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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

JOSÉ HUMBERTO DIAS DE TOLÊDO JÚNIOR

PERCEPÇÃO AOS RISCOS DOS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Florianópolis, 2018.
JOSÉ HUMBERTO DIAS DE TOLÊDO JÚNIOR

PERCEPÇÃO AOS RISCOS DOS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL.

Monografia apresentada ao Curso de


Especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho da Universidade do Sul de Santa
Catarina como requisito parcial à obtenção do
título de Especialista em Engenharia de
Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. José Humberto Dias de Tolêdo, Msc.


Florianópolis, 2018.
JOSÉ HUMBERTO DIAS DE TOLÊDO JÚNIOR

PERCEPÇÃO AOS RISCOS DOS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL.

Esta Monografia foi julgada adequada à


obtenção do título de Especialista em
Engenharia de Segurança do Trabalho e
aprovada em sua forma final pelo Curso de
Especialização em Engenharia de Segurança
do Trabalho da Universidade do Sul de Santa
Catarina.

Florianópolis, 11 de outubro de 2018

______________________________________________________
Professor Ms. José Humberto Dias de Tolêdo
Universidade do Sul de Santa Catarina
Dedico este trabalho a minha família
pelo apoio incondicional em todo período do curso.
“Determinação é a perseverança apaixonada em objetivos de longo prazo, mesmo
diante da frustação e do fracasso. Combinada a uma atitude mental de crescimento, é uma
força poderosa para o progresso pessoal” (TERLOCK, 2016).
AGRADECIMENTOS

Agradeço à toda minha família e amigos pelo apoio durante todo percurso e
realização desta pós-graduação.
RESUMO

Essa pesquisa de cunho qualitativo teve como objetivo investigar a percepção aos
riscos relacionados ao trabalho em canteiros de obras, através de entrevistas semiestruturadas.
As entrevistas foram realizadas em um canteiro de obras localizado em Florianópolis-SC no
ano de 2018, teve como público alvo trabalhadores da construção civil. A base teórica de
discussão está alicerçada em uma revisão sobre percepção de riscos, assim como riscos
presentes em canteiros de obras e os riscos citados pela NR 09. Os resultados mostraram que
fatores como escolaridade e experiência profissional influem diretamente na percepção ao
risco dos trabalhadores. Empregados na mesma função percebem o risco de maneira diferente,
apesar de estarem sujeitos a um número de riscos muito maior do que o apontado.

Palavras-chave: Riscos. Construção Civil. Percepção.


ABSTRACT

This paper aims to investigate the risk perception related to work in construction sites,
through semi-estructured interviews. Those interviews were carried out at a construction site
located in Florianópolis – SC in the year of 2018 and had as target civil construction workers.
The theoretical discussion is based on a review on risk perception as well as risks present in
construction sites and the risks cited by NR 09. The results showed that factors such as
schooling and professional experience directly influence worker’s risk perception. Employees
in the same function perceive the risk differently, although they are exposed to a much greater
number of risks than perceived.

Key-words: Risk. Civil Construction. Perception.


LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Metodologia de Entrevista.......................................................................................17


Quadro 2 - Riscos Canteiro de Obras.......................................................................................21
Quadro 3 - Percepção ao Risco na mesma Função...................................................................24
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Idade x Experiência na Construção Civil................................................................23


LISTA DE SIGLAS
ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
CBIC CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
PIB PRODUTO INTERNO BRUTO
ICC INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL
NR NORMA REGULAMENTADORA
PPRA PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................12
1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO..............................................................................................14
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA..........................................................................................14
1.3 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................14
1.4 OBJETIVOS.....................................................................................................................14
1.4.1 Objetivo Geral..............................................................................................................14
1.4.2 Objetivos Específicos...................................................................................................15
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO.....................................................................................15
2 METODOLOGIA.............................................................................................................16
2.1.1 Tipo de Estudo e Procedimentos Técnicos................................................................17
2.1.2 Análise de Dados..........................................................................................................18
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................19
3.1 PERCEPÇAO DE RISCOS..............................................................................................19
3.2 RISCOS ABORDADOS NA NR 09................................................................................20
3.3 RISCOS PRESENTES EM CANTEIROS DE OBRAS..................................................21
4 ESTUDO DE CASO..........................................................................................................22
4.1 CAMPO DE PESQUISA.................................................................................................22
4.2 RESULTADOS................................................................................................................22
4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS.....................................................................................25
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................27
REFERÊNCIAS......................................................................................................................28
APÊNDICES...........................................................................................................................30
12

1 INTRODUÇÃO

O cenário da construção civil no Brasil vem sofrendo muitas mudanças ao longo dos
últimos anos, de acordo com os dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2016) e analisados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção
(CBIC).

A sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) do país vem em queda desde o
segundo semestre de 2014. O maior registro de queda ocorreu no ano de 2015, que acumulou
declínio de 7,6%. Em 2016, o setor ainda apresenta sintomas de perecimento com os valores
acumulados do primeiro e segundo semestre chegando em 5% de queda. Representa uma
força trabalhista muito grande, acumulando cerca de 7,3% de toda a população empregada no
país. (IBGE, 2016)

O processo de trabalho em canteiros de obras, no Brasil, ainda é muito manufaturado e


apresenta elevadas taxas de acidentes de trabalho, mostrando assim o risco que os
trabalhadores que atuam nessa indústria estão sujeitos diariamente. Segundo a Previdência
Social (2014), cerca de 60 mil trabalhadores sofreram, no ano de 2014, algum tipo de acidente
nos canteiros de obra de todo o país. Corrêa (2008) afirma que as empresas que atuam no
Indústria da Construção Civil (ICC), no país, acabam por não investirem em novas
tecnologias de planejamento, execução e gestão de suas propostas construtivas.

Segundo Hallowell e Gambatese (2007) apesar da aplicação de esforços para melhorar


a segurança no campo de trabalho, a ICC continua ocasionando muitos acidentes
ocupacionais. Akintoye e MacLeod (1996) afirmam que os riscos dentro da ICC podem ser
físicos, ambientais, operacionais, entre outros. Os riscos no canteiro de obras podem ser
diminuídos com a aplicação de programas com elementos de segurança priorizados, sendo
assim capaz de criar mecanismos para aumentar a segurança no local de trabalho.
(HALLOWELL e GAMBATESE, 2007).

De acordo com Ferreira Junior e Zandonadi (2012) fatores que vem contribuindo para
o risco em canteiro de obras, ocorrem devido a adoção de medidas falhas, fazendo com que
profissionais desse setor acabem tomando medidas inadequadas para a sua própria saúde e do
13

meio ambiente em volta. Gore et al (2012), avalia que o planejamento do canteiro de obra é
diretamente relacionado com a eficiência do mesmo, implicando que fatores como riscos e
baixa produtividade podem ser devidos a um ineficaz planejamento do espaço de trabalho.

Dentre os riscos associados ao trabalho em canteiro de obras, existem os riscos


ergonômicos. Neste contexto, os trabalhadores no Brasil ainda estão expostos a utilização de
ferramentas pouco desenvolvidas, com muito trabalho manual e sem qualquer tipo de
instrução por parte dos empregadores. (SILVA, 2001)

A percepção dos trabalhadores aos riscos que estão expostos é uma das áreas que
ainda gera controvérsia, segundo Wiedemann (1993) a percepção de riscos pode ser definida
como a “habilidade de interpretar uma situação de potencial dano à saúde ou à vida da pessoa,
ou de terceiros, baseada em experiências anteriores e sua extrapolação para um momento
futuro, habilidade esta que varia de uma vaga opinião a uma firme convicção”.

Renn (1998) afirma que uma das definições do termo risco é a possibilidade das ações
humanas ou eventos levarem a resultados que impactem em algo que prezamos. Peres,
Rozemberg e Lucca (2005) explanam que a percepção de riscos da população em sua maioria,
é muito divergente dos estudiosos da área, pois, suas concepções fundam-se em valores e
experiências do que em fatos e dados comprovados.

Lima Júnior, López-Valcárecel e Dias (2005) apontam que fatores como cronograma,
variedade de riscos, fatores climáticos, falta de treinamento e a falta de programas preventivos
juntamente com um adequado gerenciamento do local do trabalho, são os responsáveis pelos
altos índices de acidente na indústria da construção civil. Os autores afirmam que para haver
uma prevenção de acidentes e adoecimentos nesta indústria, deve-se privilegiar a formação
dos profissionais, o incentivo aos trabalhadores para aprimorar a percepção de riscos e a
erradicação do analfabetismo (LIMA JÚNIOR; LÓPEZ-VALCÁRECEL; DIAS, 2005).

Diante desse contexto, esse trabalho visa investigar se os trabalhadores da construção


civil têm percepção aos riscos associados as suas funções no desenvolvimento das suas
atividades.
14

1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO

Percepção dos riscos, associados a suas funções, dos trabalhadores da construção civil
na cidade de Florianópolis-SC.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

De acordo com o tema proposto, é realizado o estudo: Como o trabalhador da


construção civil percebe os riscos que estão expostos durante as suas atividades?

1.3 JUSTIFICATIVA

Estatisticamente a construção civil é um dos setores da economia que mais registra


acidentes de trabalho no Brasil. O grande número de trabalhadores no setor, juntamente com
os baixos índices de instrução que essa parcela caracteriza, fazem com que se busque entender
as possíveis causas de tantos acidentes.

