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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

MIRELLA SOARES DA SILVA

ANÁLISE DAS IMPUGNAÇÕES PERICIAIS E ASPECTOS RELATIVOS ÀS


PERÍCIAS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE NA JUSTIÇA DO
TRABALHO

Florianópolis
2017
MIRELLA SOARES DA SILVA

ANÁLISE DAS IMPUGNAÇÕES PERICIAIS E ASPECTOS RELATIVOS ÀS


PERÍCIAS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE NA JUSTIÇA DO
TRABALHO

Monografia apresentada ao Curso de


Especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho da Universidade do Sul de Santa
Catarina como requisito parcial à obtenção do
título de Especialista em Engenharia de
Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. Ms. José Humberto Dias de Tolêdo

Florianópolis
2017
MIRELLA SOARES DA SILVA

ANÁLISE DAS IMPUGNAÇÕES PERICIAIS E ASPECTOS RELATIVOS ÀS


PERÍCIAS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE NA JUSTIÇA DO
TRABALHO

Esta Monografia foi julgada adequada à


obtenção do título de Especialista em
Engenharia de Segurança do Trabalho e
aprovada em sua forma final pelo Curso de
Especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho da Universidade do Sul de Santa
Catarina.

Florianópolis, 01 de março de 2017.

______________________________________________________
Professor e Orientador José Humberto Dias de Tolêdo, Ms.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Ao meu marido, meus pais e minha irmã, por
acreditarem e me incentivarem em todos os
momentos da minha vida.
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu marido, pelo companheirismo, cumplicidade e lealdade ao


longo destes 17 anos. Por estar sempre ao meu lado em todos os momentos.
Agradeço a minha mãe, meu pai e minha irmã, por me apoiarem, me incentivarem
e por estarem sempre presentes em minha vida.
Agradeço aos amigos que fiz nesta pós graduação, aos professores e ao
coordenador / orientador por estes 2 anos de aprendizados.
“Viva como se fosse morrer amanhã. Aprenda como se fosse viver para sempre.”
(Mahatma Gandhi).
RESUMO

O presente estudo se concentra na análise das impugnações periciais e aspectos relativos às


perícias de insalubridade e periculosidade na Justiça do Trabalho. Para realização desta
análise foram selecionados 40 processos que tenham sido protocolados no Tribunal Regional
do Trabalho da 12ª região entre os anos de 2015 e 2016, nas varas das unidades judiciárias de
Florianópolis e São José. Com relação a metodologia, utilizou-se a abordagem qualitativa, de
cunho exploratório, através de levantamentos bibliográficos e pesquisa documental. Assim, o
estudo em tela abordou alguns aspectos jurídicos no que tange ao Direito do Trabalho e a
Justiça do Trabalho. Já no que se refere aos aspectos técnicos relativos a Segurança do
Trabalho deu-se ênfase na análise da Norma Regulamentadora n. 15 que trata da
Insalubridade e da Norma Regulamentadora n. 16 que trata da Periculosidade. Os resultados
apresentados mostram que, embora grande parte dos litigantes apresente impugnação pericial
através de seus procuradores, tais impugnações apresentam uma lacuna na discussão relativa
aos aspectos técnicos, uma vez constatada a pouca participação de especialistas em segurança
do trabalho. Desta forma, a principal recomendação que se faz é no sentido de aumentar a
participação destes profissionais, como forma de aprimorar a qualidade das impugnações
periciais apresentadas.

Palavras-chave: Perícia. Insalubridade. Periculosidade. Impugnação.


ABSTRACT

The present study focuses on the analysis of the impugnation presented at labor court, related
to technical inspection about occupational hazards. For this research we selected 40 cases that
were filed in the Labor Court (Tribunal Regional do Trabalho da 12ª região) between 2015
and 2016 at Florianópolis and São José jurisdiction. Concerning methodological aspects, this
study was based on qualitative research including case investigation and documents analysis.
Related to judicial subjects we compile some of the main content, such as workers law and
labor court characteristics. Besides, regarding to technical subject we arrange few aspects
related to occupational safety and health legislation (Norma Regulamentadora n. 15 e Norma
Regulamentadora n. 16). Therefore the results shows that even most of attorneys present some
impugnation related to technical inspection, some technical issues are missed considering the
lack of occupational safety experts attending these attorneys. At the end, the main
recommendation is to increase the participation of those specialists, as a way to improve the
quality of the impugnation presented at labor court.

Keyword: technical inspection, occupational hazards, impugnation.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Fluxograma de ação trabalhista.................................................................................24


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Apresentação de impugnação pericial .................................................................. 42


Gráfico 2: Formação do profissional .................................................................................... 42
Gráfico 3: Apresentação de quesitos suplementares.............................................................. 43
Gráfico 4: Tipo de agente insalubre ...................................................................................... 44
Gráfico 5: Periculosidade ..................................................................................................... 44
Gráfico 6: Recebimento de adicional.................................................................................... 45
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Anexos da NR 15 ................................................................................................. 31


Tabela 2: Anexos da NR 16 ................................................................................................. 32
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 13
1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO .......................................................................................... 14
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ...................................................................................... 14
1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................ 14
1.4 OBJETIVOS ............................................................................................................... 15
1.4.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 15
1.4.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 15
1.5 METODOLOGIA........................................................................................................ 16
1.6 ESTRUTURA ............................................................................................................. 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................ 19
2.1 ASPECTOS JURÍDICOS ............................................................................................ 19
2.1.1 Direito do trabalho .................................................................................................. 19
2.1.2 Origem, breve histórico e evolução ........................................................................ 19
2.1.3 Conceito de direito do trabalho e suas fontes......................................................... 21
2.1.4 Princípios do direito do trabalho ............................................................................ 21
2.1.5 Organização da Justiça do Trabalho...................................................................... 22
2.1.6 Fluxograma Ação Trabalhista ................................................................................ 24
2.2 INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE................................................................ 25
2.2.1 Adicional de Insalubridade ..................................................................................... 26
2.2.2 Adicional de Periculosidade .................................................................................... 28
2.2.3 Normas Regulamentadoras .................................................................................... 29
2.2.4 NR n. 15 – Atividades e Operações Insalubres ...................................................... 30
2.2.5 NR n. 16 – Atividades e Operações Perigosas ........................................................ 32
2.3 PERÍCIAS E IMPUGNAÇÕES JUDICIAIS................................................................ 34
2.3.1 Perícias judiciais e laudos técnicos ......................................................................... 34
2.3.2 Impugnações periciais ............................................................................................. 36
3 RESULTADOS E ANÁLISES ..................................................................................... 39
3.1 CAMPO DE PESQUISA ............................................................................................. 39
3.2 RESULTADOS ........................................................................................................... 40
3.3 ANÁLISES ................................................................................................................. 45
3.4 RECOMENDAÇÕES .................................................................................................. 48
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 49
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 51
ANEXOS ............................................................................................................................ 53
ANEXO A – MODELO DE LAUDO PERICIAL – PORTARIA N. 3.311/89 ................. 54
ANEXO B – ROL DE PROCESSOS ANALISADOS ...................................................... 55
13

1 INTRODUÇÃO

Segundo as estatísticas disponibilizadas pelo Tribunal Superior do Trabalho


(TST) em seu site oficial, no ano de 2015 foram recebidos 2.659.007 novos processos
trabalhistas em todo o país.
Já no ano de 2016 foram recebidos dentre os meses de janeiro a outubro cerca de
2.316.786 novos casos, conforme divulgado pelo TST. O referido tribunal prevê um aumento
de 15% de novas demandas trabalhistas com relação ao ano anterior. Caso esta projeção se
confirme, o ano de 2016 deverá ultrapassar o recebimento de 3.000.000 de novas ações na
justiça do trabalho.
Na propositura das demandas judiciais são pleiteadas uma diversidade de direitos
previstos na Constituição Federal (CF/88), bem como na Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT) dentre as quais podemos destacar os pedidos pela procedência dos adicionais de
insalubridade e periculosidade. Tais adicionais possuem previsão legal tanto na CLT quanto
nas Normas Regulamentadoras (NR’s) n. 15 e n. 16 respectivamente.
Em relação aos processos trabalhistas, é grande o número de ações que demandam
a realização de perícia para verificar a existência ou não de insalubridade e/ou periculosidade
nos locais de trabalho, sendo o tema regulado CLT em seu art.195, no qual:

Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade,


segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo
de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do
Trabalho.

Assim, as perícias para constatação da insalubridade (NR 15) e periculosidade


(NR 16) ficam a cargo de engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho,
podendo as referidas perícias serem impugnadas por assistentes técnicos de igual área de
formação.
Ocorre que a grande maioria dos processos em que são requisitadas perícias para
constatação de insalubridade e/ou periculosidade acabam não sendo impugnadas da forma
mais adequada. Assim, a ausência de impugnação ou ainda a realização desta por profissional
não capacitado poderá vir a causar prejuízos à parte que deixou de proceder a impugnação
como forma de preservar seus direitos, sendo este o objeto de estudo do presente trabalho.
14

1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO

O tema objeto do presente estudo se concentra na análise das impugnações


periciais e aspectos relativos às perícias de insalubridade e periculosidade na justiça do
trabalho.
Para fins de delimitação do tema deste presente estudo, foram analisados
processos do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 12ª região, das unidades judiciárias de
Florianópolis e São José.
Foram selecionados 40 processos que tenham sido protocolados nos anos de 2015
e 2016 com perícia em engenharia de segurança do trabalho designada, realizada e com laudo
apresentado, todos disponíveis através do sistema denominado processo judicial eletrônico
(Pje).
Os processos foram escolhidos independente da fase processual em que se
encontravam no momento da pesquisa, desde que tivessem preenchidos os critérios acima
destacados.
Para o presente estudo foram selecionados processos de 8 peritos com formação
em Engenharia de Segurança do Trabalho, tendo sido selecionados 5 processos aleatórios de
cada um dos peritos escolhidos, totalizando os 40 processos objetos deste estudo.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Relacionamos aqui alguns questionamentos no qual baseou-se a presente pesquisa


e que pretendemos respondê-las ao final do presente estudo, vejamos:
 De que forma são realizadas as impugnações periciais de insalubridade e
periculosidade na Justiça do Trabalho? Em outras palavras, quais os profissionais que
realizam as impugnações dos laudos apresentados pelos peritos oficiais?
 As impugnações apresentadas são as mais adequadas a defender os direitos dos
litigantes? O que poderia ser feito para otimizar a preservação dos direitos pelas partes
envolvidas no que diz respeito a produção de prova técnica?

1.3 JUSTIFICATIVA

Em grande parte das perícias de segurança do trabalho nos processos trabalhistas


observa-se a falta de impugnações periciais por um profissional da área. Ou seja, a maior
15

parte das impugnações são realizadas pelos próprios procuradores das partes, sem trazer
consigo nenhum parecer técnico que venha a contrapor-se ao laudo realizado pelo perito
oficial do juízo.
Isto deve-se muitas vezes ao fato das partes não contratarem engenheiros de
segurança do trabalho ou médicos do trabalho, uma vez serem estes os profissionais
reconhecidos por lei devido a sua formação, para fazerem o acompanhamento das perícias e
elaborarem laudos de impugnação da perícia judicial, por acharem desnecessário ou
dispendioso.
Os benefícios da contratação dos profissionais previstos no art. 195 da CLT são
muitos. As partes em litígio poderiam vir a se beneficiar com uma eventual inversão de um
laudo realizado por perito oficial que lhe fora a princípio desfavorável. Isso poderia culminar
em um reconhecimento de direitos pelo magistrado em benefício do empregado, ou ainda,
uma redução em caso de condenação que venha a reverter em proveito do empregador.
Já o profissional da área passa a ampliar seu campo de atuação, passando a atuar
com maior frequência no acompanhamento de perícias como assistente técnico das partes, o
que acarreta em um aperfeiçoamento dos laudos e perícias judiciais, reventendo em benefício
do sistema judiciário e da própria sociedade de modo geral.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Investigar de que forma são feitas as impugnações de laudos periciais de


insalubridade e periculosidade realizados pelos peritos oficiais na Justiça do Trabalho dos
processos provenientes do TRT da 12ª região.

