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dbC da Musica
ISBN 85-336-0914-0
9 788533 609143
"¡X linguagem da música, como
trago em mente,
viva da música."
Tradução
4 Mariana Czertok
Martins Fontes
São Paulo 1998
índice
Agradecimentos XI
Prefácio XIII
Introdução XV
Coda 269
índice de termos 273
Agradecimentos
XI
Prefácio
XIII
ABC da música
XIV XV
ABC da música
Imogen Holst
XVI
Capítulo 1
Sons musicais
VOCÊ ?"
"Onde está
3
O alfabeto musical Sons musicais
é chamado de F R E Q U Ê N C I A . Uma nota aguda tem frequência Estas são as notas "brancas" do piano (o piano não é essen-
maior que uma nota grave. A nota mais grave do piano tem cial para o aprendizado da música, mas é útil porque nele es-
aproximadamente a frequência de 30; a mais aguda, 4000. tão todas as notas o tempo todo). As notas "pretas" são as cin-
As duas notas em "Já VOU!" provavelmente têm co notas "extras", usadas em ocasiões especiais: a disposição
frequências de 440 a 523, mas nenhum músico pensa no nú- delas em grupos de duas e três facilita o reconhecimento da
mero real de vibrações das notas que está cantando. Pode ser posição das notas brancas.
que lhe "dêem" uma nota de apoio num instrumento para que
se posicione, mas daí em diante descobrirá o nível de quais- • 1. N o original as sete notas s ã o : A , B , C , D , E , F, G , pois é este o sistema de no-
quer outras notas relacionando-as à nota de apoio. Alguns t a ç ã o musical adotado pelos povos de língua inglesa, proveniente da tradição gre-
co-romana. Nesse sistema "A" representa o nosso lá. Já nos paises latinos, os no-
músicos, mesmo principiantes, tem o chamado O U V I D O A B S O -
mes das notas remontam às sílabas iniciais de cada verso de u m hino a S ã o João
L U T O : podem encontrar imediatamente a altura do som dese- Batista, composto, em latim, pelo monge beneditino Guido d A r e z z o (990-1050):
4 5
O alfabeto musical Sons musicais
6 7
Capítulo 2
Notação
Ex. 1
' A-mem
9
O alfabeto musical Notação
ponto), e outro ponto bem acima da linha para indicar o sol usada somente para a nota escrita; o som, propriamente dito,
(os pontos eram quadrados por causa do bico da pena usada é chamado "tom". Os músicos americanos dizem "vê-se a
naquela época): nota e ouve-se o tom", mas não é assim na Inglaterra.)
Ainda usamos a letra F para a clave: sua forma passou
Ex. l a :
era uma chave, um código, para o conhecimento do nível de lados da quarta linha da pauta, para representar o nível do
som. som do fá abaixo do dó central:
A letra C também era usada como clave. Um "Amém" co-
Ex. 3a
meçando em dó, e descendo até si poderia ser escrito assim: Fá Mi Fá S o l Lá Sol Fá Mi
Ex. 2
t «
A-mem Essa clave é chamada C L A V E D E B A I X O . É usada para todas
Mais tarde, os músicos medievais acrescentaram três l i - as vozes e instrumentos graves.
nhas horizontais para facilitar a escrita de tons que fossem A C L A V E D O D Ó não é tão usada na notação moderna, mas
mais agudos ou mais graves. As quatro linhas foram chama- ainda é necessária para muitos instrumentos de variação me-
das P A U T A . Os pontos, que representavam as notas ascenden- diana de altura. O C adotou agora a forma IS e é centrado tan-
tes ou descendentes de uma escala, eram escritos alternada- to na terceira linha da C L A V E D E A L T O quanto na quarta linha
mente, N A S L I N H A S ou N O S E S P A Ç O S entre as linhas. Naquele da C L A V E D E T E N O R . A linha que corta sempre representa o ní-
tempo a clave era escrita em qualquer das linhas. Embora as vel de altura do dó central.
linhas da pauta fossem desenhadas distantes igualmente uma
das outras, os cantores sabiam que a distância entre os sons Ex. 2b
nem sempre era igual, pois a posição da clave alertava-os para -H9- D ó S i
Fá Mi Fá S o l Lá Sol Fá Mi
Uma terceira clave surgiu no século X V I . É a C L A V E D E
Al - le - lu - ia, Al - le - lu - ia S O L , usada hoje para todas as vozes e instrumentos agudos. É
Este método de escrita musical é muito parecido com o escrita com uma laçada que circunda a linha da pauta para re-
que usamos hoje. Nós acrescentamos uma linha à pauta. Os presentar o nível de altura do sol acima do dó central. A prin-
pontos são ovais agora, em vez de quadrados, e são chamados cípio essa clave era escrita G ou & . Agora tem uma forma
N O T A S , para representar o som. (Nos EUA, a palavra "nota" é mais ornamental:
10 11
O alfabeto musical Notação
Ex. 3b Ex. 5a
Al - ie - lu - ia, ai - íe - lu - ia
dò-l, rè-l, mi-l. fà-1. sol-1, lá-l. si-l. dói
Ex. 4
O exemplo 5 tem muitas notas de difícil leitura imediata. O
modo mais fácil de reconhecê-las é ler duas ou três delas por
vez, repetindo várias vezes seus nomes antes de prosseguir.
Ler a N O T A Ç Ã O M U S I C A L é como ler o alfabeto de qualquer
As linhas suplementares são usadas para qualquer nota
língua estrangeira; as sílabas escritas devem ser treinadas sob
que esteja acima ou abaixo da pauta. No Ex. 5, as notas bran- a forma de som. Notas isoladas jamais terão sentido musical,
cas do dó mais grave até o dó mais agudo do piano vêm es- mas, à medida que se relacionam umas com as outras numa
critas do modo como são geralmente usadas na descrição do melodia, tornam-se fáceis de lembrar.
diferente nível de altura de cada oitava. O dó central, escrito
como dó3, aparece nas duas claves:
dó-I. ré-1, mi-l, fá-l, sal-l, là-1, si-1. dói. rtl, mil. fàl. solí. lál. sil. dà2. ré2. mi2. fá2. sol2. Iá2. si2. dói
dói. rei. mil. fàl. soil, làl, sil, dó4, ré4, mi4, fà4, sol4, IÓ4, si4, dàS, rèS. mil, fàl, soil, là5, sil, dóô
12 13
Capítulo 3
Frases
Al - le - lu - ia
Ex. 7
*> A l - le lu - ia
Ex. 8
A l - le - lu - ia
15
O alfabeto musical Frases
Ex. 10
16 17
Frases
O alfabeto musical
«1 e ele.
Ex. 19
19
18
Capítulo 4
Escalas modais
(ou oitava)
21
O alfabeto musical Escalas modais
Ex. 23
Ex. 20a
FRIGIO:
22 23
O alfabeto musical
dó ré mi sol lá dó
ré mi sol lá dó ré PARTE I I
mi sol lá dó ré mi RITMO E ANDAMENTO
sol lá dó ré mi sol
lá dó ré mi sol lá
Ex. 26
24
Capítulo 5
Pulsação e valores
27
Pulsação e valores
Ritmo e andamento
29
2«
Capítulo 6
do relógio pode ser usado para contar J = 60, ou para anda-
mentos afins, tais como j = 30 ou j = 120. O M E T R Ó N O M O , apa-
Desenhos rítmicos com
relho com um pêndulo marcador de tempo, fornece a pulsação
seminimas e mínimas
para qualquer andamento desejado. (Qualquer que seja o an-
damento, a proporção o = j j = J J J J permanece malterada.)
Ex. 27a
UM DOIS TRÊS QUATRO UM DOIS TRÊS QUATRO
j j j j l j j j l
Good King Wen - ees - las look'd out
31
30
Desenhos rítmicos com seminimas e mínimas
Ritmo e andamento
da nesse momento). O número superior da fórmula de com- cima - que os tempos devem ser contados com quatro B A T I -
passo indica a quantidade de unidades em cada compasso. D A S por compasso. Quando não há maestro, os intérpretes
sentem as batidas por si próprios. Em toda música medida,
No Ex. 27, cada compasso tem 4 seminimas; a fórmula de
qualquer cantor ou instrumentista está instintivamente atento
compasso, portanto, será \ .
às batidas do compasso, mesmo que já tenha experiência su-
Na observância da combinação de tempo e altura das no-
ficiente para não precisar contá-las.
tas escritas, a fórmula de compasso é grafada entre a clave e
O maestro, para fazer com que os instrumentistas e can-
a primeira nota; as hastes das seminimas e das mínimas são
tores comecem juntos na primeira nota do Ex. 27b, iria con-
desenhadas de baixo para cima, do lado direito da nota, quan-
duzi-los através de uma B A T I D A P R E P A R A T Ó R I A silenciosa, no
do a sua altura está abaixo da terceira linha da pauta, e de
mesmo ritmo da música. Tem-se a impressão de que a batida
cima para baixo, do lado esquerdo da nota, quando está abai-
preparatória faz parte da música. Ela é tão necessária quanto
xo dessa linha central.
a "elevação" do dançarino antes do primeiro passo.
Ex. 27b A primeira batida do compasso é o T E M P O F O R T E .