Dentro deste contexto o trabalho proposto vem por investigar, através de entrevistas
semiestruturadas, como o trabalhador desse setor percebe o seu ambiente de trabalho em
relação aos riscos inerentes a sua atividade.

Esta pesquisa se deu pela necessidade de compreender como o trabalhador da


construção civil percebe os riscos que está exposto durante a execução do trabalho. Por ser
um setor da economia com altíssimos índices de acidente durante o cumprimento da jornada
de trabalho, esta pesquisa pode beneficiar não só os próprios trabalhadores, mas também, os
contratantes que a partir dos resultados expostos podem ter um maior entendimento dos tipos
de riscos e como preveni-los.
15

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Avaliar as respostas, ao questionário proposto, de trabalhadores de diversas funções


inseridas no setor construção civil sob o viés da percepção de riscos inerentes.

1.4.2 Objetivos Específicos

a) Descrever os riscos que os trabalhadores podem estar expostos durante a execução


do seu trabalho diário;
b) Aplicar o questionário com trabalhadores de diversas funções, buscando avaliar
como os mesmos enxergam os riscos de seus encargos.
c) Comparar as respostas ao questionário com os riscos descritos na literatura, a fim
de se avaliar como os trabalhadores estão percebendo os riscos em suas funções.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho foi estruturado da seguinte maneira:

No primeiro capítulo é apresentado o tema e a delimitação da pesquisa, problema,


justificativa e, por fim, objetivos gerais e específicos.

Na segunda parte, foi descrito a metodologia para obtenção de dados a serem


analisados e a descrição do tipo de estudo adotado.

O capítulo três mostra o referencial bibliográfico, mostrando o porquê da realização


deste estudo assim como a base literária que sustenta todo o trabalho.

A quarta etapa é definida pela análise dos resultados obtidos através da aplicação das
entrevistas semiestruturadas, finalizando com as conclusões e sugestões para trabalhos
futuros.
16

2 METODOLOGIA

Esse trabalho foi realizado através das seguintes etapas:

a) Obtenção e coleta de dados;


b) Elaboração da entrevista semiestruturada;
c) Análise dos dados;
d) Resultados;
e) Conclusões.

Todas as etapas serão apresentadas no decorrer deste trabalho. O fluxograma apresentado na


sequência descreve essas etapas.

Obtenção de Dados – Realização das


Entrevistas

Pesquisa Teórica

Análise de Dados

Resultados

Conclusões

Fonte: Autor, 2018.


17

2.1.1 Tipo de Estudo e Procedimentos Técnicos

Este trabalho de acordo com os objetivos leva uma visão exploratória ao ramo da
percepção de riscos, como definido por Gil (2007), este tipo de abordagem é capaz de
proporcionar um maior conhecimento do problema, tornando-o mais compreensível. Ainda
tem como finalidade o aperfeiçoamento de ideias e “envolvem: (a) levantamento
bibliográfico; (b) entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema
pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a compreensão” (GIL, 2007, apud
SELLTIZ et al., 1967, p.63).

O levantamento de dados se dará através de entrevistas semiestruturadas para posterior


análise de dados, com perguntas elaboradas seguindo diferentes categorias, conforme o
quadro abaixo.

Quadro 1- Metodologia de Entrevista

Categoria da Pergunta Perguntas


Idade
Escolaridade
Características do Profissional Função
Tempo de Empresa
Tempo na Profissão

Quais são suas ferramantas de trabalho? Elas Exigem de você


Condições de Trabalho
uma má postura?

Você sente algum incomodo (dor, dificuldade, desconforto)


na realização do seu trabalho? Se sim, descreva-os.
Relação com o Trabalho
Você está ciente dos riscos que a atividade pode trazer para a
sua saúde? O que gostaria que mudasse?

Você já sofreu algum acidente de trabalho? Se sim, descreva


Consequência do Trabalho
o ocorrido e possíveis sequelas.

Fonte: elaborado pelo autor, 2018.

O público-alvo da pesquisa são trabalhadores da construção civil inseridos em


atividades em canteiros de obra, a seleção dos mesmos foi feita de forma randômica, sem
18

priorizar quaisquer aspectos. As entrevistas foram realizadas em um canteiro de obra


localizado no município de Florianópolis – SC, contando com o total de 15 entrevistados.

As entrevistas foram gravadas e transcritas. Quanto ao método de análise de dados,


esse se dará através da análise de conteúdo. Como descrito por Bardin (1977) este tipo de
análise tem como utilidade diminuir a subjetividade nas pesquisas qualitativas. As perguntas
foram desenvolvidas a fim de determinar a percepção que o trabalhador tem em relação aos
riscos que está disposto diariamente em seu ambiente de trabalho, a fim de correlacionar suas
respostas com as características específicas, tais como experiência, escolaridade e função.