1.4.2 Objetivos Específicos

• Fazer uma breve síntese sobre a justiça do trabalho, adentrar no tema das
perícias judiciais e discorrer sobre as perícias trabalhistas de insalubridade e periculosidade;
• Descrever as NR’s n. 15 e n. 16 que caracterizam atividades insalubres e
perigosas respectivamente;
16

• Analisar aspectos gerais acerca das impugnações periciais de engenharia de


segurança do trabalho realizadas no TRT 12ª região, nas varas de Florianópolis e São José,
nos processos previamante selecionados,.

1.5 METODOLOGIA

A presente pesquisa é básica no que tange a sua natureza. Com relação à


abordagem do problema será utilizado o método qualitativo, tendo em vista que a presente
pesquisa reúne características deste método, conceituado por Rauen (2002, p.198), no qual:

Na abordagem qualitativa, com base na categorização dos elementos, o pesquisador


aponta peculiaridades e nuances, uma vez que a especificidade e as relações dos
elementos de conteúdo traduzem a significação da mensagem analisada.

Segundo Fachin (2006, p.81) a abordagem qualitativa pode ser entendida da


seguinte maneira:

A qualidade, como se manifesta, pode simplesmente ser definida como uma


extensão ao longo da escala em termos da qual o atributo da variável pode ser
apreciado. De outra forma, qualquer propriedade pode ser objeto de quantificação e
pode ser tratada de modo qualitativo.

Ainda sobre a diferenciação da metodologia quantitativa e qualitativa, Lakatos


(2008, p. 269) leciona de forma clara, vejamos: “O método qualitativo difere do quantitativo
não só por não empregar instrumentos estatísticos, mas também pela forma de coleta e análise
de dados.”
Já do ponto de vista dos seus objetivos se classifica como exploratória, uma vez
que serão realizados levantamentos bibliográficos em doutrinas na área de direito trabalhista,
bibliografias que tratam sobre as normas regulamentadoras e legislação aplicável ao tema,
pesquisa de ações trabalhistas, incluindo a pesquisa das perícias judiciais de insalubridade e
periculosidade dela decorrentes, bem como analisando as impugnações realizadas em
decorrências destas perícias.
Sobre a modalidade de pesquisa documental, Rauen (2002, p. 195) descreve que é
uma pesquisa realizada com base em documentos, podendo ser considerado documento
qualquer veículo de comunicação, seja ele físico, escrito ou ainda visual.
Fachin (2006, p. 146) corrobora com seus ensinamentos no mesmo sentido, no
qual:
17

Pesquisa documental corresponde a toda informação coletada, seja de forma oral,


escrita ou vizualizada. Ela consiste na coleta, classificação, seleção difusa e
utilização de toda a espécie de informações, compreendendo também as técnicas e
os métodos que facilitam a sua busca e a sua identificação.

Já em relação aos procedimentos, a pesquisa em tela se caracteriza como um


estudo de caso, pois de acordo com Rauen (2002, p. 58): ”O estudo de caso clássico é uma
análise profunda e exaustiva de um ou de poucos objetos, de modo a permitir o seu amplo e
detalhado conhecimento.”
Fachin (2006, p. 45) contribui com o ensinamento acima e complementa:

Para melhor entendimento, convém mencionar que a literatura metodológica diz


que, quando são investigados um ou mais casos, cada situação isolada é geralmente
denominada caso, e o procedimento da apreciação, sem levar em consideração o
número de casos, é denominado método do caso.

Por fim, Rauen (2015, p.562) discorre a respeito das fases contidas em um estudo
de caso: “Um estudo de caso possui três fases: a fase exploratória, a fase de coleta de dados e
a fase de análise e interpretação sistemática dos achados com elaboração do relatório.
Destaque-se que estas três fases se interpõem, sendo difícil delimitá-las com precisão.”

1.6 ESTRUTURA

O presente trabalho tem sua estrutura baseada em quatro capítulos. O primeiro


capítulo diz respeito a base metodológica que foi utilizada na pesquisa, desde a escolha do
tema e a delimitação deste, passando pelo problema e justificativa que levaram a escolha do
tema. Inclui ainda os objetivos gerais e específicos e por fim apresenta a metodologia de
pesquisa propriamente dita e a estruturação do trabalho conforme apresentado a seguir.
O capítulo dois traz consigo todo o referencial teórico que serviu de substrato para
a elaboração desta monografia. Serão apresentadas algumas das bibliografias consideradas
mais adequadas ao tema proposto. Este capítulo apresenta algumas grandes áreas, sendo estas:
 Aspectos jurídicos da área trabalhista, através de uma breve revisão da
legislação e doutrina;
 As normas regulamentadoras, conhecidas como NR’s, mais especificamente as
normas n. 15 e n. 16, que tratam da insalubridade e periculosidade respectivamente;
18

 As perícias e impugnações em engenharia de segurança do trabalho, sobre


insalubridade e periculosidade, com apresentação de literatura e legislação pertinente;
Ao adentrarmos no terceiro capítulo, serão apresentados os resultados e análises
da pesquisa realizada. Serão abordados neste capítulo o campo de pesquisa, os resultados, as
análises extraídas a partir dos resultados obtidos e por fim as recomendações existentes.
No quarto e último capítulo se fará um apanhado geral sobre o objetivo da
pesquisa, seus resultados, uma breve síntese para verificar se os objetivos propostos foram
alcançados e ainda qual a importância do trabalho realizado, bem como sua relevância para
futuras pesquisas.
19

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ASPECTOS JURÍDICOS

2.1.1 Direito do trabalho

Doutrinadores da área trabalhista, a exemplo de Martins (2016, p. 46)


compreendem que “É impossível compreender o Direito do Trabalho sem conhecer seu
passado. Esse ramo do direito é muito dinâmico, mudando as condições de trabalho com
muita frequência, pois é intimamente relacionado com as questões econômicas.”
Desta forma, veremos a seguir a origem do trabalho, bem como um breve
histórico do direito do trabalho e sua evolução ao longo do tempo relacionando-as com as leis
trabalhistas.

2.1.2 Origem, breve histórico e evolução

A palavra “Trabalho” surgiu do latim “Tripalium” que nada mais era que uma
punição aplicada através de um instrumento de tortura que possuía três pontas e era utilizado
pelos agricultores nos primórdios da humanidade (MARTINS, 2016, p. 46).
Conforme o referido autor, a primeira forma de trabalho conhecida pela
humanidade foi a escravidão, no qual o escravo era considerado apenas uma coisa, um objeto,
não possuindo nenhum tipo de direito, muito menos trabalhistas.
Num segundo momento existiu a servidão, na época do feudalismo, no qual “Os
servos tinham de entregar parte da produção rural aos senhores feudais em troca da proteção
que recebiam e do uso da terra.” (MARTINS, 2016, p. 47). Explica ainda o jurista que num
terceiro plano haviam as corporações de ofício, através das figuras dos mestres, companheiros
e aprendizes, tendo sido tais corporações extintas com o advento da Revolução Francesa.
Aliás, teria sido a partir da Revolução Francesa de 1789 que houve o
reconhecimento do direito do trabalho, sendo imposto ao Estado a “obrigação de dar meios ao
desempregado de ganhar sua subsistência.” (MARTINS, 2016, p. 49).
Após este período, a Revolução Industrial acabou transformando o trabalho em
emprego, no qual os trabalhadores passaram a trabalhar em troca de salários. Não obstante, foi
nesta época que o Direito do Trabalho e o contrato de trabalho passaram a surgir e
desenvolver-se. Entretanto durante a Revolução Industrial os trabalhadores passaram a sofrer
20

abusos, uma vez que trabalhavam em locais e condições extremamente insalubres, que
culminaram no surgimento de doenças ocupacionais e principalmente em muitos acidentes de
trabalho, tornando necessária a intervenção estatal nas relações de trabalho. Para Martins
(2016, p. 50) o intervencionismo estatal foi necessário para que houvesse uma melhoria das
condições de trabalho e bem-estar sociais.
E assim, pouco a pouco as condições de trabalho tiveram que ser adaptadas, sendo
que o ramo do Direito do Trabalho surgiu como forma de limitar os abusos por parte do
empregador em explorar o trabalho, visando assim proteger o hipossuficiente, através de
modificações nas condições de trabalho, conforme expõe o autor acima referido.
Após essa breve retrospectiva histórica, trataremos a seguir sobre o surgimento
das leis trabalhistas de que se tem conhecimento no mundo e no Brasil.
Segundo Almeida (2014, p. 29), as primeiras leis trabalhistas surgiram através da
Constituição Mexicana de 1917 que estipulou muitos dos direitos trabalhistas hoje
conhecidos, como o salário mínimo, jornada diária de 8 horas, descanso semanal, dentre
outros e também com a Constituição Russa promulgada no mesmo ano.
A constituição de Weimar em 1919 também teve grande importância, pois foi
através dela que surgiu a OIT (Organização Internacional do Trabalho) que veio a
universalizar os direitos dos trabalhadores. (ALMEIDA, 2014, p. 29).
No Brasil o Direito do Trabalho só surgiu efetivamente no governo Getúlio
Vargas, na década de 30. Mas foi em 1º de maio de 1943 que promulgou-se a CLT, que
segundo Almeida (2014, p. 29) foi “um conjunto de leis disciplinando as relações individuais
e coletivas do trabalho, verdadeiro marco na história da justiça social do Brasil.”
No que tange aos dias atuais, Nascimento (2011, p. 24) traz um conceito no qual
denomina de “Direito do Trabalho Contemporâneo”, que acredita ter sido iniciado por volta
de 1970, com o advento da crise do petróleo, no qual surgiram transformações no universo
das relações de trabalho, reunindo as principais características desta nova fase:

Os empregos diminuem, crescem outras formas de trabalho sem vínculo de


emprego, as empresas passam a produzir mais com pouca mão de obra, a
informática e a robótica trazem produtividade crescente e trabalho decrescente.
A legislação é flexibilizada e surgem novas formas de contratação. Apesar da
desaceleração da economia, as mulheres ingressam em larga escala no mercado de
trabalho. As jornadas de trabalho e os salários são reduzidos como alternativas para
as dispensas em massa. Elevam-se os níveis de terceirização.

Como podemos observar no texto acima bem como através da propostas


trabalhista e previdenciária que atualmente tramitam no Congresso Nacional, este tema é
21

muito atual e deve trazer alterações significativas em nossa legislação trabalhista e


previdenciária.

2.1.3 Conceito de direito do trabalho e suas fontes

Martins (2016, p. 65) conceitua direito do trabalho da seguinte forma:

Direito do trabalho é o conjunto de princípios, regras e instituições atinentes à


relação de trabalho subordinado e situações análogas, visando assegurar melhores
condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo com as medidas de
proteção que lhe são destinadas.

