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Direito Processual do Trabalho – Cláudio Dias

Aula 18 | Principais Aspectos Processuais da Reforma Trabalhista

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 2
2. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 2
3. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE ....................................................................... 3
4. CONTAGEM DOS PRAZOS.................................................................................... 3
5. RESTRIÇÕES À CONSOLIDAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA ........................... 4
6. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL .......................................... 6
7. HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL......................................... 7
7.1. REQUISITOS ........................................................................................................... 7
8. TRANSCENDÊNCIA DO RECURSO DE REVISTA ........................................... 8

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1. INTRODUÇÃO
Nesta aula, serão abordadas as principais novidades, com relação aos aspectos
processuais, da Reforma Trabalhista.

2. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


De acordo com o previsto no artigo 855-A da CLT, aplica-se ao Processo do Trabalho o
incidente de desconsideração da personalidade jurídica previsto nos artigos 133 a 137 do CPC.
Desse modo, pode-se dizer que a principal disciplina do incidente da desconsideração da
personalidade jurídica está no CPC.
Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica
previsto nos arts. 133 a 137 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil.
Esse incidente representa nada mais do que tentativa de evitar situações que diziam
respeito à inclusão de terceiros, seja na fase de conhecimento, seja na fase de execução, sem
uma devida abertura do contraditório.
Cabe assinalar que o incidente poderá ser instaurado a pedido da parte ou do Ministério
Público, conforme artigo 133 do CPC.
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou
do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.
Na Justiça do Trabalho já havia norma do TST, anterior à Reforma Trabalhista, prevendo
que o juiz de ofício poderia instaurar esse incidente. Contudo, essa norma não foi englobada
pela Reforma Trabalhista, discutindo-se sobre a aplicabilidade dessa norma atualmente.
A hipótese de seu cabimento se verifica em todas as fases do processo de conhecimento,
no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial, conforme
artigo 134 do CPC.
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no
cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.
A instauração do incidente de desconsideração suspende o processo principal, com a
finalidade de se discutir a inclusão de um terceiro no polo passivo dessa ação, isto é, se discutir
a possibilidade de se desconsiderar a personalidade jurídica.
Porém, em caso de a desconsideração ser requerida na própria petição inicial, como prevê
o artigo 134, §2º, do CPC, não implicará na suspensão do processo principal. Assim, não se
deixará de discutir as demais questões do processo no desenvolvimento dessa ação. Portanto,
se requerido na inicial, o processo não será suspenso, mas, caso seja requerido ao longo do
processo, haverá a suspensão do feito para discutir a questão da desconsideração.
Art. 134
§ 2o Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida
na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.
Instaurado o incidente, o processo principal será suspenso até a solução da questão da
desconsideração, conforme saliente o artigo 855-A, §2º, da CLT.
Art. 855-A.
§ 2o A instauração do incidente suspenderá o processo, sem prejuízo de concessão da tutela de urgência
de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
Civil)
Em seu bojo, o sócio ou a pessoa jurídica deverão ser citados para se manifestar e requerer
as provas cabíveis no prazo de 15 dias, conforme artigo 135 do CPC. Ou seja, será aberta
oportunidade para o contraditório, o que, a título de comparação, não se verificava em situações
anteriores.

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Art. 135. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer
as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.
A decisão que resolva esse incidente possui natureza interlocutória e, consequentemente,
não será objeto de recurso imediato, em regra, em homenagem ao princípio da irrecorribilidade
das decisões interlocutórias. Sendo assim, essa decisão somente poderá ser impugnada ao final
da ação principal, mediante Recurso Ordinário, juntamente com todas as demais matérias
constantes na sentença que venha a ser proferida.
Na fase de execução, no entanto, a decisão que resolve o incidente de desconsideração da
personalidade jurídica poderá ser impugnada por Agravo de Petição, conforme artigo 855-A,
§1º, II, da CLT.
Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica
previsto nos arts. 133 a 137 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil.
§ 1o da decisão interlocutória que acolher ou rejeitar o incidente:
II - na fase de execução, cabe agravo de petição, independentemente de garantia do juízo;
Caso a decisão seja proferida por relator em incidente instaurado originariamente no
Tribunal, então a mesma poderá ser impugnada mediante Agravo Interno, conforme 855-A,
§1º, III, da CLT.
Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsideração da personalidade jurídica
previsto nos arts. 133 a 137 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 - Código de Processo Civil.
III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado originariamente no tribunal.

3. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE
Trata-se de objeto de grande celeuma dentro da Justiça do Trabalho, em razão de a
Súmula 114 do TST, que previa expressamente a inaplicabilidade à prescrição intercorrente na
Justiça do Trabalho, estar em dissonância com a Súmula 327 do STF, a qual previa a
aplicabilidade dessa prescrição no direito trabalhista.
Diante desse imbróglio, o legislador, por meio da Reforma, positivou o artigo 11-A da
CLT, passando a prever, expressamente, a possibilidade de ocorrer a prescrição intercorrente
na Justiça do Trabalho.
Art. 11-A. Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho no prazo de dois anos.
Essa prescrição, no entanto, é restringida pelo parágrafo 1º à fase de execução e àquelas
hipóteses em que o exequente é instado a tomar alguma providência, mas permanece inerte.
Art. 11-A.
§ 1o A fluência do prazo prescricional intercorrente inicia-se quando o exequente deixa de cumprir
determinação judicial no curso da execução.
De acordo com o parágrafo 2º do mesmo artigo, não é necessário que a parte requeira a
declaração da prescrição intercorrente. Verificando o juízo que o exequente permaneceu inerte,
deixando de cumprir alguma determinação, o juízo pode declarar de ofício a prescrição.
Art. 11-A.
§ 2o A declaração da prescrição intercorrente pode ser requerida ou declarada de ofício em qualquer
grau de jurisdição.

4. CONTAGEM DOS PRAZOS


Originalmente, o artigo 775 da CLT previa que os prazos no Processo do Trabalho
deveriam ser contínuos e irreleváveis, podendo ser prorrogados pelo juízo ou tribunal por tempo
estritamente necessário ou em virtude de força maior, desde que devidamente comprovada.
Desde que o novo CPC previu, no artigo 219, que a contagem de prazos em dias,
estabelecido por lei ou pelo juiz, serão computados somente os úteis, surgiu a celeuma acerca
da aplicação desse dispositivo no Processo do Trabalho.

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Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os
dias úteis.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.

O Tribunal Superior do Trabalho se posicionou a resolver a discussão, por meio da IN


39/2016, estabelecendo que não se aplica ao Processo do Trabalho esse dispositivo do artigo
219 do CPC. Ou seja, os prazos do Processo do Trabalho deveriam ser contados de maneira
contínua, em contraposição de se considerar apenas os dias úteis.
IN 39/2016
Art. 2° Sem prejuízo de outros, não se aplicam ao Processo do Trabalho, em razão de inexistência de
omissão ou por incompatibilidade, os seguintes preceitos do Código de Processo Civil:
III - art. 219 (contagem de prazos em dias úteis);

Posteriormente, o legislador da Reforma Trabalhista alterou diretamente a previsão legal


da CLT (artigo 775 da CLT), que passou a prever a contabilidade dos prazos também em dias
úteis. Ademais, admitiu a prorrogação dos prazos quando o juiz entender necessário ou em
virtude de força maior, devidamente comprovada.
Art. 775. Os prazos estabelecidos neste Título serão contados em dias úteis, com exclusão do dia do
começo e inclusão do dia do vencimento.
§ 1o Os prazos podem ser prorrogados, pelo tempo estritamente necessário, nas seguintes hipóteses:
I - quando o juízo entender necessário;
II - em virtude de força maior, devidamente comprovada.

5. RESTRIÇÕES À CONSOLIDAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA


Grande discussão se dava quando se abordava sobre os limites da atuação da Justiça do
Trabalho. No que concerne a limites, não se fala em competência, mas na atuação em si mesma,
na força criativa da Justiça do Trabalho, visto que muitos entendiam que a Justiça do Trabalho,
por meio de Súmulas e OJ, criava ou restringia direitos a despeito da previsão legal.
Defronte essas críticas, a Reforma Trabalhista acabou por restringir o poder da Justiça do
Trabalho por meio de algumas modificações. O legislador criou um rito específico na própria
CLT para a criação e alteração de Súmulas. Nesse sentido, o artigo 702 da CLT passou a prever
que compete ao Tribunal Pleno estabelecer ou alterar Súmulas ou enunciados de jurisprudência
uniforme. Com essa modificação da CLT, surgiu um novo questionamento: se se cabe ao
Tribunal Pleno estabelecer ou alterar outros enunciados de jurisprudência uniforme, então a
SDC e a SDI, em tese, perderiam a competência para editar OJ.
Bem assim, estabelece o dispositivo que a edição ou alteração de Súmulas e outros
enunciados de jurisprudência uniforme será feita com os votos de, ao menos, dois terços dos
membros do Tribunal Pleno, caso a matéria já tenha sido decidida de forma idêntica, por
unanimidade, em, no mínimo, dois terços das turmas em pelo menos dez sessões diferentes em
cada uma delas.
Art. 702 - Ao Tribunal Pleno compete:
I - em única instância:
f) estabelecer ou alterar súmulas e outros enunciados de jurisprudência uniforme, pelo voto de pelo menos
dois terços de seus membros, caso a mesma matéria já tenha sido decidida de forma idêntica por
unanimidade em, no mínimo, dois terços das turmas em pelo menos dez sessões diferentes em cada uma
delas, podendo, ainda, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela
declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de sua publicação no Diário Oficial;
Portanto, restringiu-se consideravelmente a possibilidade de Súmulas e outros enunciados
de jurisprudências uniformes à medida em que condicionou essa edição à existência de decisões

