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Florianópolis
2017
CASSIA MARTINELLI RODRIGUES
Florianópolis
2017
CASSIA MARTINELLI RODRIGUES
______________________________________________________
Professor e orientador José Humberto Dias de Tôledo, Ms
Universidade do Sul de Santa Catarina
Às pessoas que conheci ao longo desses anos,
que compartilharam experiências, trabalhos e
conhecimentos, oportunizando laços de
amizade e crescimento profissional.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho tem como finalidade identificar as causas pelas quais os trabalhadores da
construção civil deixam de utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) durante a
realização de suas atividades. A partir disto, propor ações a serem adotadas pelas empresas
com objetivo de minimizar a possibilidade de acidentes durante o trabalho. Para atingir estes
objetivos, foi realizada pesquisa bibliográfica com a literatura disponível sobre o tema e uma
pesquisa de campo para obter relatos dos trabalhadores a partir de uma entrevista.
Identificamos que os programas de gestão de segurança não são eficientes no setor da
construção civil, seja por questões socioculturais dos trabalhadores, seja por falta de
programas internos promovidos pelas empresas, tais como: programas internos ativos,
treinamentos sobre a importância e conscientização do uso de EPI.
This paper aims to identify the causes by which construction workers sometimes don’t use
personal protective equipment (PPE) during the performance of their activities. From this,
propose actions to be adopted by companies with the purpose of minimizing the possibility of
accidents during work. In order to reach these objectives, a bibliographical research was
carried out with the available literature on the subject and a field research to obtain workers'
reports from an interview. We have identified that safety management programs are not
efficient in the construction sector, either because of the socio-cultural issues of the workers,
or because of the lack of internal programs promoted by companies, such as: active internal
programs, training on the importance and awareness of the use of PPE.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
CA Certificado de Aprovação
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CID Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados
com a Saúde
CLT Consolidação das Leis de Trabalho
COM Comitê Permanente Nacional
CPR Comitês Permanentes Regionais
EPC Equipamento de Proteção Coletiva
EPI Equipamento de Proteção Individual
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
MPS Ministério da Previdência Social
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
NR Normas Regulamentadoras
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial de Saúde
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da
Construção Civil
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
RTP Regulamentos Técnicos de Procedimentos
SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
SIMETRO Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
SST Segurança e Saúde do Trabalho
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ......................................................................................... 12
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 12
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 14
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 14
1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................................... 14
1.4 METODOLOGIA ............................................................................................................ 14
1.5 ESTRUTURA .................................................................................................................. 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 17
2.1 ASPECTOS LEGAIS SOBRE SEGURANÇA DO TRABALHO ................................. 17
2.2 ACIDENTES DE TRABALHO ...................................................................................... 19
2.3 CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................................................... 21
2.3.1 HISTÓRICO ................................................................................................................ 21
2.3.2 PERFIL DOS TRABALHADORES.......................................................................... 22
2.3.3 SEGURANÇA DO TRABALHO NO SETOR ......................................................... 23
2.3.4 RISCOS E ACIDENTES DE TRABALHO ............................................................. 25
2.3.5 NORMAS REGULAMENTADORAS ...................................................................... 27
2.4 EPI (EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL) .............................................. 34
2.4.1 CONCEITO E LEGISLAÇÃO .................................................................................. 34
2.4.2 IMPORTÂNCIA ......................................................................................................... 35
2.4.3 EQUIPAMENTOS ...................................................................................................... 36
2.4.4 CERTIFICADO DE APROVAÇÃO DOS EPI ........................................................ 40
3 RESULTADOS E ANÁLISES......................................................................................... 42
3.1 CAMPO DE PESQUISA ................................................................................................. 42
3.2 RESULTADOS................................................................................................................ 43
3.3 ANÁLISES ...................................................................................................................... 47
3.4 RECOMENDAÇÕES ...................................................................................................... 50
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 52
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 54
ANEXOS ................................................................................................................................. 57
ANEXO A – QUESTIONÁRIO APLICADO ...................................................................... 58
12
1 INTRODUÇÃO
1.2 JUSTIFICATIVA
O setor da construção civil se caracteriza por ser uma atividade crescente, com
inovações tecnológicas e desenvolvimento de novos métodos construtivos, a fim de facilitar e
13
tornar a construção cada vez mais rápida e fácil de executar. Com obras cada vez mais
complexas há sempre estudos e treinamentos de funcionários, com propósito de minimizar o
desperdício de material e mão-de-obra, fator importante para a empresa e principalmente para
o meio ambiente, mas isso não é suficiente para o funcionário, que por muitas vezes se
envolve em acidentes por falta de equipamentos de proteção individual, treinamento e
informação.