Almeida (2014, p. 31) contribui sobre o conceito de direito do trabalho, que vem a
ser “o conjunto de princípios e regras jurídicas aplicáveis às relações individuais e coletivas
de trabalho subordinado, de caráter eminentemente social, destinados à melhoria das
condições de emprego.”
Após breve conceituação sobre direito do trabalho, veremos quais as fontes do
direito do trabalho. Para Pereira (2014, p. 58) “fonte traduz a ideia de origem, princípio,
início, causa, nascedouro. Fontes do Direito podem ser conceituadas como a origem das
normas jurídicas.”
Ainda no que se refere as fontes, estas podem vir a ser comuns, ou seja, que
servem a todos os ramos do direito, como a Constituição Federal ou ainda próprias, podendo
citar no caso do direito do trabalho os acordos coletivos, as convenções coletivas e o contrato
de trabalho, conforme preceitua MARTINS (2016, p. 93-94)
Dentre as principais fontes do direito do trabalho segundo Martins (2016, p. 95)
podemos citar a Constituição Federal, as leis, a exemplo da CLT, o contrato de trabalho, os
acordos coletivos de trabalho (ACT), as convenções coletivas de trabalho (CCT), as sentenças
normativas, os regulamentos de empresa, os costumes.

2.1.4 Princípios do direito do trabalho

Em se tratando dos pilares dos direitos do trabalho, não podemos deixar de trazer
aqui alguns princípios fundamentais que norteiam as relações trabalhistas, devendo ser
observados em todos os casos.
 Princípio da proteção: este princípio, como o próprio nome sugere, visa a
proteção do trabalhador e pode ser dividido em três partes, segundo Martins (2016, p. 134):
22

“(a) o in dubio pro operario; (b) o da aplicação da norma mais favorável ao trabalhador, (c) o
da aplicação da condição mais benéfica ao trabalhador.” Em suma, todos estes princípios
convergem em um objetivo principal, que é a proteção ao trabalhador em face das
desigualdades existentes nas relações de trabalho.
 Princípio da irrenunciabilidade dos direitos: este princípio indica que os
direitos trabalhistas são irrenunciáveis pelo trabalhador. Não se pode admitir que o
trabalhador abdique de suas férias ou 13º salário por exemplo. Segundo Martins (2016, p.
135) entretanto tal princípio poderá sofrer renúncia ou transação, conforme explica a seguir:

Poderá, entretanto, o trabalhador renunciar a seus direitos se estiver em juízo, diante


do juiz do trabalho, pois nesse caso não se pode dizer que o empregado esteja sendo
forçado a fazê-lo. Estando o trabalhador ainda na empresa é que não se poderá falar
em renúncia a direitos trabalhistas, pois poderá dar ensejo a fraudes. É possível,
também, ao trabalhador transigir, fazendo concessões recíprocas, o que importa um
ato bilateral.

 Princípio da continuidade da relação de trabalho: este princípio indica que o


contrato de trabalho é estabelecido, em geral, por tempo indeterminado. Conforme Almeida
(2014, p. 33):

O que ocorre é que não se admite a sucessão de contratos por prazo certo na mesma
empresa, caracterizando, assim, vínculo único, em face do princípio apontado. O
contrato regra, contrato padrão, tem prazo indeterminado e é também denominado
contrato sucessivo.

 Princípio da primazia da realidade: quer dizer que os fatos devem sempre


prevalecer sobre os documentos. Em outras palavras, muitas vezes no papel se estabelece uma
forma para a realização do contrato de trabalho e no dia a dia se estabelecem práticas
divergentes daquilo que fora acordado inicialmente. Segundo Martins (2016, p. 137) “São
privilegiados, portanto, os fatos, a realidade, sobre a forma ou a estrutura empregada.”

2.1.5 Organização da Justiça do Trabalho

No âmbito da organização da Justiça do Trabalho, traremos uma visão geral sobre


a organização desta, que consiste na seguinte divisão: Varas do Trabalho, Tribunais Regionais
do Trabalho (TRT), Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Auxiliares do Juiz.
23

A Constituição Federal estabelece a organização da Justiça do Trabalho a partir do


artigo 111e seguintes. A competência da Justiça do Trabalho no que tange ao processamento e
julgamento de suas ações possui respaldo no art. 114 da CF.
 Varas do Trabalho: as varas do trabalho são tratadas na CF no artigos 112, que
dispõe que as varas da Justiça do Trabalho serão criadas por lei ordinária federal. E ainda no
art. 116 no qual, nas varas do trabalho, a jurisdição ficará a cargo de um juiz singular,
conhecido também como juiz monocrático (MARTINS, 2016, p. 130).
Atualmente Florianópolis conta com 7 varas do trabalho e São José conta com 3
varas do trabalho, abrangendo os municípios de Antônio Carlos, Biguaçu, Governador Celso
Ramos, São José e São Pedro de Alcântara. Os processos que foram objetos do presente
estudo estão relacionados a ambas unidades judiciárias.
 Tribunais Regionais do Trabalho (TRT): a organização dos TRT’s está contida
no art. 115 da CF. Os TRT estão divididos em 24 regiões, sendo que o Estado de Santa
Catarina compõe a 12ª região. Segundo Martins (2016, p. 142) somente os estados do Amapá,
Roraima, Acre e Tocantins não possuem Tribunal Regional do Trabalho.
 Tribunal Superior do Trabalho (TST): o Tribunal Superior do Trabalho possui
previsão expressa no art. 111-A da CF. Conforme consta no referido artigo, o TST será
composto por 27 ministros, dentre advogados, membros do Ministério Público do Trabalho e
Juízes do Trabalho. O TST possui atualmente 8 turmas, cada uma com 3 ministros
(MARTINS, 2016, p. 148).
 Auxiliares da Justiça do Trabalho: são considerados auxiliares do juiz os
órgãos e cargos que, como o próprio nome sugere, auxiliam a Justiça do Trabalho. Segundo
Martins (2016, p. 149), são auxiliares da Justiça do Trabalho os seguintes órgãos e cargos:
secretaria, oficiais de justiça, distribuidor e contadoria.
Ainda, segundo o Código de Processo Civil (CPC) os peritos são considerados
auxiliares da justiça, vejamos:

Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições sejam
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de
secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete,
o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o
contabilista e o regulador de avarias. (grifo nosso)

Desta forma, os peritos nomeados pelo juiz são considerados auxiliares da justiça,
uma vez que auxiliam na atividade jurisdicional, mesmo que seja de forma eventual. Este
assunto será abordado mais adiante, em um tópico específico.
24

2.1.6 Fluxograma Ação Trabalhista

Para finalizar os tópicos relacionados a parte jurídica, entendemos que é de grande


valia apresentarmos, mesmo que de forma simplificada, um fluxograma de uma ação
trabalhista, para que se saiba em qual momento processual são designados os peritos para a
realização de perícias de insalubridade e periculosidade na Justiça do Trabalho.
Na elaboração do fluxograma apresentado a seguir utilizou-se por base um
fluxograma apresentado por Martins (2016, p. 511), tendo sofrido adaptações para o presente
estudo.

Petição Inicial | Distribuição

1ª Audiência | Inicial
Conciliatória

2ª Audiência | Instrução
Oitiva de testemunhas

3ª Audiência | Continuação

Sentença

Figura 1: Fluxograma de ação trabalhista


Fonte: adaptado de MARTINS (2016, p. 511)

O primeiro quadro mostra que a petição inicial, tão logo seja protocolada, é
distribuída para uma das varas do trabalho de forma aleatória. Após o recebimento pela vara,
é marcada data para a 1ª audiência, sendo intimadas as partes.
O segundo quadro apresenta a audiência inicial, também conhecida como
audiência de conciliação, na qual o juiz fará a primeira proposta conciliatória. Caso não haja
acordo entre as partes, ficam estas intimadas para a próxima audiência. Neste momento, caso
verificada a existência de pedido de adicional de insalubridade e/ou periculosidade, fica
designada a realização de perícia.
25

De modo geral, é entre a 1ª e a 2ª audiência que será realizada a perícia pelo


profissional indicado pelo juiz. O laudo pericial também deverá ser apresentado antes da 2ª
audiência. Mais detalhes sobre particularidades que permeiam as perícias de insalubridade e
periculosidade serão tratados mais adiante.
O terceiro quadro refere-se a 2ª audiência, conhecida como audiência de instrução,
na qual ocorrerá a oitiva das partes litigantes, bem como das testemunhas indicadas pelas
partes através de seus procuradores. Caso não seja possível finalizar esta audiência em tempo
hábil, o juiz designada sua continuação, conforme mostrado no quarto quadro.
Por fim, após conclusão das audiências, o juiz possui todos os elementos
necessários para prolatar sua sentença, conforme demonstrado no quinto e último quadro.

2.2 INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE

As questões referentes à insalubridade e periculosidade possuem previsão


expressa na CF e CLT com relação aos aspectos referentes ao conceito e pagamento destes
adicionais e ainda previsão nas Normas Regulamentadoras no que diz respeito aos seus
aspectos técnicos.
O art. 7º da Constituição Federal, que trata dos direitos sociais dos trabalhadores
urbanos e rurais, traz um rol de direitos a serem observados, dentre os quais destacamos o
inciso XXIII, no qual prevê: “adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres
ou perigosas, na forma da lei”.
Segundo Saliba (2015, p. 11), “o trabalho perigoso e insalubre é regulamentado na
CLT, mas, em relaçao à penosidade, até o momento, não foi elaborada qualquer norma
definindo a conceituação, os critérios de caracterização, o valor do adicional, dentre outros.”
Rossete (2014, p.27) traz uma definição sobre o que vem a ser trabalho insalubre e
perigoso, vejamos:

Podemos dizer que o trabalho insalubre é aquele em que o trabalhador se submete a


determinado agente ambiental ao longo de anos de exposição, podendo desenvolver
uma doença profissional ou do trabalho. Já o trabalho perigoso é aquele em que o
trabalhador corre o risco de morte em virtude de um evento único, repentino e
inesperado.

Já no que diz respeito ao pagamento dos adicionais de insalubridade e


periculosidade, nas palavras de Barbosa Filho (2004, p. 16):
26

O adicional de insalubridade é uma forma de punição (econômica) para ambientes


laborais insalubres, enquanto o adicional de periculosidade se caracteriza como uma
forma de compensação pela exposição do trabalhador a situações potencialmente
perigosas.

Martins (2016, p. 970) destaca que “O Brasil adotou o sistema de monetização do


risco, com o pagamento de adicional pelo trabalho em condições insalubres ou perigosas. O
ideal seria combater as causas do elemento adverso à saúde do trabalhador.”

2.2.1 Adicional de Insalubridade

Camisassa (2016, p. 374) traz um conceito de insalubridade:

A palavra insalubre tem origem no latim (insalubris) e significa “o que faz mal à
saúde”. O trabalho insalubre, portanto, é aquele que expõe o trabalhador a agentes
que podem causar danos à sua saúde. A insalubridade não se confunde com a
periculosidade: enquanto esta coloca em risco a vida do trabalhador, aquela coloca
em risco a saúde do trabalhador.