Não há necessidade de se dar uma ênfase audível, ou
A C E N T O , na primeira batida do compasso, a não ser que a mú-
Ex. 28
^When i " p o Í man cÜe f siJht. Gath - r m E ^ ^ (Modo dórico) Alemã
As duas linhas verticais usadas ao fim de toda peça mu- A linha curva que une as últimas duas notas do Ex. 28 é
sical, ou de cada seção, são chamadas B A R R A S D U P L A S . uma L I G A D U R A D E V A L O R . A ligadura de valor une duas notas
da mesma altura; ela não deve ser confundida com a ligadura
Ao "bater o tempo" no Ex. 27b, o maestro demonstraria
de articulação de notas e alturas diferentes. Notas de mesma
através dos gestos - para baixo, cruzado, para o lado, para
33
32
Ritmo e andamento
Capítulo 7
altura, atadas por urna ligadura, sempre soam como uma só Notas pontuadas e colcheias
nota de som prolongado. em tempo simples e composto
A fórmula de compasso para urna música com três semi-
nimas por compasso é | .
Ex. 29 Alemã
(Em dó)
Ex. 30
(Mixolídio) Alemã
35
34
Ritmo e andamento Notas pontuadas e colcheias em tempo simples e composto
Ex. 31 Ex. 34
(Eólio) P o l o n e s a
(Eólio)
Francesa
Comodamente rápido
36 37
Ritmo e andamento Notas pontuadas e colcheias em tempo simples e composto
andamento, como sempre, dependerá da indicação que vai es- ferente do Ex. 35, onde há três semínimas divididas por com-
crita acima do primeiro compasso: passo; lá, as seis colcheias são contadas " U M e D O I S e T R Ê S e".)
Muito poucas músicas em ^ são lentas o suficiente para
Ex. 37 que sejam contadas seis colcheias por compasso. Músicas rá-
(Eólio) Francesa
Lento ^ ^ ^ pidas em ^ são contadas com uma batida correspondente a
uma semínima pontuada, isto é, com duas batidas (cada bati-
da equivale a três colcheias):
Ex. 40
(Dórico) Inglesa
Músicas em | , com quatro colcheias por compasso, são Rápido e leve
UM
iguais às em \ , com duas seminimas por compasso; apenas
são contadas em colcheias:
Ex. 38 Inglesa
( E m dó)
» m
Chris - se - mas Day, Chris - se - mas Day, There was a pig went
38 39
Ritmo e andamento
Ex. 41
(Eólio) Irlandesa
Muito rápido
40 41
Ritmo e andamento Valores de curta e de longa duração
Ex. 44
(Eólio) I n
8 l e s a No Ex. 46, as notas estão agrupadas da maneira comum,
de acordo com os tempos do compasso. Cada compasso com-
pleto em \ tem dois grupos, e cada grupo tem a duração de
uma semínima. Mas no primeiro tempo dos compassos, 2, 3,
Um P O N T O D U P L O depois de uma nota estende sua duração 4, 5 e 7, os grupos estão S U B D I V I D I D O S em colcheias. Isso fa-
por três quartos. Assim, uma semínima com um ponto duplo cilita a leitura de desenhos rítmicos onde há muitas notas que
equivale a uma semínima, mais uma colcheia, mais uma se- equivalem a uma semínima, tornando mais fácil, também,
micolcheia: contar "um-e-dois-e" quando se aprende música.
Ex. 45 As fusas não são usadas em músicas de andamento muito
(Dórico) Hebraica rápido, pois não haveria tempo suficiente para contá-las. As
notas que parecem ser rápidas são comumente encontradas em
músicas mais lentas. E músicas compostas apenas com míni-
mas e seminimas têm geralmente uma batida rápida.
A nota que tem metade da duração da semicolcheia é a
Quando uma música com quatro seminimas por compas-
FUSA (nos Estados Unidos, "trinta e dois avos de notas"). É
so é cantada ou tocada com muita rapidez, fica quase impos-
escrita ou 0. Duas ou mais são unidas:
sível contar ou conduzir quatro batidas por compasso. A mar-
J F m mmmU Pi mi cação é então reduzida a mínimas, ao invés de seminimas. Há
duas batidas por compasso. A fórmula do compasso é \ (a f i -
(A terceira linha horizontal não indica três; é apenas um sím-
gura inferior é o 2 porque uma semibreve equivale a duas mí-
bolo que representa o fracionamento da semicolcheia.) E di-
nimas; a mínima é uma "meia nota"):
fícil encontrar uma fusa escrita em separado. Vem geralmen-
te agrupada com semicolcheias e colcheias, como no Ex. 46, Ex. 47
(Emdó) ]
onde o desenho rítmico pode ser contado em colcheias - I n g c s a
42 43
Ritmo e andamento Valores de curta e de longa duração
A fórmula do compasso \ indica que há três mínimas em das, às vezes, na música antiga; correspondem às atuais fór-
um compasso. A marcação é feita com três batidas por com- mulas \ e ^ .
passo: Outra fórmula de compasso muito frequente na música
antiga é | , com quatro tempos de mínimas por compasso. Às
Ex. 48
Inglesa
vezes, é usada em hinos.
Em ^, a nota que dura um compasso inteiro é a B R E V E . É
escrita ta ou toe.
Ex. 49
(EóUo) Da ilha de Man
Lento: fluindo tranquilamente
U M e DOIS e TRÊS e
Ex. 50
(Frígio) Inglesa
Moderado
44 45
Capítulo 9
Pausas
Pausa de breve •
Pausa de semínima j
Pausa de colcheia *
Pausa de semicolcheia f
Pausa de fusa £
47
Ritmo e andamento Pausas
etc.
As pausas são tão importantes quanto as notas. Os seus Nas músicas em tempo composto, o silêncio pode ser re-
silêncios nunca são estáticos. Pertencem ao ritmo da música, presentado ou por uma pausa pontuada, ou por duas pausas:
cuja pulsação contínua pode ser sentida através deles:
Ex. 53
J
( E m dó) Escocesa
f - * J i § j j i
48 49
Capítulo 10
Repetições
51
Ritmo e andamento Repetições
Ex. 55a
Muitas músicas têm seções que são repetidas exatamente
com as mesmas notas até quase os últimos compassos. Os si-
nais de repetição comuns são representados por 1 ', en-
quanto que § significa que ao fim da seção repetida, em
vez de tocar ou cantar novamente a passagem assinalada
com T deve-se tocar, no seu lugar, a passagem assinala-
r
da com 2 . O Ex. 43 poderia ser escrito com estes sinais, A expressão D A L S E G N O A L F I N E significa que, em vez de
indicando os compassos que devem ser executados na C A S A voltar ao princípio da música, o cantor ou instrumentista de-
U M ou D E P R I M E I R A V E Z e na C A S A DOIS OU D E SEGUNDA V E Z : ve voltar até o ponto do compasso onde está escrito o sinal V.
Ex. 55
(Dórico) Inglesa
52 53
Capítulo 11
Sumário das fórmulas de compasso
BINÁRIO S I M P L E S :
TERNÁRIO SIMPLES:
QUATERNÁRIO SIMPLES:
í í t
BINÁRIO COMPOSTO:
6 6
4 8 16
9 o 9
T E R N Á R I O COMPOSTO:
14 o 16
QUATERNÁRIO COMPOSTO
9
l
i \l
55
Ritmo e andamento
i jmnr} u j rm IJTTJJ I
Nas fórmulas \ e 4, perfazendo um compasso inteiro, as
colcheias são agrupadas juntas:
1 nu 1 f JJ JJ J J 1
Na fórmula ^, totalizando um compasso inteiro, colcheias
ou semicolcheias são agrupadas juntas:
1 m u j j j j j i
A fórmula de um compasso \ às vezes é definida como
C O M P A S S O C O M U M . Nas antigas edições musicais, um C era
Existem várias fórmulas de compasso que não se encai-
escrito em vez da fórmula \ . Esse C não quer dizer "comum";
xam nas categorias binária, ternária e quaternária. Entre elas
é um resquício do sistema de notação medieval, que represen-
existe a fórmula de compasso Q U I N A R I A Q\\ f ) . Em muitas
6
ta um semicírculo.
das músicas em compasso quinário, podemos sentir o cinco
O sinal é outro legado da Idade Média. Representa a fór-
como 2 + 3 ou 3 + 2. Às vezes, alguns números vêm escritos
mula de compasso \ , e só é encontrado em edições antigas. A
entre parênteses acima do compasso, para indicar qual a divi-
fórmula \ é chamada, às vezes, de A L L Á B R E V E , mas o nome
são correta: se "um dois T R Ê S quatro cinco" ou se "um dois
não é claro, uma vez que se referia originalmente às quatro
três Q U A T R O cinco":
semibreves do compasso. Essas incongruências que apare-
cem de vez em quando são o resultado da adaptação de um
sistema primitivo de notação musical a necessidades muito
diversas. O presente sistema de notação funciona bem, de
modo geral, e devemos nos dar por felizes pelo fato de o rit-
mo, com todas as suas sutilezas, poder ser representado por
figuras musicais escritas.
56 57
Ritmo e andamento
Desenhos rítmicos menos comuns
Ñas fórmulas de compasso S E T E N A R I A S ({\\ ró), na maio- Músicas em tempo composto às vezes podem apresentar
ria das vezes o compasso obedece a uma divisão 3 + 4 ou o tempo dividido em dois, ao invés de três. Essa figura musi-
4 + 3. B A R R A S D E C O M P A S S O P O N T I L H A D A S são frequentemen- cal incomum recebe o nome de D U A S - Q U I Á L T E R A S . O número
te usadas para indicar esse agrupamento: 2 é escrito acima das notas, que são executadas mais devagar
que o normal, pois há apenas duas notas equivalendo à dura-
Ex. 57
Escocesa
ção de três:
Ex. 59
(Pentatônica)
Rápido Australiana (aborigine)
Ex. 58
(Dórico) Inglesa
Comodamente lento
br- m
Um outro modo de se indicar a relação de equivalência do Ex.