Sabe-se que a condição de saúde e segurança do trabalhador, hoje é um fator
preponderante no contexto social, por isso a escolha deste tema deve-se a importância da
identificação dos motivos do não uso do EPI fornecido no setor da construção civil.
Os EPIs permitem aos trabalhadores exercerem suas atividades de forma segura,
zelando pela integridade física e protegendo contra acidentes no trabalho.
Sabe-se que os acidentes de trabalho são os maiores desafios para a saúde do
trabalhador, atualmente e no futuro e ocorrem não por falta de legislação, mas devido ao não
cumprimento das normas de segurança, as quais visam proteção da integridade física do
trabalhador no desempenho de suas atividades, como também o controle de perdas.
A partir do conhecimento destes fatores, ações poderão ser tomadas para
minimizar as possibilidades de acidentes durante o trabalho.
No entanto, este estudo partiu da hipótese de que ainda é grande o número de
trabalhadores da construção civil que resistem ao uso dos EPI. Daí a grande necessidade de se
investigar o tema para conhecer o grau de urgência das organizações dessa área em aplicarem
recursos, investirem em treinamento, equipamentos e métodos de trabalho para incutir em seu
pessoal o espírito prevencionista, a fim de combaterem em seu meio o acidente de trabalho
que, conforme tem sido demonstrado, atinge forte e danosamente a qualidade, a produção e os
custos.
Portanto, o estudo pode fornecer dados relevantes para que as organizações da
área da construção civil possam atuar na melhoria da utilização de equipamentos de proteção
individual dos trabalhadores.
14
1.3 OBJETIVOS
Este trabalho busca identificar quais são os principais motivos que levam os
trabalhadores da construção civil a deixarem de usar os EPI’s durante a execução de suas
atividades, quando fornecidos pelos empregadores.
1.4 METODOLOGIA
Ainda segundo o autor, pode-se enquadrar o trabalho como descritivo com etapas
quantitativas, mas predominantemente qualitativo.
A pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever determinadas
características de um fenômeno ou população. Dentre suas características, destaca-se o uso de
técnicas padronizadas para coleta de dados (GIL, 1999).
Vieira (2002) complementa que embora a pesquisa descritiva não tenha o
compromisso de explicar os fenômenos que descreve, ela serve como base para tal explicação,
pois procura descrevê-los, classificá-los e interpretá-los.
Um estudo qualitativo segundo Richardson (1999, p.80) “pode descrever a
complexidade de determinado problema, analisar a interação entre certas variáveis,
compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”.
Já um estudo quantitativo tem a intenção de identificar alguns aspectos na
população através de inferências estatísticas retiradas geralmente de amostras, visto que
estudos de toda uma população geralmente são inviáveis (CAMPOMAR, 1991).
Importante destacar que as duas abordagens não são excludentes, e sim
complementares. As diferentes abordagens resultam em um trabalho mais robusto. Cada um
dos métodos possui características próprias e adequadas para cada situação
Do ponto de vista dos seus objetivos a pesquisa se classifica como descritiva, uma
vez que objetiva descrever as características de certa população, estabelecer relações e
envolve técnicas de coleta de dados padronizadas (questionário, observação) e busque uma
resposta ao problema abordado. Vergara (1998, p. 45) define pesquisa descritiva como:
pesquisa de campo foi outro procedimento usado na pesquisa após o estudo teórico. Segundo
Vergara (2005), uma pesquisa de campo é uma investigação empírica realizada por meio de
entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação participante, ou não, no local onde
ocorre, ou ocorreu um fenômeno.
1.5 ESTRUTURA
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.3.1 Histórico
Uma das causas destes números deve-se a pouca importância dada pelas
construtoras e empreiteiras, pois estas acreditam que o custo de treinamento e implementação
de medidas de segurança é custosa e improdutiva, tendo em vista a alta rotatividade de
empregados no setor. Neste sentido, o entendimento é de que o comprometimento dos
empregados é apenas com o salário, diferenciando, nestes casos, com outras indústrias. Esta
visão é compartilhada por De Cicco (1982, apud RAMOS, 2009), que classifica os
empregados da construção civil como nômades, em razão da facilidade de encontrar outra
colocação no mercado facilmente.
