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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL – UNIJUI

MARCELO COSSETIN

O DIÁLOGO DIÁRIO DE SEGURANÇA E SUA IMPORTÂNCIA

Ijuí
2018
MARCELO COSSETIN

O DIÁLOGO DIÁRIO DE SEGURANÇA E SUA IMPORTÂNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-


Graduação Lato Sensu em Engenharia de
Segurança do Trabalho apresentado como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista em Engenharia de Segurança do
Trabalho.

Orientador(a): Cristina Eliza Pozzobon

Ijuí /RS
2018
MARCELO COSSETIN

O DIÁLOGO DIÁRIO DE SEGURANÇA E SUA IMPORTÂNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia de


Segurança do Trabalho, do Departamento de Ciências Exatas e Engenharias, da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial para
obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Ijuí, 20 de novembro de 2018

Prof. Cristina Eliza Pozzobon

Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina - Orientadora

Prof. Lia Geovana Sala

Coordenadora do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho/UNIJUÍ

BANCA EXAMINADORA

Prof. Cristina Eliza Pozzobon

Mestre pela Universidade Federal de Santa Catarina – Orientadora/UNIJUÍ

Prof. Lia Geovana Sala

Coordenadora do Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho/UNIJUÍ


A Deus, pois que seria de mim sem a fé que tenho
nele.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, pois sem a fé que tenho nele não chegaria até aqui.

A minha esposa, por ter me servido de inspiração com sua determinação, autoestima e
amor, mostrando-me que posso ser e ter tudo o que o mundo tem a oferecer de melhor com a
força do nosso pensamento e perseverança.

A minha orientadora, pela chance que me concedeu de realizar esse estudo, passando
toda a informação necessária para a compreensão do mesmo, o meu muito obrigado.

E todos os meus amigos, colegas tanto de trabalho quanto de aula, familiares,


professores que de uma forma ou de outra me ajudaram a alcançar esse objetivo, muito
obrigado.
Diga ao mundo o que pretende fazer – mas mostre-o
primeiro.

Napoleon Hill
RESUMO

COSSETIN, Marcelo. O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância. 2018. Trabalho de


Conclusão de Curso. Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2018.

O DDS é uma reunião realizada todos os dias entre os trabalhadores onde é feita a
conscientização e troca de experiências sobre fatos ocorridos, meios de acontecer e formas de
se evitar acidentes. O presente trabalho teve sua realização com o objetivo de ressaltar os
benefícios que uma boa comunicação entre empresa e colaboradores sobre os acidentes, seus
relatos e os meios de proteção trazem, fazendo com que aumente a importância que a prevenção
tem no local de trabalho. Foram realizadas pesquisas em artigos e trabalhos de conclusão de
curso, revistas, livros para sanar as dúvidas e aprimorar o conhecimento sobre Diálogo Diário
de Segurança (DDS). A pesquisa qualitativa foi utilizada para resolver as questões de pesquisa
sobre como a comunicação e o ambiente influenciam no risco de sofrer acidentes. Neste
trabalho foram explanados questionamentos, temas, locais, proposta e em anexo uma ficha de
controle para realização do DDS.

Palavras-chave: DDS. Diálogo Diário de Segurança. Conscientização. Comunicação de


Acidente.
ABSTRACT

COSSETIN, Marcelo. O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância. 2018. Trabalho de


Conclusão de Curso. Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2018.

The DDS is a meeting held every day between workers where awareness is made and exchange
of experiences about events, ways to happen and ways to avoid accidents. The present work
was carried out with the aim of highlighting the benefits that good communication between
company and employees about accidents, their reports and the means of protection bring,
increasing the importance of prevention in the workplace. Research was done on articles and
course completion papers, journals, books to solve doubts and improve knowledge about the
Daily Safety Dialogue (DDS). Qualitative research was used to solve research questions about
how communication and the environment influence the risk of accidents. In this paper,
questionnaires, themes, locations, proposal and enclosed a control sheet for DDS were
explained.

Keywords: DDS. Daily Safety Dialog. Awareness. Accident Communication.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Imagem de ato inseguro ................................................................................ 23


Figura 2: Imagem de condição insegura ....................................................................... 23
Figura 3: Fluxograma de realização do DDS ............................................................... 37
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Acidentes de trabalho registrados do Brasil. ................................................ 20


Tabela 2: Acidentes de trabalho não registrados do Brasil. ......................................... 20
Tabela 3: Empresas que fazem o Diálogo Diário de Segurança................................... 32
Tabela 4: Autores eu defendem a implantação do DDS............................................... 32
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

APR Análise Preliminar de Risco

DDS Diálogo Diário de Segurança

EST Engenharia de Segurança do Trabalho

FAP Fator Acidentário de Prevenção

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

TEM Ministério do Trabalho e Emprego

MTPS Ministério do Trabalho e Previdência Social

SAT Seguro de Acidente do Trabalho

SESI Serviço Social da Indústria

SST Segurança e Saúde no Trabalho


SUMÁRIO

1 Introdução ................................................................................................... 13
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................ 14
1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................. 14
1.1.2 Objetivo específico ..................................................................................... 14
1.1.3 Metodologia ................................................................................................ 15
1.1.4 Estrutura do trabalho ................................................................................ 15
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................. 17
2.1 ACIDENTE DE TRABALHO ..................................................................... 17
2.1.1 Causas dos acidentes de trabalho ............................................................. 22
2.1.2 Prevenção de acidentes de trabalho.......................................................... 24
2.1.3 Consequências dos acidentes de trabalho ................................................ 24
2.2 DIÁLOGO DIÁRIO DE SEGURANÇA ..................................................... 26
2.2.1 Normas Regulamentadores e o Diálogo Diário de Segurança ............... 27
2.2.2 Comunicação aliada a prevenção ............................................................. 29
3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS ...................... 33
3.1 QUESTIONAMENTOS .............................................................................. 33
3.2 TEMAS PARA DDS.................................................................................... 33
3.3 LOCAIS PARA REALIZAÇÃO ................................................................. 34
3.4 PROPOSTA DE REALIZAÇÃO ................................................................ 35
3.4.1 Formato do DDS ......................................................................................... 36
3.5 PROPOSTA DE DDS APLICADO A MANUTENÇÃO ELÉTRICA ....... 37
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 41
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 43
APÊNDICE A – SUGESTÃO DE FICHA DE CONTROLE DE DDS ................. 45
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1 INTRODUÇÃO

Estamos vivendo uma época em que o diálogo com contato visual se torna cada vez mais
essencial para um bom entendimento, no que se refere a formas de conscientização de
colaboradores de empresas onde, a todo tempo em que se está executando uma atividade, mesmo,
sendo ela rotineira, se deve ter um nível de atenção e uma clara compreensão da sua atividade e
riscos que ela apresenta. Desse modo o Diálogo Diário de Segurança chega como ferramenta da
empresa para o colaborador.