Uma tercina pode ser composta tanto de notas e pausas, 60 é escrito assim:
como de notas de valores diferentes. Usa-se colchete para
Ex. 60a
uni-las:
58
59
Desenhos rítmicos menos comuns
Ritmo e andamento
O desenho rítmico pode adquirir um novo e interessante dos como se fossem em E o mesmo ocorre em "in excelsis
Deo". (Esse tipo especial de ritmo alterado é chamado H E -
sopro de vida se as notas forem inesperadamente dispostas fo-
M I Ó L I A , de uma palavra grega que indica a razão 3:2.)
ra do tempo:
Algumas músicas são concebidas para serem cantadas ou
Ex. 61 Inglesa executadas livremente, sem qualquer pulsação regular. São
( E m dó)
Rápido e vivo escritas sem barras e sem fórmula de compasso. A palavra
UM DOIS TRÊS
"livremente", usada como indicação no Ex. 63, pode ser subs-
tituída pela expressão A D L I B I T U M ( O U A D L I B . ) , que significa
"à vontade". Também pode ser usada a expressão S E N Z A M I -
Esse chegar entre as batidas de tempo do compasso é chama-
S U R A , que significa "sem divisão de compasso com fórmula
do S Í N C O P E . A característica principal de uma música sinco-
de compasso":
pada é uma nota curta seguida de uma longa. A palavra vem
do grego, e significa "diminuindo através de corte". Ex. 63
(Eólio) Norueguesa
Dentre outros desenhos rítmicos incomuns incluem-se os
R I T M O S A L T E R A D O S que desobedecem as barras de compasso
Ex. 62 Alemã
(Dórico) As figuras das notas numa música, com ou sem divisão,
Comodamente rápido
A
cada música, bem como com a execução forte ou leve para ela
exigida. A expressão não pode ser ensinada: deve ser sentida
He came to save us all from sin and woe
ao longo de todas as mudanças sutis entre tensão e relaxa-
mento que ocorrem continuamente na música.
61
60
PARTE I I I
TENSÃO E R E L A X A M E N T O
Capítulo 13
Indicações de expressão e dinâmica
65
Tensão e relaxamento Indicações de expressão e dinâmica
da aceleração, e a expressão "A tempo", ou "Tempo I " , que As notas destacadas que exigem execução ainda mais
significa "primo", primeiro, é escrita quando a música volta enérgica e áspera apresentam pequenos T R A Ç O S V E R T I C A I S aci-
ao seu andamento primitivo. ma delas, ao invés de um ponto:
Cada música tem caráter próprio. Numa cantiga as pala-
vras nos revelam o seu cartáter, mas, na música instrumental, u r ir r i
muitas vezes o intérprete tem de se valer de I N D I C A Ç Õ E S D E E X - (Qualquer nota pode ser staccato, mas as notas de duração
P R E S S Ã O . As ligaduras nos permitem reconhecer o fraseado à mais longa, como as mínimas, são geralmente portato, a me-
primeira vista, e também a execução ligada de mínimas ou se- nos que o andamento exija muita rapidez. E um grupo de no-
minimas isoladas, por exemplo. Quando esse tipo de execução tas curtas, como as semicolcheias, só podem ser staccato se o
é exigida, usa-se a expressão L E G A T O , que significa "ligado". andamento é lento o suficiente para permitir que cada nota
Músicas rápidas e enérgicas muitas vezes exigem a execu- seja destacada.)
ção de cada nota separadamente. A palavra S T A C C A T O (ou Um A C E N T O , indicado pelo sinal >, acrescenta mais força
S T A C C ) , que significa "destacado", indica que cada nota deve ainda à nota:
soar de maneira breve. Se uma música mistura notas ligadas e
destacadas, as notas destacadas apresentam um ponto acima ou t f r if r r
11 i f > i
abaixo delas. (As notas destacadas jamais podem ser confundi- Uma nota sustentada que precisa ser acentuada, geralmen-
das com as "notas pontuadas", cujo valor de duração é aumen- te apresenta a expressão sf. Esta é a abreviatura de S F O R Z A N -
tado em função de um ponto colocado ao lado direito delas.) D O , que significa "reforçando". Sf. significa que uma longa
Se uma música apresenta notas destacadas e notas não-li- deve ser executada com mais força no começo do que no fim.
gadas, que devem obedecer à sua duração integral, as notas A graduação de intensidade de som na música chama-se
sustentadas podem ser escritas com um traço curto sobre elas: DINÂMICA.
CD II f
A sonoridade é medida por unidades chamadas D E C I B É I S ,
§ LU f f f l sendo que o 1 representa o som mais grave que o ouvido hu-
66 67
Tensão e relaxamento Indicações de expressão e dinâmica
mano pode captar. Um decibel, apenas, cruza o chamado " l i - que isso. Cada música tem um equilíbrio próprio entre tensão
miar do som". Um sussurro tem de 10 a 20 decibéis, uma bri- e relaxamento. Um modo fácil de perceber esse equilíbrio é
tadeira pneumática equivale a 110, e qualquer som acima de ouvir o que acontece com uma música quando não é cantada
130 decibéis, como o ruído de um avião a jato, se aproxima - ou tocada sozinha, mas acompanhada por outras notas.
ou talvez até ultrapasse - o "limiar da dor".
4
Os músicos nunca calculam os decibéis . Concebem as
execuções fortes e leves como relativas, usando a palavra F O R -
T E , escrita / para a execução forte, e P I A N O , escrita p, para a
leve. Outras expressões são:
• 4. A n ã o ser na m ú s i c a eletrônica.
68 69
Capítulo 14
Intervalos
71
Tensão e relaxamento Intervalos
paço suficiente na pauta. Assim, a nota mais aguda é escrita Por um processo de audição e avaliação é possível perce-
à direita da nota mais grave: ber que as terças naturais equivalem ou a dois tons, como nas
T E R Ç A S M A I O R E S dó-mi, fá-lá, sol-si, ou a um tom e meio,
72 73
Tensão e relaxamento Intervalos
Lá-sol, si-lá, ré-dó, mi-ré e sol-fá são sétimas menores. A sétima invertida transforma-se numa segunda:
Os intervalos que distam de mais de uma oitava são I N - -O í*>
T E R V A L O S C O M P O S T O S . São representados como se estivessem
sexta composta quarta composta Os intervalos maiores, quando invertidos, passam a ser
As segundas e terças compostas são chamadas de NONAS
menores.
e DÉCIMAS:
Os intervalos menores, quando invertidos, passam a ser
maiores.
Os intervalos aumentados, quando invertidos, passam a
décima ser diminutos.
Os intervalos diminutos, quanto invertidos, passam a ser
Os intervalos podem ser postos de cabeça para baixo, ou
aumentados.
I N V E R T I D O S , transpondo-se a nota mais grave uma oitava aci-
Os intervalos justos, quando invertidos, permanecem justos.
ma, de forma a se tornar, então, a nota mais aguda.
O uníssono invertido transforma-se numa oitava:
74 75
Capítulo 15
Consonância e dissonância
77
Tensão e relaxamento
78
Capítulo 16
Os primordios do contraponto
Ex. 65
si ao ascenderem ou descenderem.
81
Contraponto Os primórdios do contraponto
Os músicos do século IX, com esse tipo rudimentar de No Ex. 68, as vozes não estão mais confinadas ao movi-
condução das vozes, achavam o movimento paralelo fácil, a mento paralelo, podendo cantar outros intervalos além das
não ser quando deviam contar uma quarta acima do fá, ou consonancias perfeitas. No começo de cada seção do hino,
uma quinta acima do si. Quando isso ocorria, o trítono se elas atravessam a dissonância de uma segunda e a consonân-
apresentava como um choque desagradável. Para evitar esse cia de uma terça. Entretanto, não se experimenta nenhum
desconforto, os músicos desciam o si em um semitom sempre choque ou desconforto, sendo fácil cantar o intervalo disso-
que devesse ser cantado com o fá. Esse processo de baixar a nante. E assim é porque a música está ordenada: a segunda
altura da nota em um semitom é feito através de um B E M O L . dissonante é aproximada e depois afastada gradualmente, en-
O sinal indicativo do bemol é k Vem escrito antes da nota, na quanto a voz mais grave mantém-se imperturbável na mesma
linha ou espaço da pauta em que ela está: altura. O método de composição a duas vozes em que uma
delas permanece na mesma nota e a outra sobe ou desce, é
Ex. 66 Ex. 67 chamado M O V I M E N T O O B L Í Q U O .
h' : z
Al - le - lu - ia
z
A -
'
men
No fim de cada seção do Ex. 68, uma das vozes sobe, en-
quanto a outra desce. Esse movimento em direções opostas é
chamado M O V I M E N T O C O N T R Á R I O . Essa inovação provocou
(Hoje, qualquer das sete notas musicais pode ser alterada por efeitos surpreendentes na arte da "nota-contra-nota", ou C O N -
um bemol; mas no princípio da Idade Média só o si podia ser T R A P O N T O . Daí por diante, nos seis séculos seguintes, as vozes
abemolado.) se tornaram cada vez mais independentes, e cada uma delas ti-
Nos Exs. 66 e 67, o si bemol ajudou os cantores medievais nha melodia própria, como demonstrado no Ex. 69, onde as
a evitarem o trítono, mas isso implicava abandonar o modo vozes mais graves entoam as notas do cantochão original, cha-
original, e, na tentativa de permanecerem no modo inicialmen- mado C A N T U S , enquanto as vozes mais agudas entoam uma
te escolhido, começavam a cantar em uníssono, para depois melodia independente, chamada D I S C A N T U S , O U D E S C A N T E :
extrapolarem para a quarta ou a quinta, retornando ao unís-
sono no fim da frase:
Ex. 68
Século X I
s- — ——
9 9 0 •— 1 •m «»
Rex coe - li Do • mi • ne mar - is un - di - so - ni Te hu - mi -
Ti - ta - nis ni - ti - di aqua - li - di - que so - li, Se ju - be- e - - - lei - son.