2.1.2 Análise de Dados

A análise de dados se dará através da intepretação das respostas as perguntas da


entrevista semiestruturadas, realizadas pelo pesquisador juntamente com os trabalhadores do
setor da construção civil, em uma obra localizada em Florianópolis-SC.
19

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 PERCEPÇAO DE RISCOS

Perlman, Sacks e Barak (2014) afirmam que a habilidade de percepção de riscos é um


fator diretamente ligado a segurança no local de trabalho. Através de um treinamento
apropriado, trabalhadores podem desenvolver mais esta percepção. Os autores desenvolveram
uma pesquisa onde o objetivo era avaliar a percepção de riscos de superintendentes de
construtoras e alunos de graduação em engenharia civil. Os resultados mostraram que os
pesquisados com mais experiência e formação formal em técnicas de segurança, perceberam
níveis de risco maiores que os estudantes, que não tinha quase nenhum treinamento ou
experiência (PERLMAN; SACKS; BARAK, 2014).

A pesquisa realizada por Korkmaz e Park (2017) faz uma comparação entre a
percepção de riscos entre trabalhadores locais e estrangeiros atuantes na indústria da
construção, através da aplicação de um questionário, onde questionavam questões de
segurança, nacionalidade, escolaridade, treinamento, entre outros. Os pesquisadores
concluíram, com os resultados obtidos, que o nível de educação e a idade são fatores
diretamente relacionados a efetividade do treinamento de segurança que os trabalhadores
foram fornecidos, tendo os trabalhadores estrangeiros uma dificuldade e maior de entender e
praticar o aprendido nos treinamentos, por possuírem um nível de escolaridade menor e terem
dificuldades com a língua local. Os autores sugerem que os treinamentos em segurança,
quando aplicados, devem se adequar ao nível de escolaridade e idade dos participantes,
fazendo com que tenham um treinamento específico focado em suas dificuldades
(KORKMAZ; PARK, 2017).

Xia et al. (2017) propuseram em sua pesquisa questionários destinados a trabalhadores


da construção civil, a fim de avaliar sua percepção de risco individual e outro para os seus
supervisores, com o objetivo de identificar como eles veem o comportamento quanto a
segurança dos seus supervisionados. Os pesquisadores avaliaram algum dos riscos que os
trabalhadores estão mais expostos durante suas atividades, e chegaram em riscos como queda
de alturas elevadas, eletrocussão, ser atingido por algum material em queda, uso de máquinas
pesadas, carregamento de peso, entre outros. A partir destes riscos, os trabalhadores
20

avaliaram, através de uma escala, a probabilidade de ocorrência e a severidade do risco,


relacionado a sua devida função. Após a análise de dados, os autores sugerem três aspectos
para uma maior gestão de segurança e prevenção de riscos, que incluem os responsáveis pela
gerência do ambiente do trabalho estarem cientes das diferentes maneiras e formas que os
trabalhadores percebem os riscos, além de estimular com que os trabalhadores compartilhem
experiência entre si, constantes treinamentos para orienta-los a perceber e avaliar os riscos de
forma mais eficiente e objetiva (XIA et al., 2017).

Carriço et al. (2015) afirmam que a inabilidade da percepção de riscos por parte dos
trabalhadores tem como consequência eventualidades como acidentes e fatalidades. A
percepção aos riscos é influenciada por fatores como a experiência de trabalho, que afetam a
avalição das situações de risco. Os pesquisadores afirmam que os trabalhadores da indústria
da construção civil ainda tendem a resistir aos padrões de segurança, desta forma muitos
destes não tem ciência do risco que estão submetidos.

3.2 RISCOS ABORDADOS NA NR 09

A norma regulamentadora (NR) 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais


(PPRA) de 1994, tem como objetivo identificar e direcionar as diretrizes para elaboração do
PPRA, documento obrigatório para todas as empresas e instituições que contratam
empregados, e tem como propósito visar a preservação da saúde e integridade dos
trabalhadores. Conforme exposto na norma, “o conhecimento e a percepção que os
trabalhadores têm do processo de trabalho e dos riscos ambientais presentes, incluindo os
dados consignados no Mapa de Riscos, previsto na NR-5, deverão ser considerados para fins
de planejamento e execução do PPRA em todas as suas fases. ” (NR 09, 1994)

A NR 09 define os riscos como físicos, químicos e biológicos. Sendo os riscos físicos


definidos como qualquer tipo de energia que o empregado possa estar exposto, tais como
ruídos, vibrações, radiações, pressões anormais etc. Os riscos químicos definem-se por
agentes que possam penetrar no organismo por via respiratória (poeira, gases, vapores, etc.).
Por fim, os riscos biológicos são aqueles causados por bactérias, fungos, parasitas, vírus e etc.
21

A NR 09 não faz menção aos riscos ergonômicos, conforme NR 17 – Ergonomia, é


necessário estabelecer níveis que possam gerar “adaptação das condições do trabalho às
características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de
conforto, segurança e desempenho eficiente” (NR 17, 1978). Dentre os riscos ergonômicos
passiveis de serem encontrados num ambiente de trabalho, destacam-se: trabalhos realizados
em pé durante a jornada, esforços repetitivos, levantamento de cargas, monotonia.