Para diminuir esses acidentes é necessário realizar um trabalho de educação junto
ao colaborador quanto à segurança do trabalho. Também devem ser considerados os fatores
de ordem social, como os baixos salários, que levam os funcionários a alimentar-se mal,
facilitando o contágio das doenças ocupacionais. Muitas vezes o transporte coletivo é
inadequado, ou até mesmo a distância do local de trabalho faz com que o funcionário tenha
que acordar muito cedo (RAMOS, 2009).
A Segurança do Trabalho no setor da construção civil surgiu como uma reação ao
grande número de acidentes ocorridos durante a atividade laborativa e, inclusive, devido à
realidade econômica vigente entre os anos 1964 e 1985, que não privilegiava o social. Foi um
período em que a construção civil estava em alta expansão (SILVA e BEMFICA, 2015).
A partir de então, com a introdução da segurança do trabalho no ramo da
construção civil, Diniz (2002, apud Silva e Bemfica, 2015) observa que a questão começou a
ser considerada como um fator de referência qualitativa no que ser refere às empresas, que
cuidam e zelam pela qualidade das construções que realizam.
Segundo Diniz (2002, apud Silva e Bemfica, 2015), todos os envolvidos na área
da construção civil precisam promover e aplicar programas de Engenharia de Segurança no
Trabalho como ferramentas obrigatórias para reduzir os acidentes de trabalho, fazendo com
que os operários se sintam mais seguros. Dentre tais ferramentas tem-se a CIPA, PPRA, uso
de EPI, EPC, etc.
25
• Falta de treinamento.
Observa-se ainda a existência de um perfil de insensibilidade com a higiene e
segurança no trabalho. Os itens mais infringidos - condições sanitárias e EPI – são os que
apresentaram maior número de irregularidades. Trata-se, portanto, de itens sobre os quais
todos têm conhecimento e que não dependem de nenhum conhecimento técnico mais
aprofundado.
Pessoa (2014) explica que em decorrência do aquecimento da economia brasileira,
a indústria da construção civil tem apresentado um aumento econômico de grande
representatividade. Tal fato é resultado de que todas as cidades do país estão se tornando
grandes canteiros de obras para a construção ou reformas de estradas, obras de mobilidade
urbana, para o sistema de transporte, para construção de moradias, edifícios e outros. Para
Simões (2010), o crescimento da quantidade de obras não tem sido acompanhado na mesma
velocidade no que se refere á fiscalização e segurança na construção civil, levando, como
consequência, ao aumento do número de acidentes do trabalho, riscos à saúde do trabalhador
e o comprometimento da integridade física deste. De acordo com Medeiros e Rodrigues
(2009) o setor da indústria da construção civil envolve tradicionais estruturas culturais, sociais
e políticas e causa um elevado índice de acidentes de trabalho. Os autores lecionam que os
acidentes de trabalho nesse setor têm sido frequentes e muitas vezes estão associadas a
patrões negligentes que oferecem condições de trabalho inseguras e também a empregados
que cometem atos inseguros. Para Rodrigues (1986), os riscos são muitos, considerando que
alguns trabalhadores, por necessidade, sujeitam-se á exposição do perigo exigidas pela
empresa a fim de manter o emprego. O trabalhador é tratado como um corpo a ser “adestrado”
para “executar” uma determinada tarefa no mais breve período de tempo. Ele passa a não
mais conceber e planejar o seu trabalho, sendo-lhe atribuída apenas a sua execução
(RODRIGUES, 1986, p.35). Colombo (2009) afirma que muitos acidentes de trabalho e riscos
na construção civil surgem como resultado da falta de conhecimento por parte do trabalhador,
pressa para entregar o produto final no prazo determinado pelo cliente, pela ausência de um
devido planejamento e improvisos. Estes são fatores que fazem com que o canteiro de obras
se transforme em um ambiente agressivo e vulnerável a ocorrência de acidentes do trabalho.
De acordo com o autor, no setor da construção civil, geralmente os acidentes não
surgem por motivos de fácil solução, pois são originados de consequências de maior
profundidade e sem haver consciência dos fatores reais das suas causas. Trata- se de uma
situação comum em casos de acidentes que não geram lesões ou que sejam de natureza leve.