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idênticas unânimes por dois terços das turmas em, pelo menos, dez sessões diferentes de cada
uma delas.
Antes, esses requisitos de edição de Súmulas e Orientações Jurisprudenciais eram
previstos pelos Regimentos dos próprios Tribunais. Porém, agora, a CLT impôs esses
requisitos, de forma bem restrita, inclusive.
Por fim, o artigo estabelece que, por maioria de dois terços de seus membros, o Tribunal
Pleno poderá restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela somente tenha eficácia
a partir de sua publicação no Diário Oficial. Isto é, o TST, ao editar uma Súmula ou enunciado
de jurisprudência uniforme, poderá restringir a aplicação desse verbete ou mesmo decidir que
ele somente tenha eficácia com a sua publicação do Diário Oficial.
A explicação dessa disposição foi resolver certa discussão sobre qual seria o momento do
início da produção dos efeitos, de modo a definir se os verbetes seriam ou não aplicáveis a fatos
ocorridos antes da sua edição. De todo modo, de acordo com a dicção do artigo, acredita-se que
a regra é a aplicação imediata, inclusive a fatos havidos antes da edição do verbete. A exceção
seria, portanto, a restrição dos efeitos ou mesmo a fixação da eficácia somente a partir da
publicação no Diário Oficial.
Igualmente com o fito de disciplinar o procedimento de edição de Súmulas e enunciados
de jurisprudência uniforme, o legislador previu que as sessões sobre o estabelecimento ou
alteração desses verbetes deverão ser públicas, divulgadas com no mínimo 30 dias de
antecedência, entre outras disposições, conforme parágrafo 3º do artigo 702 da CLT.
Art. 702.
§ 3o As sessões de julgamento sobre estabelecimento ou alteração de súmulas e outros enunciados de
jurisprudência deverão ser públicas, divulgadas com, no mínimo, trinta dias de antecedência, e deverão
possibilitar a sustentação oral pelo Procurador-Geral do Trabalho, pelo Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil, pelo Advogado-Geral da União e por confederações sindicais ou entidades de classe
de âmbito nacional.
Desse modo, percebe-se um movimento de abertura de contraditório nesse procedimento
de edição desses verbetes, possibilitando a participação de terceiros interessados na edição dos
verbetes, ainda que com argumentos contrários à dicção do verbete.
Esse procedimento deverá ser respeitado, inclusive, pelos Tribunais Regionais do
Trabalho quando forem editar Súmulas ou enunciados de jurisprudência uniforme no âmbito de
sua competência.
Com efeito, a essência das alterações apontou na direção de reduzir o ativismo judicial, o
que fica muito evidente, também, em razão de uma alteração promovida no artigo 8º, §2º, da
CLT, que passou a prever que esses verbetes não poderão restringir direitos legalmente
previstos, tampouco criar obrigações não previstas em lei.
Art. 8º
§ 2o Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos
Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar
obrigações que não estejam previstas em lei.
Com o mesmo intuito, revogaram-se os parágrafos 3º e 6º do artigo 896 da CLT, que
tratavam do Incidente de Uniformização de Jurisprudência – IUJ.
Por todo o exposto, uma série de medidas foram adotadas para restringir a edição de
Súmulas e enunciados de jurisprudência uniforme, bem como disciplinar como a edição desses
verbetes.

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6. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL


A apresentação de exceção de incompetência territorial deverá ocorrer “no prazo de cinco
dias a contar da notificação, antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta
exceção” (artigo 800 da CLT, com a redação já alterada pela Lei 13.467/2017).
Art. 800. Apresentada exceção de incompetência territorial no prazo de cinco dias a contar da notificação,
antes da audiência e em peça que sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o procedimento
estabelecido neste artigo.