82 83
Contraponto Os primórdios do contraponto
vando aproximadamente a mesma duração para cada nota, A dissonância no primeiro tempo do quarto compasso do
enquanto a voz mais aguda cantava um descante com notas Ex. 70a aumenta a vivacidade da música. E fácil cantá-la por-
mais curtas: que se aproxima gradualmente em movimento contrário. (Isso
vale para todos os intervalos dissonantes que foram escritos
Princípio do século XII desde então. Nada é impossível de ser cantado se estiver em
movimento contrário suave.)
O cruzamento de vozes resultou num desenvolvimento
excitante do contraponto. Os cantores tomavam emprestado
Esse prolongamento da melodia através de notas longas e frases um do outro, uma voz entoando as mesma notas que a
vagarosas é chamado A L I M E N T A Ç Ã O . outra havia cantado um pouco antes, como mostra o Ex. 71.
Pouco tempo depois, o ritmo da música litúrgica passou a (As vozes são escritas em pautas separadas, ligadas por uma
ser medido. No Ex. 70, as vozes graves entoam um canto gre- chave ou C O L C H E T E , para evitar a confusão que se instalaria se
goriano com notas lentas, de mesma duração, enquanto a voz as partes cruzadas dividissem a mesma pauta. A vista logo se
aguda canta uma versão própria da música, através de dese- acostuma a ler as duas pautas simultaneamente.)
nhos rítmicos rápidos:
E x 7 1
- Século Xlll
Fim do século XII *
PH
M
r
etc.
No Ex. 70a, baseado no canto gregoriano do Ex. 70, a voz
principal se liberta da estrita manutenção de uma nota por com-
passo e se movimenta com um ritmo mais ousado, enquanto as
duas vozes demonstram maior independência, trocando as po- O "empréstimo de frases", chamado I M I T A Ç Ã O , foi res-
sições, ou C R U Z A N D O A S V O Z E S , no quinto compasso: ponsável por uma descoberta que marcou época. Por meio
dela, é possível que várias vozes cantem exatamente a mesma
Ex. 70a Século X i l l
Do - mi - no fi de
melodia, começando uma logo após a outra, como em Sumer
o - mm - um
is icumen in, chamada uma R O N D A , pois as melodias se repe-
J |
tem como o girar de uma roda:
K ' r ; ^ ' ^ ' r ' ^ ^
Do
84 85
Contraponto Os primórdios do contraponto
Ex. 73
2- voz 3=£ Obrecht
Su - mer is i
a
1» voz Be ctus, be
I voz
a
2 voz
a
2 voz Be ne - di crus, be
a
I voz
\kr
f r
s r r
r r r,
a
3 voz ne - di - crus,
3
l voz
a
2 voz
lÍ
J J
J <- ne - di - ctus,
springth the wo - de
86 87
Contraponto
a - - seen - - - - - - - dit
88 89
Contraponto O contraponto renascentista
A distribuição das linhas melódicas entre as diferentes E as músicas com um si, quando transpostas, devem ser
vozes, cada uma cantando em quartas ou quintas acima ou respondidas com o fá acrescido de um semitom, ou susteni-
abaixo da subsequente, levava a alguns ajustes na imitação zado. O sinal do S U S T E N I D O é %. Vem escrito antes da nota, no
contrapontística. Uma voz que respondesse, imitando uma quar- espaço ou linha apropriados, como na resposta do Ex. 77:
ta abaixo num cânon, nem sempre conseguia imitar a frase Ex. 77
exatamente do mesmo modo, pois a relação de vaivém da tó-
nica para a dominante era tão forte que devia haver resposta * "ff 0* 7-
mi - se - ri - cor - di - a,
da dominante para a tónica, como no Ex. 75: etc.
Ex. 75
vlorales 3
mi - se - ri - cor - di - a,
m m *j
Et ec
r r í iJ
- í
la
ce stel (Hoje, qualquer nota pode ser abemolada ou sustenizada, en-
quanto no contraponto do século X V I as únicas notas que po-
diam ser sustenizadas eram o fá, o dó e o sol, e abemoladas o si
WH Et ec
9 l i . j u r XT
Ex. 76
(Não há necessidade de se repetir o sinal de bemol para a se-
I a
VOZ gunda e a terceira notas, no princípio do Ex. 78, pois o bemol
e o sustenido antes de uma nota valem para as mesmas notas
subsequentes dentro de um compasso).
a
2 VOZ
As vezes, uma nota abemolada ou sustenizada é alterada
Sy - de - - re - o, algumas notas depois para o nível da escala natural. Um fá
90 91
Contraponto O contraponto renascentista
sustenido, por exemplo, pode ser seguido, no mesmo compas- zes agudas do contraponto nota-contra-nota, pois o intervalo
so, de um fá N A T U R A L , O U O si bemol pode ser seguido por um só é insatisfatório quando formado com a voz mais grave.)
si N A T U R A L . O sinal para o natural, o bequadro, é \. Vem es- Os compositores do século X V I usavam movimentos pa-
crito antes da nota, como no Ex. 79: ralelos, oblíquos e contrários, mas preferiam os contrários aos
Ex. 79
demais, pois propiciavam inúmeras opções de independência.
Nos movimentos contrários, usavam apenas consonancias
imperfeitas (terças e sextas):
be - ne - di - ctus,
Ex. 81 Ex. 82
A liberdade de escolha entre bemóis, sustenidos e naturais
pouco a pouco afastou a música da restrição dos modos natu-
rais, e enriqueceu o emocionante contraponto do século X V I . be - ne - di - ctus, be - ne - di - ctus,
Os compositores renascentistas quase nunca ficavam sa-
tisfeitos em compor "nota-contra-nota" por períodos muito As consonancias perfeitas não eram usadas no movimen-
extensos; achavam-na muito monótona. Nas curtas frases da to paralelo do contraponto renascentista, pois esses interva-
nota-contra-nota podiam usar apenas intervalos consonantes los, sendo tão vigorosos, poderiam reforçar a linha melódica,
perfeitos e imperfeitos, como no Ex. 80: de modo a fazê-la tão destacada como se fosse escrita inde-
pendentemente. Assim, os compositores evitavam oitavas ou
Ex. 80 quintas P A R A L E L A S . Também evitavam quartas paralelas com
l â
VOZ
o baixo, mas usavam-nas nas vozes agudas:
De - - - 1
etc.
Ex. 83
San • - ctus,
a
2 voz
" De - i
San - ctus,
Não existe intervalos de quarta no Ex. 80, porque no con-
traponto a duas vozes do século X V I a quarta justa era consi- No século X V I , as dissonâncias não podiam mover-se as-
derada uma dissonância. Isso pode parecer contraditório, pois cendente ou descendentemente em movimento paralelo. Isso
em si mesmo o intervalo isolado é uma consonância perfeita. porque a dissonância, devido à sua tensão desconfortável, es-
Mas a música nunca é estática, e, quando se ouve uma quar- tá sempre querendo relaxar ou ser R E S O L V I D A numa consonân-
ta justa em relação a outros intervalos, a nota mais aguda, cia. Sem R E S O L U Ç Ã O , a D I S S O N Â N C I A perde o sentido no con-
muitas vezes, parece querer descer um semitom e se transfor- traponto renascentista.
mar numa terça maior. Esse "parecer querer mudar de tom"
soa-nos insatisfatoriamente, e é por isso que é definida como
dissonante. (As quartas podem ser usadas em três ou mais vo-
92 93
Capítulo 18
A resolução natural da dissonância
95
Contraponto A resolução natural da dissonância
A N O T A A U X I L I A R , como a nota de passagem, é uma nota A única dissonância que incide no tempo forte da música
dissonante que caminha por grau conjunto ascendente ou des- renascentista é o R E T A R D O . É um artifício que atrasa a chegada
cendente para a consonância; mas, em vez de prosseguir na da verdadeira nota que o intervalo exige. Ele traz uma tensão
mesma direção inicial, a nota auxiliar volta à nota imediata- interessante a intervalos que, de outro modo, ficariam relaxa-
mente anterior. (No Ex. 85 e nos seguintes a nota auxiliar vem dos demais nas suas consonâncias imperturbáveis. E traz
assinalada com f.) também a fascinante síncope a desenhos rítmicos que, sem
ele, soariam enfadonhamente monótonos. Por exemplo, no
Ex. 88, o contraponto é agradável, porém enjoativo:
Ex. 88
96 97
Contraponto
Ex. 89
mm
(Pode parecer que no Ex. 88b os saltos estão caminhando
para dissonâncias, mas isso se deve à chegada retardada dos
intervalos sincopados.)
