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ALVENARIA ESTRUTURAL EM BLOCOS CERÂMICOS:ASPECTOS

CONSTRUTIVOS

Cidade
Ano
ALVENARIA ESTRUTURAL EM BLOCOS CERÂMICOS:ASPECTOS
CONSTRUTIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Anhanguera, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Engenharia
Civil.

Orientador (a):

São Paulo
2021
ALVENARIA ESTRUTURAL EM BLOCOS CERÂMICOS:

ASPECTOS CONSTRUTIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Anhanguera, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Engenharia
Civil.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a).

Prof(a).

Prof(a).

Prof(a).
São Paulo, dia de maio de 2021.

Dedico este trabalho...


AGRADECIMENTOS
Epígrafe (retire o título “epígrafe)
. Alvenaria Estrutural em Blocos Cerâmicos: Aspectos Construtivos. 2021. 38.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Anhanguera,
São Paulo, 2021.

RESUMO

O sistema da alvenaria estrutural vem se tornando bastante eficaz devido à


facilidade construtiva, além dos métodos e características que a mesma possui. No
Brasil, os blocos cerâmicos apresentam bastante qualidade e resistência, se
tornando uma ótima alternativa para construir moradias de baixo, médio ou alto
padrão, em habitações com projetos específicos, que procuram obter um menor
custo e uma melhor qualidade na edificação. As fábricas existentes e as inovações
das mesmas também contribuem para a escolha desse método construtivo em
diversos tipos de obras. Apesar de ser produtiva, a sua execução é o que torna um
grande problema, pois é necessário um controle de qualidade bastante rigoroso
devido ao uso da alvenaria. Para que a construção tenha o menor número de falhas
o cuidado na execução é essencial. Este trabalho trata-se de uma pesquisa
bibliográfica, que mostrará as etapas necessárias e possíveis na construção com
blocos cerâmicos sem comprometer o desempenho estrutural de uma edificação,
salientando a eficiência e a segurança desse sistema para o mercado atual.

Palavras-chave: Alvenaria estrutural. Blocos cerâmicos. Qualidade. Execução.


. Alvenaria Estrutural em Blocos Cerâmicos: Aspectos Construtivos. 2021. 38.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil) – Anhanguera,
São Paulo, 2021.

ABSTRACT

The structural masonry system has become quite effective due to its easy
construction, in addition to the methods and characteristics that it has. In Brazil, the
ceramic blocks have a lot of quality and resistance, becoming a great alternative to
build low, medium or high standard houses, in houses with specific projects, which
seek to obtain a lower cost and a better quality in the building. The existing factories
and their innovations also contribute to the choice of this construction method in
different types of works. Despite being productive, its execution is what makes it a big
problem, since a very strict quality control is necessary due to the use of masonry.
For the construction to have the least number of failures, careful execution is
essential. This work is a bibliographic research, which will show the necessary and
possible steps in the construction with ceramic blocks without compromising the
structural performance of a building, emphasizing the efficiency and safety of this
system for the current market.

Keywords: Structural masonry. Ceramic blocks. Quality. Execution.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Ponteão de Agripa. ................................................................................. 16


Figura 2 – Catedral de Remis. ................................................................................. 16
Figura 3 – Tipos de Blocos Cerâmicos .................................................................... 23
Figura 4 – Argamassa ............................................................................................. 24
Figura 5 – Verga, Contaverga e Cinta de amarração superior ................................ 25
Figura 6 – Marcação da primeira fiada .................................................................... 26
Figura 7 – Elevação da alvenaria ............................................................................ 27
Figura 8 – Parede na fiada do respaldo .................................................................. 28
Figura 9 – Custo de um projeto ............................................................................... 30
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


NBR Norma Brasileira
UNAMA Universidade da Amazônia
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. HISTÓRIA DA ALVENARIA ......................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3. PROCESSO DE EXECUÇÃO DA ALVENARIA ................................................ 21
3.1 COMPONENTES DA ALVENARIA .................................................................... 22
3.1.1 Blocos cerâmicos ............................................................................................. 22
3.1.2 Argamassa ....................................................................................................... 23
3.1.3 Graute .............................................................................................................. 24
3.1.4 Armaduras ........................................................................................................ 24
3.1.5 Vergas e contravergas ..................................................................................... 25
3.1.6 Cintas ............................................................................................................... 25
3.2 ETAPAS DA EXECUÇÃO .................................................................................. 26
3.2.1 Marcação da alvenaria ..................................................................................... 26
3.2.2 Elevação da alvenaria ...................................................................................... 27
3.2.3 Grauteamento .................................................................................................. 27
3.2.4 Respaldo da alvenaria ...................................................................................... 28
4. PLANEJAMENTO E PRODUTIVIDADE NOS ASPECTOS CONSTRUTIVOS
ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
4.1 PRODUTIVIDADE CONSTRUTIVA ................................................................... 31
4.1.1 Possíveis erros construtivos ............................................................................. 32
4.2 UTILIZAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS.......................................................... 32
4.2.1 Vantagens ........................................................................................................ 32
4.2.2 Desvantagens .................................................................................................. 33
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 35
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36
13

INTRODUÇÃO

A alvenaria é um sistema de construção que está presente na maioria das


vezes em todas as obras de edificações, tendo como principal característica sua
aplicação como vedação ou função estrutural para suportar as cargas de uma
edificação, sendo utilizada há milhares de anos, desde os seus primórdios. Devido
a sua boa produtividade esse método é bastante empregado no Brasil,
principalmente por conta das dimensões dos blocos utilizados, que neste trabalho
foi com blocos cerâmicos.