Segundo Soares (2016):

“O Diálogo Diário de Segurança é o nome dado a uma reunião realizada diariamente entre
os trabalhadores e nas reuniões deve haver a comunicação de possíveis áreas ou
equipamentos que podem colocar o trabalhador em risco de sofrer algum tipo de acidente.
Em todas as atividades que envolvam trabalhadores, de qualquer segmento ou de qualquer
ramo, há uma grande necessidade de se comunicar. Uma comunicação é eficiente quando
se atinge os objetivos do conteúdo que na comunicação deve estar explícita para que todos
os interessados fiquem bem informados sobre o que se quer comunicar.”

Assim, esse estudo tem por finalidade definir o quão importante é a comunicação entre
funcionários sobre os perigos rotineiros e eventuais para que se previna todo e qualquer tipo de
acidente e também mostrar as melhores formas de comunicação interna para a prevenção da saúde
e segurança e evitar que nenhum funcionário coloque o outro em perigo.

De acordo com Soares (2016):

“Ao presenciar um colega fazendo um ato ou sendo colocado em um ato de risco, sem ter
a intenção que isso aconteça, é claro, você deve pedir para que ele pare de fazer o que está
fazendo e explicar o que pode acontecer caso ele continue, para que não ocorra um
acidente, você estará apto a fazer isto porque você ouviu em um DDS que aquela situação
já pode ter acontecido antes e houve um acidente.”

De acordo com Araújo (2014), “As empresas tem buscado investir em ferramentas, simples
e eficazes para influenciar pessoas, tais como o uso de DDS. Implantar cultura de segurança nos
trabalhadores requer uma longa jornada, que compete à liderança definir estratégias, tendo
disciplina para cumpri-las.”

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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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A comunicação de forma eficiente ajuda e muito a influenciar os atos dos trabalhadores,


segundo Beaurline (2016), “Uma boa comunicação na segurança do trabalho é chave para ajudar a
prevenir doenças e acidentes relacionados às atividades de uma empresa.”

Segundo Araújo (2014):

“Além da redução no índice de acidentes, um ganho lateral é a melhoria de comunicação


entre a liderança primária e equipe operacional (operadores de máquinas e equipamentos
industriais e/ou agrícolas), ambos focados em prolongar o número de dias sem acidentes
no setor sucroalcooleiro. Esse esforço bilateral paulatinamente se transforma em cultura,
garantindo a perpetuidade do comportamento seguro na empresa.”

De acordo com Medeiros (2017),

“A ferramenta, de simples aplicação e sem necessidade de grandes investimentos, consiste


em conversas realizadas no local de trabalho, antes do início das atividades, abordando
assuntos relacionados à segurança. A ideia é que a partir dos esclarecimentos oferecidos
nas reuniões diárias os trabalhadores sejam conscientizados sobre a importância de adotar
boas práticas de segurança.”

O trabalho se justifica, pois é necessária uma organização e uma atenção à segurança e


saúde dos trabalhadores da área de manutenção elétrica, tendo em vista, a crescente divulgação de
inúmeros acidentes de trabalho pela mídia e, também, pela preocupação com o bem estar dos
colaboradores que consideram o local de trabalho como um segundo lar.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem por objetivo central realizar um estudo sobre a importância do
diálogo diário de segurança em manutenção elétrica, a fim de prevenir futuros acidentes.

1.1.2 Objetivo específico

 Proceder levantamento bibliográfico referente a trabalhos já realizados na área de


gestão e DDS;
 Estudar teorias sobre gestão e DDS;

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 Analisar qualitativamente a viabilidade da aplicação do DDS;

 Demonstrar o estudo do DDS para sanar as principais dúvidas e melhorar sua forma
de aplicação;

 Apresentar uma proposta de aplicação do DDS em manutenção elétrica.

1.1.3 Metodologia

A metodologia utilizada para o trabalho foi a teórica qualitativa que não visa expressar em
números os seus resultados, mas sim, compreender o comportamento do trabalhador e suas
particularidades.

De acordo com Soares (2016),

“A pesquisa teórica qualitativa parte pelo princípio da obtenção de dados descritivos sobre
as pessoas, lugares e processos interativos dos sujeitos com a problemática estudada e
procura compreender os fenômenos que envolvem o cotidiano dos participantes e oferece
três diferentes possibilidades de realização que é a pesquisa documental, o estudo de caso
e a etnografia.”

Esse modelo de pesquisa faz com que o pesquisador (LUDKE, ANDRE, 1986), esteja
observando e participando atentamente a todas as atividades, verificando a experiência que se vive
no trabalho, interpretando o mundo real do trabalhador, tendo assim, uma variedade enorme de
informações disponíveis.

A forma de coleta de dados foi a obtenção de informações de várias fontes, bem como de
publicações de periódicos, documentos extraídos da internet e livros da área de Segurança e Saúde
do Trabalhador (SST).

1.1.4 Estrutura do trabalho

Para o seu melhor entendimento, este trabalho é composto por quatro (4) capítulos, sendo
que cada um deles tem suma importância para o entendimento do estudo.

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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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O primeiro capítulo traz a parte introdutória, dando uma ideia do tema proposto para o
estudo, seus objetivos e definições.

O segundo capítulo se refere à revisão bibliográfica onde descreve-se trabalhos já realizados


com o DDS.

No terceiro capítulo está a apresentação e a discussão de resultados, mostrando


questionamentos, temas, locais e uma proposta de DDS.

Já o quarto capítulo trata das considerações finais referentes ao estudo realizado. Por fim,
apresentam-se as referências bibliográficas.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ACIDENTE DE TRABALHO

Quando se trata de segurança do trabalho, logo, se tem em mente o risco zero, sem nenhuma
ocorrência, sem nenhuma morte onde, em uma empresa, manter essa meta de qualidade em
segurança é uma tarefa árdua e permanente.

De acordo com o artigo 19 da Lei 8.213/91,

“Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou


de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso
VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.

Acidentes do trabalho registrados são aqueles cujas comunicações são protocolizadas e


caracterizadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e sua classificação é da seguinte
forma:

 Acidente típico: acidente que ocorre devido a característica da atividade


desempenhada;
 Acidente de trajeto: acidente que ocorre no trajeto da residência para o trabalho e
vice – versa;
 Doença profissional ou o trabalho: aquela que pode ser entendida como:

Segundo o artigo 20 da Lei nº 8.213/1991, “consideram-se acidente do trabalho, nos termos


do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:”

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do


trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo
Ministério do Trabalho e da Previdência Social;

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de


condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da
relação mencionada no inciso I.

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§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:

a) a doença degenerativa;

b) a inerente a grupo etário;

c) a que não produza incapacidade laborativa;

d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva,
salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza
do trabalho.

§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos
incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele
se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho.

O artigo 21 da Lei nº 8.213/1991 diz que, “equiparam-se também ao acidente do trabalho,


para efeitos desta Lei”:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído
diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho,
ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de:

a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de


trabalho;

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao


trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de


trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;

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III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua


atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou


proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro
de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de locomoção
utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja
o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras


necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no
exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que,


resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha às consequências do anterior.