A única dissonância que antecede um salto é a C A M B I A D A ,
ou nota alterada: é a segunda de um grupo de quatro notas de
curta duração, formando um desenho como o do Ex. 90 (a
cambiada vem assinalada com um "c"):
98 99
Contraponto Saltos
positores seiscentistas, mas são frequentes nas suas composi- pois é exuberante demais para que se consiga mantê-la por
ções profanas. No Ex. 91 o alegre salto descendente de uma muito tempo.
quarta, repetido em alturas diferentes a cada compasso da Muitas das canções profanas rápidas do Renascimento apre-
música, imprime uma ênfase notável às palavras: sentam ritmos de dança mais simples, nas quais as vozes aban-
donam a imitação costumeira e caminham juntas em desenhos
Ex. 91
Rápido Morley rítmicos H O M O F Ô N I C O S , ou "de mesmos valores", como no Ex. 92:
a
I VOZ
J J J ,
a
I VOZ
2 VOZ
a
Fa Ia la la la la la la la la la la
What! you halt? O do you so? a - lack the
a
3 voz
Fa
r
la
m la la
r
la la la la la la la la
3 VOZ
m
a
a
Fa la la la la la la la la la la la
I voz
a
2 voz la la la la
la la la la
H* J
while! What! are you down? la la,
a
2 voz IA n i = 1 „ 1
a
3 voz
y *
la
J
*
la
J
la
J
la
—
*1
la
«l -*^ --l
la la la,
1 i J II*
Fa la,
com a notação moderna, a primeira voz não apresenta o agru- Nessa canção, o compositor não está preocupado em ou-
pamento convencional de uma semínima ligada a uma col- vir apenas a união horizontal das diferentes frases da melo-
100 101
Contraponto
102
Capítulo 37
Ópera e oratorio
181
O estilo do princípio do século XVIII Ópera e oratório
A ARIA D I BRAVURA apresentava longas e difíceis passa- tado numa igreja ou numa sala de concerto. Depois das pri-
gens de coloratura brilhante, com trechos rápidos, trinados e meiras tentativas, as produções aconteceram sem ação, rou-
ornamentos floreados; o intérprete que as cantava era chama- pas ou cenário. Como na ópera napolitana, a música era com-
posta de recitativos e árias com da capo, mas havia muito
do VIRTUOSO.
mais oportunidades para os corais dramáticos, como os do
A ARIA DI CARATTERE era o único tipo de canção que de-
Messias, de Haendel.
via respeitar bem o texto; era essencial que as palavras fos-
sem ouvidas com clareza, e havia passagens assinaladas com
PARLANDO, ou seja, "como se estivesse falando".
O recitativo ou era RECITATIVO STROMENTATO, acompanha-
do de orquestra, ou RECITATIVO SECCO, acompanhado pelo cra-
vo com acordes secos e bruscos, como uma sucessão de alfi-
netadas pontuando as conversações rapidamente cantadas.
A ópera napolitana era quase que totalmente composta de
árias e recitativos, com alguns poucos corais. Os personagens
principais nunca cantavam juntos, num ENSEMBLE; atinham-se
aos seus números individuais de solos. A música era concebi-
da para permitir muitos aplausos, e havia a regra rígida de
quem quer que estivesse cantando uma ária deveria deixar o
palco imediatamente depois da última nota, de modo que fos-
se arrebatadoramente chamado pela plateia (isso significava
que quando o herói se declarava para a heroína, tinha que de-
saparecer entre os bastidores sem esperar pela resposta). Para
compensar a falta de caracterização, os produtores gastavam
fortunas em cenários ricos e efeitos de palco.
O maior compositor de óperas desse período foi Haendel.
Suas melodias possuíam tanta vitalidade que conseguiam tra-
zer vida para os convencionalismos empoeirados dos teatros
de ópera. As óperas de Haendel são raramente executadas,
desde o século X V I I I , mas o estilo das suas árias operísticas
são familiares, devido às muitas apresentações ainda hoje de
seus oratórios.
Um ORATÓRIO do século X V I I I era um trabalho extenso,
geralmente com um libreto religioso, escrito para ser execu-
182 183
Capítulo 38
Concertos e sonatas barrocas
185
O estilo do principio do século XVIII
Capítulo 39
Num concerto grosso de Haendel, o pequeno grupo de
instrumentistas concertino frequentemente era composto de
Suites
dois violinos e contínuo (cravo e violoncelo), como na trio so-
nata. Os instrumentistas ripieno tocavam o restante das cor-
das, ocasionalmente acrescidas de flautas, oboés e trompetes.
A textura dos concerti grossi de Bach (que são conheci-
dos pelo título Concertos Brandenburgueses) mudava de um
trabalho para outro. Por exemplo, o segundo Brandenburguês
é escrito com a mistura inesperada de solo de trompete, flau-
ta, oboé e violino, com o costumeiro tutti de cordas e contínuo.
Os concerti grossi são chamados, às vezes, de CONCERTOS
BARROCOS ANTIGOS.
As SONATAS BARROCAS ANTIGAS eram na maioria trio sona-
tas, embora os compositores já escrevessem também sonatas
para um solo instrumental e cravo. A diferença principal en-
tre as sonatas de Haendel e Bach para solo com cravo é que
Haendel ainda escrevia as partes do cravo com contínuo cifra- A SUÍTE do princípio do século X V I I I era uma pequena
do, enquanto Bach já oferecia aos executantes partes total- coleção de melodias de danças contrastantes; era chamada
mente escritas, com participações melódicas soladas para a "suíte" porque as melodias se sucediam umas às outras. A pa-
mão direita. lavra italiana que designa suíte é PARTITA. (Ambas as línguas
A forma das sonatas barrocas antigas era igual à da sona- eram usadas paralelamente nesse período, pois a França e a
ta da chiesa, embora vez por outra um dos movimentos lentos Itália dividiam a supremacia na música instrumental.)
pudesse ser uma dança, como no SICILIANO do Ex. 140: Os movimentos da suíte não eram concebidos para serem
Ex. 140 Bach
dançados; os compositores tinham a liberdade de estender as
Siciliano (Sonata em sil» para flauta e cembalo) melodias quanto quisessem.
As danças estavam sempre na mesma tonalidade, com mu-
danças ocasionais para a relativa menor ou maior. Alemanda,
(Essa dança graciosa, com frases longas e fluidas em compas- corrente, sarabanda e giga eram os movimentos essenciais, e
so ^ ou ^ , é muito parecida com a PASTORAL em compasso ^ , eram tocadas nessa ordem; outras danças podiam ser acrescen-
que é a forma da Sinfonia Pastoral no Messias de Haendel.) tadas. Essa era a maneira pela qual Bach construía todas as suas
As danças, entretanto, não eram muito usadas em sonatas, suites, tanto para orquestra quanto para solos de instrumentos.
pois pertenciam ao equivalente da sonata de câmara do sécu- A ALEMANDA tinha pouco a ver com a alman, pois era mui-
lo X V I I I , conhecida por SUÍTE. to mais lenta e graciosa. Tinha andamento moderado em com-
186 187
O estilo do principio do século XVIII Suites
passo | , começando com uma rápida anacruse e apresentava, os ornamentos que desejava, razão pela qual suas partituras
geralmente, notas de passagem e escalas ou arpejos fluentes: parecem mais complicadas do que realmente são.
A GIGA, compartilhando algumas características da giga in-
Ex. 141 Bach glesa, era em tempo composto rápido, frequentemente apresen-
Q
Alemanda (Suite inglesa n 3)
tando saltos, que sugeriam os passos enérgicos do dançarino:
E x 1 4 5
- Bach
Giga m m m — (Suite francesa n° 5)
Havia dois tipos de corrente. A CORRENTE italiana era de
andamento rápido, em compasso \ ou \ , com notas fluente-
mente contínuas; era descendente direto da dança antiga (com-
pare com a corrente do século X V I no Ex. 131):
Ex. 142
A giga era sempre a última dança da suite. Para os movi-
Bach
Corrente (Partita n° 5) mentos intermediários, que vinham geralmente entre a sara-
m i m -f•
» Tm banda e a giga, havia pelo menos uma dúzia de outras danças
para serem escolhidas, incluindo bourrée, gavota e minueto.
("Minueto" era escrito à francesa - Menuet - nas suites, e à
A CORRENTE francesa era de andamento moderado em que italiana - Minuetto - nas partitas.)
o compasso às vezes oscilava entre o ] e o | : A BOURRÉE mantinha o caráter simples da dança dos sé-
Ex. 143 Bach
culos X V I e X V I I :
g
Corrente (Suite inglesa n 5)
Ex. 146 Bach
Bourrée I ü
(Suite inglesa n 2)
188 189
O estilo do princípio do século XVIII Suites
francesas do século X V I I ; a música imita o som grave do dois movimentos similares estão unidos por um da capo, in-
BORDÃO da gaita de foles, com suas notas graves longamente dicativo de repetição, a forma é TERNÁRIA.
sustentadas: Muitas das suites orquestradas de Bach são conhecidas
Ex. 148 por OUVERTURES. Isso parece confuso, mas são chamadas as-
Gavota I I (ou Museta) sim porque o movimento de abertura obedece a forma das
aberturas operísticas francesas do século X V I I , com introdu-
ções majestosas em ritmos em que predominam as notas pon-
tuadas. O termo "ouverture" foi usado tanto para movimentos
introdutórios de composições para instrumentos solistas quan-
(Uma nota grave sustentada como a do Ex. 148 é chamada PE- to para orquestras. Era uma forma de PRELÚDIO - peça a ser
DAL, que é a abreviação de PONTO DE PEDAL, onde a palavra tocada antes dos outros movimentos.