O sistema construtivo em alvenaria estrutural é uma técnica comum e


bastante utilizada, tendo como principal elemento a rocha. Com o passar dos anos
foram introduzidos outras composições, como a argila, e diferentes tipos de
processos foram estabelecidos, possibilitando uma variabilidade de blocos, de
diferentes resistências e tamanhos, compostos por: blocos cerâmicos, blocos de
concreto, tijolos de cerâmicos maciços, entre outros.

O tema deste estudo está relacionado ao sistema de construção das


paredes de uma edificação a partir de blocos cerâmicos, identificando as fases
importantes do processo e os desafios encontrados nas etapas de execução de
uma obra. De acordo com as técnicas construtivas estudadas e pesquisadas
sobre a alvenaria com blocos cerâmicos, quais os processos de todo esse
projeto? E quais as vantagens e desvantagens para a execução?

Foram realizados diversos estudos para se conseguir uma melhor


qualidade e um excelente custo benefício entre os sistemas de construção da
alvenaria estrutural. Esse trabalho objetivou descrever todas as etapas
relacionadas ao processo construtivo em alvenaria de estruturas, à agilidade em
sua execução, ao sistema estrutural, e como essa escolha acabou se tornando
uma ótima alternativa para determinados tipos de edificações, relatando a história
da alvenaria estrutural, descrevendo o processo de execução ao utilizar blocos
cerâmicos, enfatizando a importância do planejamento e da produtividade nos
aspectos construtivos, apresentando as vantagens e desvantagens desse método.

A pesquisa foi realizada com levantamento bibliográfico, realizando a


interpretação dos projetos encontrados, fazendo a comparação entre os mesmos
14

para um processo qualitativo. Para o desenvolvimento desse projeto foi necessário


apresentar uma fundamentação teórica que se baseia em um estudo de revisão
bibliográfica ou revisão literária, com pesquisas relacionadas ao tema escolhido,
utilizando palavras-chaves como blocos cerâmicos, o tipo de sistema construtivo e
a construção civil, com autores renomados, além de monografias de TCC, livros,
dissertações de mestrado e artigos científicos, além de notas de aula do professor
e também orientadora deste trabalho, Bruna Souza. As consultas destes trabalhos
foram encontradas por meio de sites específicos de acordo com as palavras-
chaves ditas anteriormente, e o período de artigos consultados foi os trabalhos
publicados nos últimos 25 anos.
15

2 HISTÓRIA DA ALVENARIA

A alvenaria estrutural começou a ser utilizada pelos povos persas, onde os


mesmos faziam suas construções com tijolos queimados ao sol, que com o passar
do tempo foram sendo utilizados nas construções, em templos, e em obras de
grande porte com uma maior rigidez.
A alvenaria é um método construtivo utilizado em todo o mundo desde a
antiguidade para construir edificações. De forma geral, “a alvenaria é o conjunto de
peças coladas em sua interface, por uma argamassa apropriada, formando um
elemento vertical coeso”. (TAUIL, NESE, 2010, p. 19). No início da atividade humana
era utilizado o empilhamento de pedras para a sua construção, juntamente de um
modelo seguro e aceitável para a época, que tinha como única função suportar as
cargas de compressão.
De acordo com os monumentos históricos, pode-se perceber que muitas
dessas obras foram utilizadas da alvenaria estrutural, a exemplo do “Panteão de
Agripa em Roma”, de acordo om Duarte (1999, p. 11), como mostra na Figura 1.
Ramalho e Corrêa (2003, p. 1-3), também relatam sobre as “Pirâmides do Egito,
onde foram utilizados blocos de pedra assentadas”, pelo método de empilhamento;
“o Farol de Alexandria”, onde o mesmo foi destruído devido a um terremoto; “o
Coliseo”, uma arena construída para milhares espectadores; “as Catedrais Góticas
na França como a Catedral de Reims”. Ressaltando ainda “a importância da
utilização de arcos nas estruturas”, mostrado na Figura 2, pois a partir disso
possibilitaram a criação de grandes vãos nas estruturas, no decorrer da história.
16

Figura 1 – Ponteão de Agripa.

1
Fonte: Página do Viva de Cora .

Figura 2 – Catedral de Remis.

2
Fonte: Página do Tripadvisor .

Por um longo período, o processo construtivo obteve uma estagnação, pois


não existiam normas para o dimensionamento das estruturas. De acordo com
Camacho (2006, p. 9), “a partir das novas técnicas aplicadas, da criação de normas,
e cálculos de dimensões, a alvenaria voltou a ser empregada no mercado”,
afirmando que (2006, p. 9),

1
Disponível em: <https://www.vivadecora.com.br/pro/curiosidades/panteao-roma/>. Acesso em: 15
mar. 2021.
2
Disponível em: <https://www.tripadvisor.com.br/ShowUserReviews-g187137-d230790- r231454786-
Cathedrale_Notre_Dame_de_Reims-Reims_Marne_Grand_Est.html>. Acesso em 15 mar. 2021.
17

Na década de 50 a utilização de alvenaria ganhou novo impulso após a


realização de experimentações na Europa, com isso foi possível à criação
de novas normas para o projeto e a execução de obras, fazendo com que
as mesmas se tornassem competitivas, comparadas as demais técnicas
existentes.