Sendo assim, a exceção será apresentada no prazo de cinco dias contados do recebimento
da notificação. Essa previsão resolve uma antiga discussão sobre esse tema, pois o CPC de 2015
previa que a incompetência relativa, como é o caso da incompetência territorial, deveria ser
suscitada na própria contestação, conforme artigo 336 do Diploma Processual Civil.
Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de
direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.
Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
II - Incompetência absoluta e relativa;

Por essa disposição, não seria forçoso acreditar que, se aplicado ao Processo do Trabalho,
a incompetência territorial deveria ser suscitada na própria defesa. Contudo, isso geraria custos
desnecessários para a parte que suscita a incompetência territorial, visto que deveria prestar
comparecimento a uma cidade ou estado distinto àquele que está localizada.
Objetivando resolver essa questão, o legislador logrou prever que essa exceção deverá ser
apresentada antes da audiência. Assim, uma vez protocolada a petição, o processo será suspenso
e a audiência não será realizada até que seja resolvida a exceção.
Em paralelo, recebida a exceção, o Juiz intimará o reclamante e, se existentes, os
litisconsortes, para manifestação destes no prazo comum de 5 dias, oportunizando, desse modo,
o contraditório.
O Juiz poderá, caso entenda necessário, determinar a produção de prova oral, garantindo-
se o direito de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos por carta precatória no juízo
que este houver indicado como competente, conforme artigo 800, §3º, da CLT, alterado pela
Lei 13.467/2017).
Art. 800.
§ 3o Se entender necessária a produção de prova oral, o juízo designará audiência, garantindo o direito
de o excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que este houver
indicado como competente

Seria o caso, por exemplo, de a parte entender que o juízo competente não seja o de São
Paulo, senão o de Ribeirão Preto, de modo que a parte excipiente poderia ser ouvida na cidade
de Ribeirão Preto, estendendo-se este direito às suas testemunhas. A finalidade dessa previsão
é evitar custos para a parte que alega incompetência.
Decidida a exceção, o processo retomará seu curso, com a designação da audiência, a
apresentação de defesa e a instrução processual perante o juízo competente. Nesse particular, é
importante destacar a Súmula 214 do TST, que prevê que a decisão interlocutória, como regra,
será irrecorrível, porém pode ser objeto de recurso imediato a decisão que acolhe exceção de
incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a
que se vincula o juízo excepcionado.
Súmula nº 214 do TST
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE

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Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias não ensejam
recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão:
c) que acolhe exceção de incompetência territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional
distinto daquele a que se vincula o juízo excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.

7. HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL


Antes, não havia a possibilidade de homologação de acordo extrajudicial na Justiça do
Trabalho. As partes somente poderiam acordar em ações ordinárias em curso (reclamações),
sendo relativamente comum o combate às chamadas lides simuladas.
Como lides simuladas se entende as ações nas quais os advogados forçavam sua
existência para tão somente oportunizar a possibilidade de acordo que tivesse a chancela da
Justiça do Trabalho. Contudo, a Justiça do Trabalho entendia essa prática como irregular,
combatendo-a veementemente.
Tendo como objetivo possibilitar a homologação de acordos extrajudiciais, bem como
disciplinar essa prática, evitando-se prejuízos à parte hipossuficiente, a Reforma Trabalhista
passou a prever que compete à Justiça do Trabalho decidir quanto à homologação de acordo
extrajudicial nas matérias em que a mesma for competente, conforme artigo 652, f, da CLT.
Art. 652.
f) decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de competência da Justiça do
Trabalho.
Portanto, atualmente, as partes podem acordar extrajudicialmente e submeter o acordo ao
Juiz do Trabalho, com a condição de o acordo dizer respeito sobre matérias afetas à competência
da Justiça do Trabalho.
7.1. REQUISITOS
Para que isso ocorra, é necessário a apresentação de uma petição conjunta pelas partes
(artigo 855-B, caput, da CLT). Nesse caminho, elas devem apresentar uma única petição
contendo os termos do acordo. Contudo, ainda que a petição seja conjunta, justamente para
evitar fraudes e proteger o empregado, as partes devem estar representadas por advogados
diferentes1, nada impedindo que o empregado esteja representado pelo sindicato de sua
categoria.
Art. 855-B. O processo de homologação de acordo extrajudicial terá início por petição conjunta, sendo
obrigatória a representação das partes por advogado.