"ponto" é usada de acordo com o significado original de Bach usava também a palavra SINFONIA tanto na música
"nota", como em "contraponto".) orquestral quanto nas peças para cravo. A palavra não tinha
O minueto era ainda muito parecido com o minueto de nada a ver com o significado atual de uma sinfonia; era ape-
Purcell, embora na suite fosse executado com andamento nas um nome para uma peça instrumental introdutória.
mais veloz do que se executado numa dança cerimoniosa. Era As partiras e suites de Bach para violino solo ou violon-
sempre seguido de um segundo minueto para três instrumen- celo solo desacompanhadas exigiam intérpretes virtuosos, pois
tos solistas (ou a três vozes se a suite fosse para cravo), com a textura do solo tinha que se incumbir não apenas da melo-
uma repetição da capo. O segundo minueto era definido co- dia, mas também da harmonia que a originou. A base harmó-
mo um "Menuet en trio". Essa expressão foi logo abreviada nica da música de Bach é tão clara que é quase possível reco-
para TRIO. nhecer seus acordes, seja qual for a textura. No Ex. 149, a
Cada movimento da suite apresentava uma barra dupla ao composição parece intricada, mas não há dificuldade alguma
fim da primeira parte, com modulação para a dominante. quanto à harmonia:
Essa era uma modulação verdadeira, e não apenas uma mo-
B
Prelúdio (Suite para violoncelo n 1)
dulação de passagem. A melodia devia tender para a volta à
tonalidade original na repetição, mas devia igualmente tender
para prosseguir na nova tonalidade na segunda parte da peça.
Na suite, onde cada dança está na mesma tonalidade, é essen-
cial afastar-se da tonalidade no transcurso de cada movimen-
to, de modo que o ouvido receba com prazer a volta a ela na
cadência final. Se as três primeiras notas de cada compasso forem toca-
das como se fossem acordes, vagarosamente, uma depois da
A forma equilibrada das duas metades de um movimento
outra, a música vai soar tão simples como um coral.
de dança é, às vezes, definida como forma BINÁRIA. Quando
190 191
Capítulo 40
Cantatas
193
O estilo do princípio do século XVIII
Capítulo 41
Essa parte instrumental, indispensável, é chamada OBLIGATO
(ou "obbligato"). As cantatas sempre finalizavam com uma
Fuga
versão integral do coro, que podia ao tempo de Bach ser can-
tada pela congregação.
Os membros da congregação sabiam o coral de antemão,
pois Bach sempre começava o serviço tocando a melodia ao
órgão como uma fantasia - na forma de PRELÚDIO CORAL
(chamado às vezes de CORAL PARA ÓRGÃO), como na de VARIA-
ÇÕES CORAIS, que obedeciam a tradição das "variações sobre
um tema" do século X V I .
Os corais também serviam de base para o Oratório de Na-
tal de Bach (que na verdade consiste em seis cantatas para se-
rem executadas em dias diferentes) e para as composições so-
bre a Paixão.
As estruturas da PAIXÃO são notavelmente "operacionais",
no sentido mais preciso da palavra. Os cantores do coro re-
presentam a população turbulenta, abrindo caminho até a Bach foi o primeiro compositor a escrever música em to-
frente a cada introdução fugada; ou comentam a ação, perma- das as tonalidades possíveis. As suas duas séries de peças
necendo fora dela, através das harmonias expressivas dos co- para cravo, em cada uma das doze tonalidades maiores e me-
rais. Os recitativos dos evangelistas dispunham de um cená- nores, são chamadas Quarenta e oito prelúdios e fugas. Bach
rio para cada mudança de cena, e cada clímax do drama era intitulou-a Das Wohltemperierte Clavier (O cravo bem tem-
seguido de uma ária contemplativa, com acompanhamento perado).
orquestral ou obligato.
A palavra CLAVIER significa "teclado": vale tanto para o
A forma dessas composições extensas, e da grande Missa
clavicordio quanto para o cravo.
em si menor, é mantida ao longo de todas as mudanças de hu-
A expressão "bem temperado" diz respeito ao sistema
mor e textura pelo extraordinário sentido que Bach tinha das
adotado por Bach para afinar os instrumentos de teclado. A
relações entre as tonalidades.
antiga afinação das escalas era baseada nas notas das séries
harmónicas; a distância entre cada tom ou semitom diferia l i -
geiramente. Isso era suficiente para músicas que consistiam
numa linha melódica única; mas quando a música era canta-
da com intervalos contrapontísticos, eram necessários alguns
ajustes. Desse modo, a escala tornava-se flexível, e os canto-
res alteravam levemente a posição de alguns graus, de manei-
194 195
O estilo do principio do século XVIII Fuga
ra que os intervalos contrapontísticos soassem dentro da to- compôs impeliu os músicos posteriores a adotarem o novo
nalidade. método de afinação.
Esse processo instintivo ainda continua nos corais desa- Os Quarenta e oito prelúdios e fugas de Bach não eram
companhados, quando os cantores ouvem uns aos outros. Mas meros experimentos teóricos; eram estudos práticos para te-
a escala num instrumento de teclado não pode ser flexível; ela clado que foram escritos como lições para seus filhos. Os pre-
deve ser modificada, ou "temperada". lúdios seguem a forma das aberturas, tocatas, pastorais ou
A ENTONAÇÃO EXATA, ou "entonação perfeita", que era ba- dos movimentos de concertos. Muitos deles estão no chama-
seada nos intervalos de quinta e terça justas, produzia as tría- do CONTRAPONTO DUPLO ou CONTRAPONTO TRIPLO, O que signi-
fica que a parte do baixo pode trocar de lugar com a parte
des em afinação perfeita dó-mi-sol, fá-lá-dó e sol-si-ré, em-
aguda sem perder o sentido, como nas INVENÇÕES a duas e
bora os demais intervalos fossem insatisfatórios. No século
três vozes de Bach.
X V I , a afinação era modificada através de uma ligeira dimi-
nuição de todas as quintas. Esse sistema MESOTÔNICO OU es- As fugas nos Quarenta e oito prelúdios e fugas são para
duas, três, quatro e cinco "vozes" (essa palavra ainda era usa-
cala de TOM MÉDIO funcionava bem para tonalidades com ape-
da para todo o contraponto fugado do século X V I I I , mesmo
nas um ou dois bemóis ou sustenidos, mas quando a música
quando as partes eram instrumentais). A primeira voz apresen-
começou a ser modulada para tonalidades mais distantes, no
tava o TEMA, OU SUJEITO, que é breve e de fácil memorização,
fim do século X V I I e princípio do X V I I I , tornou-se inútil.
devido à sua formação rítmica inconfundível e ao seu caráter
Havia tamanha diferença de som entre sol! e lál> que se o
eminentemente individual. Quando a primeira voz chega ao
fosse razoavelmente bem afinado para as tonalidades com be-
fim do tema, a segunda voz entra em imitação fugada; essa en-
móis jamais poderia corresponder ao soli. Os órgãos e os cra-
trada é chamada RESPOSTA. Enquanto isso, a primeira voz con-
vos eram construídos, às vezes, com alavancas divididas para
tinua com o CONTRATEMA, que é um tema novo com forma e
as tonalidades de solt e lá!>, e para rét e mil?, numa tentativa de ritmo totalmente diferentes. Quando a terceira voz entra com
superar essa dificuldade. o sujeito, a segunda voz está desenvolvendo o contra-sujeito.
O atual sistema de afinação, chamado TEMPERAMENTO A terceira voz não precisa começar imediatamente após
IGUAL, divide a oitava em doze semitons iguais, onde cada in- o fim do sujeito da segunda voz; pode haver um breve EPISÓ-
tervalo afasta ligeiramente a escala da tonalidade. (O afina- DIO, em que a primeira e a segunda vozes apresentam pequenos
dor não ajusta os intervalos adivinhando quanto fora de tom fragmentos melódicos, chamados MOTIVOS, que são frequen-
eles deveriam estar; ele conta os batimentos acústicos men- temente tirados do tema ou do contratema. As vozes jogam
cionados na página 78, quando está afinando um instrumen- esses fragmentos umas para as outras, ou os repetem, come-
to de teclado.) çando por uma nota diferente a cada vez, em PROGRESSÃO ou
A divisão da oitava dilui a discrepância com tanta unifor- SEQUÊNCIA. Quando a última voz chega ao fim do tema, a EX-
midade que é possível tocar em todas as tonalidades. POSIÇÃO, ou "apresentação", está completa. (Ver Ex. 150.)
O temperamento igual não era usado de forma genérica Na fuga, o sujeito que começa na tónica é respondido na
ao tempo de Bach. Ele foi um dos pioneiros, e a música que dominante. O sujeito que começa na dominante será respon-
196 197
O estilo do princípio do século XVIII
Fuga
IrJrrffrr cri
ga é chamada resposta TONAL. TfTT gff
Depois da exposição, as entradas fugadas são moduladas
para tonalidades vizinhas, abrindo o caminho de volta para a
tonalidade original na entrada final. A fim de acelerar esse re-
torno à tónica, às vezes é usada a CODA, OU cauda, que prolon-
i etc.
ga o prazer da volta à origem.
