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Boa Vista, RR
2016.2
ALDECY RODRIGUES SOBRINHO
Boa Vista, RR
2016.2
ALDECY RODRIGUES SOBRINHO
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Prof. MsC. Raimundo Paulino Cavalcante Filho
Orientador / Curso de Direito – UFRR
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Prof. MsC. André Paulo dos Santos Pereira
Curso de Direito – UFRR
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Prof. Gr. Paulo Cézar Dias Menezes
Curso de Direito – UFRR
Primeiramente dedico este trabalho
à Deus, porque sem Ele nada
podemos fazer.
Aos meus pais, Dna. Zeneide
Rodrigues e Sr. Francisco da Silva
(in memoriam).
A meus avós, Dna. Maria e Seu
Antonio Bernardino, pelas
inesquecíveis lembranças.
A minha amada Luana Felix, em
breve Sra. Rodrigues.
E ao meu filho, Gabriel Guedes
Rodrigues, por ser a razão de
grande orgulho.
AGRADECIMENTOS
The starting point for an understanding of the subject proposed here is, first of all, to
recall the basic notions related to the work accident and its repercussions in the legal
field, especially in the field of labor law, in order to Need to identify their causes,
insofar as they will serve as a basis both for assisting preventive public actions and
for the judiciary to be used when providing jurisdictional services in respect of
responsibilities due to the accident. It will thus deal with the general concept of an
occupational accident, without, however, dealing with controversial issues. Thus, the
main focus of this work is to return the efforts to favor the debate and perception of
theories that explain the causes and consequent responsibilities arising from work
accidents, starting from the theories that observe these misfortunes from a
monocausal view, with emphasis To the theory of unsafe act until culminating in the
necessity of adopting methods capable of taking in the new tendencies demanded by
the historical evolution of the society. In this context, the theory of the tree of causes
is announced as a viable alternative with regard to the need to implement a more
robust, complete and reliable research technique. In order to enable the elaboration
of the dissertation, it is proposed to expose the subject based on both the doctrines
developed on the subject, as well as on recent and appropriate jurisprudence, as well
as other relevant information media such as magazines, newsletters, internet content
and Cases.
Key words: Work accident. Labor Law. Theory of the Unsafe Act. Caustic Tree
Theory.
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 11
2 ASPECTOS PRELIMINARES DO ACIDENTE DO TRABALHO............ 14
2.1 CONCEITOS DE ACIDENTE DO TRABALHO........................................ 14
2.1.1 O conceito legal e doutrinário de acidente do trabalho...................... 15
2.1.2 O conceito de acidente do trabalho como variação de um sistema.. 17
1 INTRODUÇÃO
material ou pessoal. Cabe, por ora, nessa perspectiva, alinhar tais conceitos à
ordem legal e doutrinária prevalecentes.
Infere-se de Costa (2015) que a Justiça pode fazer mais que justiça e gerar
ganhos para a prevenção, o que só será possível se o órgão da Justiça for
abastecido com o resultado de uma investigação aprofundada, que não se restrinja
às superficialidades e causas de caráter imediato do acidente objeto da ação, mas
que avance na identificação de fatores potenciais, presentes em sua rede de
causalidades. Desta forma, em seu exercício, o órgão da Justiça pode conduzir a
organização envolvida a transformar suas situações de trabalho, aprimorando suas
instalações e outros elementos carentes de intervenção preventiva (COSTA, 2015).
Por fim, interessante mencionar que os resultados da análise do acidente
promovida com o apoio do método da árvore de causas podem também servir de
base para o Ministério Público do Trabalho formular e firmar com empresas
responsáveis por acidentes do trabalho, por exemplo, o Termo de Compromisso de
Ajustamento de Conduta. Isso faz com que a Justiça, além de bem cumprir seu
papel, repercuta sua ação em benefício dão anseio maior da sociedade, o combate
a ocorrência dos infortúnios.
Para Heinrich o acidente seria causado por uma seqüência linear de eventos
que desembocavam na lesão, sendo que cada evento posterior era dependente do
precedente. Imagine-se uma fila de peças de dominó, ajustada de forma tal que a
queda de um implicaria no conseqüente tombo das demais. Pois bem, para o autor o
acidente e a lesão seriam representados apenas pelas duas últimas peças da
sequência e as demais peças precedentes as responsáveis pelo acidente. Esclarece
Costa (2015, p.98-99), ainda fazendo menção a Heinrich:
sua vez, está ligada aos defeitos pessoais, que são exemplificados por meio
do temperamento violento, nervosismo, falta de cuidado e outros. Essa
segunda “peça” seria causadora da queda da terceira, ligada ao ato
inseguro e condição insegura. Essa “peça” seria causadora da queda da
quarta “peça” (o acidente), que por sua vez, causaria a lesão, representada
pela última peça da fila. Na concepção de Heinrich, o elemento chave para
a prática de prevenção seria a terceira pedra, representante do ato inseguro
e da condição insegura, sendo que a grande maioria dos acidentes seria
causada pelo comportamento inseguro do trabalhador. (HEINRICH apud
COSTA, 2015, p. 133-134).