A alvenaria era trabalhada apenas como função estrutural, onde todos os


seus elementos eram responsáveis pelo suporte e pela sustentação de toda a
edificação. Esse processo foi se desenvolvendo ao longo dos anos a partir da
criação dos tipos de estruturas, em que a alvenaria é utilizada com o objetivo de
vedação, onde sua principal função é sustentar seu próprio peso, deixando o suporte
para as vigas e os pilares. Devido a esse método construtivo, na atualidade há
diversas edificações que ainda utilizam desse processo perante a aceitação do
consumidor e da boa qualificação de mão de obra.
Duarte (1999, p. 11) ressalta que,

Edificações monumentais em alvenaria de pedras e tijolos ainda


permanecem em pé, há mais de 2000 anos passadas de sua construção, e
algumas ainda utilizadas, num testemunho da durabilidade e aceitação
deste material e deste sistema construtivo ao longo do tempo.

Como é dito logo acima, o uso de paredes resistentes de alvenaria nas


estruturas, não se classifica como uma inovação de tecnologia recente. Dos dias
atuais até os tempos antigos, o material mais seguro, durável e utilizado era a
alvenaria, sendo o único aceito nas estruturas de edificações de grande porte. No
Brasil, “a alvenaria com blocos estruturais, que pode ser encarada como um sistema
construtivo mais elaborado e voltado para a obtenção de edifícios mais econômicos
e racionais demorou muito a encontrar seu espaço” (RAMALHO, CORRÊA, 2003, p.
4-5).
Logo, no Brasil, “a alvenaria estrutural iniciou no período colonial, com o uso
de pedras e tijolos de barro cru. E, a partir de 1850, surgiram os primeiros avanços
na técnica construtiva utilizando tijolos de barro cozido.” (SANTOS, 1998, p. 9). Um
exemplo desta utilização é o Teatro Municipal em São Paulo, inaugurado em 1911,
totalmente estruturado em paredes de alvenaria, e o conjunto habitacional Central
Parque da Lapa, em 1966 com os primeiros edifícios. De acordo com Tavares
(2011), “foi devido a essas construções que na época o Brasil ficou bastante
conhecido, através do seu método utilizado”.
18

Desde o século XIX, vêm sendo desenvolvidas teoria, cálculos, normas, de


acordo com o dimensionamento das edificações, há vários relatos referente a esses
estudos experimentais e teóricos. De acordo com Sabbatini (2003, p. 5), foi apenas
“na década de 80 que foi consolidada a normatização oficial da alvenaria”. A
alvenaria estrutural pode ser considerada um método inovador, devido ao sistema
construtivo, onde são utilizados vigas e pilares, e os próprios blocos tem a função de
suportar as cargas da edificação, reduzindo assim os desperdícios de materiais na
obra, com um método que se torna simples e barato ao mesmo tempo.
Os materiais mais utilizados na alvenaria são a argamassa de assentamento
e os blocos, que com as mudanças e o desenvolvimento da área acabaram sofrendo
algumas modificações. Com o avanço dessa área foi obtido uma imensa variedade
quanto às características e os tipos desses materiais, que tinham como único
objetivo atender as exigências técnicas e trazer eficiência ao produto final.
De acordo com Ramalho e Corrêa (2003, p. 9),

[...] considerando-se os parâmetros no Brasil, pode-se afirmar que a


alvenaria estrutural é adequada a edifícios no máximo 15 ou 16 pavimentos.
Para estruturas com um número de pavimentos acima desse limite, a
resistência à compressão dos blocos encontrados no mercado não permite
que a obra seja executada sem um esquema de grauteamento
generalizado, o que prejudica muito a economia. Além disso, mesmo que a
resistência dos blocos pudesse ser adequada quanto à compressão, às
ações horizontais começariam a produzir tensões de tração significativas, o
que exigiria a utilização de armaduras e graute. E se o número de pontos
sob essas condições for muito grande, a economia da obra estará
irremediavelmente comprometida.

Ramalho e Corrêa ainda afirmam que (2003, p. 10), “a alvenaria estrutural é


muito mais adequada a edifícios residenciais de padrão médio ou baixo, onde os
ambientes, e também os vãos, são relativamente pequenos.”. Apresentam também
algumas vantagens e desvantagens em relação a esse processo construtivo, como:
a economia de fôrmas que se limitam a execução de lajes, sendo essas baratas e
reaproveitáveis; a redução de especialidades profissionais amadores e carpinteiros
que deixam de ser necessários; e a adaptação da Arquitetura para um novo uso, ou
seja, como as paredes são a estrutura da edificação, mudanças no arranjo
arquitetônico não são possíveis. Como uma edificação tende a sofrer mudanças
para a adaptação de seus usuários ao longo do tempo, esse problema torna-se
bastante grave e relevante. É um problema inibidor de vendas.
19