Durante o desenvolvimento da fuga, há variações inespe-
radas na ordem de entrada das vozes, e voz nenhuma jamais
retorna ao sujeito exatamente no mesmo nivel de altura (as
ÉH USJ gp J)
últimas entradas, na tónica ou na dominante, estão em oitava Outros artifícios usados por Bach na composição de suas
acima ou abaixo). Às vezes a voz que responde fica impa- fugas e cânones incluíam a AUMENTAÇÃO do tema, onde o va-
ciente enquanto espera por sua entrada, e começa cedo de- lor de duração das notas é dobrado, e a DIMINUIÇÃO com o
mais, numa entrada conhecida como STRETTO. E, por vezes, valor de duração das notas reduzido pela metade. Bach não se
uma voz parece querer entrar com o sujeito, mas muda de limitava a INVERTER seus sujeitos, virando os intervalos meló-
ideia depois das primeiras notas. Essa é chamada ENTRADA dicos de cabeça para baixo, mas também os usava de trás para
FALSA. No Ex. 150, a primeira voz apresenta uma entrada fal- diante, ou em movimento RETRÓGRADO, começando pela últi-
sa um pouco antes da entrada autêntica da terceira voz: ma nota e finalizando com a primeira. (Outras denominações
equivalentes a retrógrado são: CANCRIZANS, "caranguejo", e
AL ROVESCIO, "ao contrário".)
Todos esses artifícios tinham sido usados na polifonia do
século X V I . A diferença entre o contraponto primitivo e o de
Bach é que este sempre construía seu contraponto com base
em acordes subentendidos. Por essa razão ele é chamado às
vezes de CONTRAPONTO HARMÓNICO. Na Arte da fuga, com-
posta bem no fim da vida, Bach foi mais longe do que qual-
quer outro compositor, anterior ou posterior, no entrelaça-
mento milagroso do seu contraponto fugado.
198
199
Capítulo 42
Música para entretenimento
203
O estilo do fim do século XVIII Música para entretenimento
pulares e diálogos falados. A equivalente alemã era a SING- Não era apenas nas peças descritivas que a harmonia apre-
SPIEL. A equivalente inglesa era a BALLAD OPERA. O exemplo sentava esse vaivém com tanta persistência. Nas magníficas
mais famoso, The Beggars Opera (Ópera do mendigo), tem sonatas de um só movimento de Scarlatti, que ele próprio cha-
melodias tiradas de composições de Purcell e Haendel, e de mou "Exercícios", havia frases inteiras baseadas em acordes
coleções inglesas de danças campestres populares. Não havia de tónica e de dominante, no estilo típico do fim do século
canto virtuoso. As canções despretensiosas eram satisfatórias X V I I I . E as peças para cravo de Telemann apresentavam uma
por si próprias, e suficientes para uma diversão noturna. linguagem bem diferente da das fugas que compusera:
A música instrumental também era leve e agradavelmen-
te "bonita": ROCOCÓ é o nome empregado para designá-la. Ex. 153
Havia peças curtas e descritivas para cravo, como La poule
(A galinha) de Rameau, onde o staccato rápido e seco imita o
cacarejar de uma galinha.
E x . 151 Rameau
r r r r
205
Música para entretenimento
O estilo do fim do século XVIII
Ex. 155
feitas" I , I V e V; as modulações de passagem logo depois da Rondó
Presto J. C Bach
barra dupla; o sujeito invertido no baixo e desenvolvido em
progressões; e a volta à tonalidade principal através da repe- Horns
207
206
Capítulo 43
A forma de sonata
Ex. 156
Sonatina
Allegro moderato Haydn
209
O estilo do fim do século XVIII A forma de sonata
210 211
Capítulo 44
Quartetos, sinfonias e concertos
213
O estilo do fim do século XVIII
Quartetos, sinfonias e concertos
era desnecessário; nas novas sonatas para violino e pianoforte, mento de dança que sobreviveu na música instrumental do
os dois instrumentistas eram parceiros equivalentes. fim do século X V I I I . O trio não estava mais restrito a três ins-
Os conjuntos mais importantes da nova música de câma- trumentos, e a sua textura era muito mais leve do que a de um
ra eram os QUARTETOS DE CORDAS: primeiro violino, segundo minueto.
violino, viola e violoncelo. Os primeiros quartetos experi- O último movimento, ou FINALE, era, quase sempre, o
mentais de cordas de Haydn tinham a mesma forma das com- mais rápido dos movimentos. Frequentemente era um RONDO,
posições para orquestra do fim do século X V I I I , como o D I - em que a primeira seção repetia-se a cada nova seção, como
VERTIMENTO, que era uma coleção de pequenos movimentos, no rondo do século X V I I .
alguns parecidos com os movimentos da trio sonata, outros Os concertos não eram mais compostos para instrumen-
parecidos com as danças das suites; a CASSATION ou CASSAZIO- tos concertino e ripieno. Havia, ocasionalmente, CONCERTOS
NE, um divertimento ao ar livre; e a SERENATA e o NOTURNO, DUPLOS ou TRIPLOS, para dois ou três solistas, mas na maioria
que eram cassations reservadas para o fim da noite. das vezes eram escritos para um solo de instrumentos de cor-
Haydn tinha liberdade para fazer quantas experiências das ou de sopro, ou para o pianoforte, com acompanhamento
quisesse com o seu próprio grupo de músicos no palácio do orquestral. As melodias, nas quais se baseavam os movimen-
príncipe Esterházy, e logo percebeu que precisava de uma for- tos, muitas vezes eram características de um instrumento so-
ma mais íntima do que a do divertimento para combinar com lista específico, como no Ex. 157, que mostra o começo do
a estrutura do seu novo conjunto musical. Os quatro instru- finale de um concerto para trompa em compasso (j, típico de
mentistas de cordas sentavam-se em semicírculo. Nessa posi- uma canção de caça:
ção conseguiam ouvir atentamente uns aos outros e podiam
Ex. 157
apreciar as alterações e apartes sutis num intercâmbio instru- Rondo Mozart
Allegro vivace (do Concerto para Trompa K 495)
mental. Na troca de ideias musicais, conseguiram expressar
uma variedade infinita de estados de espírito, ao mesmo tem-
po que obedeciam as formalidades cortesãs características do PP
fim do século X V I I I .
Os quartetos de cordas e as sinfonias no século X V I I I ti-
nham quatro movimentos. As sonatas e os concertos tinham
Muitos concertos e sinfonias de Mozart foram compostos
três. O primeiro movimento quase sempre era rápido. O se-
para as mesmas pequenas orquestras para as quais compuse-
gundo movimento, que era lento, também podia ser na forma
ram os filhos de Bach. Outros foram escritos para orquestras
de sonata, ou podia apresentar um tema com variações, ou um
maiores, que incluíam clarinetas, trompetes e tambores. Nos
movimento na forma de uma ária com da capo, ou uma me- concertos, a textura orquestral era muito mais suave durante
lodia simples, como a de uma canção. Os quartetos de cordas as passagens em que os solistas estavam tocando; quando o
e as sinfonias apresentavam um minueto e um trio entre o mo- solista parava de tocar, as passagens para a orquestra inteira
vimento lento e o último movimento. Esse foi o único movi- eram definidas como "tutti".
214 215
O estilo do fim do século XVIII
216 217
O estilo do fim do século XVIII
suas óperas. Ele se sentia mais à vontade com as óperas. Fe- A MÚSICA DO SÉCULO X I X
lizmente, as poucas convenções operísticas do princípio do
século X V I I I haviam sido aniquiladas. Gluck introduzira uma
"simplicidade graciosa" no palco da ópera. Não havia tantas
demonstrações de virtuosismo técnico; as canções eram mais
simples e a expressão dramática era novamente verdadeira,
em vez de afetada. Quando Mozart compôs suas óperas ita-
lianas, teve a liberdade de introduzir a comédia nas tragédias
e a tragédia nas comédias, e pôde atribuir a cada um de seus
personagens uma personalidade musical. Suas óperas alemãs
eram baseadas nos Singspiel, embora fossem bem mais ex-
tensas do que qualquer outra escrita anteriormente. Em A
flauta mágica, a música é tão profundamente expressiva
quanto a de suas maiores composições instrumentais. Cada
melodia tem uma "retidão" inconfundível, e o movimento as-
cendente e descendente de cada período é perfeitamente equi-
librado, como mostra o Ex. 158:
Ex. 158
Andante moderato Mozart
218
Capítulo 46
A mudança de estilo do clássico para o romântico
Ex. 159
Minuetto Beethoven
Allegro molto e vivace e
(da Sinfonia n 1)
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A música do século XIX A mudança de estilo do clássico para o romântico
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A música do século XIX
Capítulo 47
* 1
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J1 a
I* m Kj i -ll Música descritiva
i ' ^
Ex. 162
N ã o rápido Schumann
e para ser executado de forma cantante (Reminiscência)
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7
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A música do século XIX Música descritiva
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A música do século XIX
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4
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Ópera romântica, drama musical e balé
A música do século XIX
Os atos wagnerianos eram longos e a contagem do tempo Não há nada de novo no intervalo da sexta aumentada no
era concebida em grande escala. A orquestra era maior e mais segundo compasso do Ex. 164; Bach já o utilizara há mais de
poderosa do que jamais fora, e os cantores tinham de compe- cem anos, nas melodias dos hinos para a congregação. Entre-
tir com a ressonância sustentada e os rompantes vigorosos tanto, com Bach, esse intervalo levava à resolução em uma
dos seus "acompanhamentos". A forma da música era manti- cadência perfeita, enquanto no Ex. 164 leva a uma sétima da
da através do uso do LEITMOTIV, OU "motivo condutor", que dominante não resolvida, insatisfatória.
era um tema básico breve, representativo de determinado per- As DISSONÂNCIAS NÃO RESOLVIDAS na música de Wagner,
sonagem, situação ou ideia simbólica. e suas "melodias intermináveis", influenciaram muitos com-
O leitmotiv mais famoso de Wagner, da abertura de Tris- positores do fim do século X I X , levando-os a abandonar a
tão e Isolda, é caracterizado pela intensidade da emoção na ideia que faziam da forma na música. Mas existiram outros
harmonia, com suas sequências sobrepostas e notas de passa- que nunca se renderam ao seu fascínio. Verdi continuou a
gem cromáticas longas e abafadas: compor óperas soberbas sem empregar qualquer leitmotiv ou
dissonâncias não resolvidas, e, embora no fim da vida tenha
Ex. 164 se afastado dos "números operísticos", herança das velhas con-
Wagner
venções napolitanas, manteve viva a glória do bel canto em
Lento e lânguido (Prelúdio de Tristão e Isolda)
P lindas melodias.