Ayres (2011, p. 98) considera que “A palavra insalubre, de origem latina, significa
doentio ou tudo que pode gerar doença”. Saliba (2015, p. 11) ressalta que “a palavra insalubre
vem do latim e significa tudo aquilo que origina doença; insalubridade, por sua vez, é a
qualidade de insalubre”. Para este autor, o conceito legal de insalubridade encontra respaldo
legal no art. 189 da CLT:

Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por
sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes
nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

Logo na sequência, a CLT dispõe que o Ministério do Trabalho é o órgão


responsável por apresentar o quadro das atividades insalubres, regulamentando os critérios
para sua caracterização, limites de tolerância (LT), meios de proteção bem como tempo de
exposição dos trabalhadores aos agentes insalubres. Para Saliba (2015, p 12) por se tratar de
matéria técnica, a regulamentação foi delegada ao Ministério do Trabalho, no qual:

Art. 190 - O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações


insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os
limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo
de exposição do empregado a esses agentes.
27

Parágrafo único - As normas referidas neste artigo incluirão medidas de proteção do


organismo do trabalhador nas operações que produzem aerodispersóides tóxicos,
irritantes, alérgicos ou incômodos.

Saliba (2015, p 12) afirma que o Ministério do Trabalho regulamentou a matéria


através da NR 15. Ressalta entretanto, que “a possível caracterização da insalubridade
ocorrerá somente se o agente estiver inserido na referida norma”.
Adiante, o artigo 191 trata sobre os aspectos referentes à eliminação e
neutralização da insalubridade, no qual:

Art. 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:


I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos
limites de tolerância;
II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que
diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.
Parágrafo único - Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho, comprovada a
insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para sua eliminação ou
neutralização, na forma deste artigo.

Sobre o art. 191 acima, Saliba (2015, p. 20) ressalta que “Portanto, o controle da
exposição aos riscos ocupacionais é feito por meio de medidas relativas ao ambiente e ao
homem.” (grifo nosso)
No que tange ao ambiente, devem ser tomadas medidas que visam a eliminar o
agente tanto em sua origem, quanto em sua tragetória. E, em não sendo possível a adoção de
medidas no ambiente, ou sendo tais medidas insuficientes, deve-se partir então ao controle
individual, ao exemplo dos equipamentos de proteção individuais (SALIBA, 2015, p.20).
Não obstante, a legislação trabalhista aborda sobre os percentuais a serem pagos
ao trabalhador a título de adicional de insalubridade, quando as condições insalubres
estiverem acima dos limites de tolerância previstos pelo Ministério do Trabalho na Norma
Regulamentadora, vejamos:

Art. 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de


tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de
adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e
10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus
máximo, médio e mínimo.

Ou seja, o pagamento do adicional de insalubridade será na proporção de 10%,


20% ou 40% sobre o salário mínimo da região, conforme o grau de exposição do trabalhador
ao risco existente nos graus mínimo, médio e máximo respectivamente (SALIBA, 2015, p.
17). O autor salienta ainda que é vedada a percepção cumulativa dos adicionais de
insalubridade, em seus ensinamentos:
28

(...) ou seja, o empregado exposto a dois agentes insalubres de diferentes graus


percebe somente sobre aquele de maior grau. Para os agentes do mesmo grau, os
adicionais não se somam. (...) Embora a exposição a dois ou mais agentes insalubres
possa produzir maior agravo à saude do trabalhador, a regulamentação limitou a
percepção cumulativa.

Martins (2016, p. 972) afirma que “Quanto maior for o salário do empregado,
menor será a relação entre o salário pago e o adicional de insalubridade recebido.”

2.2.2 Adicional de Periculosidade

No que tange à periculosidade, Camisassa (2016, p. 473) traz o seguinte conceito:

Enquanto a insalubridade coloca em risco a saúde do trabalhador, afetando-a


continuamente enquanto não for eliminada ou neutralizada, a periculosidade põe em
risco a vida do trabalhador, podendo, repentinamente, atingi-lo de forma violenta,
levando-o à incapacidade, invalidez permanente ou até mesmo à morte.

Já na CLT, as atividades perigosas estão dispostas no art. 193, caput e incisos, no


qual:

Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da


regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de
exposição permanente do trabalhador a:
I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;
II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de
segurança pessoal ou patrimonial.

Não obstante, com relação ao aspecto da eliminação e neutralização, na


periculosidade existe uma particularidade, vejamos:

Com relação à periculosidade, não ocorre a neutralização mediante a utilização do


EPI, pois esta é inerente à atividade. Ademais, a Lei não estabelece que o uso do EPI
afasta o adicional de periculosidade, como ocorre com a insalubridade, conforme
previsão no art. 191, II, da CLT. Assim, o pagamento de periculosidade somente
poderá ser cessado com a eliminação do risco. (SALIBA, 2015, p. 21)

Por fim, referente ao pagamento do adicional de periculosidade prevê a CLT ainda


em seu art. 193, parágrafos:

§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um


adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de
gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.
29

§ 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe


seja devido.
§ 3º - Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza
eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo.
§ 4º - São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em
motocicleta.

Assim, conforme disposto na legislação trabalhista, o adicional de periculosidade


será pago ao trabalhador na proporção de 30% sobre o salário, ao contrário do que ocorre com
o adicional de insalubridade, que será pago sobre o salário mínimo. Camisassa (2016, p. 474)
destaca duas principais diferenças entre os adicionais de insalubridade e periculosidade:

1. Não existem graus de periculosidade (como existem no caso das atividades


insalubres: grau mínimo – 10%, médio – 20% ou máximo – 40%). O adicional de
periculosidade corresponde a uma única porcentagem (30%) sobre a base de cálculo;
2. A base de cálculo do adicional de periculosidade é o salário-base (ao
contrário do adicional de insalubridade cuja base de cálculo é o salário mínimo),
desconsiderando quaisquer acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa.

Já com relação ao parágrafo art. 193, §2º, Barsano (2014, p. 91) orienta que o
trabalhador poderá optar sobre qual adicional deseja perceber, no caso de lhe serem devidos
ambos os adicionais. Saliba (2015, p. 19) ressalta entretanto que “os adicionais de
insalubridade e periculosidade também não podem ser cumulativos, devendo o empregado
fazer a opção.”

2.2.3 Normas Regulamentadoras

São muitas as legislações aplicáveis na área trabalhista. A CF, a CLT, servem


como bases para garantia dos direitos trabalhistas. Na segurança do trabalho também se
utilizam como base tais regramentos, entrentando acrescenta-se aqui as Normas
Regulamentadoras, também conhecidas como NR’s, que detalham com minúcias os aspectos
técnicos referentes à legislação sobre saúde e segurança do trabalho.
Segundo Rossete (2014, p. 23) muitos consideram as NR’s uma grande conquista
quando o assunto é prevenção de doenças e acidentes ocupacionais, uma vez que cabem as
empresas observar esta legislação, garantindo assim condições mínimas de saúde e segurança
dos trabalhadores.
As normas regulamentadoras são de observação obrigatória por parte das
empresas privadas e também pela administração pública direta e indireta, bem como pelos
30

órgãos do judiciário e legislativo, no que diz respeito aos funcionários regidos pela CLT,
sempre que houver (CAMISASSA, 2016, p. 09).
As NR’s foram regulamentadas através da Portaria 3.214/78. Atualmente existem
36 normas regulamentadoras em vigor, cada uma com conteúdo específico. Para Rossete
(2014, p.23) as NR’s “são elaboradas e modificadas por comissões tripartites específicas
compostas por representantes do governo, empregadores e empregados.”
Existem também normas que estão em discussão, dentre as quais a NR que trata
sobre gestão de saúde e segurança no trabalho e ainda a NR que trata sobre saúde e segurança
em plataformas de petróleo.
Para embasar o presente estudo veremos a seguir as duas normas específicas para
perícias de insalubridade e periculosidade, ou seja, as NR’s 15 e 16 respectivamente.

2.2.4 NR n. 15 – Atividades e Operações Insalubres

O conceito de insalubridade apresentado pelo artigo 189 da CLT, no entendimento


de Saliba (2015, p. 11) “verifica-se que ele é tecnicamente correto dentro dos princípios da
Higiene Ocupacional”.
Saliba (2015, p. 11-12) explica brevemente o que vem a ser Higiene Ocupacional,
conhecida também como Higiene do Trabalho:

Higiene do trabalho é uma ciência que trata do reconhecimento, da avaliação e do


controle dos agentes agressivos passíveis de levar o empregado a adquirir doença
profissional, quais sejam:

- Agentes físicos – ruído, calor, radiações, frio, vibrações e umidade.


- Agentes químicos – poeira, gases e vapores, névoas e fumos.
- Agentes biológicos – micro-organismos, vírus e bactérias.

(...) Segundo os princípios da Higiene Ocupacional, a ocorrência da doença


profissional, dentre outros fatores, depende da natureza, da intensidade e do tempo
de exposição ao agente agressivo.

A NR no 15, segundo Barsano (2014, p. 115) “é uma das normas mais extensas,
contendo quatorze anexos”. Lembrando que somente treze deles estão atualmente em vigor.
Tais anexos são os seguintes:

Anexo 1 Limites de Tolerância para Ruído contínuo ou intermitente


Anexo 2 Limites de Tolerância para Ruídos de impacto
Anexo 3 Limites de Tolerância para exposição ao calor
Anexo 4 REVOGADO
Anexo 5 Radiações ionizantes
31

Anexo 6 Trabalho sob condições hiperbáricas


Anexo 7 Radiações não-ionizantes
Anexo 8 Vibrações
Anexo 9 Frio
Anexo 10 Umidade
Anexo 11 Agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e
inspeção no local de trabalho
Anexo 12 Limites de tolerância para poeiras minerais
Anexo 13 Agentes químicos
Anexo 13 Anexo 13 – A - Benzeno
Anexo 14 Agentes biológicos
Tabela 1: Anexos da NR 15
Fonte: Site do Ministério do Trabalho

No que tange ao critério adotado para caracterização da insalubridade, Saliba


(2015, p. 13) destaca que o Ministério do Trabalho “estabeleceu três critérios para a
caracterização da insalubridade: avaliação quantitativa, qualitativa e inerentes à
atividade” (grifo nosso). E relaciona ainda quais anexos relacionam-se com cada critério,
vejamos:
 Avaliação quantitativa: Saliba (2015, p. 13) destaca que “nos anexos 1, 2, 3, 5,
8, 11 e 12 estão definidos os limites de tolerância para os agentes agressivos fixados em razão
da natureza, da intensidade e do tempo de exposição.” E explica como deverá ser a atuação do
perito neste caso:

Nesse caso, o perito terá de medir a intensidade ou a concentração do agente e


compará-lo com os respectivos imites de tolerância; a insalubridade será
caracterizada somente quando o limite for ultrapassado.

Assim, conforme tabela acima, podemos extrair que as avaliações quantitativas


deverão ser realizadas nos seguintes casos: ruídos (contínuo ou intermitente e de impacto),
calor, radiações ionizantes, vibrações, agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada
através de limite de tolerância e limites de tolerância para poeiras minerais.
 Avaliação qualitativa: segundo Saliba (2015, 13) os anexos 7, 9, 10 e 13
estabelecem que a insalubridade nesses casos será constatada através de inspeção realizada no
local de trabalho e continua:

Assim, na caracterização da insalubridade pela avaliação qualitativa, o perito deverá


analisar detalhadamente o posto de trabalho, a função e a atividade do trabalhador,
utilizando os critérios técnicos da Higiene Ocupacional.
Deve-se levar em conta na avaliação, dentre outros, o tempo de exposição, a forma e
intensidade de contato com o agente e o tipo de proteção usada (...)
32

Os agentes que deverão ser avaliados pelo critério qualitativo são os seguintes:
radiações não-ionizantes, frio, umidade e benzeno.
 Inerentes à atividade: para Saliba (2015, p. 15) a avaliação nestes casos
também será qualitativa e destaca: “O fato de não haver meios de se eliminar ou neutralizar a
insalubridade significa que esta é inerente à atividade”. São as atividades contidas nos anexos
6, 13 e 14, que vem a ser trabalho sob condições hiperbáricas, agentes químicos e agentes
biológicos respectivamente.