Por isso, com um estudo da área para verificar os riscos que envolvem os trabalhadores
27
precisa ser feito no canteiro de obra com base em uma elaboração e implantação de medidas
de segurança que sejam de fato eficazes. Relacionado a isso, os serviços de construção
tendem a ser concentrados e ocorrer sob pressão, o que leva a um maior risco de acidentes.
Desta forma, pode-se apontar como fatores que levam aos acontecimentos de acidentes na
construção civil, o tempo das obras que é relativamente curto; a pouca ou nenhuma
qualificação de mão de obra, resultando em alta rotatividade de pessoal; maior contato pessoal
com os equipamentos da construção, causando exposição aos riscos; e execução das
atividades sob condições climáticas desfavoráveis (BRUSIUS, 2010).
No Brasil, além da regulação e das normas e guias de boas práticas, são utilizadas
inspeções e penalidades, treinamentos e cursos que promovem o aprimoramento do
desempenho das empresas na prática de proteção dos trabalhadores. O Ministério do Trabalho
exige que todas as empresas com trabalhadores avaliem regularmente os riscos do ambiente
de trabalho e a saúde de seus trabalhadores, sendo que os resultados dessas avaliações devem
subsidiar os programas de prevenção. Os dois programas obrigatórios para empresas são o
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) (NR-9) e o Programa de Controle
Médico e Saúde Ocupacional (NR-7) (CHAVES, et. al., 2009).
A NR-9 estabelece obrigatoriedade da elaboração e implementação do PPRA por
parte de empregadores e instituições, visando à preservação da saúde e da integridade física
dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle
da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de
trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.
Na NR-7, encontra-se o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO), obrigatório para empresas e instituições que admitem empregados, com o objetivo
da preservação da saúde de seus trabalhadores, nos quais serão obrigados à realização de
exame médico por conta do empregador nas condições estabelecidas: na admissão, na
demissão, periodicamente, no retorno ao trabalho, na mudança de função.
Já a NR-6 é exclusiva para a regulamentação do uso de EPI. Define e estabelece
os tipos de EPI que as empresas são obrigadas a fornecer a seus empregados, sempre que as
condições de trabalho os exigirem, a fim de resguardar a saúde e a integridade física dos
trabalhadores. Porém muitas empresas não fornecem com frequência os EPI aos empregados e
28
não orientam quanto ao seu uso, principalmente devido às falhas de comunicação, o que
explica a forma inadequada ou ineficaz de sua utilização, gerando até mesmo incômodos aos
trabalhadores. Segundo o Decreto nº 3.048/99, citado por Nascimento (et. al., 2009, p. 35),
Art. 338, a empresa é responsável pela adoção e uso das medidas coletivas e individuais de
proteção e saúde do trabalhador, assim como prestar informações sobre os riscos do trabalho a
ser feito ou produto a ser manipulado.
A segurança e a saúde do trabalho na área da construção civil baseiam-se em
normas regulamentadoras, descritas no MTE, sendo a mais importante para as atividades
exercidas em canteiros de obras a NR-18, que obriga a elaboração e cumprimento do
PCMAT, (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção).
A NR-18, com o título de “Obras de Construção, Demolição e Reparos”, define as regras de
prevenção de acidentes de trabalho para a indústria da construção. Foi aprovada pela portaria
nº 3.214 de 08/07/1978, porém devido aos progressos tecnológicos e sociais seu texto tornou-
se defasado, necessitando de modificações legais, as quais ocorreram recentemente. A nova
NR-18 introduz inovações conceituais que aparecem a partir de sua própria formulação, uma
vez que é a 1ª norma publicada que teve a sua condução final consolidada através de
negociação clássica nos moldes prescritos pela Organização Internacional do Trabalho. A
mudança do título de “Obras de Construção, Demolição e Reparos” para “Condições e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção” já introduziu inovações consideráveis:
ampliou-se o campo de atuação da norma a todo meio ambiente de trabalho da indústria e não
apenas aos canteiros de obras, bem como a toda a indústria da construção sem restrições ao
tipo de obra. Os objetivos da nova norma também apontam grandes avanços, já que busca
“estabelecer diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização, que
objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos
processos, nas condições e no meio ambiente na Indústria da Construção”. (Manuais de
Legislação Atlas, 1996). Estes objetivos são colocados em prática através do PCMAT, que
busca garantir o surgimento de programas consistentes de prevenção com integração entre
dirigentes, empregados (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA) e profissionais
da área, evitando assim a aquisição de pacotes pré-fabricados cuja motivação única seja
atender a norma para evitar multas.
