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SUMÁRIO
1.FÉRIAS (Continuação)................................................................................................ 2
2.REMUNERAÇÃO ....................................................................................................... 4
2.1 GORJETAS ............................................................................................................... 4
2.2 SALÁRIO .................................................................................................................. 5
2.2.1 SALÁRIO IN NATURA ......................................................................................... 9
2.2.2. DEFESA DO SALÁRIO ....................................................................................... 9
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Direito do Trabalho – Lucas Moreira
1. FÉRIAS (Continuação)
Anteriormente, admitia-se o fracionamento das férias apenas em casos excepcionais,
quando o empregador entendia que havia situação justificante, entretanto, houve reforma
favorável ao trabalhador no direito de gozo das férias. A opção pelo fracionamento, nessa
ocasião, dependia de decisão unilateral do empregador, enquanto manifestação de seu jus
variandi, isto é, de seu poder diretivo. O empregado, portanto, não participava dessa decisão,
de modo que quando dela discordava, isto é, não queria o fracionamento, pois, por exemplo,
preferia ficar 30 dias em sua casa ou na da sua família, ajuizava uma ação trabalhista
questionando a existência de situação excepcional. Ocorre que, em ações dessa natureza,
muitas vezes, o juiz entendia que não existia a situação excepcional e ordenava o pagamento
em dobro do período de férias em razão do fracionamento indevido.
Ademais, ainda que satisfeitos esses requisitos, a CLT vedava o fracionamento das
férias de empregados menores de 18 anos e maiores de 50 anos, com vistas a protegê-los,
entendendo que, nessa situação, seria melhor o gozo de férias em único periodo.
Em suma, antes da reforma, o fracionamento precisava observar as seguintes regras:
a) apenas em casos excepcionais;
b) determinado, unicamente, pelo empregador (Jus Variandi);
c) em, no máximo, 2 períodos (sendo um deles não inferior a 10 dias corridos);
d) Proibido aos empregados menores de 18 (dezoito) anos e maiores de 50 (cinquenta)
anos.
Agora, a CLT, com a reforma trabalhista, prevê um tratamento totalmente novo, cujos
principais pontos são:
a) não requer situação excepcional;
b) Pressupõe concordância do empregado;
c) em até 3 períodos (sendo um deles não inferior a 14 dias corridos e os demais não
inferiores a 5 dias corridos, cada um);
d) menores de 18 (dezoito) anos e maiores de 50 (cinquenta) anos também podem
fracionar as férias;
e) Não se pode conceder férias no período de 2 (dois) dias anteriores a feriado e/ou dia
de repouso semanal remunerado;
Aqui, portanto, além de não haver necessidade de situação excepcional, submete-se a
decisão à concordância do empregado, numa tentativa de aumentar o diálogo entre os
contratantes. Isso porque, viu-se que, na prática, esse fracionamento muitas vezes era benéfico
ao trabalhador, e favorável para ambos: ao empregador, pois não teria período tão grande sem
esse empregado e o problema causado pelas férias para a atividade empresarial seria
minorado, já para o empregado, porque ele, muitas vezes, não queria ficar 30 dias em casa
(por exemplo, fica cansado de não ter o que fazer, quer fazer duas viagens por ano, etc).
A desnecessidade da situação excepcional e a imprescindibilidade da concordância do
empregado, nesse sentido, resultaram da mudança no entendimento do fracionamento, que
não é mais visto como prejudicial pro empregado (que era o entendimento da CLT antes da
reforma).
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ANTES DEPOIS
Portanto, modernante, a CLT admite que o fraciomento ocorra, em suma, nos seguintes
termos:
a) Em até 3 períodos;
b) Dos quais, ao menos um terá, no mínimo, 14 dias corridos;
c) E os demais com, no mínimo, 5 dias cada um;
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2. REMUNERAÇÃO1
A remuneração é o complexo de parcelas de natureza salarial mais as gorjetas que o
empregado recebe no curso da relação empregatícia. Portanto, basicamente:
REMUNERAÇÃO = SALÁRIO + GORJETAS
2.1 GORJETAS
As gorjetas não tem natureza salarial, mas compõem a remuneração. Nesse sentido, a
Súmula 354 do TST, abaixo colacionada, faz o seguinte apontamento:
GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA. REPERCUSSÕES (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003
As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clientes,
integram a remuneração do empregado, não servindo de base de cálculo para as parcelas de aviso-
prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remunerado.
Então, deve se ter em mente que as gorjetas integram a base de cálculo das seguintes
parcelas baseadas na remunerção: do FGTS, das férias e do 13º salário. As demais parcelas,
no entanto, não são calculadas tomando por base as gorjetas, mas somente o salário.
Observe-se que as gorjetas podem ser próprias ou impróprias, distinção que se dá,
basicamente, pela questão de ser cobrada diretamente ou não. Acerca da temática, esclarece o
art. 457, § 3º, da CLT, in verbis:
Art. 457 - Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário
devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.)
§ 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado, como
também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicional, a qualquer título, e destinado à
distribuição aos empregados.
1 Nota do monitor: o professor destacada que se trata de tópico importantíssimo, que foi substancialmente
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Do disposto se verifica, desse modo, que as gorjetas não são somente aquelas
concedidas pelo cliente ao empregado, isto é, aquelas próprias. As gorjetas impróprias,
aquelas cobradas pela empresa (ex. 10% cobrado na conta), também integram o cálculo.