O acidente de trabalho é uma consequência de uma série de fatores que nenhuma empresa
deseja experimentar, pois, o evento em si pode provocar na vítima impactos socioemocionais e
além disso provocar problemas legais que podem afetar todo o ambiente de trabalho.

Conforme o artigo 22 da Lei nº 8.213/91,

“a empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1º


(primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade
competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do
salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada
pela Previdência Social.”

Toda empresa tem o dever de comunicar o acidente de trabalho através da CAT


(Comunicação de Acidente do Trabalho), sendo o mesmo, apresentado de acordo com o INSS de
três maneiras:
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 CAT inicial: irá se referir a acidente de trabalho típico, trajeto, doença profissional,
do trabalho ou óbito imediato;
 CAT de reabertura: será utilizada para casos de afastamento por agravamento de
lesão de acidente do trabalho ou de doença profissional ou do trabalho, já
comunicada anteriormente ao INSS;
 CAT de comunicação de óbito: será emitida exclusivamente para casos de
falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho, após o
registro da CAT inicial.

A Tabela 1 apresenta o registro dos dados dos acidentes do trabalho, segundo o INSS, nos
anos de 2014 à 2016.

Tabela 1: Acidentes de trabalho registrados do Brasil.

ACIDENTES DO
ANO TRABALHO
REGISTRADOS POR CAT
2014 564.283
2015 507.753
2016 474.736
Fonte: Anuário Estatístico de Acidente de Trabalho de 2016 da Previdência Social.

A tabela anterior apresenta os acidentes registrados, sendo que, ainda hoje muito dos
acidentes não são registrados conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2: Acidentes de trabalho não registrados do Brasil.

ACIDENTES DO
ANO TRABALHO NÃO
REGISTRADOS
2014 148.019
2015 114.626
2016 104.199
Fonte: Anuário Estatístico de Acidente de Trabalho de 2016 da Previdência Social.
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Percebe-se que o número de acidentes do trabalho vem reduzindo, graças a um engajamento


dos profissionais da área de SST, mesmo assim, ocorre uma quantia elevada de acidentes. Dessa
forma, toda e qualquer ferramenta de auxílio para a diminuição desses acidentes é de grande valia.

Segundo Custódio et al. (2010), “o acidente do trabalho gera um impacto negativo em toda
a empresa onde ele acontece, principalmente se for um acidente grave. Dentro dos impactos
podemos listar os seguintes:”

 Impactos psicológicos: gerando muita insegurança entre os funcionários


ocasionando baixa produtividade;
 Impactos na imagem da empresa: através de exposições na mídia;
 Impactos na participação dos resultados: com o não cumprimento das metas, a
premiação de participação nos resultados da empresa cai, deixando os funcionários
insatisfeitos;
 Impactos financeiros para a empresa: através do pagamento de multas,
indenizações e custos processuais, além do aumento do SAT (Seguro de Acidente
do Trabalho).

O artigo 10 da Lei 10.666/2003 nos diz que:

Dispõe sobre a concessão da aposentadoria especial ao cooperado de cooperativa de


trabalho ou de produção e dá outras providências.

Art. 10. A alíquota de contribuição de um, dois ou três por cento, destinada ao
financiamento do benefício de aposentadoria especial ou daqueles concedidos em razão do grau de
incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, poderá ser
reduzida, em até cinquenta por cento, ou aumentada, em até cem por cento, conforme dispuser o
regulamento, em razão do desempenho da empresa em relação à respectiva atividade econômica,
apurado em conformidade com os resultados obtidos a partir dos índices de frequência, gravidade
e custo, calculados segundo metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social.

De acordo com Dr. Gustavo Athayde (2015):

“Todo esse processo gera um determinado custo para a empresa, custo este que de alguma
forma é repassado ao cliente, que em termos de mercado globalizado e de extrema
concorrência, pode ensejar na perda da clientela, pois o cliente compra do concorrente o
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produto ou serviço, uma vez que o produto ou serviço em questão tornou-se oneroso em
função dos custos de acidentes e doenças profissionais a ele imputados.”

De acordo com Araújo (2014):

“Todo o trabalhador no exercício de sua profissão está sujeito a um acidente do trabalho,


sendo que algumas funções ficam expostas mais que as outras. Os principais agentes de
risco operacional relacionados à segurança do trabalho são: físico, químicos, mecânicos,
biológicos, ergonômicos e mais recentemente surgiu uma nova classificação, denominada
por riscos psicossociais, em razão da crescente exposição do trabalhador a situações de
stress.”

Para o auxílio nas formas de diminuição de acidentes com todos os riscos envolvidos, nada
melhor que uma ferramenta que pode ser muito eficaz se realizada com qualidade, como o DDS, e
um fator muito importante para a aprovação de sua utilização é que ela é gratuita.

2.1.1 Causas dos acidentes de trabalho

A NBR 14280 (Cadastro de Acidentes do Trabalho – Procedimentos e Classificação –


ABNT), classifica as causas do acidente de trabalho da seguinte forma:

O fator pessoal: Causa relativa ao comportamento humano, que pode levar à ocorrência
do acidente ou à prática do ato inseguro.

De acordo com Bounassar (2007):

“Muitos dos acidentes são comumente atribuídos a falhas humanas ou ao fator humano
representado por desatenção, descuido, brincadeira, despreparo, incapacidade de quem se
acidentou. Autores estudiosos do comportamento humano nos acidentes de trabalho,
mostram que para haver negligência ou desatenção de um trabalhador, houve
anteriormente uma série de decisões, atitudes, comportamentos organizacionais que
criaram condições para que o acidente ocorresse.”

O ato inseguro: Ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança, pode causar ou
favorecer a ocorrência de acidente, conforme Figura 1.

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Figura 1: Imagem de ato inseguro

Fonte: https://petcivilufjf.wordpress.com/2011/06/28/seguranca-do-trabalho-na-construcao-civil-%E2%80%93-
parte-iv-%E2%80%93-humor/amp/ - acesso em 07/11/2018.

As condições inseguras: Condição do meio que causou o acidente ou contribuiu para a sua
ocorrência, conforme Figura 2.

Figura 2: Imagem de condição insegura

Fonte: https://shevannytst1.webnode.com.pt/galeria-de-fotos-de-condicao-insegura/#a560-jpg1- acesso em


07/11/2018.

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2.1.2 Prevenção de acidentes de trabalho

Após a ocorrência de um acidente devem ser realizadas investigações para o esclarecimento


dos fatos e constatação se foi ou não um acidente de trabalho.

De acordo com Almeida e Binder (2000), “a partir da informação da ocorrência de um


acidente a equipe de investigação deve, se possível, inteirar-se do tipo de caso a ser investigado,
visando preparar-se tecnicamente para conduzi-la. É da maior importância dar início à investigação
o mais rapidamente possível”.