Segundo Tauil e Nesse (2010, p. 42), “o sistema construtivo pode ser dividido
em duas categorias, a alvenaria armada e a não armada”. A primeira devido as suas
exigências na estrutura recebe armaduras em pontos pertinentes dos blocos, que
em seguida é preenchido com graute3, que serve para dar união entre a alvenaria. A
diferença é que para a alvenaria não armada não é necessário incluir o graute.
“Existem diversas etapas para se executar uma alvenaria estrutural com
blocos cerâmicos” (ITALIANO, 2017, p. 4), a primeira diz respeito à marcação da
primeira fiada que serve para dar base a todo o assentamento no serviço que será
executado, que deve ser feita de acordo com o projeto arquitetônico. Em seguida
inicia-se a elevação da primeira elevação, ou seja, a sobreposição dos demais
blocos estruturais sobre a primeira fiada, estando atento ao alinhamento e ao nível
dos blocos.
De acordo com Nichele (2014, p. 24-25), “é necessário realizar um estudo do
projeto a fim de garantir que a alvenaria tenha uma grande quantidade de blocos
inteiros”, proporcionando assim uma eficiência e uma maior economia. A terceira
etapa é a marcação de janelas e portas mantendo o controle das espessuras das
juntas, facilitando assim, ainda mais o assentamento dos blocos. Chegando à última
fiada é necessária fazer a ligação das paredes por meio da execução do
grauteamento, assim como em todas as etapas anteriores.
Segundo Pastro (2007, p. 13), “um bom sistema construtivo precisa estar
compatível com os outros projetos que o compõem”, para a sua execução e
finalização, como os de modulação da alvenaria, os hidráulicos e os elétricos. Pois
na grande maioria deles, são realizados no interior da parede, em conjunto com a
construção, para que não haja complicações, desperdícios, atrasos ou custos
posteriores. Ou seja, se deve ter um máximo de controle em toda a execução do
projeto, para minimizar qualquer tipo de manifestação patológica ou fissura que
possa surgir.
Como dito anteriormente, esse método construtivo proporciona uma redução
de custo na obra e uma grande produtividade. Segundo Sabbatini (2003, p. 8), ela
deve ser “utilizada como estrutura suporte em edifícios, e seu uso deve pressupor”:

3
Uma pasta de argamassa, fluida, utilizada para o preenchimento de espaços vazios, em locais de
difícil acesso.
20

 Segurança pré-definida, como no caso de outros tipos de estruturas;


 Projeto e construção devem ser conduzidos por profissional habilitado;
 A construção deve ser fundamentada em projeto estrutural.
21

3 PROCESSO DE EXECUÇÃO DA ALVENARIA

De acordo com Camacho (2001, p. 12) o sistema construtivo é um “processo


de elevado nível de industrialização e de organização, constituído por um conjunto
de elementos e componentes completamente integrado pelo processo”. Ou seja, se
caracteriza como um processo que possui vários elementos, voltados para as
mesmas características para chegar a um resultado satisfatório. Toda obra possui
um sistema construtivo ideal para a execução, sejam indústrias, galpões, barragens,
entre outros, têm um processo de estudo de cada obra para a devida realização.
Segundo Tauil (2010, p. 45) é definido como alvenaria “o conjunto de peças
justapostas coladas em sua interface, por uma argamassa apropriada, formando um
elemento vertical coeso”. Esses conjuntos de materiais proporcionam algumas
características, como vedar determinados espaços, promover a segurança, resistir a
impactos e a cargas, isolar e proteger os ambientes, impedir também a ação das
intempéries, como sol, chuva, entre outros.
Segundo Faria (2017, p. 5),

Alvenaria estrutural é um processo construtivo que emprega blocos vazados


na construção de paredes que em sua maioria desempenham função
estrutural, substituindo as funções das vigas e pilares de uma estrutura
convencional reticulada, além da função de vedação.

Percebe-se que independente do conceito determinado, a alvenaria como um


todo abrange determinadas características voltadas para uma obra específica,
realizando modificações de acordo com a sua execução, não deixando de realizar
sua própria função, se diferenciando em estrutural (podendo ser armada ou não
armada), vedação e em solo-cimento. A alvenaria possui unidades, formando
componentes industrializados que compõem a alvenaria estrutural ou a de vedação,
“apresentando diferentes dimensões ou formas, compatíveis com a modulação
adotada, sendo confeccionados em diferentes materiais: concreto, cerâmica“.
(CARVALHO, 2007, p. 68).
Segundo Ramalho e Corrêa (2003, p. 9), “a execução da alvenaria estrutural
custa mais que uma alvenaria de vedação, mas esse custo é compensado com folga
com a eliminação dos pilares e vigas na estrutura”. Contudo, Duarte (1998, p. 9-10)
22

ressalta que “o emprego de blocos estruturais, associado com a pressão pela


redução do custo da obra aumenta o surgimento de falhas na construção”.
Como dito anteriormente, a alvenaria se constitui de algumas partes, que
garantem determinada funcionalidade, destacando alguns conceitos como
componentes e elementos. Segundo Corrêa e Ramalho (2003, p. 13),

Entende-se por componente da alvenaria uma entidade básica, ou seja,


algo que compõe os elementos que, por sua vez, comporão a estrutura, ou,
para a NBR 15812 (2010), a menor parte constituinte dos elementos da
estrutura da alvenaria. Já os elementos, é uma parte suficientemente
elaborada da estrutura, sendo formados por pelo menos dois dos
componentes anteriormente citados.

Dessa forma como exemplo, têm-se os componentes que são os blocos,


argamassa, graute e armadura, enquanto que os elementos são as paredes, pilares,
cintas, vergas e contravergas, ou seja, quando dois ou mais componentes se unem
são chamados de elementos da alvenaria. Os blocos são os componentes básicos
da alvenaria, que tem por definição “ser um componente de alvenaria que possui
furos prismáticos perpendiculares às faces que os contém”, de acordo com a NBR –
Norma Brasileira 15.270 - 2 (2005, p. 1).
Há uma grande variedade de tipos de blocos existentes, que se diferencia de
acordo com o tipo de material que irá ser empregado em cada construção, podendo
ser “de cerâmica, concreto, solo-cimento, silício-calcário, concreto celular, entre
outros” (NBR 15.270 - 2, 2005). Segundo Ramalho e Corrêa (2003, p. 10), de forma
geral, “quanto mais resistente o bloco, mais resistente será a alvenaria”.