infortúnio, com fundamento em sua culpa exclusiva. Para exemplificar, veja-se o teor
do seguinte julgado em 26/07/2011, do Tribunal de Justiça de São Paulo, em que se
entendeu serem impertinentes as indenizações pleiteadas pelo autor por se
considerar que o acidente se deu por ato inseguro do próprio trabalhador, sem mais
análise:
ato inseguro, têm potencial para contribuir, provocar ou permitir as ações praticadas
pelos trabalhadores e, consequentemente, de suscitar o infortúnio.
Fatores como “trabalhava sozinho”, “sob tempo chuvoso”, “com pouca
iluminação”, “jornada excessiva” e “no horário noturno” são circunstâncias
secundárias quando se leva em consideração apenas a análise monocausal do
acidente, análise esta com a tendência de vislumbrar como decisivo apenas o ato
inseguro ou, no máximo, as condições inseguras do ambiente de trabalho
(REASON, 1997).
No mesmo sentido do entendimento de Costa (2015) e a despeito do natural
entendimento de que cada acidente é único, o autor sustenta que é possível
identificar na sua dinâmica e estrutura elementos que podem ser identificados e
analisados de modo a contribuir com as ações preventivas, aliás, é justamente a
necessidade de uma política preventiva que justifica a promoção do
aperfeiçoamento das técnicas de investigação e análise dos acidentes (COSTA,
2015).
É nesse contexto que, desde suas primeiras versões, o método da árvore de
causas, no entendimento de Nahas e Vago (2002), tem se mostrado competente
para melhor identificar o que denominou de fatores de riscos, isto é, as variações do
sistema potencialmente capazes de causar danos. Esclarecem, ainda, os autores
que o chamado fator potencial de acidentes não precisa causar diretamente o dano,
podendo existir associado ao acidente embora alheio à cena do infortúnio ou até
mesmo adquirir contorno imaterial na forma, por exemplo, de aspectos
organizacionais ou culturais. (NAHAS; VAGO, 2002).
Percebe-se que os atuais métodos de análise de acidentes buscam na
concepção e organização do trabalho as causas do evento, e não em um ato isolado
do trabalhador.
Dos esclarecimentos exposto por Sebastião Geraldo de Oliveira verifica-se
que a legislação brasileira, atualmente, busca do empregador a adoção de medidas
capazes de eliminar ou ao menos reduzir as causas dos acidentes do trabalho, de
forma que os atuais métodos de análise desses acidentes devem elucidar todas as
possíveis causas do evento, inclusive aquelas que contribuíram mediatamente ao
desfecho do infortúnio (OLIVEIRA, 2008).
Reforçando, ainda, a tese da improficuidade do ato inseguro face à nova
tendência de se exigir um olhar sistemático das relações de trabalho, deduz-se da
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doutrina de Oliveira (2008) que a proposta da prevenção com base tão somente na
eliminação dos atos inseguros deriva da compreensão do comportamento do
trabalhador como autodeterminado, o que não se harmoniza com a marca da maior
parte das relações de trabalho, as quais se caracterizam pela presença do poder
diretivo do patrão (OLIVEIRA, 2008).
Conforme a leitura de Binder; Monteau; Almeida (2000), expoentes autores
que tratam da Teoria da Árvore de Causas, infere-se que, lamentavelmente, ainda é
predominante no Brasil a compreensão do acidente do trabalho como resultado de
um ato inseguro do trabalhador ou, no máximo, de uma condição insegura
associada ao ambiente de trabalho.
Ainda com base na obra dos autores citados, Árvore de Causas – Método de
Investigação de Acidentes do Trabalho, denota-se que a expressão ato inseguro
pode conduzir o operador do direito ao errôneo entendimento de que todas as falhas
do trabalhador no ambiente de trabalho podem ser vistas sob único prisma,
pressupondo ser impossível que o indivíduo pudesse sofrer quaisquer tipo de
influência emocional, por exemplo (BINDER; MONTEAU; ALMEIDA, 2000).
Citando Reason (1997), na mesma obra acima, infere-se de Binder et al.
(2000) que os erros humanos podem assumir diferentes perspectivas, ou sofrerem a
influência de diversos mecanismos psicológicos. É a partir daí que Binder alerta
sobre a importância de se ver a atividade exercida pelo trabalhador como parte de
um sistema muito mais complexo e abrangente (BINDER; MONTEAU; ALMEIDA,
2000).
