por órgão constituído após a
ocorrência do fato (tribunais ad hoc ou de exceção) é uma decorrência do
princípio do juiz natural, assegurado na Constituição da República.

COMENTÁRIOS:
Sim, esta é a principal garantia advinda do Princípio do Juiz Natural:
1. Juiz Natural em sentido Formal - consagra 2 (duas)
garantias básicas:
a. proibição de Tribunal de Exceção (art. so, XXXVII)
b. respeito às regras objetivas de determinação de
competência jurisdicional ( art. so, LIII).

CF-88
Art. 5
XXXVII - não haverá ;uízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela

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Iautoridade competente;

RESPOSTA CERTA: C

QUESTÃO 22: STJ - Analista Judiciário - Área Judiciária [CESPE] -


28/09/2008.
Quanto aos princípios constitucionais e gerais do direito processual civil, julgue
o item abaixo.
O ato do presidente de um tribunal que designa um juiz substituto para atuar
em determinado feito, após o juiz t itular e seu substituto legal terem afirmado
sua suspeição para atuar na ação, não viola o princípio do juiz natural, já que o
afastamento daqueles originalmente competentes para o ju lgamento :se deu
com base em motivo lega l, e não, por ato de exceção.

COMENTÁRIOS:
O Princípio do Juiz Natura l garante a imparcialidade das decisões judiciais.
Portanto, é uma garantia constituciona l ser julgado por um juiz que já está
posto. O Juiz Natu ral é o único que pode ser imparcial.
No Processo Civil poderá ser atentado contra o Princípio quando o Presidente
do Tribuna l designa uni lateralmente um Ju iz pa ra julga r determinada causa,
sem passar o processo pela distribuição eletrônica ( critério objetivo e abstrato
de distribuição das ações entre os juízes disponíveis) .
No entanto, o caso da questão ressa ltou expressamente que a alteração de um
Ju iz pelo outro (substituto) ocorreu de acordo com as regras processuais
previamente previstas ( caso de Juiz suspeito que deveria ser efetivamente
substituído pelo seu substituto imediato) . Esta é uma alteração comumente
realizada, de forma regular, e de acordo com as regras processuais já
dispostas. Portanto, ta l alteração está em consonância ao Princípio do Juiz
Natural.

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Se não fosse assim, nunca poderia ser alterado o Juiz da causa, mesmo que
estivesse impedido, suspeito ou impossibilitado ao trabalho . O que não pode é
ser determinado um Juiz específico, por interesse particula r, para julgamento
de determinada causa, o que poderia beneficiar ou prejudicar as partes
envolvidas no processo.
Este mesmo fato dado na questão ocorreu em casos julgados perante o STF.
A Corte pacificou o entendimento de que não fere o Juiz Natural pois todos os
Juízes efetivamente competentes para o julgamento da causa foram afastados
por motivos previstos em lei (tanto o TITULAR quanto o SUBSTITUTO) .
Ademais, a questão não deixou claro, mas a designação de novo substituto
deve ser realizada com base em critérios objetivos e não simplesment e pela
"cabeça" do Presidente do Tribunal.
Inclusive a questão também focou no fato do afastamento dos 2 juízes ter sido
por motivos legais e não por atos de exceção.
Todas as providências pa ra garantir a imparcialidade do magistrado foram
tomadas, portanto, não fere o Princípio do Juiz Natural. Claro que esta nova
designação não pode ser aleatória .

RESPOSTA CERTA: ,Ç,

QUESTÃO 23: OAB - SP - 136° Exame de Ordem [CESPE] -


14/09/2008.
O princípio do juiz natural tem por fina lidade garantir a prestação da tutela
jurisdicional por juiz independente e imparcial.

COMENTÁRIOS:
Este é conceito do Princípio do Juiz Natural em sentido Material - é a
garantia da imparcialidade do Juiz . Todo magistrado deve exercer sua função
de forma imparcial, equidistante das partes. É garantia da Justiça Material

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(independência e imparcialidade dos Magistrados).