2.2.5 NR n. 16 – Atividades e Operações Perigosas

Segundo Camisassa (2016) são seis as atividades e operações consideradas


perigosas segundo a NR no 16, vejamos:

Anexo 1 Atividades e operações perigosas com explosivos


Anexo 2 Atividades e operações perigosas com inflamáveis
Anexo 3 Atividades e operações perigosas com exposição a roubos ou outra espécie de
violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou
profissional
Anexo 4 Atividades e operações perigosas com energia elétrica
Anexo 5 Atividades perigosas em motocicleta
Anexo Atividades e operações perigosas com radiações ionizantes ou substâncias
(sem no) radioativas
Tabela 2: Anexos da NR 16
Fonte: Camisassa (2016)

Com relação ao art. 193 da CLT, que trata sobre as atividades e operações
consideradas perigosas, transcrito no item 2.2.2, Saliba (2015, p. 16) ressalta de forma clara
que:

Observa-se pela definição que foram determinados três pressupostos para a


configuração da periculosidade:
- contato com inflamáveis, explosivos, energia elétrica, roubos ou outras espécies de
violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial e,
ainda, atividades em motocicletas;
- caráter permanente;
- em condições de risco aumentado.

Desta forma, convém trazer aqui conceitos técnicos no que se refere à exposição
permanente e ao risco acentuado, ambos preceitos contidos no caput do art.193 da CLT.
No que tange à exposição permanente, Camisassa (2016, p. 473) apresenta uma
distinção a respeito dos termos contato permanente versus exposição permanente, no qual:
33

O sentido do vocábulo contato é bem mais restrito do que o de exposição. Enquanto


o primeiro aponta para toque ou tateio das substâncias ou agentes físicos
periculosos, o segundo amplia as situações perigosas para a possibilidade de
sujeição ao contato ou às consequências de impactos por acidentes desencadeados
pelos agentes químicos e físicos e, agora, fatores sociais qualificados jurídico-
normativamente como periculosos.

A referida autora ressalta entretanto que nem a CLT tampouco a NR n. 16 trouxe


definição acerca do conceito de exposição permanente. Saliba (2015, p. 185) ressalta como
deve-se proceder nas perícias acerca do tema exposição permanente:

Em face do exposto, o perito deverá, em sua análise, observar os princípios técnicos


de prevenção de acidentes e a probabilidade da ocorrência de acidente, no sentido de
fornecer elementos ao juiz para definição do contato permanente. Já os juízes
deverão observar o princípio da razoabilidade para não cometerem exageros na
possível caracterização do direito ao adicional.

Ademais, sobre a expressão risco acentuado Camisassa (2016, p. 473) destaca


que, assim como a expressão exposição permanente, sua definição não consta na CLT
tampouco na NR n. 16. Para melhor entendimento apresenta o seguinte conceito:

O risco acentuado, portanto, é a probabilidade aumentada da ocorrência de evento


que possa causar dano. Ao regulamentar o art. 193 da CLT, a NR 16 enumerou
taxativamente as atividades em condição potencial de risco acentuado e nos casos
aplicáveis, as respectivas áreas de risco acentuado. A norma determina ainda que
todas as áreas de risco devem ser delimitadas, sob a responsabilidade do
empregador.

Sobre o rol de atividades que ensejam o pagamento do adicional, Camisassa


(2016, p. 473) destaca que “apesar de existirem outras atividades que apresentem risco
acentuado, por exemplo, atividades na construção civil, elas não ensejam o pagamento do
adicional de periculosidade simplesmente por falta de previsão legal”.
Saliba (2015) coaduna com este entendimento, ressaltando que embora muitas
vezes o rol taxativo apresentado pela NR n. 16 possa não parecer correto e justo, não cabe ao
perito restringir ou ir além das hipóteses enumeradas na norma, pois cabe somente ao
Ministério do Trabalho regulamentar as hipóteses que se caracterizam como sendo de risco
acentuado.
34

2.3 PERÍCIAS E IMPUGNAÇÕES JUDICIAIS

2.3.1 Perícias judiciais e laudos técnicos

Martins (2016, p. 483) traz de forma objetiva o significado do que vem a ser a
perícia, no qual:

Perito, proveniente do latim peritus, formado pelo verbo perior, com o significado
de experimentar, saber por experiência, é a pessoa que faz o exame dos fatos dos
quais o juiz não tem conhecimento técnico: a perícia.

Através de seus ensinamentos, Martins (2016) explica que na falta de


conhecimento técnico especializado na área de interesse, o juiz indica alguém que possa fazer
o exame do caso e transmitir a ele através de um parecer, um laudo. É o que dispõe o art. 156
do Código de Processo Civil (CPC) no qual: “O juiz será assistido por perito quando a prova
do fato depender de conhecimento técnico ou científico.” Leciona também o referido autor
que:

É proibido ao perito ultrapassar os limites de sua designação, bem como emitir


opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia (§
2º do art. 473 do CPC). O perito deve ater-se àquilo que o juiz determinou à perícia.
Não pode o perito emitir opiniões pessoais, ainda que seja do seu conhecimento
técnico. (MARTINS, 2016, p. 486).

Ademais, cabe transcrever aqui o artigo 195 da CLT na íntegra, artigo este que
trata sobre a perícia de insalubridade e periculosidade:

Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade,


segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo
de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do
Trabalho.
§ 1º - É facultado às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais
interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização de perícia em
estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou
delimitar as atividades insalubres ou perigosas.
§ 2º - Argüida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja
por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na
forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do
Ministério do Trabalho.
§ 3º - O disposto nos parágrafos anteriores não prejudica a ação fiscalizadora do
Ministério do Trabalho, nem a realização ex officio da perícia.
35

Martins (2016) ressalta que a perícia pode ser judicial, quando ocorre nos autos do
processo ou ainda extrajudicial, quando vem a ser requisitada pela empresa ou sindicato, a luz
do art. 193, § 1º da CLT, acima transcrito.
A perícia extrajudicial, segundo Saliba (2015, p. 23) possui “o objetivo de
caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas.” O referido autor
explica sobre sua importância:

Deve ser salientado que, mesmo fora da justiça, a perícia é imprescindível para a
determinação da insalubridade e periculosidade, tanto no aspecto legal (art.195 da
CLT) quanto no prejuízo que poderá trazer às partes, devido ao enquadramento
errôneo das funções/atividades insalubres ou perigosas. Portanto, a perícia é de
fundamental importância e evita o enquadramento inadequado das atividades ou
operações insalubres e perigosas.

Com relação à perícia judicial, foco deste estudo, Saliba (2015) destaca que a
perícia de insalubridade e periculosidade é realizada nas ações trabalhistas propostas perante a
Justiça do Trabalho, uma vez ser este o órgão detentor da competência para analisar e julgar
conflitos advindos da relação de trabalho. Desta forma, a lei a ser observada é a CLT,
devendo o CPC ser utilizado de forma subsidiária, ou seja, complementar.
O referido autor ressalta sobre a obrigatoriedade de realização de perícia na área
da segurança do trabalho, destacando as atividades a serem realizadas pelo perito:

A perícia visando a possível caracterização de insalubridade e periculosidade é


obrigatória. Nesse tipo de perícia, o perito deverá realizar análise técnica do
processo e da exposição do trabalhador ao risco; avaliar os agentes ambientais e
interpretar adequadamente as normas pertinentes. Com base nesses dados, o perito
deve emitir parecer fundamentado sobre o fato. (SALIBA, 2015, p. 26)

Lembrando que a realização de perícias, emissão de pareceres e laudos técnicos


são atividades privativas do profissional especialista em engenharia de segurança do trabalho,
conforme se extrai da resolução n. 359 de 31 de julho de 1991, do Conselho Federal de
Engenharia e Agronomia (CONFEA), que dispõe sobre o exercício profissional, o registro e
as atividades do engenheiro de segurança do trabalho. Tal atividade também encontra
respaldo na Lei n. 5.194, de 24 de dezembro de 1966, que regulamenta o exercício da
engenharia.
Ademais, no que tange ao laudo pericial a ser confeccionado e apresentado pelo
perito, o artigo 473 do CPC enuncia que devem conter os seguintes elementos:
36

Art. 473. O laudo pericial deverá conter:


I - a exposição do objeto da perícia;
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser
predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se
originou;
IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo juiz, pelas partes e
pelo órgão do Ministério Público.

O laudo apresentado pelo perito do juízo, segundo disposto no § 1º do art 473 do


CPC, “deve apresentar sua fundamentação em linguagem simples e com coerência lógica,
indicando como alcançou suas conclusões.” Para Saliba (2015, p. 26):

O laudo pericial deve ser claro, objetivo, fundamentado e conclusivo. Todos os


dados e elementos que o perito julgar importantes e que possam contribuir
efetivamente para o convencimento do juiz devem ser levantados.
Dentre os itens de um laudo pericial, a fundamentação dos pareceres é
imprescindível, pois normalmente é a base técnica para a decisão do juiz.

Martins (2016, p. 492) explica acerca da necessidade de apresentação de laudo


pericial na forma escrita, vejamos:

A lei determina expressamente que o perito apresente laudo, que será feito por
escrito. É impossível o oferecimento de laudo em audiência pelo perito, que deve ter
tempo suficiente para elaborá-lo. Da mesma forma, é impossível que o juiz designe
audiência para que o perito preste informações técnicas necessárias ao
esclarecimento da questão, pois a lei exige laudo. O perito poderá até ser convocado
para prestar esclarecimentos em audiência, porém em relação ao laudo já elaborado
e que está nos autos.

Para Saliba (2015, p. 27-28) um laudo pericial deve apresentar no mínimo os


seguintes itens: a) Critério adotado; b) Instrumentos utilizados; c) Metodologia de avaliação;
d) Descrição da atividade e condições de exposição; e) Dados obtidos / fundamentação; f)
Resposta aos quesitos formulados pelas partes; g) Conclusão pericial.
Ademais, o Ministério do Trabalho, através da Portaria n. 3.311 de 29 de
novembro de 1989 dispõe de um modelo de laudo técnico para perícias de insalubridade e
periculosidade, modelo este que encontra-se anexo ao final deste trabalho.

2.3.2 Impugnações periciais

Após breve fundamentação apresentada acerca do tema perícias judiciais e laudos


técnicos, apresentaremos a última parte teórica deste estudo, cujo enfoque serão as
impugnações periciais, a figura do assistente técnico e a apresentação de quesitos.
37

Primeiramente cabe ressaltar que as defesas de modo geral, dentre as quais a


impugnação de laudos periciais, é um direito constitucional expressamente previsto no art. 5º
da CF, no qual consta o seguinte enunciado: “LV - aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes”. É o princípio do contraditório e da ampla defesa,
amplamente conhecido por aqueles que atuam na área jurídica.
Já o CPC dispõe sobre a impugnação pericial em seu art. 477, § 1º no qual consta:
“As partes serão intimadas para, querendo, manifestar-se sobre o laudo do perito do juízo no
prazo comum de 15 (quinze) dias, podendo o assistente técnico de cada uma das partes, em
igual prazo, apresentar seu respectivo parecer.” Trata-se aqui da impugnação, conhecida
também como manifestação ao laudo pericial.
Ademais, quando houver designação de perícia de insalubridade e periculosidade,
podem vir a fazer parte os assistentes técnicos. Malta (2000, p. 14) considera que: “os
assistentes, na prática, não se mostram imparciais, ao contrário, procuram favorecer a parte
que os indica e remunera.” Nascimento (2012, p.657) corrobora com tal entendimento,
explicando:

O assistente é um consultor técnico da parte. Sua função é acompanhar e assessorar


o trabalho do perito, auxiliando-o quanto aos aspectos técnicos favoráveis à parte
que o indicou. Os assistentes exercem uma função processual, na medida em que,
indicados pelas partes, passam a funcionar no assessoramento do perito.