A NR-18 tem como finalidade estabelecer diretrizes com o objetivo de programar
medidas de controle e sistemas de prevenção de segurança nos processos, nas condições e no
meio ambiente de trabalho na indústria da construção. O PCMAT constitui em uma série de
medidas preventivas de segurança que devem ser adotadas durante o desenvolvimento da
29
O uso do EPI está previsto na Lei nº 6.514/1977 (CLT), que versa sobre a
Medicina e Segurança no Trabalho, e regulamentado pela Norma Regulamentadora nº 06
(NR-06). Conforme artigo nº 166 da CLT:
A Norma ainda destaca que o fabricante do EPI deve cadastrar junto ao órgão
nacional competente em matérias de SESMT a emissão do Certificado de Aprovação (CA),
ou seja, cabe ao empregador verificar se os equipamentos disponibilizados aos empregados
estão registrados e regulamentados pelo órgão competente.
A utilização do EPI concomitantemente a outros recursos de segurança do
trabalho é fundamental para preservação do trabalhador contra os diferentes riscos do
ambiente de trabalho, conforme afirmam Nacimento et al. (2009, apud CISZ, 2015).
2.4.2 Importância
proteção individual pelos trabalhadores da Construção Civil porque o mesmo visa à pratica de
segurança com eficácia para estes, protegendo os mesmos contra as lesões provocadas pelos
acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. O uso dos EPI’s é uma estratégia de ação
preventiva fundamental, sendo indispensável para a segurança dos trabalhadores, pois visa
proteger e reduzir os riscos existentes no ambiente de trabalho, como também amenizar as
sequelas que venham ocorrer no caso de acidentes, podendo ser ferramentas determinantes no
que se refere a salvar vidas dos trabalhadores. Uma das formas de garantir o uso dos EPI’s
pelos trabalhadores da Construção Civil é a fiscalização das atividades desenvolvidas no
setor, pois assegura a qualidade e segurança do empreendimento durante a sua fase de
construção, evitando assim as falhas no sistema construtivo.
Nascimento et al. (2009) destacam que o empregador tem algumas obrigações
quanto aos EPI’s que são fornecer gratuitamente ao empregado o tipo adequado de EPI para
atividade que desenvolve; fornecer ao empregado somente EPI’s com Certificado de
Aprovação (CA); treinar o trabalhador sobre seu uso adequado; tornar obrigatório o seu uso;
substituí-ló, imediatamente, quando danificado ou extraviado; responsabilizar- se pela sua
higienização e manutenção periódica e comunicar ao Ministério do Trabalho qualquer
irregularidade observada nos EPI’s. Estes autores mencionam, ainda, as obrigações dos
empregados quanto aos EPI’s que correspondem a usá-los apenas à finalidade a que se
destina; responsabilizar- se pela guarda e conservação do EPI’s que lhe for confiado;
comunicar ao empregador qualquer alteração no EPI’s que o torne improprio para seu uso.
A importância do uso dos EPI se dá visto que esses instrumentos promovem
segurança dos trabalhadores, amenizando ou até mesmo evitando possíveis lesões provocadas
por acidentes no ambiente laboral.
2.4.3 Equipamentos
O setor da Construção Civil faz uso de distintos grupos de EPI listados pela NR-6
pois é um setor que engloba atividades que apresentam riscos pelo contato com águas, altura,
eletricidade, trabalhos de escavação, demolição, alvenarias, aplicação de pavimentos e
assentamento de revestimentos, serralheria, entre outros; que englobam as atividades
desenvolvidas na construção civil.
Os equipamentos de proteção individual utilizados na construção civil,
encontram-se agrupados em:
37
1
Disponível em: <http://blog.inbep.com.br/conheca-o-significado-das-cores-dos-capacetes-na-construcao-
civil/>. Acesso em 18 mai. 2017.
38
2
Disponível em: < http://segurancadotrabalhonwn.com/protecao-dos-olhos-dds/>. Acesso em 18 mai. 2017.