RESPOSTA CERTA: ,Ç,

EXERCÍCIOS com GABARITO

QUESTÃO 6: TCU - ACE - Analista de Controle Externo - Auditoria


Governamental [CESPE] - 02/08/2008.
Tendo por base os princípios constitucionais que informam o direito processual
civi l, julgue os seguintes itens
Ao longo de toda a fase instrutória de uma comp lexa ação envolvendo
apropriação indevida de direitos autorais, o juiz deferiu todos os requerimentos
que lhe foram dirigidos para juntada de documentos e outros elementos
probantes aos autos, sempre concedendo vista às partes pa ra sua
manifestação nos termos da lei processua l vigente. Nessa situação, ao
oportunizar aos litigantes o pleno exercício do contraditório, o magistrado,
simultaneamente, também deu efetividade concreta ao princípio constitucional
da ampla defesa.
QUESTÃO 7: TRT 9ª - Magistratura do trabalho - 1ª etapa [TRT 9ª] -
12/11/2008
Sobre os princípios do direito processua l civil, assina le a alternativa correta:
O Direito Processual Civil brasileiro não admite procedimentos ou provimentos
específicos fundados em técnicas de contraditório diferido, de reação aos atos
processuais já praticados, pois o contrad itório é elemento inerente ao devido
processo legal, alçado a nível constitucional.
QUESTÃO 8: TRT 24ª - Juiz do Trabalho Substituto [TRT 24ª] -
13/05/2008.
A respeito dos princípios que regem o Processo Civil, analise as proposições

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abaixo :
São manifestações do princípio do devido processo legal no plano do processo
civi l : garantia de publicidade dos atos processuais; motivação das decisões
judiciais; impossibilidade de uti lização em Juízo de provas obtidas por meios
ilícitos; garantias do contraditório, da ampla defesa e do juiz natural.
QUESTÃO 9: TCE-PI - Auditor [FCC] - 20/03/2007.
É considerado princípio geral do processo o do devido processo legal, previsto
implicitamente na Constituição Federal, consiste na necessidade de que o
processo seja justo e tenha aptidão para gerar uma sentença justa.
QUESTÃO 10: TCE-PI - Auditor [FCC] - 20/03/2007
É considerado princípio geral do processo o do contraditório e ampla defesa,
que se apl ica exclusivamente ao réu, consiste na necessidade de que ele tenha
conhecimento de todos os atos do processo e possa contra eles se insurgir,
caso lhe sejam desfavoráveis.
QUESTÃO 11: TRT 12ª - Juiz do Trabalho Substituto [TRT 12ª] -
27 /11/2007.
Sobre os princípios fundamentais do processo civil, julgue o item abaixo:
O princípio do contraditório pode também ser identificado como princípio da
paridade de tratamento ou princípio da bilateralidade da audiência;
QUESTÃO 12: TRT 12ª - Juiz do Trabalho Substituto [TRT 12ª] -
27 /11/2007.
Sobre os princípios fundamentais do processo civil, julgue o item abaixo:
Pelo princípio do devido processo legal entende-se que toda e qualquer
consequência processual que as partes possam sofrer, tanto na esfera da
liberdade pessoal quanto de seu patrimônio, deve necessariamente decorrer de
decisão prolatada num processo com tramitação em conformidade com
antecedente previsão legal;
QUESTÃO 13: CGU - Analista de Finanças e Controle - Correição [ESAF]
- 18/01/2008.

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Em relação aos Princípios Constitucionais do Processo Civil, assinale a opção