Apresentada a petição, o Juiz, no prazo de 15 dias, a contar da data de distribuição da


petição, analisará o acordo (artigo 855-D da CLT), podendo homologá-lo ou não (Súmula 418
do TST). De todo o caso, a homologação do acordo é uma faculdade do juiz.
Art. 855-D. No prazo de quinze dias a contar da distribuição da petição, o juiz analisará o acordo,
designará audiência se entender necessário e proferirá sentença.

Caso entenda necessário, o Juiz poderá designar audiência para ouvir as partes (artigo
855-D da CLT).
A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional da ação
quanto aos direitos nela especificados, conforme previsão do artigo 855-E da CLT.

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O professor acredita que seja possível até ampliar o entendimento do artigo que exige advogados
diferentes para dizer que é necessário que os advogados sejam, também, de escritórios diferentes, sob pena
de colocar em cheque a legitimidade do acordo.

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Art. 855-E. A petição de homologação de acordo extrajudicial suspende o prazo prescricional da ação
quanto aos direitos nela especificados.

A decisão que deixa de homologar o acordo pode ser impugnada mediante recurso
ordinário. Por outro lado, a decisão que homologa o acordo será irrecorrível, conforme
parágrafo único do artigo 831 da CLT.
Art. 831.
Parágrafo único. No caso de conciliação, o termo que for lavrado valerá como decisão irrecorrível, salvo
para a Previdência Social quanto às contribuições que lhe forem devidas.

8. TRANSCENDÊNCIA DO RECURSO DE REVISTA


A transcendência, em si, não é uma das novidades da Reforma Trabalhista. O artigo 896-
A da CLT já previa que o TST, no Recurso de Revista, analisaria se a causa ofereceria
transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou
jurídica.
A questão, porém, foi que nunca se soube com exatidão o que deveria ser entendido como
reflexos gerais de natureza econômica, política, social ou jurídica. Assim, esse dispositivo, na
prática, não era aplicado, de maneira que o TST não analisava a transcendência do Recurso de
Revista.
A Reforma Trabalhista, por sua vez, alterou a CLT, passando a prever quais são
exatamente esses reflexos. Nesse diapasão, considera-se indicadores da transcendência, entre
outros:
a) econômica, o elevado valor da causa;
b) política, o desrespeito da instância recorrida à jurisprudência sumulada do Tribunal
Superior do Trabalho ou do Supremo Tribunal Federal;
c) social, a postulação, por reclamante-recorrente, de direito social constitucionalmente
assegurado;
d) jurídico, a existência de questão nova em torno da interpretação da legislação
trabalhista.
Isto posto, não cabe mais ao TST se eximir de analisar a questão da transcendência,
devendo verificar se o Recurso de Revista a possui. Caberá ao relator fazer essa análise e, em
caso de diagnosticar a inexistência de transcendência, poderá denegar, monocraticamente, o
seguimento do recurso. Dessa decisão, caberá agravo para o colegiado.
Art. 896-A.
§ 2o Poderá o relator, monocraticamente, denegar seguimento ao recurso de revista que não demonstrar
transcendência, cabendo agravo desta decisão para o colegiado.

O juízo de admissibilidade do Recurso de Revista feita pela Presidência do TRT não


abrangerá o critério de transcendência das questões nele veiculadas, ficando restrito aos
pressupostos intrínseco e extrínseco do apelo. Frise-se, portanto, que a análise da
transcendência será realizada pelo TST, jamais pelo TRT.
Art. 896-A.
§ 6o O juízo de admissibilidade do recurso de revista exercido pela Presidência dos Tribunais Regionais
do Trabalho limita-se à análise dos pressupostos intrínsecos e extrínsecos do apelo, não abrangendo o
critério da transcendência das questões nele veiculadas.

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Em relação ao recurso que o relator considerou não conter transcendência, o recorrente


poderá realizar sustentação oral sobre a questão da transcendência, durante cinco minutos na
própria sessão (artigo 896-A, §6º, da CLT).
Mantido o voto do relator quanto à inexistência de transcendência, será lavrado acórdão
com fundamentação sucinta, que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal.
Art. 896-A.
§ 4o Mantido o voto do relator quanto à não transcendência do recurso, será lavrado acórdão com
fundamentação sucinta, que constituirá decisão irrecorrível no âmbito do tribunal.

É, também, irrecorrível a decisão monocrática de relator que, em Agravo de Instrumento


em Recurso de Revista, considerar ausente a transcendência da matéria.
Art. 896-A.
§ 5o É irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo de instrumento em recurso de revista,
considerar ausente a transcendência da matéria.

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