De acordo com Soares (2016), “Para a prevenção de acidentes de trabalho existem três
formas que tem origem da análise e investigação dos acidentes:”

 Engenharia: esta supõe uma inspeção e revisão cuidadosa das condições inseguras.
Ademais, implica uma revisão dos processos e operações que contribuem ao
melhoramento da produção. Nesse aspecto é interessante notar a importância que
tem as sugestões do pessoal mais experiente;
 Treinamento e educação: isto implica o conhecimento das regras de segurança,
análise de função, o treinamento e desempenho da função, instruções sobre
primeiros socorros e prevenção de incêndios, conferência aos supervisores, a
educação profissional, a propaganda por meio de cartazes, sinais e avisos e quadros
de segurança, concursos e campanhas organizadas, publicações, etc.
 Medidas disciplinares: constituem um último recurso e não são bem aceitas. O
problema não consiste em achar um culpado, senão modificar os atos inseguros e
atitudes inseguras do pessoal por meio do treinamento e propaganda para evitar
acidentes. Em outras palavras, é fundamental criar a mentalidade de segurança entre
o pessoal.

2.1.3 Consequências dos acidentes de trabalho

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Em geral, após um acidente de trabalho, as consequências são enormes, causando


problemas em uma escala que afeta a todos, desde o acidentado, passando pela empresa e chegando
até o país.

Segundo Soares (2016):

“O empregado acidentado sofre as consequências do ferimento, a incapacidade para o


trabalho, passa por dificuldades financeiras, problemas de ordem psicológica, depressão,
angustia.

A empresa por sua vez precisa treinar outro funcionário, fica com as despesas com
transporte do acidentado, o acidente causa prejuízos financeiros e econômicos para a
empresa, a empresa precisa trocar funcionários de setor, a empresa tem perda e atraso de
produção, a máquina quebra, precisa ficar parada para vistoria, há o custo com
funcionários, custo com atendimento médico, custo com advogados e assistentes técnicos
em reclamações judiciais, custos com a investigação do acidente, entre outros.”

De acordo com Araújo (2014), “O acidente é um fato que nenhuma empresa gostaria de
vivenciar devido ao impacto social/emocional que este evento pode provocar na vítima bem como
as várias preocupações legais que podem repercutir para o empreendimento.”

Segundo o Decreto nº 3.048 de 06 de Maio de 1999:

Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências.

Art. 336. Para fins estatísticos e epidemiológicos, a empresa deverá comunicar à


previdência social o acidente de que tratam os arts. 19, 20, 21 e 23 da Lei nº 8.213, de 1991,
ocorrido com o segurado empregado, exceto o doméstico, e o trabalhador avulso, até o primeiro
dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob
pena da multa aplicada e cobrada na forma do art. 286.

Art. 286. A infração ao disposto no art. 336 sujeita o responsável à multa variável entre os
limites mínimo e máximo do salário-de-contribuição, por acidente que tenha deixado de comunicar
nesse prazo.

§ 1º Em caso de morte, a comunicação a que se refere este artigo deverá ser efetuada de
imediato à autoridade competente.

§ 2º A multa será elevada em duas vezes o seu valor a cada reincidência.

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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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§ 3º A multa será aplicada no seu grau mínimo na ocorrência da primeira comunicação feita
fora do prazo estabelecido neste artigo, ou não comunicada, observado o disposto nos arts. 290 a
292.

Segundo Araújo (2014):

“Os acidentes de trabalho geram custos também para o Estado. Incumbe ao Instituto
Nacional do Seguro Social – INSS administrar a prestação de benefícios, tais como
auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, habilitação e reabilitação profissional e
pessoal, aposentadoria por invalidez e pensão por morte. Estima-se que a Previdência
Social gastou, só em 2010, cerca de 17 bilhões de reais com esses benefícios.”

Independentemente do tipo, todo acidente, deve ser evitado. Prevenção é a melhor maneira
de se defender de qualquer tipo de consequência negativa quanto aos problemas envolvidos com
os acidentes de trabalho.

2.2 DIÁLOGO DIÁRIO DE SEGURANÇA

Segundo Soares (2016):

“O Diálogo Diário de Segurança (DDS) é uma ferramenta que surgiu na década de 90 para
prevenir acidentes nos locais de trabalho e devem ser realizados todos os dias antes do
início das atividades da equipe no próprio local de trabalho por uma duração de cinco a
dez minutos, o diálogo visa a comunicação a conscientização e a informação para os
colaboradores sobre possíveis riscos de acidentes.”

Soares (2016) ainda diz que:

“O DDS é uma ferramenta já bastante antiga e que já foi chamada de minuto da segurança,
mas que continua muito atual. Na década de 90 o DDS surgiu como uma ferramenta
poderosa na prevenção de acidentes e até hoje o seu formato não mudou. O que mudou
foi a amplitude de sua aplicação o que acabou por gerar novas siglas, tais como: DDHS –
Diálogo Diário de Higiene e Segurança; DDHSMA – Diálogo Diário de Higiene
Segurança e Meio Ambiente; DHSMQ – Diálogo Diário de Higiene, Segurança, Meio
Ambiente e Qualidade, etc.”

De acordo com Álvaro Zocchio (1971), na década de 70 o DDS se intitulava da seguinte


forma:

“Assumem relevante importância os contatos dos agentes de mestria, com os


subordinados, que deve m ser instruídos e corrigidos na prática da prevenção de acidentes.
Considerando que os trabalhadores representam o maior contingente a receber instruções
de segurança e que os agentes de mestria assumem o principal papel executivo no
programa, é de se esperar que eles tenham interesse em disseminar os princípios da

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Marcelo Cossetin (marcelocossetin@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2018
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prevenção de acidentes entre os subordinados. Em algumas empresas, esses contatos,


geralmente conhecidos como conversação ou diálogo de segurança, são compulsórios.”

As empresas visam, com essa vasta quantidade de assuntos atrair a atenção dos
colaboradores para os assunto não somente do seu trabalho, mas também, mescla com assuntos do
dia a dia.

Em Zocchio (1971, pag. 29), ainda há relato que:

“Os supervisores são obrigados a conversar pelo menos uma vez, em cada período
determinado, com todos os subordinados, individualmente, sobre segurança do trabalho.
Os assuntos discutidos são registrados em formulário especialmente impresso, onde
constam, também, o nome do subordinado e a data em que participou do diálogo. O
formulário é documento que comprova e registra as instruções recebidas pelos
trabalhadores.”

Naquela época já se utilizava o DDS como obrigatoriedade em algumas empresas, onde


sendo elas muito inteligentes, conseguiam atrair a atenção dos colaboradores para conseguir a
melhor prevenção de acidentes possível.