3
Disponível em: < http://seguranca2013.blogspot.com.br/2013/08/dicas-de-treinamento.html>. Acesso em 18
mai. 2017.
39
Figura 4: Luvas de proteção. Na ordem: luva isolante de borracha; luva de proteção em raspa e vaqueta; luva de
proteção em borracha nitrílica.
Nas obras da Construção Civil de pequeno porte, as luvas utilizadas com maior
frequência são aquelas que protegem as mãos contra agentes abrasivos e escoriantes, agentes
cortantes e perfurantes; agentes químicos como o cimento; umidade proveniente de operações
com uso de água – luvas de borracha.
e) Equipamentos para Proteção dos Membros Inferiores: Os membros inferiores
são protegidos pelo uso de calçados, divididos em: calçado para proteção contra impactos de
quedas de objetos sobre os artelhos (articulações), agentes provenientes de energia elétrica,
agentes térmicos, abrasivos e escoriantes, cortantes e perfurantes; calçados para proteção de
pernas e pés contra umidade proveniente de operações com uso de água, e também contra
respingos de produtos químicos. Calçados são equipamentos de uso obrigatório durante toda a
jornada de trabalho e em todos os ambientes de trabalho.
4
Disponível em: < http://www.ventowag.com.br/epi-equipamento-de-protecao-individual-251111.php>.
Acesso em 18 mai. 2017.
40
5
Disponível em: < http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/epiprotecaomembrosinferiores.html>.
Acesso em 18 mai. 2017.
41
A NR-6 destaca, ainda, que quando não for possível cumprir o determinado acima
o órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho poderá́ autorizar
uma forma alternativa de gravação, a ser proposta pelo fabricante ou importador, devendo esta
constar do C.A.
Por fim, ressalta-se que o C.A. é indispensável ao EPI, pois contém as
informações necessárias para que determinado equipamento tenha determinada especificações
para garantir sua finalidade, que é de proteger o empregado de determinados riscos.
42
3 RESULTADOS E ANÁLISES
3.2 RESULTADOS
40%
Mesmos
60%; Específico
pois, segundo eles, não há necessidade e outros dois responderam que utilizam os mesmos da
empresa.
Apenas quatro entrevistados responderam que tem conhecimento de todos os
equipamentos que são necessários para realizar o seu serviço, dois entrevistados responderam
que não tem conhecimento e os outros quatro responderam que “acham que sim”.
Sim
80%
Sim Não
3.3 ANÁLISES
Este estudo confirmou parte dos resultados encontrados na literatura usada como
base nesta pesquisa. Com relação à Ergonomia e aos EPI, notou-se pelas entrevistas que o
incômodo, a falta de informação correta sobre o uso destes equipamentos pelos trabalhadores
e o excesso de confiança no próprio trabalho pelos anos de experiência, geram resistência ao
uso durante a execução do trabalho.
Para dizer que cumprem as leis de Segurança do Trabalho, todas as empresas que
tiveram operários entrevistados fornecem equipamentos de segurança individual (EPI), porém
não mantêm técnicos responsáveis pela aquisição, distribuição, instrução de uso dos EPI e
treinamentos. Não há fiscalização quanto ao uso correto dos equipamentos, favorecendo o
risco de acidentes no ambiente de trabalho; quando há fiscalização esta por sua vez é vaga,
simplesmente olhando se o funcionário está com ou sem capacete. Esse tipo de fiscalização
favorece o mau comportamento dos funcionários, durante a conversa das entrevistas alguns
operários afirmaram só colocar o equipamento de segurança quando está próximo do horário
da pessoa responsável pela segurança passar; ou seja, para a empresa passa a impressão de
estarem utilizando os equipamentos, mas na verdade não estão.
Nas obras visitadas para as entrevistas percebeu-se que não há nenhum tipo de
programa de gestão de segurança. O foco das obras está no prazo e custo, e estes programas
de segurança são vistos como excessos de despesas e tempo perdido, pois o nível de instrução
dos trabalhadores é baixo e há uma grande rotatividade de funcionários ao longo da execução
da obra. Como os acidentes não ocorrem com frequência, eles acham que investir em um
problema que acontece “de vez em quando” não é primordial.