3.3 RISCOS PRESENTES EM CANTEIROS DE OBRAS

De acordo com Vecchione e Ferraz (2010), as atividades realizadas em canteiros de


obras podem trazer sérios riscos à saúde dos trabalhadores, conforme quadro 2. Destaca-se
que estes são apenas alguns dos possíveis riscos encontrados nos serviços realizados dentro de
um canteiro de obras.
22

Quadro 2 - Riscos Canteiro de Obras.


Fonte: Vecchione e Ferraz (2010)

No próximo capítulo apresentaremos os resultados do presente estudo e suas análises.


23

4 ESTUDO DE CASO

4.1 CAMPO DE PESQUISA

A pesquisa foi realizada em uma obra de um edifício residencial localizado na


cidade de Florianópolis – SC. Para garantir o sigilo dos trabalhadores entrevistados, não
foram expostos nomes. As entrevistas realizadas com a transcrição das respostas encontram-
se no Apêndice 1.

4.2 RESULTADOS

A análise das respostas dos trabalhadores começa fazendo uma relação entre suas
atividades e o esforço físico necessário para a realização das mesmas. Do total entrevistado,
apenas dois trabalhadores relacionaram a sua função com dores/desconfortos que sentem
enquanto a executam. O Entrevistado 6 descreve suas ferramentas de trabalho como “marreta,
pá, enxada, carrinho de mão” e quando questionado sobre possíveis dores respondeu “uma
dorzinha nas costas, às vezes sente. Quando a gente ‘tá’ cavando um buraco, passando um
negócio pesado”. Trabalhando como servente, o entrevistado, tem como experiência de
trabalho 2 meses e concluiu até o 1º ano do ensino médio. Sobre a sua percepção aos riscos
que está inserido, o entrevistado mostrou incerteza, quando questionado quais seriam os riscos
“a pessoa pode se machucar, ficar mais... não sei, cara”. Este empregado representa muito dos
trabalhadores entrevistados, os quais não conseguem determinar uma relação entre o seu
trabalho e os riscos ergonômicos que estão expostos conforme será mostrado no decorrer das
análises categoriais.

O gráfico 1 mostra, em escala de anos, uma relação da idade dos trabalhadores


entrevistados com o tempo de atuação em suas respectivas profissões dentro da construção
civil. Através desse gráfico é possível traçar um perfil dos entrevistados que vão de
trabalhadores muito experientes até os muito novos na indústria.
24

Gráfico 1- Idade x Experiência na Construção Civil

Idade x Experiência na Construção


Civil
Idade Experiência Profissional
59

55
54

48
41

34
33
32
30

30

30
29

28
25

23
21

20

20
18

18

18
17

0.75
0.42

0.33
0.16

2.5

3
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 E9 E1 0 E1 1 E1 2 E1 3 E1 4 E1 5

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Analisando a primeira categoria de pergunta, sobre a relação com o trabalho, apenas


três trabalhadores apontaram sentir alguma dor ou incomodo durante a execução de seus
serviços, o Entrevistado 9 relata “É quando é em excesso, se abaixando muito... se abaixa
muito tempo dando ponto, aí a coluna dói um pouco”, já o Entrevistado 13 sugere uma
solução prática para quando sente dores na execução da sua profissão “Às vezes a gente se
abaixa um pouco pra cortar uma madeira, mas aí, como às vezes dói a coluna do cara, o cara
faz um banquinho, tenta colocar num lugar mais alto”. As profissões desses dois entrevistados
são, respectivamente, servente e carpinteiro, outros entrevistados desta pesquisa tem a mesma
função e responderam negativamente à essa questão.

Quando questionados se estão cientes dos riscos à saúde que estão expostos durante a
execução das suas atividades, 93,3% dos entrevistados responderam de forma positiva. O
Quadro 3 mostra a resposta de três entrevistados que tem a mesma função (carpinteiro), e suas
respostas quanto a percepção de quais riscos estão expostos.
25

Quadro 3 - Percepção ao Risco na mesma Função

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

O Entrevistado 3 relata riscos devido a inspiração de partículas de poeira e madeira,


enquanto o Entrevistado 4 faz o relato da importância do uso de EPI’s como o óculos protetor,
o Entrevistado 5 enfatiza os ruídos e a necessidade de usar um protetor auricular para que não
haja danos a sua saúde auditiva e por fim, o Entrevistado 2 destaca o risco ergonômico,
sobretudo o pressuposto da postura e esforço físico. O quadro também faz um comparativo da
idade e do tempo de profissão dos trabalhadores. Mostrando desta maneira, que trabalhadores
com a mesma faixa etária e função, percebem o risco que os circunda de maneira
diferenciada.