2.2.1 Normas Regulamentadores e o Diálogo Diário de Segurança

O DDS somente está sendo citado na NR 34- Condições e Meio Ambiente de Trabalho na
Indústria da Construção e Reparação Naval, item 34.2.1 tópico “e”:

34.2.1 Cabe ao empregador garantir a efetiva implementação das medidas de proteção


estabelecidas nesta Norma, devendo:

e) realizar, antes do início das atividades operacionais, Diálogo Diário de Segurança - DDS,
contemplando as atividades que serão desenvolvidas, o processo de trabalho, os riscos e as medidas
de proteção, consignando o tema tratado em um documento, rubricado pelos participantes e
arquivado, juntamente com a lista de presença;

Somente nesta NR o DDS é apresentado como exigência de lei, sendo ainda, citado em
outras NR como uma obrigação do empregador, conforme é descrita na NR 1- Disposições Gerais,
item 1.7 tópico “c”:

1.7 Cabe ao empregador:

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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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c) informar aos trabalhadores:

I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho;

II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa;

III. os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos


quais os próprios trabalhadores forem submetidos;

IV. os resultados das avaliações ambientais

Conforme a NR 05- CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidente, item 5.2;

5.2 Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as


empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e
indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperativas, bem como outras
instituições que admitam trabalhadores como empregados.

Ainda na NR 5 (Atribuições), item 5.16 tópico "e, f, g, j":

e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de
trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas;

f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho;

g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador,
para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionado à segurança
e saúde dos trabalhadores;

j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas


de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho;

E na NR 09 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, item 9.5.2- Os empregadores


deverão informar os trabalhadores de maneira apropriada e suficiente sobre os riscos ambientais
que possam originar-se nos locais de trabalho e sobre os meios disponíveis para prevenir ou limitar
tais riscos e para proteger-se dos mesmos;

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2.2.2 Comunicação aliada a prevenção

O papel da comunicação no meio de trabalho é muito importante, de acordo com Araújo


(2014),

“A utilização do DDS como recurso para conscientizar os trabalhadores sobre percepção


de risco e comportamento seguro é fundamental. Muitos colaboradores estão viciados em
enxergar os problemas crônicos de segurança como parte natural do processo e ainda não
tem a consciência de que a segurança do trabalho é importante, e que os próprios
funcionários são os mais prejudicados quando sofrem algum acidente do trabalho. Este
comportamento dificulta os trabalhos de prevenção nas empresas, devido à resistência dos
mesmos quanto ao uso de equipamento de proteção individual e ao cumprimento de
normas.”

Segundo Custódio et al. (2010), “Quando o funcionário é motivado a falar sobre algum
acidente, que tenha acontecido com ele ou que ele tenha presenciado, ou até mesmo que tenha
ouvido alguém comentar, ele começa a se preocupar mais sobre o assunto, dando mais importância
à segurança.”

De acordo com o engenheiro ambiental Arnaldo Cambraia: “O Treinamento Diário de


Trabalho (TDT) é muito importante. É uma espécie de mini treinamento que alerta o trabalhador a
respeito dos procedimentos corretos de segurança, com eletricidade e altura, por exemplo.” (RBA
REDE BRASIL ATUAL, 2013).

A Fundacentro, que é ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), sendo parceira


na promoção de atividades que visam mobilizar as empresas, sindicatos e trabalhadores para a
diminuição dos acidentes de trabalho, de acordo com Maria Cristina de Barros, procuradora federal
junto a Fundacentro:

“Precisamos unir a sociedade para a conscientização. Não é apenas a falta de


equipamentos que causa acidentes, mas sim a falta de consciência de que este acidente
pode ser causado a partir do momento em que o trabalhador manipula um equipamento
perigoso”. (RBA REDE BRASIL ATUAL, 2013).

A juíza do trabalho Theresa Cristina Nahas ressalta que, apenas no ano passado, foram
recebidas cerca de 125 mil ações trabalhistas em São Paulo e na Baixada Santista. Ela reforça a
necessidade de se agir na prevenção destes acidentes.

“É necessário evitar que os trabalhadores sofram um dano físico ou moral e que tenham
de entrar com ação para reclamar. Queremos trabalhar com a prevenção e não com a
reparação. A reparação deve ser a exceção, e ela tem sido a regra.” (RBA REDE BRASIL
ATUAL, 2013).

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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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A conscientização sempre será a melhor forma de combater os acidentes de trabalho. De


acordo com Zeferino (2015):

“A conscientização gera muito mais benefícios do que um atitude coercitiva. Pois o clima
fica tenso no ambiente de trabalho e o técnico em segurança do trabalho é visto como um
inimigo pelos colaboradores. É necessário que haja o diálogo e que os colaboradores usem
os equipamentos de proteção, não por uma obrigação, mas por uma necessidade de
preservar sua saúde e integridade física.”

Uma pesquisa realizada entre outubro de 2015 e fevereiro de 2016 pelo SESI (Serviço
Social da Indústria) com 500 empresas de médio e grande porte revelou dados importantes sobre o
investimento em Saúde e Segurança no Trabalho (SST). Em um dos dados divulgados, 48% das
empresas entrevistadas acreditam que, ao desenvolver ações para a segurança no ambiente de
trabalho e promover a saúde dos trabalhadores, tem um impacto positivo nas faltas ao trabalho e
34,8% apontam que essas ações reduzem custos desnecessários. Atualmente, para as empresas o
que mais prejudica a produtividade dos trabalhadores são os acidentes e o stress seguidos de
doenças crônicas causadas pela rotina de trabalho, como problemas de alta pressão,
osteomusculares, diabetes, entre outras. Hoje o cenário é muito mais positivo e faz com que as
empresas deem cada vez mais importância ao tema. Hoje, 71,6% das indústria já afirmam dar alta
atenção à saúde e segurança dos trabalhadores. O panorama também mostra que, para a grande
maioria (76,4%) dos entrevistados, o investimento em segurança deverá crescer muito nos
próximos 5 anos.

Hoje as empresas dão maior prioridade para o bem-estar dos trabalhadores, e isso tem efeito
direto na redução dos acidentes. Segundo o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS)
o número de acidentes de trabalho caiu em 17% entre 2007 e 2013, gerando uma economia muito
grande com custos médicos e indenizações. Dessa forma, as empresas que realizam programas de
promoção à saúde de seus trabalhadores têm a possibilidade ir além do cumprimento dos requisitos
exigidos pela legislação Brasileira.

Comunicação, educação, treinamento e reconhecimento são as ferramentas que norteiam o


projeto Conquista 2016, da Nissan, Case Ouro na Categoria Formação e Comunicação em SST no
Prêmio Proteção Brasil 2016. Criada em setembro de 2015 como forma de manter a empresa em
desenvolvimento no atual cenário econômico do Brasil, a iniciativa abrange todos os níveis
hierárquicos e busca o desenvolvimento profissional e pessoal de seus colaboradores - próprios e

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terceirizados. Objetiva, também, o fortalecimento da cultura de segurança e uma nova abordagem


da aprendizagem continuada, assim como a valorização e a motivação dos funcionários.