A figura dos assistentes técnicos está disposta no art. 465 do CPC, no qual
enuncia que incumbe às partes a indicação de assistente técnico, bem como a apresentação de
quesitos, sendo que este último será visto adiante. E também encontra respaldo legal no art.
466 § 1º do referido diploma, no qual considera que os assistentes técnicos são de confiança
da parte. Martins (2016, p. 483) destaca que “As partes podem indicar assistentes técnicos,
mas o único que presta compromisso é o perito, pois o assistente técnico não o faz, nem
vincula seu trabalho ao juiz”.
Já o art. 466, §2º enuncia que cabe ao perito assegurar as partes litigantes, bem
como aos assistentes das partes o acesso e acompanhamento das diligências periciais a serem
realizadas. Para Martins (2016, p. 488) “A parte tem a possibilidade de comparacer à
diligência da perícia em razão do princípio da publicidade dos atos processuais (art. 189 do
CPC) e das provas.”
38

Destarte, no que tange aos quesitos complementares, conhecido também como


quesitos suplementares, o CPC traz o art. 469 que dispõe que as partes litigantes poderão vir a
apresentar quesitos complementares. Para Martins (2016, p. 491)

Só serão admitidos quesitos suplementares, se estes forem ofertados durante a


diligência do perito (art. 469 do CPC) e não após a entrega do laudo. Poderão,
entretanto, ser admitidos quesitos suplementares antes da entrega do laudo.

Malta (2000, p. 15) possui o mesmo entendimento, no qual:

O juiz deve fixar também o prazo para as partes apresentarem seus quesitos, isto é,
os esclarecimentos que desejam do perito.
Até a realização da diligência, isto é, até o seu término, as partes podem apresentar
quesitos suplementares.

Ademais, Martins (2016, p. 488) ressalta que “O juiz indeferirá quesitos


impertinentes, formulando os quesitos que entender necessários ao esclarecimento da causa
(art. 470 do CPC).” No mesmo sentido, o art 827 da CLT dispõe que o juiz poderá arguir o
perito ou ainda o assistente técnico.
Por fim, com relação ao acolhimento do laudo pericial pelo magistrado, Carrion
(2012, p. 726) ressalta que “O laudo pericial não vincula o juiz, pois este tem o poder de
apreciar livremente as provas”. Nas palavras de Martins (2016, p. 490):

O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar sua convicção com outros
elementos ou fatos provados nos autos, pois, do contrário, o perito substituiria a
função de julgar do magistrado. O juiz apreciará a prova pericial de forma
fundamentada, indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a
deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado
pelo perito (art. 479 do CPC).

A não vinculação do laudo pericial à decisão judicial proferida pelo magistrado


encontra respaldo no art. 479 do CPC. É conhecido como o princípio do livre convencimento
do juiz, disposto no art 371 que considera: “O juiz apreciará a prova constante dos autos,
independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da
formação de seu convencimento”. Afinal, nas palavras de Pereira (2014, p. 532) “O juiz é o
perito dos peritos” (grifo nosso).
39

3 RESULTADOS E ANÁLISES

Após apresentação do referencial teórico que serviu para embasar o presente


estudo, seguimos neste capítulo para a apresentação da pesquisa, seus resultados e análises.
A seguir serão apresentados quatro tópicos, sendo: a) o campo de pesquisa,
apresentando como esta foi realizada; b) os resultados extraídos da pesquisa; c) as análises
feitas a partir dos resultados e d) as recomendações tendo por base os resultados obtidos.

3.1 CAMPO DE PESQUISA

O tema proposto para realização do estudo em questão foi “Análise das


impugnações periciais e aspectos relativos às perícias de insalubridade e periculosidade na
Justiça do Trabalho.”
Assim, para realização do presente estudo foram analisados processos do Tribunal
Regional do Trabalho (TRT) da 12ª região, região esta que refere-se ao Estado de Santa
Catarina. Os processos analisados foram propostos nas varas do trabalho de Florianópolis e
São José. Ressaltando que atualmente Florianópolis possui 7 varas do trabalho e São José
possui 3 varas do trabalho, sendo que esta última abrange os municípios de Antônio Carlos,
Biguaçu, Governador Celso Ramos, São José e São Pedro de Alcântara.
Para realizar o presente estudo levou-se em consideração a quantidade de
processos existentes em nossa região, pois conforme dados extraídos do site oficial do TRT da
12ª região, o ano de 2015 contou com 88.952 novos casos e o ano de 2016 contou com 92.185
novos casos até a data de 30.11.2016. Quando restringimos a análise para as varas de
Florianópolis e São José ainda temos um número muito significativo de processos, tendo em
vista a existência de 13.178 novos casos em ambas unidades judiciárias somente em 2015 e a
existência de 14.376 novos casos em ambas unidades judiciárias em 2016, até a data de
30.11.2016.
Desta forma, conforme exposto acima, devido ao elevado número de processos,
optou-se pela realização de uma pesquisa no qual foram selecionados 40 processos que
tenham sido protocolados nos anos de 2015 e 2016 nas varas das unidades judiciárias de
Florianópolis e São José. Assim, tem-se que a amostra utilizada refere-se a uma amostra não
representativa, tendo em vista a dificuldade de se realizar uma pesquisa mais minuciosa em
um grande número de processos judiciais, motivo pelo qual utilizou-se a abordagem
qualitativa para análise dos processos selecionados.
40

Assim, foram escolhidos 40 processos que possuíam perícia em engenharia de


segurança do trabalho, mais precisamente sobre insalubridade (NR 15) e periculosidade (NR
16) desde que a perícia já tivesse sido designada pelo juízo, realizada pelo perito e que este já
tivesse apresentado o laudo técnico referente à perícia.
Os processos foram escolhidos independente da fase processual em que se
encontravam no momento da pesquisa, desde que tivessem cumprido os requisitos acima. Isso
porque havia a necessidade de que os processos já tivessem um laudo técnico apresentado nos
autos para que fosse possível verificar se as partes litigantes apresentaram sua impugnação ao
laudo pericial e caso positivo, de que forma foi realizada tal impugnação.
Assim, para o presente estudo foram selecionados processos de 8 peritos com
formação em Engenharia de Segurança do Trabalho, tendo sido selecionados 5 processos
aleatórios de cada um dos peritos escolhidos, totalizando os 40 processos objetos deste estudo.
Por fim, ressalta-se que todos os processos foram pesquisados através do sistema
eletrônico denominado Processo Judicial eletrônico (PJe). Para apresentação do resultado
entretanto omitiu-se o número do processo, nome das partes litigantes bem como os nomes
dos peritos, tendo em vista não ser fundamental a apresentação destas informações para se
proceder a análise deste estudo, e visando ainda resguardar o interesse das partes envolvidas.

3.2 RESULTADOS

A seguir serão apresentados os resultados obtidos a partir da pesquisa realizada.


Para facilitar a visualização dos dados apresentados, os mesmos encontram-se na forma de
gráfico. Entretanto a pesquisa pode ser conferida também no final deste trabalho, através de
uma tabela apresentada em anexo.
A tabela referente a pesquisa apresenta 11 colunas, nas quais constam os seguintes
assuntos: n. do processo; perito, cidade, impugnação, profissional, quesitos suplementares,
insalubridade (tipo do agente), periculosidade, recebia adicional, fase do processo e por fim
ramo de atividade.
A coluna que se refere ao n. do processo e nome do perito tiveram seus dados
omitidos uma vez não ser fundamental a apresentação destas informações para se proceder a
análise deste estudo, bem como visando resguardar o interesse das partes envolvidas. Na
coluna cidade, colocou-se apenas a referência pela unidade judiciária, sendo Florianópolis ou
São José, sem especificar a vara no qual o processo encontra-se vinculado.
41

Já na coluna impugnação, foi analisado se houve ou não apresentação de


impugnação pericial, com um simples “sim” ou “não”. Na coluna seguinte, registrou-se a
formação do profissional que realizou a impugnação. Foram utilizadas as siglas ADV para
advogado, EST para identificar engenheiro de segurança do trabalho, TST para técnico de
segurança do trabalho e ainda MT para designar médico do trabalho. Não foram adicionadas
outras categorias profissionais uma vez não ter havido a constatação de nenhuma outra
formação profissional nos processos analisados, além das formações acima citadas.
A coluna seguinte trata sobre a apresentação ou não de quesitos suplementares,
chamados também de quesitos complementares, através de indicação com “sim” ou “não”.
Na sequência registrou-se o tipo de agente que se referia a insalubridade, quando
existente. Para tanto, foram identidicados como AF o agente físico, AQ o agente químico e
com AB o agente biológico. A coluna a seguir se refere a periculosidade, sendo identificada
com “sim” caso houvesse ou “não”caso não houvesse análise da periculosidade.
Em seguida foi registrado se o autor/reclamante recebia ou não algum adicional,
também com registro simples de “sim” ou “não”. Já a penúltima coluna apresenta a fase em
que o processo se encontrava quando a pesquisa foi realizada e a última coluna indica o ramo
de atividade no qual se relaciona a perícia realizada. Serão apresentadas a seguir 6 gráficos,
referentes a 6 aspectos que serão analisados e discutidos posteriormente, sendo os seguintes
aspectos:
a) se houve ou não impugnação pericial,
b) formação do profissional que apresentou a impugnação,
c) se foram apresentados quesitos suplementares,
d) tipo de agente insalubre, podendo ser químico, físico ou biológico,
e) se houve ou não periculosidade,
f) se recebia adicional de insalubridade ou periculosidade.
42

Impugnação

Sim
Não

Gráfico 1: Apresentação de impugnação pericial


Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

O gráfico acima indica se houve ou não impugnação pericial. Dos 40 processos


analisados, 38 deles apresentaram alguma impugnação e somente em 2 processos não foram
apresentados nenhum tipo de impugnação ao laudo pericial. Assim, a proporção foi de 95%
com impugnação e somente 5% sem impugnação.

Profissional (ADV / EST / TST / MT)


40
35
35
29
30
25
20
15
10
5 2 2
0 0 1 0
0
ADV EST TST MT
Autor Réu

Gráfico 2: Formação do profissional


Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

No gráfico acima o foco foi analisar qual a formação do profissional que elaborou
a impugnação, se foi somente a impugnação apresentada pelo procurador da parte ou ainda se
43

foi apresentada juntamente com a impugnação algum parecer técnico por profissional da área
de segurança do trabalho.
As siglas referem-se ao seguintes profissionais: ADV advogado, EST engenheiro
de segurança do trabalho, TST técnico de segurança do trabalho e MT médico do trabalho. Já
os termos autor e réu deram lugar aos termos comumente utilizados reclamante e reclamado
para facilitar o entendimento dos termos abreviados e apresentados na tabela.
Conforme se extrai do gráfico, os advogados elaboraram 29 impugnações dentre o
total de 40 processos no caso dos autores/reclamantes. Ademais, no caso dos
autores/reclamantes não houve participação de nenhum outro profissional na elaboração da
impugnação.
Já no caso dos réus/reclamados constatou-se que os procuradores realizaram 35
impugnações judiciais. Ademais, verificou-se 2 impugnações com participação de
engenheiros de segurança do trabalho, 2 impugnações com participação de médicos do
trabalho e 1 impugnação realizada com participação de técnico de segurança do trabalho.