Das exposições de Binder et al. (2000) denota-se ainda que é inútil para fins
de compreensão do acidente, a adoção da teoria do ato inseguro, eis que não
reproduz conceito passível de tratamento no âmbito dos sistemas de gestão de
segurança e saúde do trabalhador. Na verdade, continua a se denotar que o modelo
sugerido pela teoria do ato inseguro acaba por elidir qualquer possibilidade de
aprendizado sobre os acidentes, a não ser a falha do trabalhador e atua como
mecanismo de culpabilização dele (BINDER; MONTEAU; ALMEIDA, 2000).
Fica claro, com isso, a justificativa de movimentos ocorridos desde a década
de 1980, movimentos estes influenciados por esta mudança no modo de se ver o
acidente de trabalho. A partir de então, a teoria do ato inseguro passa a sofrer
intensas críticas revelando sua fragilidade quando da análise do acidente de forma
exclusivamente linear.
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técnicos para que o trabalhador possa executar sua tarefa e, finalmente, o meio de
trabalho MT, formado pelo ambiente físico e social no qual se insere o trabalhador.
A atividade, por sua vez, é entendida como a interação efetiva e concreta
desses componentes e o acidente do trabalho como uma das manifestações de
disfunção do sistema, capaz de revelar o caráter patológico de seu funcionamento
(BINDER; MONTEAU; ALMEIDA, 2000).
Dito de outro modo, tem-se que a atividade é a unidade básica de análise a
ser investigada pelo método ADC e consiste na situação de trabalho em que um
indivíduo I, num determinado meio de trabalho MT realiza certa tarefa T, com o
emprego de determinados materiais M. Binder et al. (2000) discorrem sobre esses
quatro componentes da situação de trabalho que, uma vez mobilizados em prol de
uma finalidade do sistema, implicaria na unidade básica de análise, qual seja, a
atividade.
Nesse contexto, extraindo de Binder et al. (2000) os conceitos e de nossa
realidade local os exemplos, o indivíduo compreenderia a pessoa física que exerce
suas funções na organização, levando-se em conta, inclusive seu estado
psicológico. No acidente pode tratar-se da vítima, de identificação imediata, ou de
outros trabalhadores diretamente relacionados com a atividade da vítima, como
integrantes da mesma equipe, encarregados, líderes de produção etc.
A tarefa, por sua vez, se refere, de maneira geral, às ações do trabalhador
que intervêm na finalidade da organização, geralmente consistente na produção de
bens ou serviços. Como exemplos pode-se citar o ato de subir usando uma escada,
a ação de dirigir o veículo, de ministrar a aula, de manusear o triturador de carne,
etc. Já o material diz respeito aos itens do conjunto de meios técnicos e materiais
colocados à disposição do trabalhador para a execução da tarefa. Exemplos desse
componente seriam a escada, o veículo, os materiais didáticos, o triturador de carne,
etc. Por fim, o meio de trabalho é visto como o contexto físico e social que
circunstancia a execução da tarefa pelo trabalhador, sendo exemplos o ambiente da
rede elétrica a ser reparada, as ruas da cidade, a sala de aula ou o recinto do
açougue (BINDER; MONTEAU; ALMEIDA, 2000).
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condições de ensino para os menores de 13 (treze) anos, bem como a idade mínima
de 9 (nove) anos para o trabalho de crianças e adolescentes (RAMAZZINI, 2000).
Segundo Waldvogel (2002), no contexto da Encíclica De Rerum Novarum,
difundida pela Igreja em 1891, demonstra-se o interesse pelas condições de trabalho
dos operários. Dessas preocupações surgem na Alemanha, a partir de 1884, as
primeiras leis que tratam dos acidentes laborais. Tais preceitos acabam por inspirar
a legislação de outros países até chegar ao Brasil com o Decreto Legislativo nº
3.724, de 1919. Conquanto esse decreto tenha sido o primeiro a tratar enfaticamente
do acidente do trabalho no Brasil, é interessante ressaltar que antes de sua
publicação, a legislação voltada para a segurança do trabalhador já se vislumbrava
em dois diplomas do nosso arcabouço jurídico, a saber, o Código Comercial de
1850, onde em seu artigo 78, pode-se ler:
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem a melhoria da sua condição social [...]; XXII: redução dos riscos
inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segurança
[...]; XXVIII: seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador,
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em
dolo ou culpa (Art. 7º da CRFB de 1988).
6 CONCLUSÃO
7 REFERÊNCIAS
BARROS, A. M. Curso de Direito do Trabalho. 10. Ed. São Paulo: LTr, 2016.
MARTINS, S. P. Direito da Seguridade Social. 31. Ed. São Paulo: Atlas, 2011.
MORIN, E. Ciência com Consciência. 2.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
RUELLE, D. Acaso e Caos; tradução de Roberto Leal Ferreira. 1. Ed. São Paulo:
Editora da Universidade Estadual Paulista, 1993.