3.1 COMPONENTES DA ALVENARIA

3.1.1 Blocos cerâmicos

Tem por finalidade vedar os espaços, existindo uma grande variedade de


blocos cerâmicos no mercado, sendo utilizados mais para a alvenaria de vedação,
onde se diferencia pelos seus modelos e tamanhos, dependendo da quantidade de
furos e de suas dimensões. Sua escolha depende muito do projeto construtivo,
sendo que o mais utilizado seja o de 8 furos (9x19x19), como mostra a Figura 3
abaixo.
23

Figura 3 - Tipos de Blocos Cerâmicos.

4
Fonte: Página da Leroy Merlin .

De acordo com a Norma Brasileira 15.270-2 (2005) eles se diferenciam em,

Bloco Cerâmico Estrutural: Componente da alvenaria estrutural que possui


furos prismáticos perpendiculares às faces que os contêm; Bloco Cerâmico
Estrutural de Paredes Vazadas: Componente da alvenaria estrutural com
paredes vazadas, empregado na alvenaria estrutural não armada e armada;
Bloco cerâmico estrutural com paredes maciças: Componente da alvenaria
estrutural cujas paredes externas são maciças e as internas podem ser
paredes maciças ou vazadas, empregado na alvenaria estrutural não
armada e armada; Bloco Cerâmico estrutural perfurado: Componente da
alvenaria estrutural cujos vazados são distribuídos em toda a sua face de
assentamento, empregado na alvenaria estrutural não armada.

3.1.2 Argamassa

Para Ramalho e Corrêa (2003, p. 7-8), a argamassa de assentamento, como


mostra na Figura 4, possui a “função de unir as unidades básicas da alvenaria,
transmitir os esforços e uniformizar as tensões, absorver pequenas deformações e
prevenir a entrada de vento e agua nas edificações”. Elas podem ser
industrializadas, adicionando apenas água para o seu uso, ou produzida na própria
obra, composta por areia, cal, água, cimento e qualquer outro aditivo que melhore a
sua consistência.

4
Disponível em: <https://www.leroymerlin.com.br/blocos-ceramicos>. Acesso em 29 mar. 2021.
24

Figura 4 - Argamassa.

5
Fonte: Página da Quartzolit .

Para Sabbatini (2003, p. 16) afirma que,

A argamassa de assentamento dos blocos deve promover uma adequada


aderência entre os blocos e auxiliar na dissipação de tensões, de modo a
que sejam evitadas fissuras na interface bloco-argamassa e a garantir o
desempenho estrutural e a durabilidade esperada da parede de alvenaria.

3.1.3 Graute

O graute pode ser entendido como um fluído que escorre pelos furos dos
blocos, ou seja, ele preenche essas camadas, cobrindo e preenchendo pontos
específicos da estrutura. Ramalho e Corrêa (2003, p. 8), definem “como um concreto
bastante fluido e composto com agregados de pequena dimensão”.
Segundo Sabbatini (2003, p. 17), o sua função é, “permitir que a armadura
trabalhe conjuntamente com a alvenaria quando solicitada; aumentar à resistência a
compressão da parede nos locais que foi aplicado; impedir a corrosão da armadura,
que fica coberta por ele”.

3.1.4 Armaduras

5
Disponível em: https://www.quartzolit.weber/solucoes-tecnicas-quartzolit-para-reparos-protecao-e-
reforco/como-fazer-argamassa-com-mais-liga>. Acesso em: 01 abr. 2021.
25

É envolta pelo graute, onde a principal função é combater os esforços de


tração. Ramalho e Corrêa (2003, p. 8) definem como,

As barras de aço utilizadas nas construções em alvenaria são as mesmas


utilizadas nas estruturas de concreto armado, mas nesse caso, serão
sempre envolvidas por graute para garantir o trabalho conjunto com o
restante dos componentes da alvenaria.

3.1.5 Vergas e ContraVergas

São componentes estruturais que é inserido nas aberturas e nos vãos das
paredes, com o propósito de transmitir os esforços para os trechos das paredes e
suas aberturas, como no exemplo mostrado logo abaixo, na Figura 5.
Segundo Thomaz (2009, p. 45),

Vergas são reforços de material resistente à flexão e ao cisalhamento,


introduzida e solidarizada as alvenarias sobre os vãos como os de portas ou
janelas, com a finalidade de absorver tensões que se concentram no
entorno dos vãos, sendo as vergas utilizadas na parte superior e as contra-
vergas posicionada porção inferior.

Figura 5 - Verga, Contaverga e Cinta de amarração superior.

6
Fonte: Página do blog da liga .

3.1.6 Cintas

De acordo com a Norma Brasileira 15.812 (2010),

6
Disponível em: <https://blogdaliga.com.br/o-que-sao-verga-e-contra-verga/>. Acesso em 02 abr.
2021.
26

Cinta é o elemento estrutural apoiado continuamente à parede, ligado ou


não as lajes ou as vergas dos vãos de abertura, com finalidade de transmitir
de maneira uniforme as cargas ate a parede ou servir de travamento.