correta .
a) A Constituição Federal assegu ra o devido processo legal no âmbito cr iminal;
no âmbito cível sua aplicação é feita por analog ia, já que não é expressamente
previsto.
b) Nos processos administrativos não punitivos, porque não há acusados, é
desnecessária a aplicação dos princípios do contrad itório e da ampla defesa.
c) Como o réu exerce a ga rantia da ampla defesa na contestação, esse
princípio não possui aplicação na fase probatória.
d) O princípio do contraditório implica assegurar que as contradições
suscitadas pelas partes sejam devidamente escla recidas pelo juiz na sentença.
e) O princípio do juiz natural abrange a vedação de julgamentos por juízo ou
tribunal de exceção e as regras sobre competência dos juízos.
QUESTÃO 14: PM São Paulo-SP - Procurador Municipal [VUNESP] -
01/05/2007.
Com relação aos princípios do processo civil, pode-se dizer que o princípio do
contraditório alcança expressamente apenas o processo penal e,
indiretamente, o processo civil.
QUESTÃO 15: PM São Paulo-SP - Procurador Municipal [VUNESP] -
01/05/2007.
Com relação aos princípios do processo civil, pode-se dizer que a existência do
tribunal é fundamental para a caracterização do "tribunal de exceção", face ao
princípio do juiz natural.
QUESTÃO 16: SERPRO - Analista de Assuntos Jurídicos [ESAF] -
22/08/2008.
Relativamente aos princ1p1os constitucionais do processo civil, é correto
afirmar-se que o princípio do juiz natu ral consiste exclusivamente na proibição
de tribunais de exceção.
QUESTÃO 17: SERPRO - Analista de Assuntos Jurídicos [ESAF] -

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22/08/2008.
O princípio do contraditório tem o seu conteúdo lim itado à ciência bi lateral dos
atos contrariáveis.
QUESTÃO 18: SERPRO - Analista de Assuntos Jurídicos [ESAF] -
22/08/2008.
O devido processo legal, no sentido unicamente processual, assegura o direito
ao procedimento contraditório.
QUESTÃO 19: SERPRO - Analista de Assuntos Jurídicos [ESAF] -
22/08/2008.
A concessão de providência jurisdicional cautelar sem a ouvida prévia da parte
contrária implica violação ao contrad itório.
QUESTÃO 20: OAB-DF - OAB [OAB-DF] - 15/08/2007.
O devido processo legal se caracteriza por normas de proteção processual, tais
como contrad itório, da igualdade das partes, da ampla defesa, da publici dade e
imparcialidade do juiz;
QUESTÃO 21: TCU - Analista de Controle Externo [CESPE]
21/03/2008.
Julgue os itens a seguir, à luz dos princípios que regem o processo civil
brasileiro.
A garantia de que ninguém será julgado por órgão constituído após a
ocorrência do fato (tribunais ad hoc ou de exceção) é uma decorrência do
princípio do juiz natural, assegurado na Constituição da República.
QUESTÃO 22: STJ - Analista Judiciário - Área Judiciária [CESPE] -
28/09/2008.
Quanto aos princípios constitucionais e gerais do direito processual civil, julgue
o item abaixo.
O ato do presidente de um t ribunal que designa um juiz substituto para atuar
em determinado feito, após o juiz titular e seu substituto legal terem afirmado
sua suspeição para atuar na ação, não viola o princípio do juiz natural, já que o

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afastamento daqueles originalmente competentes para o ju lgamento se deu


com base em motivo legal, e não, por ato de exceção .
QUESTÃO 23: OAB - SP - 136° Exame de Ordem [CESPE] -
14/09/2008.
O princípio do juiz natural tem por fina lidade garantir a prestação da tutela
jurisdicional por juiz independente e imparcial.

GABARITOS OFICIAIS

6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
e E e E E e e E E E
16 17 18 19 20 21 22 23
E E e E e e e e

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RESUMO DA AULA

São duas as Concepções de Devido Processo Legal: material


(substantiva) e formal (processual).

a) Concepção FORMAL (Processual} - o Devido Processo


Legal é apenas o direito de processar e ser processado de
acordo com as normas pré-estabelecidas pa ra tanto.
Inclusive tais normas processuais são também preceitos
criados de acordo com outras normas anterior mente
estabelecidas (respeito ao Devido Processo Legislativo) .
Trata-se de normas delimitadores dos procedimentos ou ritos
mínimos a serem adotados para que sejam respeitadas todas
as garantias processuais. Em outros termos, é o conjunto de
garantias processuais a serem a observados na condução dos
processos. Exemplo: necessidade de citacão do réu no
Processo Judicial ou do acusado em processo administrativo
( respeito ao contraditório); necessidade de motivação;
observância ao Juiz Natural.