Dentro da sua estratégia organizacional, a Nissan tem um Programa de Comunicação. "Por


também ser a comunicação uma aliada fundamental na prevenção de acidentes e incidentes, nossa
Equipe de Segurança pegou uma carona nesse programa e desenvolveu várias ações para partilhar
e tornar comum a SST", explica o técnico de Segurança do Trabalho sênior da empresa, Vanderson
Dias. Entre as ações adotadas, estão os Quadros de Avisos. São mais de 100 expostos pela fábrica
em áreas de grande circulação de pessoas. A atualização desses quadros ocorre diariamente com
informações gerais de interesse dos trabalhadores e destaque para a SST.

Outro veículo de comunicação são os Quadros Hoshin (apontar a direção) Kanri (gestão ou
controle), 112 espalhados pela empresa, para alinhar objetivos funcionais e individuais com as
metas corporativas da Nissan e do Conquista 2016, comunicando o progresso relativo a cada meta
a todos os colaboradores. Existem, também, os informativos One Voice (Uma Só Voz), Giro Nissan
e o Boletim de Saúde, Segurança e Meio Ambiente. O Programa de Comunicação da Nissan
também engloba o Comunicado Diário de Ocorrências (acidentes, incidentes ou danos materiais),
feito por e-mail e durante o DDS (Diálogo Diário de Segurança).

Acidente zero é o resultado das boas práticas de Segurança e Saúde do Trabalho aplicadas
nas atividades com eletricidade da unidade de Sorocaba/SP da Toyota do Brasil. Embasado na
cultura prevencionista da empresa e por meio da padronização das atividades e do gerenciamento
de terceiros, o case Segurança com Eletricidade conquistou o Ouro na Categoria Segurança com
Eletricidade no Prêmio Proteção Brasil 2017. "A cultura de segurança e meio ambiente da Toyota
é um processo de transformação resultante da mudança de hábitos, atitudes e comportamentos dos
colaboradores e influencia a organização como um todo. O objetivo é que todos se preocupem com
a sua própria segurança e com a do próximo, além de se preocuparem com o meio ambiente",
ressalta o Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho da empresa Ricardo Henrique Kato.

Na Tabela 3, de acordo com Soares (2016), são apresentadas algumas empresas em que
adotaram o DDS.

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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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Tabela 3: Empresas que fazem o Diálogo Diário de Segurança

Fonte: Soares, 2016.

Na Tabela 4, de acordo com Soares (2016), estão relacionados os autores que defendem a
implantação do DDS.

Tabela 4: Autores eu defendem a implantação do DDS

Fonte: Soares, 2016.

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3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

3.1 QUESTIONAMENTOS

Os questionamentos para as reuniões de DDS são diversos, mas, para o início da aplicação
deve-se fazer um questionamento, conforme aponta Soares (2016):

“O primeiro questionamento que deve ser feito aos trabalhadores em uma reunião de DDS
deve ser feita pelo coordenador da reunião e ela poderá ser iniciada assim:

"Se você estiver em perigo ou vir qualquer outra pessoa em perigo o que você faz?"

Em algumas reuniões de DDS irão aparecer relatos de acidentes ou situações que ocorreram
com os próprios colaboradores ou colegas e os mesmos poderão sugerir melhorias para a resolução
dos problemas.

De acordo com Waldhelm Neto (2011):

“Observe sempre as características dos trabalhadores, busque temas interessantes e atuais.


Deixe a questão aberta a sugestões, pesquise na internet e jornais, traga “causos”
interessantes. Até mesmo acontecimentos do dia a dia podem servir de gancho para um
bom tema.”

Os questionamentos após os relatos podem ser os seguintes, de acordo com Soares (2016):

 O que está errado?


 Como deve ser corrigido?
 O que deve ser feito para que tal situação não volte a se repetir?

Seguindo essa linha de pensamento e sempre pensando bem antes de fazer os


questionamentos, pois são eles quem vão propiciar o bom debate nas reuniões de DDS para que
consigam ser explicadas de forma clara, para o grupo, as medidas que devem ser tomadas para
garantir a integridade física e psicológica deles.

3.2 TEMAS PARA DDS

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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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A empresa é a responsável pela divulgação dos riscos, de acordo com Soares (2016), “A
empresa precisa divulgar de forma clara os riscos a que estão expostos os funcionários da empresa.
O trabalhador pode se acidentar em uma fração de segundo por não conhecer ou não ter o relato do
perigo que está no ambiente de trabalho.”

Segundo Araújo (2014):

“Os assuntos abordados no DDS são direcionados pelo departamento de segurança do


trabalho, definindo as estratégias semanais para cada área de trabalho, conforme as
necessidades levantadas através da análise de reportes de incidentes e/ou ocorrência de
acidentes. O registro é realizado via lista de presença com o tema abordado e o
executante.”

Sendo as reuniões de DDS para a área de manutenção elétrica, devem ser tratados temas
relacionados a eletricidade, poeira, utilização de EPI’s, choque elétrico, sinalização de segurança,
trabalho em altura, manuseio correto de ferramentas, etc.

De acordo com Soares (2016):


“Portanto os temas devem ser condizentes com os riscos a que os trabalhadores estão
expostos em suas respectivas áreas de trabalho e também os riscos referentes aos erros
operacionais que são aqueles decorrentes da atividade normal do trabalhador que levam a
uma situação de perigo e pode se citar a retirada das proteções de segurança das máquinas
e ferramentas para manutenção, e as falhas na recolocação das mesmas, uso de ferramentas
defeituosas na execução da tarefa, pisos ou aberturas de tetos desprotegidos, presença de
gases, vapores líquidos, emanações ou pós tóxicos, decorrentes do processo de trabalho,
exposições a ruídos e vibrações resultantes do processo produtivo.”

3.3 LOCAIS PARA REALIZAÇÃO

O local para a realização das reuniões de DDS deve ser na própria empresa. Podem ser
efetuadas na sala/ambiente onde os trabalhadores ficam antes de iniciarem as atividades ou no
próprio local da referida atividade.

Segundo Soares (2016):

“Reuniões fazem parte de todo tipo de empresa e elas não deixarão de existir, então é
necessário que sejam realizadas de uma forma dinâmica e eficaz e para isso é recomendado
que as DDSs fossem realizadas próximas do local de trabalho.

Ao realizar as reuniões nos locais de trabalho pode haver demonstrações e visualizações


dos possíveis riscos que estão envolvidos na execução das atividades.”

De acordo com Franco (2014):


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"Diálogo Diário de Segurança é uma prática que deve ser valorizada no local de trabalho.
O comportamento humano pode ser moldado para que a atitude de segurança floresça em
cada indivíduo. Essa conversa diária com os colaboradores indica o caminho certo para
que essa crença se dissemine nos ambientes fabris".

3.4 PROPOSTA DE REALIZAÇÃO

Para a realização do DDS em uma empresa, devem ser levados em conta alguns fatores.