Podendo ser executada com blocos tipo canaleta ou de concreto, na parte


inferior ou superior da parede, a exemplo da Figura 5, logo acima.

3.2 ETAPAS DA EXECUÇÃO

3.2.1 Marcação da alvenaria

A primeira etapa da execução é a marcação da alvenaria, como mostra a


Figura 6. De acordo com Sabbatini (2003, p. 20), “a marcação da alvenaria deve
seguir um projeto que especifique precisamente a posição de todos os blocos da
primeira fiada”. Tendo como objetivo o nivelamento das paredes, a argamassa
utilizada deve ser um pouco mais resistente, por isso a não utilização da
industrializada. A NBR 15.812-3 (2010, p. 14) diz que “é extremamente importante à
locação e o posicionamento da primeira fiada, pois nessa etapa as juntas de
argamassa devem estar de acordo com os limites impostos pela norma”.

Figura 6 – Marcação da primeira fiada.

Fonte: Maiorano, C. C; Lima, P. V. M. C. Estudo Comparativo entre Alvenaria de


7
Bloco Cerâmico de Vedação e a Tecnologia Drywall para ambientes internos .

7
Disponível em:
<https://ri.cesmac.edu.br/bitstream/tede/508/1/ESTUDO%20COMPARATIVO%20ENTRE%20ALVEN
ARIA%20DE%20BLOCO%20CER%C3%82MICO%20DE%20VEDA%C3%87%C3%83O%20E%20A
%20TECNOLOGIA%20DRYWALL%20PARA%20AMBIENTES%20INTERNOS.pdf>. Acesso em 21
abr. 2021.
27

3.2.2 Elevação da alvenaria

O processo de execução da alvenaria deve seguir o projeto estabelecido, não


pulando nenhuma das etapas. Na elevação, as fiadas vão sendo colocadas umas
sobre as outras, verticalmente, como mostra a Figura 7. De acordo com Richter
(2007, p. 55), “a elevação com blocos cerâmicos é uma etapa fundamental para
garantir a qualidade da edificação, garantindo a conformidade, confiabilidade,
desempenho e durabilidade”. Outro ponto importante é garantir que seja utilizado o
maior número de blocos inteiros, fazendo com que tenha uma maior economia e
uma rapidez na própria execução. A NBR 8545 (1984, p. 5) diz que, “o
assentamento dos componentes cerâmicos deve ser planejado de tal forma que nos
encontro de paredes sejam realizadas juntas de amarração”.

Figura 7 – Elevação da Alvenaria

8
Fonte: Página da construção civil tips .

3.2.3 Grauteamento

Essa etapa é bastante importante, sendo realizada na metade da elevação da


alvenaria e na última fiada, para o bom funcionamento da estrutura. Sabbatini (2003,
p. 22) afirma que, “na alvenaria cerâmica é essencial à saturação prévia dos blocos

8
Disponível em: <https://construcaociviltips.blogspot.com/2011/07/elevacao-da-alvenaria-paredes-
de.html>. Acesso em 21 abr. 2021.
28

nos vazados verticais para que a retração hidráulica excessiva não prejudique o
desempenho esperado”.

3.2.4 Respaldo da alvenaria

De acordo com a Associação Brasileira da Construção Industrializada (1990,


p. 33),

O respaldo vem a ser a última fiada de blocos ou tijolos da parede que


receberá o encunhamento no caso de parede de vedação fechando uma
estrutura ou receberá a laje no caso de alvenarias estruturais. Ou será uma
cinta no caso de a parede ser um parapeito, um muro, uma mureta, uma
platibanda, etc.

Como mostra a Figura 8, em uma parede na altura do respaldo, feita no local


com a utilização de blocos, criando uma junta de dilatação entre a laje da cobertura
e a alvenaria.

Figura 8 – Parede na fiada do respaldo.

9
Fonte: Página da rrg .

9
Disponível em:
<http://www.rrg.com.br/media/uploads/pdf/sistema_da_qualidade/3_pes/PES.017%20R00%20-
%20Alvenaria%20Estrutural%20-%20Blocos%20%20Cer%C3%A2micos.pdf>. Acesso em 22 abr.
2021.
29

4 PLANEJAMENTO E PRODUTIVIDADE NOS ASPECTOS CONSTRUTIVOS

Antes mesmo de fazer todo o orçamento referente aos componentes da


alvenaria, é necessário fazer um planejamento de projeto e de produção, para que
tudo se adeque ao cliente, e ao tipo de obra pretendido. Tauil e Nese (2010, p. 108)
definiram um projeto em alvenaria estrutural como,

Projeto é um esforço temporário empreendido a partir da coleta de


informações provenientes do cliente, que serão interpretadas, analisadas,
discutidas, conceituadas e enquadradas legal e tecnicamente por uma
equipe de profissionais, por uma equipe técnica, gerando um resultado
exclusivo para a criação de uma edificação em alvenaria estrutural.