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b) Concepção MATERIAL (Substantiva) - o Devido Processo


Legal nesta concepção constitui uma garantia de que as
decisões adotadas sejam efetivamente, na prática, razoáveis,
adequadas, proporcionais e equilibradas. Gente, nada adianta
uma decisão administrativa ou judicia l que seja formalmente
correta, mas materialmente (substancialmente) injusta, não
é verdade? Exemplos práticos: o Legislativo não pode
simplesmente editar uma Lei formalmente correta, mas com
conteúdo arbitrário ou teratológico; um réu confesso não
pode ficar em liberdade por tanto t empo como ficou o
Jornalista Pimenta Neves por entendimento do STF, apesar
de ser uma decisão formalmente correta, posto não existirem
fundamentos para Prisão Preventiva, não é materialmente
correta; um furto de um lápis na repartição não pode ensejar
a abertura de uma Sindicância.

STF: Proporcionalidade = Devido Processo Legal Material/Substantivo


No Direito Constitu cional, estudam-se os Direitos Fundamentais em
suas eficácias vertical e horizontal:

1. Eficácia Vertical: relação entre o Estado e o indivíduo. Aqui, os


direitos fundamentais voltam-se à proteção do indivíduo frente o
Estado.
2. Eficácia Horizontal: relação entre particulares. Decorre da
teoria da aplicação dos Direitos Fundamentais às relações
particulares.

Com a evolução jurisprudencia l e doutrinária, foi construído o


conceito de eficácia HORIZONTAL (entre os iguais - particula res), ou seja, os
direitos fundamentais também se devem aplicar e incidir nas relações entre
Indivíduo x Indivíduo.
O Conceito de Contraditório pode ser dividido em 2 (duas)

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO -
AUDITORIA GOVERNAMENTAL
TEORIA E EXERCÍCIOS
AULAl
PROF: RICARDO GOMES

garantias diversas, de acordo com 2 (dois) sent idos Form al e Material:

1. Direito de Participação (sent ido Formal/Processua l ) - é


o direito de participar do processo, de ser ouvido, de
contradizer, direito de audiência, de comunicacão, de ciência
do processo. A parte tem o direito de contrapor às acusações
que lhe são imputadas. Para tanto, deve ter assegurado o
seu direito de participar do processo, para que possa, pelo
menos em tese, contradizer/contrapor. Este é o direito de
poder falar no processo.
2. Poder de Influenciar a decisão (sentido
Material/Substantivo) Para que seja assegurado
verdadeiramente o Contradit ório, não adianta simplesmente
garantir que a parte do processo apenas tenha simplesmente
o direito de ser ouvida. É preciso que a parte tenha efetiva
condicão de poder influenciar a decisão judicial.
administrativa ou privada. A parte tem direito a interferir na
decisão com argumentos, com ideias, com fatos e questões
j urídicas novas. Ela deve poder influenciar o conteúdo da
decisão após a finalização do processo, utilizando dos
instrumentos de defesa e ataque processuais para o
convencimento da autoridade julgadora. Assim, se o
Magistrado ou alguma autoridade administrativa
simplesmente garanta o direito de participar do processo, por
meio da citação da parte para responder ao processo, mas
reiteradamente indefere de forma motivada as provas
solicitadas pela parte, não está permitindo que a parte possa,
materialmente, contradizer, influenciar na decisão, o que fere
substancialmente seu direito de Contraditório. Para muitos,
este sentido Material do Contraditóri o confunde-se com o
próprio Princípio da Ampla Defesa.