Quesitos suplementares

Sim
Não

Gráfico 3: Apresentação de quesitos suplementares


Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

No que tange a formulação de quesitos suplementares, em 77,5% dos processos,


ou seja, em 31 processos não houve formulação e apresentação de quesitos suplementares. Por
outro lado, em 22,5% dos casos, ou seja, em 9 processos houve apresentação de quesitos
suplementares.
44

Insalubridade - Tipo de agente

Químico
Físico
Biológico

Gráfico 4: Tipo de agente insalubre


Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Com relação ao tipo de agente constatado na perícia, percebe-se que 45% dos
casos se referem aos agentes químicos, 35% se referem aos agentes biológicos e 20% se
referem aos agentes físicos. Importante ressaltar que em muitos casos houve a constatação de
mais de um tipo de agente no mesmo processo, de forma concomitante.

Periculosidade

Sim
Não

Gráfico 5: Periculosidade
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Já no que se refere a periculosidade, verificou-se que em 35 processos, ou seja,


87,5% dos processos não possuíam atividade perigosa abrangida pela NR 16. Somente em 5
45

casos, ou seja, 12,5% dos processos diziam respeito a atividades consideradas perigosas pela
NR 16.

Recebia adicional?

Sim
Não

Gráfico 6: Recebimento de adicional


Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Por último, este gráfico representa se o reclamante/autor já recebia o pagamento


de algum adicional. Em 36 processos, ou seja, 90% dos casos, não havia o pagamento
espontâneo de adicional por parte do empregador. Já em 4 processos, ou seja, em 10% dos
casos havia o pagamento de algum adicional de forma espontânea pelo empregador.

3.3 ANÁLISES

Agora iremos analisar um a um dos resultados obtidos e dispostos no tópico


anterior, com relação a cada um dos seis aspectos que foram pesquisados.
A primeira análise diz respeito sobre a existência ou não de impugnação pericial.
Conforme demonstrado nos resultados, dos 40 processos analisados, 38 deles, o que equivale
a 95%, apresentaram alguma impugnação pericial e somente em 2 casos, equivalendo a 5%
dos casos, não houve nenhum tipo de impugnação pericial.
Através da observação das impugnações elaboradas pelos procuradores das partes
constatou-se que em muitos casos os procuradores se manifestam tão somente para deixar
registrado se concordam ou não concordam com o laudo realizado pelo perito do juízo, sem
elaborar nenhum argumento técnico. Outros por sua vez utilizam somente argumentos
jurídicos para embasar seu entendimento. Ainda, alguns procuradores utilizam argumentos
46

relativos à segurança do trabalho, entretanto tais argumentos carecem de embasamento


técnico, tendo em vista o desconhecimento técnico da matéria pela grande maioria dos
procuradores.
O que se constata é que, em grande parte dos casos, se as partes litigantes que
tiveram um laudo desfavorável para si contassem com um embasamento técnico adequado,
poderiam trazer ao juiz novos argumentos, vindo a contribuir para a percepção do juiz acerca
da parte técnica, e como consequência poderiam reverter uma decisão que a princípio seria
desfavorável.
O segundo aspecto se refere ao profissional que participou da elaboração da
impugnação pericial, ou seja, qual era a formação do profissional envolvido na elaboração
deste documento. Os profissionais encontrados nos processos analisados foram advogados
(ADV), engenheiros de segurança do trabalho (EST), médicos do trabalho (MT) e técnico de
segurança do trabalho (TST), conforme siglas contidas no gráfico e na tabela.
Com a análise do gráfico é possível extrair que, em se tratando dos
reclamantes/autores, somente esteve presente a figura do advogado da parte. Já em se tratando
de reclamados/réus constatou-se a participação, embora pequena, de profissionais da área de
saúde e segurança do trabalho, como engenheiros de segurança do trabalho, médicos do
trabalho e técnico de segurançado trabalho.
Assim, tem-se que os reclamantes/autores e seus procuradores não possuem a
prática de ter acompanhamento técnico nem na perícia, tampouco na elaboração de um
parecer técnico por um profissional da área habilitado a emitir pareceres, ou seja, engenheiro
de segurança do trabalho ou médico do trabalho. Isso porque não foi constatada em nenhum
caso a presença de profissional especializado.
Já no que tange aos reclamados/réus, em 87,5% dos casos também não houve
participação de profissional técnico especializado. E em somente pequena parte dos casos,
mais precisamente em 5 processos, equivalente a 12,5%, houve a participação de um
profissional da área. A existência de profissionais especialistas no que tange ao reclamado/réu
deve-se ao fato de se tratarem de pessoas jurídicas, sendo que algumas possuem profissional
de segurança do trabalho em seus quadros, como observado em uma pequena parcela dos
processos.
A terceira análise diz respeito a formulação de quesitos suplementares. Na grande
maioria dos casos, em torno de 77,5%, não foram apresentados quesitos suplementares e,
somente uma parcela menor, em torno de 22,5% dos processos, procedeu a realização de
quesitos suplementares.
47

Podemos ressaltar aqui a existência de dois fatores. O primeiro deles é que a CLT
não traz previsão legal sobre os quesitos suplementares, assim tal previsão somente encontra
amparo legal no CPC. Desta forma, muitos magistrados entendem que os quesitos
suplementares não tem lugar na justiça do trabalho, negando seu seguimento. Já outros
magistrados permitem, não havendo assim entendimento majoritário sobre o tema dentro das
unidades judiciárias analisadas. O segundo fator diz respeito a falta de conhecimento técnico
especializado para a elaboração dos quesitos suplementares mais adequados no caso em tela.
A quarta análise se relaciona com o tipo de agente insalubre objeto da perícia,
podendo ser, de acordo com a NR 15, agente físico (AF), agente químico (AQ) ou agente
biológico (AB). Nos processos analisados 45% se referiam aos agentes químicos, 35% aos
agentes biológicos e 20% aos agentes físicos.
No que tange aos agentes insalubres, cabem aqui algumas considerações. Uma
delas é que embora a maior parte dos processos seja relacionado a somente um agente
insalubre (25 processos), alguns casos os agente insalubres objetos da perícia aparecem de
forma concomitante. Assim, 9 processos tiveram perícia relacionada a dois agentes insalubres
e 2 processos tiveram perícia relacionada a três agentes insalubres, conforme é possível
constatar na tabela em anexo.
Ademais, o que se analisou nesta pesquisa foram os tipos de agentes que
embasaram a perícia de insalubridade, independente da conclusão da perícia pelo
reconhecimento ou não daquele determinado agente. Também não se analisou se o magistrado
acolheu ou não o laudo pericial, uma vez que alguns processos analisados não possuíam
sentença, ou em razão da fase em que se encontravam no momento da pesquisa ou ainda
porque as partes realizaram um acordo nos autos.
A maior parte das perícias teve relação com os agentes químicos, em grande parte
relacionadas aos serviços de limpeza e manuseio de produtos químicos em geral realizados
em empresas dos mais diferentes ramos de atividades. Em segundo lugar aparecem os agentes
biológicos nas perícias realizadas em clínicas, hospitais e estabelecimentos de saúde em geral.
Por fim, aparecem os agente físicos, em atividades que envolviam ruído, frio, umidade,
vibrações e calor.
O quinto aspecto refere-se à periculosidade, prevista na NR 16. Constatou-se que
grande parte dos processos não estão relacionados à periculosidade e sim à insalubridade,
tendo sido esta objeto de perícia em 35 processos (87,5%). Somente 5 processos (12,5%)
tinham perícia relacionada a análise de periculosidade. Ademais, somente 1 processo possuía
pedido de insalubridade e periculosidade de forma comcomitante.
48

Por fim, o último aspecto analisado se refere ao pagamento de adicional de forma


espontânea pelo empregador. Na maior parte dos processos (90%) não havia nenhum
pagamento de forma espontânea com relação ao adicional. Já em uma pequena parcela dos
processos (10%) havia o pagamento anterior de algum adicional por parte do empregador. Isto
indica que os empregadores, dentro dos casos analisados, tenderam a não pagar de forma
voluntária o adicional, vindo a pagar somente nos casos em que foram acionados
judicialmente, caso tenha havido o reconhecimento de agente insalubre ou perigoso.

3.4 RECOMENDAÇÕES

Algumas recomendações podem ser realizadas com base neste estudo. Uma delas
é sobre a importância das partes e seus procuradores em contratarem um profissional
especializado na área de segurança do trabalho para que estes possam dar o suporte técnico
necessário visando a defender o interesse das partes envolvidas.
Isto porque os litigantes contam com seus procuradores para que estes possam
representar seus interesses da maneira mais adequada perante o judiciário. Ocorre que, os
procuradores detêm o conhecimento jurídico necessário mas não possuem o conhecimento
técnico da área de segurança do trabalho, uma vez que este é alheio à sua formação jurídica.
Assim, por desconhecerem o tema com a profundidade necessária para discutirem
aspectos relativos à segurança do trabalho, deixam de fazê-lo de forma adequada, o que
ocasiona uma lacuna com relação à perícia judicial de insalubridade e periculosidade e
assuntos dela decorrentes.
Desta forma, com a contratação de um profissional especializado em segurança do
trabalho o embasamento passará a ser não só jurídico, mas principalmente técnico, o que
contribui para defender o interesse das partes litigantes bem como melhorar a qualidade dos
atos relativos as perícias judiciais e elaboração da documentação pertinente.
No que tange aos atos relativos as perícias de insalubridade e periculosidade e
elaboração da documentação pertinente, isso vai ao encontro da segunda recomendação, pois
uma vez contratado o responsável técnico pelas partes, este poderá acompanhar a perícia
judicial, apresentar quesitos suplementares com viès técnico ao perito do juízo, bem como
elaborar parecer técnico que servirá como base para realizar uma impugnação pericial, caso
seja necessário.
49

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo principal verificar a forma como são
elaboradas as impugnações de laudos periciais de insalubridade e periculosidade realizados
pelos peritos oficiais na Justiça do Trabalho.
Para efetuar esta análise foram escolhidos 40 processos provenientes do TRT da
12ª região, nas unidades judiciárias de Florianópolis e São José. Os processos selecionados
possuíam perícia de insalubridade e periculosidade designada, já realizada e com laudo
pericial apresentado nos autos do processo analisado.
Dentre os processos estudados, verificou-se que em 95% dos casos foram
apresentadas impugnações periciais. Entretanto, embora a grande parte dos processos tenha
sido apresentada manifestação ao laudo pericial, quando pesquisados qual a formação do
profissional que participou na elaboração do referido documento, confirmou-se um fato já
presenciado na prática.
Desta forma, observou-se que no caso dos autores/reclamantes não houve
participação de nenhum profissional da área de segurança do trabalho, com formação técnica
que o habilite para a realização de pareceres técnicos, como o profissional de engenharia de
segurança do trabalho. Já no caso nos réus/reclamados, somente uma pequena parcela,
correspondente a 12,5% dos processos contavam com um profissional da área de segurança
do trabalho.
Assim, foi possível verificar com a execução deste estudo a ocorrência de dois
fatores que encontram-se interligados. Por um lado a baixa participação dos profissionais
ligados à area de segurança do trabalho nas perícias de insalubridade e periculosidade bem
como atos e documentos dela decorrentes, como acompanhamento de perícia, formulação de
quesitos e elaboração de parecer técnico para embasar a impugnação.
O outro fator que vêm a ser uma decorrência da baixa participação destes
profissionais é a baixa qualidade das impugnações periciais concernentes aos seus aspectos
técnicos, que não são abordados da forma adequada e sim de maneira superficial quando
realizada pelos procuradores das partes, tendo em vista a formação jurídica deste profissional.
Através dos resultados obtidos neste estudo, embora a amostragem não possa ser
considerada como representativa quando comparamos a relação dos processos analisados com
a quantidade de processos existentes na justiça do trabalho, consideramos que esta parcela
analisada é um indicativo, uma vez que vai ao encontro daquilo que é presenciado no dia a dia
da atividade jurídica.
50