Com base no questionário, onde se priorizou questões como o conhecimento,
obrigatoriedade de uso, importância, utilização e conhecimento de riscos, orientação,
treinamento, percebeu-se certo descontentamento quanto ao EPI devido a desconfortos, como
por exemplo:
informaram, colocar os EPI consome tempo e o uso deles torna o trabalho mais lento. Todos
os entrevistados responderam que realizam trabalhos também como autônomos – geralmente
nos fins de semana e fora do horário comercial - e a grande maioria disse não utilizar EPI
nestes trabalhos por serem serviços pequenos que não oferecem riscos de acidentes.
Esse alto índice se dá pela falta de orientação e treinamento quanto ao uso do EPI
durante a atividade, o que gera um desconhecimento dos reais riscos que eles correm
desempenhando as funções que são designadas. “Todo mundo sabe como usar porque já viu
outra pessoa usando, mas explicar de verdade ninguém explica não.” – mestre-de-obras. “Até
já tentei usar a luva, mas atrapalha muito, demoro mais para fazer o serviço, é ruim de pegar
as coisas”.
Percebeu-se pela pesquisa que os trabalhadores conhecem os equipamentos
básicos, mas não sabem que um mesmo equipamento tem diversos tipos para ser usado e se
adequar ao uso em diferentes funções, existe diversos tipos de luvas, diversos tipos de
capacetes e diversos tipos de máscaras, entre outros. Mas o que se vê nas obras é o mesmo
tipo de equipamento sendo distribuído para todos os funcionários: um kit básico com
uniforme, capacete (igual para todos), óculos (igual para todos), bota e luvas (iguais para
todos); não há adequação dos EPI para diferentes funções.
Com estas respostas, pode-se constatar que a falta de informação, a falta de
conscientização sobre segurança e a ergonomia do equipamento de proteção são motivos da
resistência ao uso adequado do EPI. Essa falta de informação e conscientização ocasiona a
retirada do mesmo em algum momento da rotina de trabalho. Este ato pode causar acidentes,
graves ou não, que geram transtornos a todos. Ao evitar esse tipo de atitude, reduz-se a
probabilidade de ocorrência dos acidentes, e consequentemente aumenta-se a segurança de
todos.
Conforme os resultados obtidos neste estudo, observou-se que existem muitos
fatores que condicionam a postura dos trabalhadores e que podem reduzir a eficiência dos EPI
quanto à garantia de segurança, como:
3.4 RECOMENDAÇÕES
Algumas recomendações podem ser realizadas tendo como base esse estudo.
Através da aplicação do questionário, concluiu-se que não é suficiente apenas cumprir a
norma e fornecer os equipamentos de proteção, é necessário entender que cada um é
responsável pelos cuidados da atividade que está exercendo.
Dentre as causas de acidentes nos canteiros de obra destacam-se atos inseguros e
condições inseguras, resultantes dos riscos e perigos existentes no ambiente de trabalho. Os
riscos têm relação com fatores ambientais e ergonômicos, representados pelo ambiente de
51
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O setor da construção civil apresenta grande oferta de uma mão de obra pouco
qualificada. Isto se deve ao fato de que a contratação para a execução dos trabalhos braçais
geralmente não exige muita experiência, prevalecendo, assim, a quantidade sobre a qualidade.
Além da baixa qualificação, observa-se também alta rotatividade no setor, e constante
substituição dos trabalhadores.
Nas obras que foram visitadas para fazer a entrevista com operários, o foco dos
serviços está no prazo e no custo, estes, por sua vez, sempre destacados com a frase de que
“tempo é dinheiro”. Os programas de treinamento e conscientização mesmo sendo vistos por
muitos empregadores do setor como despesas e tempo perdido, são vistos de forma positiva
pelos operários.
Sobre ergonomia e EPI, pode-se notar que o incômodo pelo uso destes
equipamentos pelos trabalhadores gera resistência à utilização durante a execução de alguns
serviços; mesmo quando a empresa cumpre com as leis do trabalho, fornecendo EPI,
disponibilizando técnicos responsáveis pela aquisição e distribuição e instrução de uso do
EPI. Foi constatado com o estudo que mesmo que exista falta de informação e até de
conscientização sobre segurança e a ergonomia do equipamento de proteção; o principal
motivo para causa de acidentes é o desconforto causado pelo uso do EPI, que acaba por
ocasionar falta de utilização ou retirada do mesmo em algum momento. Evitando esse tipo de
atitude, reduz-se a probabilidade de ocorrência dos acidentes, consequentemente aumentando
a segurança de todos.