Essa etapa é muito importante e essencial para a qualidade no


empreendimento, seja para a rapidez na execução, ou para prever imprevistos, que
acaba se tornando essencial para um projeto ímpar, com todos os custos e futuros
gastos contabilizados. Gregório (2010, p. 32) afirma que “a qualidade do produto
final fica comprometida já que muitas das decisões são tomadas num momento em
que a obra já foi iniciada”. Ou seja, por isso o planejamento deveria se tornar
essencial para um sistema construtivo, para que os imprevistos que possam vir a
ocorrer tenham sido calculados para ter soluções cabíveis e necessárias, sem
comprometer a estrutura.
Para Sabbatini (2003, p. 19), “a construção em Alvenaria Estrutural deve
obedecer a técnicas específicas e métodos construtivos que proporcionem
segurança na estrutura e confiabilidade na mesma”. Assim como os projetos ou
qualquer tipo de estrutura, é necessário seguir as normas de segurança específicas
para que não tenha nenhum tipo de desconforto para a utilização da mesma.
Gerenciar a obra é essencial para o andamento da mesma, ter um pequeno
conhecimento de todas às etapas que a gerem acaba se tornando essencial e
assertiva para a execução da mesma. A Associação Brasileira da Construção
Industrializada (1990, p. 73) afirma que,

Uma boa execução de alvenaria estrutural de blocos exige que o pedreiro


saiba com manusear as ferramentas de trabalho necessárias, tais como
colher, prumo, nível, régua, escantilhão, esquadro, etc. É de extrema
importância também que o pedreiro saiba colocar a quantidade certa de
argamassa nos blocos, para que juntas fiquem uniformes e o desperdício de
material seja o menor possível.
30

Na Figura 9, constatamos as etapas necessárias para o bom andamento de


um projeto/obra, e o quão é necessário e importante seguir esse passo a passo, em
relação à qualidade e ao custo de um determinado projeto.

Figura 9 – Custo de um projeto.

10
Fonte: FERREIRA, J. W. Construtibilidade em projetos de engenharia .

Ferreira (2015, p. 8) ainda cita que construtibilidade “é o uso ótimo do


conhecimento e da experiência em construção no planejamento, projeto, contratação
e trabalho no canteiro, para atingir os objetivos globais do empreendimento”. Ou
seja, é o conjunto de algumas etapas que acabam se tornando eficaz na construção,
no planejamento e no projeto.
Assim, outros projetos surgem posteriores ao principal, como no caso da
instalação predial e o projeto estrutural, em que os dois precisam estar em
funcionalidade, dependendo um do outro para o andamento e a concretização da
obra. Para Kalil e Leggerini (2004, p. 23-24), “um dos fatores mais importantes que
afetam diretamente a qualidade de um projeto concebido em alvenaria estrutural é a
necessidade de haver a compatibilização entre todos os projetos de edificação”. Ou

10
Disponível em:
<https://www.academia.edu/5401062/CONSTRUTIBILIDADE_EM_PROJETOS_DE_ENGENHARIA>.
Acesso em 20 abr. 2021.
31

seja, os dois projetos precisam estar diretamente alinhados um com o outro para
evitar um retrabalho ou um gasto que não estava no orçamento inicial.

4.1 PRODUTIVIDADE CONSTRUTIVA

A tecnologia construtiva oferece um grande potencial na importância da


alvenaria estrutural, no planejamento construtivo da obra como um todo. A alvenaria
estrutural se comporta altamente competitiva no mercado de vendas, principalmente
pela redução de desperdícios que a obra oferece e a sua alta produtividade.
A indústria da construção civil é bastante competitiva, por diversos fatores, e a
alvenaria estrutural acaba se tornando o processo de construção mais rápido e
econômico devido às práticas de planejamento e o auxílio/suporte que os sistemas e
as tecnologias oferecem, seja pelos transportes de cargas, pelos elementos pré-
fabricados, pela mão-de-obra, ou seja, por todo o processo que demonstra agilidade.
Um bom processo para essa produção é ficar ciente de todas as etapas
necessárias, onde cada material ficará armazenado no canteiro de obra, o prazo que
cada etapa possui, seja a quantidade de material necessário para o andamento da
obra, a quantidade de profissionais necessários, as técnicas e os equipamentos que
serão utilizados na execução, tudo isso deve estar conectado para a devida
finalização. De acordo com Neto, Peluso e Carvalho (2015, p. 28),

Para se garantir a produtividade desse sistema, portanto, é fundamental


mitigar, quiçá eliminar todo tipo de improvisação em obra. Os funcionários
tendem a se “acostumar” a ritmos mais lentos de obra, ou seja, se esta não
contar com equipamentos de transporte capazes de abastecer os pedreiros
de forma adequada – devido a aspectos macro, como a definição dos locais
de armazenamento de materiais e o estudo de fluxo destes – a
produtividade provavelmente cairá.

O planejamento geral da obra está diretamente voltado para o aumento da


produtividade, por isso a necessidade de conhecer os recursos disponíveis, os
serviços e as suas interferências, as etapas, as tarefas necessárias e os
colaboradores, para um melhor aproveitamento da mão de obra. Melo (2006, p. 35)
acredita que,

A atuação em conjunto dos responsáveis pelo processo projetual com a


execução concomitante das diversas etapas de um projeto, por meio de um
32

grupo multidisciplinar, muitos desses problemas de interferência podem ser


minimizados.

4.1.1 Possíveis erros construtivos

A importância de um planejamento e de um projeto é justamente para não


ocorrer falhas na obra de alvenaria estrutural. Por isso a necessidade de colocar
todas as etapas em prática, e que as tolerâncias dos processos sejam devidamente
respeitadas para não ocorrer futuras anomalias. Duarte (1998, p. 10) afirma que, “as
fissuras presentes na alvenaria em edificações causam grande preocupação aos
seus usuários, que geralmente são leigos no assunto”.
Camacho (2006, p. 100) diz que, “as paredes construtivas de maneira errada,
desaprumadas ou desalinhadas, produzem cargas excêntricas não previstas em
projetos, acabando em uma redução da resistência da mesma”.