Os outros trabalhadores entrevistados também relataram seu ponto de vista sobre a


percepção de riscos, o Entrevistado 10, servente, relata “Tô ciente. Acidente, de se machucar
com algum ferro, excesso de peso, posso pegar uma hérnia”, o Entrevistado 9, mesma
profissão que o anterior, já apresenta um outro ponto de vista “Se não trabalhar com os EPI’s
corretos, se cortar nos arames pode pegar alguma bactéria através do ferro, através do aço.
Daí no futuro, se continuar sempre no mesmo serviço, um dia vai ter que aparecer os
sintomas”. A maioria dos trabalhadores enfatizou a importância do uso dos EPI’s apropriados
como meio de se resguardar aos riscos que são percebidos por eles.

Os trabalhadores foram questionados a respeito de quais possíveis mudanças


gostariam que fossem implementadas em seus respectivos processos produtivos, o
Entrevistado 3, um dos mais experientes no ramo da construção civil, com 30 anos de
profissão, relata “Eu acho que já mudou algumas coisas, que a gente até está se adaptando
26

ainda, que a gente não era acostumado há uns anos atrás... De primeiro nós trabalhávamos de
sandália, trabalhava sem capacete. Muitas coisas não eram exigidas, agora são. Agora a gente
está se adaptando, as coisas estão melhorando”. O Entrevistado 2, carpinteiro, destaca a
importância do trabalhador estar atento e tomar os devidos cuidados durante e execução de
seu trabalho “ A única coisa que tem que melhorar é a conversação do pessoal, quem tá
usando ali, no caso, tem que usar com mais cuidado”. Outros entrevistados apenas
explicitaram a importância do uso dos EPI’s, mas optaram por não modificar em nada a forma
com que trabalham.

A última pergunta realizada tinha como objetivo saber se os entrevistados já sofreram


algum tipo de acidente dentro de canteiro de obras em seu passado, não necessariamente no
atual local de trabalho. Do total de entrevistados, apenas 4 relataram já ter sofrido qualquer
tipo de acidente de trabalho. O Entrevistado 11, pedreiro, relatou um acidente que sofreu: “Eu
fui colocar um bloco dentro da caixaria. Aí o bloco trancou lá e eu desci pra empurrar o bloco
e nisso que eu desci, o bloco desceu de vez, .... e, quando desceu entrou no pé”. Os
Entrevistados 1, 3 e 8 relataram acidentes envolvendo quedas enquanto trabalhavam em
altura. O Entrevistado 8 detalhou o acontecido como: “Caí da laje, 3 metros de altura. Foi
negligência. Tinha que ficar pegando concreto, de um lado pro outro, carregando em cima de
umas réguas, aí a régua cedeu e eu desci”.

4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

As análises de conteúdo das entrevistas servem para demonstrar como os


trabalhadores de canteiro de obras da construção civil percebem o risco de maneira
discrepante. O baixo nível de escolaridade que os trabalhadores desse setor apresentam, pode
ser um fator ligado diretamente a isto. Como demonstrado no Quadro 2, trabalhadores com a
mesma função tratam e veem os riscos que o ambiente de trabalho pode proporcionar de
maneiras e formas diferentes, apesar de estarem todos sujeitos aos riscos citados e outros
riscos que envolvem diferentes patamares de entendimento.

Todos os entrevistados mantiveram a sua percepção de riscos a níveis físicos e


biomecânicos, expondo assim a sua incapacidade de identificar riscos de níveis químicos,
organizacionais, psicossociais e cognitivos. A saúde do trabalhador está diretamente ligada
27

com a qualidade de seu trabalho, a construção civil no Brasil ainda oferece um ambiente de
trabalho cercado de riscos, que tentam ser combatidos com o uso de EPI’s.

Nas entrevistas os trabalhadores constantemente relataram a importância do uso de


EPI’s para a diminuição dos riscos que estão expostos, porém nenhum dos entrevistados
sugeriu mudanças como adequação e compra de EPI’s mais confortáveis ou que facilitem os
seus movimentos enquanto executam o seu trabalho, também não relataram quaisquer
adequações ergonômicas de seus locais de trabalho, mesmo se queixando de dores a executar
certa atividade. Não foram citadas nenhum tipo de equipamento de proteção coletiva, que
poderia ser uma alternativa a proporcionar melhores condições de trabalho.