De acordo com Soares (2016):

“O Diálogo Diário de Segurança é um programa destinado a criar, desenvolver e manter


atitudes prevencionistas na empresa através da conscientização de todos os empregados e
como foco principal a realização de conversações de segurança nas áreas operacionais e
administrativas possibilitando uma melhor integração e o estabelecimento de um canal de
comunicação ágil, transparente e sincero entre gerentes e subordinados, portanto
diariamente, antes do início da jornada de trabalho, com duração de 5 a 10 minutos com
leitura ou relatos de temas relativos a segurança e a atitudes no trabalho, com a
responsabilidade na execução das conversações pelo Gerente ou encarregado imediato do
colaborador, que será responsável de gerar um relatório sobre o comportamento e a
participação dos colaboradores, para o departamento de segurança para uma análise
futura.”

O DDS que tem como objetivo a conscientização dos trabalhadores sobre as medidas de
segurança do trabalho a serem tomadas na sua atividade diária.

De acordo com Custódio et al. (2010) “Para se obter um resultado positivo com o programa
DDS é importante:”

a) Deixar claro aos empregados o que é DDS, qual o seu objetivo e funcionamento, e a
importância da participação de todos;

b) Ter sempre em foco o objetivo do DDS, criando condições para que os empregados
possam trocar informações, apresentar ideias, sugestões, comentar dúvidas e dificuldades
relacionadas à Segurança e Saúde no trabalho;

c) Buscar temas atuais e interessantes, considerando sempre as características de cada grupo


de trabalho;

d) Fazer um planejamento sobre o tema a ser discutido, local e dia apropriados,


incentivando a participação do grupo, convidando-os a conduzirem o DDS;

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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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e) Expor o assunto de forma clara e com linguagem adequada, considerando o nível de


entendimento dos participantes.

f) Convidar, eventualmente, profissionais de outras áreas para falar sobre temas técnicos,
como por exemplo, enfermeiros, psicólogos, engenheiros e técnicos.

g) Concluir a ideia inicial, dando oportunidades para exposição de ideias, tomando cuidado
para que não tenha conotação de promessa, pois se a mesma não for cumprida o DDS (e até o
próprio instrutor) poderá perder a credibilidade.

h) Registrar o DDS, criando procedimento próprio ou da empresa, onde deverá constar a


data, duração, local, assunto abordado, nomes e número de participantes, conforme Apêndice A
apresentado. O registro é muito importante, pois possibilita o gerenciamento do DDS como
ferramenta para a identificação de novos temas e dos temas já abordados, evitando a repetição dos
mesmos. Também serve para acompanhamento da participação dos integrantes do grupo durante
as reuniões.

De acordo com Medeiros (2017), “Diariamente, antes de dá início aos trabalhos, o


encarregado, o líder do grupo, o supervisor ou simplesmente um responsável deve reunir o grupo
de trabalhadores para juntos debaterem temas relacionados à segurança, saúde e meio ambiente
relacionados aos trabalhos das equipes.”

Segundo Soares (2016) ressalta que:

“Sendo assim, o responsável pelas reuniões do DDS deve-se reunir com os colaboradores
preferencialmente no próprio local de trabalho e iniciar a reunião questionando se algum
colaborador tem algo a relatar sobre segurança, se não houver nenhum relato o responsável
deve começar a reunião com um dos temas escolhidos para o dia.”

3.4.1 Formato do DDS

De acordo com Araújo (2014), “O fluxograma de realização do DDS nas empresas segue a
sistemática”, conforme Figura 3.

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Figura 3: Fluxograma de realização do DDS

Fonte: Araújo, 2014.

Este é o formato mais simples de aplicação do DDS nas empresas, que pode ser alterado de
acordo com a percepção do departamento de Segurança do Trabalho.

3.5 PROPOSTA DE DDS APLICADO A MANUTENÇÃO ELÉTRICA

A primeira medida a ser adotada para se criar uma rotina de DDS no ambiente de trabalho
é informar a equipe sobre o local, horário e principalmente os motivos que levam ao Diálogo Diário
de Segurança. É fundamental que o profissional sinta que sua atenção e preocupação fazem total
diferença para evitar a ocorrência de acidentes durante o trabalho.

Dessa forma será apresentado um passo a passo para realização de DDS em um setor de
manutenção elétrica.

Passo 1: Informar o local, horário e motivo do DDS aos funcionários.

Passo 2: O departamento de Segurança passa os temas aos líderes.

O departamento de Engenharia de Segurança da Empresa tem por obrigação encaminhar ao


chefe ou encarregado do setor de manutenção elétrica os temas a serem tratados nas reuniões de
DDS, bem como definir os dias que o engenheiro ou o técnico de segurança do trabalho serão
ministrantes da reunião.

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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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De acordo com a atividade que será realizada no dia, pode-se definir o tema a ser tratado
na reunião de DDS, porém, deve-se ter uma lista de temas previamente encaminhado pelo
departamento de Segurança do Trabalho.

Segue uma lista de exemplo de temas a serem tratados para os serviços de manutenção
elétrica:

1. EPI – Equipamento Proteção Individual;


2. EPC – Equipamento de Proteção Coletiva;
3. APR – Análise Preliminar de Risco;
4. Acidentes podem acontecer em qualquer lugar;
5. Trabalho em altura e risco de queda;
6. Trabalho em andaimes;
7. Práticas de segurança na utilização de escadas;
8. Como e onde utilizar o cinto de segurança? ;
9. A importância do capacete de segurança;
10. Brincadeiras no horário de trabalho, evite! ;
11. Quase acidentes são sinais de alerta;
12. Preparação de áreas seguras de trabalho;
13. Arrumação, limpeza e ordenação são bons hábitos;
14. Proteção das mãos;
15. Proteção para os olhos;
16. O ruído: Vamos nos proteger! ;
17. Movimentação de máquinas e equipamentos;
18. Choque elétrico;
19. Arco elétrico;
20. Queimaduras;
21. Cabos de extensão: manuseio e utilização;
22. Lesões nas costas, como evitar? ;
23. Como podemos prevenir incêndio? ;
24. Procedimento em caso de incêndio;
25. Primeiros socorros;

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26. Primeiros socorros para os olhos;


27. Higiene Pessoal;
28. E a respeito de pequenos ferimentos? ;
29. Dicas de segurança para operação com caminhão munck;
30. Segurança com cabos de aço;
31. Por que inspecionar ferramentas e equipamentos? ;
32. Regras de segurança para ferramentas elétricas;
33. Dicas sobre ferramentas;
34. A influência do calor no trabalho;
35. Riscos com baterias;

Passo 3: Primeiro DDS.

Quando a aplicação do DDS for a primeira na empresa, deve-se fazer o seguinte


questionamento aos participantes:

Se você estiver em perigo ou vir qualquer outra pessoa em perigo o que você faz?

O ideal é que ocorra o debate entre os funcionários, onde, os mesmos possam sugerir
melhorias. Após esse debate deve-se realizar os seguintes questionamentos:

 O que está errado?


 Como deve ser corrigido?
 O que deve ser feito para que tal situação não volte a se repetir?