Desta forma, consideramos que os objetivos da pesquisa foram alcançados, uma


vez que se pretendia demonstrar aqui a baixa atuação dos profissionais ligados à área de
segurança do trabalho nas perícias judiciais de insalubridade e periculosidade, bem como na
participação de atos e elaboração de documentos dela decorrentes.
Consideramos como sendo de grande valia a realização deste estudo na formação
do engenheiro de segurança do trabalho, pois demonstra um campo de trabalho pouco
explorado pelos engenheiros de segurança do trabalho, a área jurídico trabalhista.
A área trabalhista abrange profissionais de diversas formações profissionais,
dentre os quais podemos citar advogados e engenheiros de segurança do trabalho. Enquanto
aquele possui uma formação jurídica, este possui uma formação com um viés técnico, sendo
que ambas se relacionam e se complementam.
Assim, esta pesquisa é de grande importância pois pretendeu demonstrar a
interdisciplinaridade que envolve a segurança do trabalho, no qual as questões técnicas não
podem ser analisadas de forma isolada, devendo integrar profissionais de diversas áreas de
conhecimento.
Por fim, este estudo contribui para realização de novas pesquisas na área da
segurança do trabalho quando relacionadas as questões jurídicas, mais especificamente o
campo das perícias judiciais de insalubridade e periculosidade, uma vez que foi possível
discorrer acerca das peculiaridades que envolvem o tema, demonstrando as lacunas existentes
tanto na atuação do profissional de segurança do trabalho quanto para a realização de
pesquisas futuras.
51

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MALTA, Cynthia Guimarães Tostes. Vade Mecum Legal do Perito de Insalubridade e


Pariculosidade. 1. ed. São Paulo: LTr, 2000.

MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 38ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

______, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 32ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
52

MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL. Norma Regulamentadora n.


15. Atividades e Operações Insalubres. Disponível em <
http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR15/NR15-ANEXO15.pdf > Acesso em
05/01/2017.

MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL. Norma Regulamentadora


n.16. Atividades e Operações Perigosas. Disponível em
<http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR16.pdf> Acesso em 05/01/2017.

NASCIMENTO. Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 27ª ed. São
Paulo: Atlas, 2012.

______, Amauri Mascaro. Direito Contemporâneo do Trabalho. 1ª ed. São Paulo: Saraiva,
2011.

PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

RAUEN, Fábio José. Roteiros de Iniciação Científica: os primeiros passos da pesquisa


científica desde a concepção até a produção e a apresentação. Palhoça: Ed. Unisul, 2015.

______. Roteiros de Investigação Científica. Palhoça: Ed. Unisul, 2002.

ROSSETE, Celso Augusto. Segurança e Higiene do Trabalho. 1ª ed. São Paulo: Pearson,
2014.

SALIBA, Tuffi Messias; CORRÊA, Márcia Angelim Chaves. Insalubridade e


Periculosidade: aspectos técnicos e práticos. 14ª ed. São Paulo: LTr, 2015.

TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Varas do Trabalho – Casos novos por


assunto. Disponível em <http://www.tst.jus.br/documents/10157/2ac40bb8-c47c-4471-8823-
6f22759caa8c> Acesso em 03/01/2017.

TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Relatório Geral da Justiça do Trabalho.


Relatório Demonstrativo. Seção 4: Varas do Trabalho. Disponível em
<http://www.tst.jus.br/documents/10157/eefa5b0b-579d-485c-b1e0-a9f7fdd13e4e> Acesso
em 03/01/2017.

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DE SANTA CATARINA. Transparência –


Provimento CGJT n. 01/2015: Quadros estatísticos de 1o grau. Disponível em <
http://www.trt12.jus.br/portal/areas/seest/extranet/estatisticas/Transparencia/Provimento_1_G
.jsp> Acesso em 03/01/2017.
53

ANEXOS
54

ANEXO A – Modelo de Laudo Pericial – Portaria n. 3.311/89

MINISTÉRIO DO TRABALHO
SECRETARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO
DELEGACIA REGIONAL DO TRABALHO
DIVISÃO/SEÇÃO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

(FORMULÁRIO 8)

Laudo pericial de [ ] Insalubridade


[ ] Periculosidade N.º ________ / ________

Data e hora da perícia ____ / ____ / ____ ______ hs.

1 – IDENTIFICAÇÃO

2 - IDENTIFICAÇÃO DO LOCAL PERICIADO

3 - DESCRIÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO

4 - ANÁLISE QUALITATIVA
4.1 - da função do trabalhador
4.2 - das etapas do processo operacional
4.3 - dos possíveis riscos ocupacionais
4.4 - do tempo de exposição ao risco

5 - ANÁLISE QUANTITATIVA

5.1- Análise quantitativa da insalubridade


5.1.1 - descrição da aparelhagem, da técnica empregada e do método de avaliação
5.1.2 - resultados obtidos
5.1.3 - interpretação e análise dos resultados

5.2 - Análise quantitativa da periculosidade


5.2.1 - discriminação da área
5.2.2 - delimitação da área de risco
5.2.3 - interpretação e análise dos resultados

6 - CONCLUSÃO
6.1 - fundamento científico
6.2 - fundamento legal

7 - PROPOSTA TÉCNICA PARA CORREÇÃO


7.1 - imediatas
7.2 - mediatas

8 - MEDIDA ADOTADA PELO ÓRGÃO REGIONAL

CIDADE UF DATA ASSINATURA


55
ANEXO B – Rol de processos analisados

Quesitos Insalubridade
Impugnação Profissional (ADV / Periculosidade Recebia
Processo n. Perito Cidade suplementares tipo agente Fase processo Ramo Atividade
EST / TST / MT) adicional?
(sim / não) (sim / não) (AF / AQ / AB) (sim / não)
XXXXXXX-XX.2016.5.12.XXXX P1 Fpolis Sim A: ADV - R: ADV / MT Não AB Não Sim Aguard. Aud. Instr. Hospitalar
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P1 Fpolis Sim A: ADV - R: MT Não AB Não Não Recurso Alimentação
XXXXXXX-XX.2016.5.12.XXXX P1 Fpolis Sim A: ADV - R: ADV Não AQ Não Não Aguard. Aud. Instr. Comércio Argamassas
XXXXXXX-XX.2016.5.12.XXXX P1 Fpolis Sim A: ADV - R: ADV / EST Não AB Não Não Aguard. Aud. Instr. Serviços limpeza
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P1 Fpolis Sim A: ADV - R: ADV Não AB Não Sim Aguard. Aud. Instr. Supermercado

XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P2 São José Sim A: ADV - R: ADV Sim AF e AQ Não Não Conciliação Indústria aço
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P2 Fpolis Sim A: ADV - R: ADV Não --- Sim Não Sentença Transportes aéreos
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P2 Fpolis Sim A: ADV - R: ADV Não AF Não Não Arquivado Alimentação
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P2 Fpolis Sim A: ADV - R: ADV Não AQ Não Não Recurso Alimentação
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P2 Fpolis Sim A: ADV - R: ADV Não AB Não Não Arquivado Hospitalar

XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P3 São José Não --- Não AB Não Não Recurso Transporte de cargas
XXXXXXX-XX.2016.5.12.XXXX P3 São José Sim A: ADV / R: ADV Não --- Sim Não Aguard. Aud. Instr. Posto Combustível
XXXXXXX-XX.2016.5.12.XXXX P3 São José Sim A: ADV / R: ADV Não AQ Não Não Aguard. Sentença Comércio Mat. Constr.
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P3 São José Sim A: ADV / R: ADV Não AB Não Não Sentença Serviços limpeza
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P3 São José Sim A: ADV / R: ADV Não AF Não Não Arquivado Supermercado

XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P4 São José Sim A: ADV / R: ADV Não AF Não Não Aguard. Aud. Instr. Transporte coletivo
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P4 Fpolis Sim A: ADV Não AQ Não Não Recurso Alimentação
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P4 São José Sim R: ADV Sim AB Não Não Arquivado Shopping
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P4 São José Sim R: ADV Não --- Sim Não Recurso Telecomunicações
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P4 Fpolis Sim R: ADV Não AQ Não Não Recurso Construtora galpões

XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P5 Fpolis Sim A: ADV / R: ADV Sim AB e AQ Não Sim Recurso Hotelaria
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P5 São José Sim R: ADV / EST Sim AQ Não Não Conciliação Comércio Acessórios
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P5 Fpolis Sim A: ADV / R: ADV Não AQ Não Não Conciliação Alimentação
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P5 São José Sim R: ADV / TST Sim AQ Não Não Conciliação Terc. mão de obra
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P5 São José Sim A: ADV / R: ADV Não AQ Não Não Recurso Mecânica

XXXXXXX-XX.2016.5.12.XXXX P6 Fpolis Sim A: ADV / R: ADV Não AB e AQ Não Não Recurso Serviços limpeza
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P6 Fpolis Sim A: ADV / R: ADV Sim AF e AQ Sim Não Recurso Transporte Coletivo
XXXXXXX-XX.2016.5.12.XXXX P6 Fpolis Sim A: ADV / R: ADV Não AQ Não Não Conciliação Serviços limpeza
XXXXXXX-XX.2016.5.12.XXXX P6 Fpolis Sim R: ADV Não AB Não Não Recurso Prestação serviços
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P6 Fpolis Sim A: ADV / R: ADV Sim AB e AQ Não Não Recurso Empreed. Imobil.

XXXXXXX-XX.2016.5.12.XXXX P7 Fpolis Sim A: ADV / R: ADV Não AF, AQ e AB Não Não Conciliação Supermercado
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P7 Fpolis Sim A: ADV / R: ADV Não AQ Não Não Recurso Serviços Pintura
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P7 Fpolis Sim R: ADV Não --- Sim Não Sentença Telecomunicações
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P7 Fpolis Sim A: ADV / R: ADV Não AF, AQ e AB Não Não Sentença Alimentação
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P7 Fpolis Sim A: ADV Sim AQ e AB Não Sim Recurso Cond. Residencial

XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P8 São José Sim R: ADV Não AQ e AB Não Não Arquivado Posto Combustível
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P8 São José Sim A: ADV / R: ADV Não AF e AB Não Não Arquivado Agroindústria
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P8 São José Não --- Não AF e AQ Não Não Arquivado Comércio Automóveis
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P8 São José Sim A: ADV Sim AF Não Não Arquivado Alimentação
XXXXXXX-XX.2015.5.12.XXXX P8 São José Sim R: ADV Não AQ Não Não Conciliação Engenharia

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