Políticas de treinamento, percepção e compreensão devem ser aplicadas para que os


trabalhadores possam entender os riscos que suas profissões proporcionam. As empresas
contratantes são sempre responsáveis pela saúde de seu trabalhador, cabendo a elas aderir as
normativas indicadas e seguir a rigorosamente os processos de gestão de risco e fiscalização
de seus trabalhadores.

O estudo e desenvolvimento de novas formas de proteção ainda é uma área em


crescimento, assim como o estudo das percepções de riscos, soluções de nível ergonômico e
sub níveis biomecânicos, físicos e psicossocial são estudadas e é o que diferencia da
interpretação de uma pessoa sem conhecimento, da intepretação de um especialista.
28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo identificar como os trabalhadores da construção civil
percebem os riscos que os circundam em seu ambiente de trabalho. Entendemos que com a
aplicação das entrevistas semiestruturadas foi possível atingir os objetivos de analisar como
os riscos são percebidos e quais são os fatores pessoais que podem influenciar nesta
percepção.

A indústria da construção civil ainda é um dos setores com mais acidentados no Brasil,
acreditamos que com uma política rígida de fiscalização e treinamento dos trabalhadores os
mesmos podem ter uma melhor qualidade durante a execução de sua função, além de um
ambiente de trabalho mais seguro.

Frisamos a importância da percepção de riscos estar diretamente ligada a diminuição


do nível de acidentes em canteiros de obras, com isso é necessário que os gestores de riscos
de obras estejam sempre cientes de como os seus trabalhadores percebem o ambiente que os
circundam, podendo assim promover treinamentos específicos para que esta habilidade possa
ser desenvolvida e o trabalhador conscientizado.

Para trabalhos futuros, é recomendável analisar uma amostra maior de trabalhadores e


de empresas, assim como realizar a pesquisa em diferentes localidades a fim de se obter um
maior panorama da percepção de riscos, formando um maior banco de dados sobre o assunto.

Atualmente ainda se realiza poucas pesquisas nesta área no país, portanto é posto a
necessidade do desenvolvimento de novos métodos e técnicas para a obtenção de um parecer
da percepção de riscos sob o viés do trabalhador da construção civil.
29

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES
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Apêndice 1 – Entrevista semiestruturada

PERGUNTA 1: Quais são suas ferramentas de trabalho? Elas exigem de você uma má
postura?

E1: Não, a postura é tranquila. Só o tijolo, que às vezes judia um pouco a coluna, né. Eu
trabalho muito com reboco, fazer fachada.

E2: Ah, mais é makita, martelo, serrote.Tem pouco, né!? A parte de carpintaria é menos.

E3: Martelo, esquadro, nível, prumo. Não.

E4: Eu uso makita, e o kit completo de carpinteiro. Não, tudo tranquilo.

E5: Martelo, esquadro.Não, a única makita, que, aliás, que na minha função quando tô
fazendo tem que se abaixar, é quando vai usar makita.

E6: Ah, marreta, pá, enxada, carrinho de mão.Ah, nenhuma. O carrinho de mão, se você se
abaixa, fazer essas coisas, cavar buraco, um negócio assim.

E7: Só a makita, carrinho de mão, pá, vassoura. Não.

E8: Carrinho de mão, pá, betoneira. Não, acho que não.

E9: Então, eu tô trabalhando com os armador, eu quero pegar uma classificação.

E10: Eu uso mais torquês, e só. A chave.... Não.

E11: O que eu uso... meu cintro, torqueza, trena, têm os EPI's também, né!? Não.

E12: A única coisa que eu faço na obra é só subir o material e descer. Pegar ali, botar no
elevador, subir e descer. Não.

E13: Martelo, makita, serrote. Não.

E14: Carrego material. Não.

E15: É, carrinho de mão, pá, vassoura, às vezes dou uma força pro rapaz do elevador, a
carregar, ajudo o pessoal da ferragem também. É, depende. Às vezes, né!? Da gente pegar o
produto, o cimento, o ferro, né!?

PERGUNTA 2: Você sente algum incomodo (dor, dificuldade, desconforto) na realização do


seu trabalho? Se sim, descreva-os.

E1: Não.
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E2: Não, bem difícil.

E3: Não.

E4: Não, tudo tranquilo.

E5: Não.

E6: Uma dorzinha nas costas, às vezes sente. Quando a gente tá cavando um buraco, pegando
algum negócio pesado.

E7: Não.

E8: Nenhum.

E9: É, quando é em excesso, se abaixando muito... se abaixa muito tempo dando ponto, aí a
coluna dói um pouco.

E10 : Não.

E11 : Até hoje não.

E12: Assim, pra mim eu acho bom, eu acho legal, porque, tipo assim, eu não faço muito,
muito... eu não pego peso ali, é só pegar o elevador, né!? É mais operação.