O debate gerado por meio desses questionamentos fará com que os funcionários comecem
a ter consciência sobre atos prevencionistas. Nas reuniões seguintes segue-se com os temas
definidos para as atividades diárias.

No caso em que já se aplique o DDS na empresa o Passo 3 pode ser pulado.

Passo 4: Definir quem ministra a reunião.

Quando definido o responsável pela reunião, o mesmo deve estudar o tema e treinar a
apresentação para que ela não ultrapasse o tempo definido, que normalmente é de 5 a 10 minutos.

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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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Passo 5: Realizar a reunião.

A comunicação do ministrante deve ser clara e objetiva para o melhor entendimento ao


principal foco das reuniões, a prevenção. As reuniões de DDS devem ser realizadas sempre antes
do início das atividades de trabalho.

Em todas as reuniões é fundamental que seja dado espaço aos funcionários para tirarem
dúvidas e relatarem situações reais de ocorrência de possíveis acidentes ou de acidentes, tendo
ocorrido com eles ou com colegas de trabalho.

Passo 6: Registrar.

Ao final de todas as reuniões de DDS deve-se fazer o registro, o mesmo deve ser realizado
em ficha de controle de DDS, conforme Apêndice A, sendo coletadas todas as assinaturas dos
presentes.

O DDS sendo realizado com seriedade leva a ótimos resultados. O objetivo principal do
DDS é a prevenção e a conversação entre lideranças e funcionários para que seja mantido um bom
relacionamento entre as partes a fim de melhorar a percepção sobre acidentes de trabalho e evita-
los.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo foi verificado que quando se fala em acidente de trabalho, logo, presume-se
duas situações, ou a empresa é culpada, ou o trabalhador é culpado. Isso não se trata somente de
achar um culpado, pois, o acidente de trabalho sendo ele causado pelo próprio trabalhador por um
ato inseguro que pode o prejudicar e aos seus colegas, ou sendo, por uma condição insegura que
pode ser algum local em obra que coloca os trabalhadores em risco, deve ser evitado a todo custo.

Foi realizado o levantamento bibliográfico acerca do tema e constatado que há uma


quantidade de materiais enormes, sendo eles, de grande utilidade para o crescimento profissional,
tendo como principal ponto positivo trabalho a consulta sobre gestão, pois, é o ponto inicial e
principal para qualquer empresa que queira obter qualidade de vida ao funcionários e qualidade de
serviços prestados, onde, a organização da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) são fundamentais
para o bom funcionamento da empresa.

A análise escolhida foi a teórica qualitativa, que expressa os resultados em forma de


compreensão e análise de comportamentos. O referido método foi muito adequado ao tipo de
assunto tratado no decorrer do trabalho, pois, a análise de como o colaborador trabalha e age de
acordo com as situações cotidianas faz com que se tenha uma melhor compreensão de como
“atacar” com a prevenção podendo ser de forma geral para a função, ou para uma particularidade
do funcionário. Sendo assim, aconselha-se a ser utilizada essa metodologia para qualquer trabalho
na área de SST.

Foi realizada uma apresentação e discussão de resultados com base nas bibliografias
estudadas do DDS, onde foi realizada uma pesquisa sobre os questionamentos que devem ser feitos
aos participantes, os temas que devem ser tratados nas reuniões, os locais corretos para a realização
das mesmas e foi considerada uma proposta de como se realizam as DDS’s na empresas,
considerando fatores que devem ser levados em conta para o correto uso, a fim de se ter um
resultado positivo na aplicação e por fim um fluxograma de com as empresas procedem para a
realização das reuniões.

Seguindo o passo a passo proposto de acordo com o embasamento nas bibliografias


estudadas durante a realização do trabalho, fica claro que a aplicação do DDS é fundamental para

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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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que a prevenção se instale dentro da empresa. A empresa sendo ela de pequeno ou grande porte
fazendo a aplicação dessa ferramenta só tem a ganhar, tanto em melhora na qualidade dos serviços,
como na preservação da saúde do trabalhador.

Toda ferramenta aplicada com seriedade trará resultados satisfatórios, toda ferramenta
aplicada com desleixo trará resultados insatisfatórios. Independente da ferramenta escolhida pela
empresa para a instalação da prevenção na mente dos funcionários deve ser tratada com respeito e
seriedade, levada com qualidade aos funcionários e mantida, pois, só se praticando pode se chegar
a perfeição que é o risco zero de acidentes de trabalho.

Dessa forma, conclui-se que o DDS é uma ferramenta muito simples, sua simplicidade a
torna prática e eficaz se realizada com seriedade. Trata-se de uma ferramenta de conscientização
que ajuda e muito na prevenção de acidentes, sendo assim, recomenda-se a ser adotado no setor de
manutenção elétrica das empresas, pois, irá criar uma cultura de prevenção e valorização da vida,
se possível deve ser expandida a mais locais de trabalho que sejam necessários.

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REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14280: Cadastro de acidente do


trabalho - Procedimento e Classificação. Rio de Janeiro, 2001.

ALMEIDA, Ildeberto Muniz de; BINDER, Maria Cecília Pereira. Metodologia de análise de
acidentes: investigação de acidentes do trabalho. In: MTE/SIT/DSST/FUNDACENTRO.
Combate aos Acidentes Fatais Decorrentes do Trabalho. MTE/SIT/DSST/FUNDACENTRO,
2000.
Anuário Estatistico do Trabalho 2016. Disponível em
<http://sa.previdencia.gov.br/site/2018/04/AEAT-2016.pdf >, acesso em 08/10/2018
ARAÚJO, Marcelly Pereira. Performance de DDS como reflexo nos resultados de Segurança.
Disponível em: <http://www.ipog.edu.br/revista-especialize-online>. Acesso em 30/09/2018.
ATHAYDE, Dr. Gustavo. Acidente de Trabalho e seu Impacto Econômico-Financeiro na
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O Diálogo Diário de Segurança e sua Importância
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Rede Brasil Atual. Conscientização é a forma mais eficaz de combate a acidentes de trabalho,
dizem especialistas. <https://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2013/04/conscientizacao-e-
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SOARES, José Aparecido. A importância do Dialogo Diário de Segurança. Universidade
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Marcelo Cossetin (marcelocossetin@gmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2018
45

APÊNDICE A – SUGESTÃO DE FICHA DE CONTROLE DE DDS

LOGOTIPO DDS - DÍALOGO DIÁRIO DE SEGURANÇA LOGOTIPO

LOCAL: ANO: TURNO:


ENGENHEIRO/TÉCNICO DE SEGURANÇA: VISTO:

DIA DATA ASSUNTO ABORDADO REALIZADO POR

SEGUNDA

TERÇA

QUARTA

QUINTA

SEXTA

SABADO

DOMINGO

NOME DO ASSINATURA ASSINATURA ASSINATURA ASSINATURA ASSINATURA ASSINATURA ASSINATURA



COLABORADOR SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SABADO DOMINGO
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