4.2 UTILIZAÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS

No Brasil a utilização dos blocos cerâmicos vem crescendo muito, fazendo


com que a escolha desse método seja uma alternativa bem interessante. Apesar de
requerer bastante cuidado na sua execução, ela é muito produtiva quando bem
gerenciada e planejada. Comumente sendo utilizada em prédios de até 15
pavimentos ou em moradias de baixo custo, ela obtém um baixo custo e acaba
tendo uma agilidade em todo o processo.

4.2.1 Vantagens

Unama (2009, p. 3), cita algumas vantagens ao utilizar blocos cerâmicos na


alvenaria de vedação:

 Bom isolamento térmico e acústico;


 Boa estanqueidade a água;
 Boa resistência ao fogo;
 Durabilidade superior a cem anos, sem proteção e sem manutenção;
33

 Facilidade de composição dos elementos de qualquer forma e dimensão;


 Sem limitação de uso em relação às condições ambientais;
 Baixa inversão de capital na produção;
 Total disponibilidade de matéria prima;
 Produção não poluente, sem geração de resíduos prejudiciais ao meio
ambiente.

Ramalho e Corrêa (2003, p. 11) ainda fala sobre a:

 Economia de fôrmas;
 Redução significativa nos revestimentos;
 Redução nos desperdícios de material e mão-de-obra;
 Redução de especialidades;
 Agilidade na execução.

4.2.2 Desvantagens

Unama (2009, p. 3) também cita:

 Como não necessita de um projeto de alvenaria, as soluções construtivas são


improvisadas durante a execução dos serviços;
 Qualidade deficiente dos materiais utilizados e da execução;
 Muitos retrabalhos na execução dos rasgos para passagens das tubulações
hidráulicas e eletrodutos;
 Necessidade de revestimentos adicionais para buscar uma textura lisa.

Ramalho e Corrêa (2003, p. 11-12) relacionam da seguinte forma:

 Adaptação da arquitetura para o novo uso: como as paredes são a estrutura


da edificação, mudanças no arranjo arquitetônico não são possíveis. Como
uma edificação tende a sofrer mudanças para a adaptação de seus usuários
ao longo do tempo, esse problema torna-se bastante grave e relevante. É um
problema inibidor de vendas;
34

 Interferência entre arquitetônico, estrutural e instalações: os projetos precisam


estar bastante compatibilizados;
 Necessidade de mão-de-obra bem qualificada: o método construtivo exige
uma mão-de-obra apta, exigindo um treinamento prévio antes da execução do
trabalho para que este não apresente, posteriormente, falhas que possam
comprometer a segurança da edificação.
35

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através da pesquisa realizada, pôde-se perceber que a Alvenaria Estrutural


se modificou com o passar dos anos, se apresentando como uma maneira com
bastante eficácia de construção, além de rápida e econômica. Apesar das
dificuldades que a mesma possui, ela acaba se tornando um sistema vantajoso,
principalmente com a utilização de blocos cerâmicos, ao qual foi tema e base para
este trabalho.
A partir da pesquisa bibliográfica, foi constatado que as obras de alvenaria
estrutural de blocos cerâmicos apresentam diversas exposições e um diferencial
frente aos outros sistemas. Apresentando vantagens que proporcionam pequenos
riscos de acidentes no canteiro, de desperdícios de material, além de uma execução
particularmente simples.
Além disso, é um sistema que pode apresentar erros construtivos, seja pela
falta de mão-de-obra qualificada, ou por falhas não solucionadas no decorrer da
obra. E um diferencial é justamente obter um planejamento e um projeto inicial com
todas as etapas necessárias para a conclusão da mesma. Mesmo o projeto não
sendo obrigatório em algumas construções com blocos cerâmicos, acaba se
tornando essencial para o bom andamento e para que todos os procedimentos da
obra saiam como planejados.
É importante salientar todas as limitações que o sistema possui em cada
processo na execução da alvenaria, e obedecer a esses limites é essencial para as
condições e os requisitos necessários para o empreendimento. Além de diminuir os
custos com futuras manifestações ou reparos que poderiam ter sido estudados e
evitados, podendo ser executado com projetos, tecnologias, suprimentos,
organização de produção e gestão de mão-de-obra.
Enfim, fica claro a importância de um projeto em conjunto com um
planejamento, com soluções eficientes, que acarrete em um produto de alta
qualidade com o melhor custo benefício, deixando claro que a alvenaria com a
utilização de blocos cerâmicos é bastante eficiente e seguro para o mercado atual.
36

REFERÊNCIAS

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Técnico de Alvenaria. São Paulo: ABCI; Projeto; PW, 1990.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8545: Execução de


alvenaria sem função estrutural de tijolos e blocos cerâmicos. Rio de Janeiro, 1984.

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alvenaria estrutural e de vedação. Rio de Janeiro, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 15812-2: Alvenaria


estrutural - Blocos cerâmicos Parte 2. Rio de Janeiro, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 15812-3: Alvenaria


estrutural – Blocos cerâmicos Parte 2: execução e controle de obras. Rio de Janeiro,
2010.

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e técnicas de recuperação. Porto Alegre: Cientec, 1999. Boletim técnico n. 25.

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