É importante que se observe que antes da reforma trabalhista, o empregado sempre
ficava com as gorjetas, e o empregador não poderia fazer qualquer tipo de retenção em
relação a esses valores. Agora, havendo negociação coletiva e a empresa estando em regime
de tributação diferenciado, há a possibilidade de que o empregador retenha até 20% do valor
recolhido com as gorjetas pagas. E, não estando em regime de tributação diferenciada, a
empresa poderá reter até 33% desses valores.
Tal retenção deverá ser precedida de negociação coletiva e os valores obtidos deverão
ser usados exclusivamente para o pagamento de vantangens e verbas salariais devidas, ou
seja, gastos com o pessoal, inclusive com encargos previdenciários.
Ademais, a negociação coletiva e Assembleia do Sindicato vão ser importantes na
definição de como será rateado o valor das gorjetas. A CLT, nesse sentido, prevê que as
gorjetas não constituem receita própria dos empregadores, visto que se destinam aos
empregados, e determina que a distribuição aos empregados ocorrerá segundo os critérios de
custeio e rateio definidos em acordo ou convenção coletiva.
Não havendo a negociação coletiva de trabalho, a receita será distribuida conforme
determinação da Assembleia Geral dos trabalhadores, já que a ausência do acordo ou
convenção coletiva inviabiliza a retenção, passando a ser matéria exclusiva dos empregados.
Outrossim, importante observar que, cessada a cobrança da gorjeta, que deve ter
perdurado por mais de 12 meses, há a incorporação dessa verba à remuneração do empregado,
a qual será calculada pela média dos valores recebidos a título de gorjeta no último ano.
Admite-se, contudo, que haja negociação coletiva em sentido contrário, a qual poderá vedar a
citada incorporação. Há, desse modo, flexibilização muito grande do direito do trabalhador2.
2.2 SALÁRIO
O salário é a contraprestação paga, em dinheiro ou em utilidades, diretamente pelo
empregador ao empregado pelos serviços prestados. Tradicionalemente, considera-se salário a
parcela contraprestativa, paga pelo empregador ao empregado de forma habitual. Contudo, a
reforma vai retirar bastante da importância da habitualidade, já que há previsão de que muitas
verbas pagas em caráter habitual não integram o salário do empregado.
A tabela abaixo apresenta comparativo entre as normas anteriores e posteriores à
Reforma Trabalhista:
2 O professor ressalta que essa possibilidade de supressão do direito a incorporação das gorjetas é de
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ANTES AGORA
3 Nota do monitor: A redação do art. 457, §§ 1º e 2º, da CLT, tratada em aula foi dada pela MEDIDA
PROVISÓRIA nº 808, de 14 de novembro de 2017, que estava em vigor na data da gravação da aula, mas perdeu
validade em 23/04/2018.
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é, o empregador temia conceder uma verba e ser compelido a continuar pagando-a, inclusive
quando estivesse em situação financeira pior, por exemplo. Observando isso a reforma preza
pela flexibilização na forma do pagamento de verbas pelo empregador ao empregado e, por
consequência, a elasticidade de alguns direitos desse último.
Rememore-se, o conceito, de remuneração, pelo qual:
REMUNERAÇÃO = SALÁRIO + GORJETAS
E observe-se que o salário, enquanto integrante da remuneração, será composto pelo
salário básico (em pécunia + em utilidades) + sobressalário (gratificações legais e de função +
comissão pagas pelo empregador). Logo:
em pecúnia
SALÁRIO BÁSICO
em utilidades
SALÁRIO
gratificações legais e
REMUNERAÇÃO
de função
GORJETA SOBRESSALÁRIO
4 Nota do monitor: Em que pese estar em vigor na data da gravação da aula, a MP 808/2017 perdeu
validade em 23/04/2018.
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Sobre as gratificações, cumpre destacar, que aquelas legais englobam, por exemplo: o
13º salário, as percentagens e os adicionais. Enquanto a gratificação de função compreende a
decorrente de função de confiança.
As comissões pagas pelo empregador, por seu turno, são, basicamente, aquelas
participações do empregado nos resultados do negócio empresarial, já que esse tipo de
previsão que é pago mensalmente tem natureza salarial.
Por outro lado, deixam de integrar o salário: (a) a ajuda de custo, limitada a 50% da
remuneração mensal, (b) auxílio alimentação, que não pode ser pago em dinheiro, (c) diárias
para viagem, independente do valor, (d) prêmio, e (e) demais gratifições.
Destaque-se que o conceito de prêmio teve importante modificação com a reforma
trabalhista e, posteriormente, com a Medida Provisória n. 808 de 2017, observe-se o
comparativo:
A redação dada pela Lei n. 13.467 de 2017 traz a ideia básica de prêmio, pelo qual o
empregado quando desempenha suas atividades de modo superior ao esperado tem direito a
alguma espécie de liberalidade. A expressão “liberalidade” foi empregada aqui no intuito de
retirar a natureza contraprestacional e salarial.
Além disso, note-se que a redação dada pela reforma não trabalhava com nenhum tipo
de periodicidade máxima do pagamento de prêmio, de modo que, teoricamente poderiam ser
pagos todos os meses. A MP 808/2017, no entanto, delimitou a concessão dos prêmios a até
duas vezes ao ano, além de prever a possibilidade da concessão a terceiros vinculados à
atividade econômica, como empregados tercerizados, por exemplo.
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