E13: Não. Às vezes a gente se abaixa/ agacha um pouco pra cortar uma madeira, mas aí,
como às vezes dói a coluna do cara, o cara faz um banquinho, tenta colocar num lugar mais
alto.

E14: Não.

E15: Não.

PERGUNTA 3: Você está ciente dos riscos que a atividade pode trazer para a sua saúde? O
que gostaria que mudasse?

E1: Problema, né!? Tem que ter uma postura correta para trabalhar, né!? Se não prejudica
o...Tá tranquilo, até evoluiu bastante, né!? Pra mim tá tranquilo.

E2: Esforço físico.Também pode, né!? Pode arcar (problemas de postura).

E3: Poeira. Vem o cheiro de madeira.Olha, já mudou. Eu acho que já mudou algumas coisas,
que a gente até está se adaptando ainda, que a gente não era acostumado a uns anos atrás.
Cinto, coisa de segurança... De primeiro nós trabalhávamos de sandália, trabalhava sem
capacete. Muitas coisas não eram exigidas, e agora são. Agora a gente está se adaptando, as
coisas estão melhorando.
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E4: Sim. Teria que usar o protetor, o óculos, cinto de segurança. Se o usar o EPI certinho, eu
acho que tá de bom tamanho.

E5: O ruído é um deles. Sim. Sempre toda vez que vai colocar, eu coloco no ouvido (protetor
auricular).

E6: É... mais ou menos. A pessoa sabe que não...A pessoa pode se machucar, ficar mais... não
sei, cara. Ah, quando a pessoa vai ficando mais velho, a pessoa vai ficando mais acabada.

E7: Sim. Corte; os olhos - cegar os olhos, porque cortando...; poeira também.

E8: Sim. Se machucar, pegar alguma coisa de algum peso e sentir uma dor na coluna, alguma
coisa.

E9: Sim. Se não trabalhar com os EPI's corretos... se cortar nos arames pode pegar alguma
bactéria através do ferro, através do aço. Daí no futuro, se continuar sempre no mesmo
serviço, um dia vai ter que aparecer os sintomas.

E10: Tô ciente.Acidente, de se machucar com algum ferro.Sim, excesso de peso, posso pegar
uma hérnia. Muito peso mesmo, só ferro todo o dia.

E11: Sim. Ah, têm vários riscos, né!? De trabalhar como a gente trabalha com ferragem têm
vários riscos de cair...

E12: Tô ciente. Tipo, o elevador ali tem que usar sempre o protetor de ouvido, que faz muito
barulho. Pra minha parte é mais o protetor, porque eu fico o tempo todo no barulho,
entendeu!? É obrigado a usar o protetor.

E13: É, sobre isso aí a gente tem, né!? E tenta o máximo diminuir, entendeu!? Pra não ter
algum...Tipo essa agora, da makita aí, entendeu!? Tem que usar o protetor auricular, o óculos.

E14: Não. Nada.

E15: Um monte, né!? Tem que usar máscara, tem que usar os protetores, né!? O cimento, a
poeira do ferro também. Prejudica muito, né!? É... se for pra carregar ferro, eu acho que sim.
Se não usar os EPI's corretos, que o ferro às vezes junta muita poeira do ferro. Solta muita
coisa do ferro e se a gente não tiver usando o EPI correto pode prejudicar a gente mais tarde,
né!? Ah, na real eu uso os EPI's, né!? A máscara não sei se tá aqui debaixo do capacete, tá
aqui debaixo o capacete, tem a luva...

PERGUNTA 4: Você já sofreu algum acidente de trabalho? Se sim, descreva o ocorrido e


possíveis sequelas.

E1: Aí a casa pra ele, pra rebocar, tudo num final de semana, num sábado pra mim ajudar ele.
Daí ele apoiou aqui, a escora aqui e deixou solto ali. Quatro metros de altura, aí eu subi ali e
na hora que fui subir o banquete virou, aí eu pulei para não cair num buraco. Aí deu um
desligamento no pé.

E2: Não
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E3: Olha, eu já sofri acidente de 3 (três) metros de queda. Três metros de altura. Foi falta de
equilíbrio. 

E4: Não

E5: Não

E6: Não

E7: Não

E8: Caí da laje, 3 metros de altura. Foi negligência. Tinha que ficar pegando concreto, de um
lado pro outro, carregando em cima de umas réguas, aí a régua cedeu e eu desci.

E9: Não

E10: Não

E11: Eu fui colocar um bloco dentro da caixaria. Aí o bloco trancou lá e eu desci pra empurrar
o bloco e nisso que eu desci, o bloco desceu de vez, .... e, quando desceu entrou no pé.

E12: Não

E13: Não

E14: Não

E15: Não

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