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CF-88
Art. 5
LV - litigantes (partes), em processo iudicia/ ou
aos
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
CONTRADITÓRIO e AMPLA DEFESA, com os meios e recursos a
ela inerentes;

O Contraditório no Direito Processual Civil poderá ser conferido em


2 (dois) momentos distintos:
• Contraditório Antecipado é a regra . As partes
acompanham e participam do Processo desde seu início.
Todas as decisões (sejam Decisões Interlocutórias ou
mesmo a Sentença) são tomadas após a efetiva participação
cont raditórias das partes, com o convencimento do julgador
formado depois da ampla manifestação das partes de forma
definitiva. Exemplo: Processo Comum de Conhecimento, que
é o rito ordinário do Direito Processual Civil.
• Contraditório Diferido ou Postergado - há situações
processua is em que não tempo ou condições de abrir às
partes o direito do contraditório, sob pena da ocorrên cia de
algum prejuízo. É o caso, por exemplo, da concessão de
decisões liminares ( no início de um processo), antes
mesmo de ouvir o réu. Neste caso o Juiz faz uma cognição
sumá ria das alegações e provas juntadas pelo autor,
prolatando uma decisão provisória. O contraditório não será
anulado, como é possível pensar, pois será realizado
posteriormente. Por isso o nome de Contraditório Postergado
ou Diferido no tempo. O Juiz aqui faz mero exame provisório
a respeito do pedido, dada a urgência da medida liminar
solicitada. Com isso, o contraditório somente será aberto
posteriormente.

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Não há inconstituciona lidade neste contraditório diferido,


porque somente deste modo é que será possível a prestação
de medidas cautela res nos processos judiciais, que são de
natureza urgente.
Em outros termos, não há violação da garantia do
contraditório na concessão, justificada pelo perigo e pela
urgência, de providências antes da ouvida da outra parte do
processo (chamada pela doutrina de providências inaudita
altera parte, isto é, sem que a outra parte seja ouvida).
Como colocado, o contraditório será postergado (dife rido)
pa ra momento posterior à concessão da providência
urgente.
Desse modo, as liminares e as diversas medidas de urgência
ao longo do processo não violam o contraditório, apenas o
mitigam, postergando para momento subsequente.
Ressalte-se que em sede de Procedimento Disciplinar instaurado
em face de servidor público, serão garantidos o Contraditório e a Ampla Defesa
nos Processos Administrativos Disciplinares (PADs) e nas Sindicâncias
Punitivas, os quais podem resultar sanção disciplinar. Por outro lado, nas
Sind icâncias meramente investigativas não é necessária a observância de tais
garantias, posto que não ensejam qua lquer punição ao servidor.
A Ampla Defesa corresponde ao sentido material do Contraditório,
consistindo no conjunto de meios adequados para o exercício do adequado
Contraditório. A Ampla Defesa qualifica o Contraditório na medida em que não
há Contraditório sem defesa das partes. Ou seja, o Contraditório é um
instrumento de atuação do direito de defesa da parte. A Ampla Defesa realiza-
se por meio de um procedimento Contraditório .

Súmula Vinculante nº 3 - STF


Nos processos perante o Tribunal de Contas da União (TCUJ
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo

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que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da


legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma e pensão (não assegura}.

Resumo:
o REGRA - Necessidade de Contraditório e Ampla Defesa nos
Processos do TCU, especialmente quando da decisão puder
resu ltar anu lação ou revogação de ato administrativo que
beneficie o interessado;
o EXCEÇÃO - NÃO precisa observar o Contraditório e a Ampla
Defesa no Ato Complexo de apreciação da legalidade do ato de
concessão inicial de aposentadoria. reforma e pensão .

Súmula Vinculante nº 5 - STF


A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar NÃO ofende a Constituição.

O Princípio do Juiz Natural têm 2 (dois) sentidos diversos:


1. Juiz Natural em sentido Formal - consagra 2 (duas)
garantias básicas:
a. proibição de Tribuna l de Exceção (art. Sº, XXXVII)
b. respeito às regras objetivas de determinação de
competência jurisdicional ( art. 50, LIII).
2. Juiz Natural em sentido Material - é a garantia da
imparcialidade do Juiz. Todo magistrado deve exercer sua
função de forma imparcial, equidistante das partes. É
garantia da Justiça Material (independência e imparcialidade
dos Magistrados) .

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Espero a todos na AULA 2!


Fraterno Abraço e até a próxima!
Rica rdo Gomes
Por sua aprovação!

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