Observou-se, que mesmo existindo esforços por parte das empresas, a segurança
do trabalho ainda é um assunto tratado em segundo plano e mesmo que todos estejam cientes
da importância da utilização do EPI, não haverá um resultado positivo, enquanto houver a
ausência de uma prática de antecipação, com um planejamento de como deve ser feita a
prevenção dos riscos do processo de produção ou do método de trabalho. Quando há um
planejamento onde as questões de segurança são pensadas desde o principio, mais pra frente
não serão vistas como gastos ou acréscimos no valor da obra.
As empresas precisam adotar políticas de qualidade e de segurança visando à
melhoria das relações de trabalho, maior envolvimento dos trabalhadores, maior senso de
coletividade e companheirismo; um trabalho de educação junto ao colaborador quanto à
segurança do trabalho. Essa educação pode ser feita através de palestras, treinamentos e
53
conscientização, mas não pode ser feita de modo que se mostre como uma obrigação à
segurança, mas sim uma conscientização para os operários; e não um fardo.
Entre as limitações identificadas no estudo verificou-se principalmente a escassez de
informações técnicas que permitam estimar o real problema ergonômico dos equipamentos
quando aplicados às características físicas dos operários da construção civil e Às condições
ambientes dos lugares onde executam trabalhos. Como sugestões e/ou pesquisas futuras,
destaca-se a análise ergonômica dos equipamentos de proteção disponíveis no mercado e sua
melhor adaptação às diferentes funções da construção civil visando maneiras de diminuir os
incômodos relatados pelos operários além de uma análise relacionando as diferentes
condições climáticas de cada região e a interferência que estas podem vir a causar no uso de
equipamentos.
54
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Mario de Souza. Elaboração de Projeto, TCC, Dissertação e Tese. 1 ed. São
Paulo: Atlas, 2011.
COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. 3. ed. rev. e atual. Curitiba:
Juruá, 2009.
GIL, Antônio C. Métodos e técnicas em pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
_____________ Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MARCONI, Marina de Andrade. Cultura e sociedade. In: LAKATOS, Eva Maria. Sociologia.
6. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
NASCIMENTO, Ana Maria A.; ROCHA, Cristiane G.; SILVA, Marcos E.; SILVA, Renata
da; CARABETE, Roberto W. A Importância do Uso de Equipamentos de Proteção na
Construção Civil. São Paulo, 2009.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas,
1999.
ROSSO, Mariana Pelegrin Rovaris; OLIVEIRA, Samira Coral Félix de. A importância do
treinamento técnico na construção civil, em atividades com riscos de quedas de altura.
2005. 107 f. Monografia. (Especialista em segurança do trabalho) – Universidade do Extremo
do Sul Catarinense, Criciúma, 2005. Dísponivel em:
<http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000028/000028EF.pdf>. Acesso em: 19 mai.
2017.
ANEXOS
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Nome:
Função:
Idade:
Tempo na profissão:
Tempo na empresa:
( ) Sim ( ) Não
2- Os equipamentos fornecidos pela empresa são específicos para cada função ou todos os operários
recebem os mesmo equipamentos? Poderia citar alguns?
( ) Específico ( ) Os mesmos
___________________________________________________________________________
3- Houve algum momento de treinamento para que o uso dos equipamentos (EPI) fosse ensinado aos
operários?
( ) Sim ( ) Não
4- Você tem conhecimento de todos os equipamentos de segurança que precisam ser usados pra
desenvolver a sua função?
( ) Sim ( ) Não
5- Você usa algum equipamento de segurança durante a realização do seu trabalho na empresa?
( ) Sim ( ) Não
6- Você deixa de usar algum equipamento de segurança que foi fornecido pela empresa durante a
realização do seu trabalho?
( ) Sim ( ) Não
Caso sim, por que?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
7- Existe fiscalização por parte da empresa para verificar se os operários estão usando os equipamentos de
segurança fornecidos?
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
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9- O que você acha que pode ser feito pela empresa para melhorar a qualidade do ambiente de trabalho e a
segurança dos funcionários?
___________________________________________________________________________________
10- Você utiliza o equipamento de segurança o tempo todo enquanto está realizando o serviço?
11- ( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
Caso sim, diga como utiliza os procedimentos de segurança nos trabalhos realizados fora da empresa.
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________