Tchaikovsky foi outro compositor não influenciado pelos
leitmotiv; suas óperas e bales, compostos no final do século,
possuíam melodias tão precisas em sua forma quanto as das
árias de Mozart.
O BALÉ do século X I X jamais teria existido sem melodias
claramente definidas, pois seguia a forma de cenas, como o
PAS DE DEUX, PAS DE SIX e PAS D'ACTION. OS COREÓGRAFOS que
combinavam os passos e as figuras nas danças empregavam
muitos termos musicais italianos, mas davam-lhes significa-
dos diferentes: por exemplo, "adagio" é o nome para o pas de
deux lento da primeira bailarina e de seu par no clímax do
balé, e "allegro" é usado para as voltas e saltos rápidos que
são executados "no ar". A palavra "variação" não é emprega-
da no seu sentido musical; é a expressão para uma dança solo
no balé.
No balé do século X I X algumas cenas musicais, ou "nú-
meros", eram DANÇAS NACIONAIS da Espanha, Hungria ou
230 231
A música do século XIX
232
Capítulo 49
Instrumentos de madeira
235
A orquestra completa atual Instrumentos de madeira
A extensão sonora do PICCOLO, OU FLAUTIM, vai do ré4 ao ta dos dois instrumentos vai do mi2 ao lá5. O tom da oitava
dó7. A parte do piccolo é escrita uma oitava abaixo do que mais grave, conhecido por CHALUMEAU, pode ter uma sonori-
soa, para evitar o exagero de linhas suplementares. As notas dade obscura e misteriosa. As duas oitavas mais agudas pos-
mais agudas do piccolo são muito estridentes e penetrantes. suem um som claro, que pode ser brilhante ou adocicado,
A FLAUTA CONTRALTO, que costumava ser chamada de conforme o estado de espírito e a dinâmica da música. As no-
FLAUTA BAIXO, é usada, às vezes, na orquestra. Apresenta o tas mais agudas são estridentes e precisam do auxílio do tutti
sol2 como nota mais grave. Sua parte é escrita uma quarta orquestral.
acima do que soa; isso permite ao instrumentista trocar a flau- A CLARINETA-BAIXO, ou CLARONE, em sil> tem escrita igual
ta comum pela contralto sem precisar aprender um dedilhado à da clarineta em sil> comum, mas soa uma oitava abaixo. As
diferente para as notas. notas graves de todas as clarinetas são escritas na clave de sol,
Os instrumentos que possuem partes escritas em níveis embora isso possa resultar na utilização de muitas linhas su-
diferentes da altura do som das notas são chamados INSTRU- plementares.
MENTOS TRANSPOSITORES. Existe uma clarineta pequena e aguda, cuja extensão al-
A extensão do oboé contralto vai do sil>2 ao sol5. Sua em- cança uma quarta acima da clarineta em sik É a CLARINETA EM
bocadura de palheta dupla, com sonoridade belamente ex- M Í , ocasionalmente usada em grandes orquestras (pertence
pressiva no registro médio, torna fracas as notas mais agudas. mesmo à BANDA MILITAR, onde é um dos instrumentos mais
E difícil tocar com leveza as notas mais graves. importantes). O dó3 escrito da clarineta em MTJ», soa uma ter-
O oboé contralto é chamado CORNE-INGLÊS (é provável que ça menor acima (mil>3).
essa denominação venha do oboé da caceia, "oboé de caça", O FAGOTE é o baixo da família dos oboés. A sua extensão
do século X V I I I , cuja forma era curva e parecida com a do vai do s i k l ao ré4. Suas notas mais graves são ricas e resso-
corne de caça inglês). A extensão do corne-inglês está uma nantes; é impossível tocá-las rápida ou suavemente. Suas no-
quinta abaixo da extensão do oboé. O corne-inglês é um ins- tas mais agudas são fracas; se forem tocadas em stacatto, po-
trumento transpositor: a parte está escrita uma quinta acima do dem ter sonoridade ágil e alegre; se forem tocadas em legato,
que soa, para permitir ao oboísta trocar de instrumentos. podem soar de maneira triste e sinistra. A parte do fagote é
A palavra CLARINETA vem das partes agudas para trompe- escrita na clave de sol, mudando para a clave de tenor para as
te "clarino" do princípio do século X V I I I . É feita em dois ta- notas mais agudas.
manhos; a ligeiramente maior apresenta extensão um semi- O CONTRAFAGOTE apresenta extensão de uma oitava abai-
tom abaixo da outra. Os clarinetistas sempre mantêm consigo xo da extensão do fagote. A parte é escrita uma oitava acima
os dois instrumentos quando vão tocar, de modo que possam do que soa.
trocar um pelo outro de acordo com a tonalidade em que a
música está. Ambos os instrumentos são transpositores. O
menor deles é a CLARINETA EM sik o dó3 escrito soa um tom
abaixo (s»2). O instrumento maior é a CLARINETA EM LÁ: O
dó3 escrito soa um tom e meio abaixo (lá2). A extensão escri-
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Capítulo 50
Instrumentos de metal
239
A orquestra completa atual Instrumentos de metal
cada nota temporariamente. Tornaram possível à trompa tocar A extensão do TROMBONE-TENOR vai do m i l ao sii»3. O pri-
escalas cromáticas com a extensão do fáttl ao dó5. As trom- meiro e o segundo trombones-tenores vêm numa mesma pau-
pas orquestrais são tocadas aos pares: se há quatro trompas, a ta na partitura completa. São escritas na clave de tenor ou na
primeira e a terceira executam as notas mais agudas, e a se- clave de fá, de acordo com o âmbito das notas.
gunda e a quarta as mais graves. Suas partes são escritas na A extensão do TROMBONE-BAIXO encontra-se uma quarta
clave de sol. As notas mais graves são escritas na clave de fá, abaixo da extensão do trombone-tenor. É escrita na clave de
na oitava em que devem soar (na escrita musical anterior à fá. Muitas vezes divide a mesma pauta da TUBA na partitura
metade do século XIX, essas notas graves eram escritas numa completa. Esse é um arranjo desaconselhável, pois a tuba é
oitava mais grave). um instrumento muito diferente; seu som doce e macio com-
Os TROMPETES são instrumentos mais agudos do que as bina-se melhor com a trompa.
trompas, e a sua forma propicia um som mais brilhante e pe- Na verdade, a tuba deveria ser chamada de TUBA-BAIXO,
netrante. Existem trompetes em sil», dó ou ré. Dos três, o em porque existem muitas outras tubas, de diferentes tamanhos,
sil» é o mais usado. No princípio, as partes musicais de trom- nas BANDAS DE METAIS. A tuba-baixo orquestral, que possui
pete eram escritas em dó para serem transpostas, se necessá- válvulas, tem extensão que vai do rél ao lál»3. É escrita na cla-
rio. Hoje, as partes de trompete são escritas no tom em que ve de fá, com 8va... para indicar as notas mais graves.
devem soar. Com a ajuda dos pistões, as séries harmónicas
proporcionam ao trompete uma extensão de fáfe a dó5. As
partes são escritas na clave de sol.
Nas partituras completas, os trompetes vêm abaixo das
trompas, embora alcancem sons mais agudos. Isso porque o
som doce das trompas combina-se tão bem com os instru-
mentos de madeira que muitas vezes os compositores permi-
tiam que as trompas compartilhassem da textura dos fagotes
e das clarinetas. Os trompetes, de sonoridade mais metálica,
combinam-se melhor com os trombones.
Os três TROMBONES estão divididos em primero e segundo
TROMBONES-TENORES e TROMBONE-BAIXO. Como todos os ins-
trumentos de metal, o trombone tem as notas abertas naturais
das séries harmónicas. Muito antes de os pistões serem inven-
tados, o trombone era capaz de tocar as demais notas com a
ajuda de uma peça separada do tubo chamada VARA, que pode
ser movimentada para dentro e para fora enquanto o instru-
mento é tocado.
240 241
Capítulo 51
Instrumentos de percussão, celesta e harpa
243
A orquestra completa atual
Instrumentos de percussão, celesta e harpa
Outro instrumento de percussão com altura definida é o Os PRATOS ou CÍMBALOS são tocados batendo-se um con-
CARRILHÃO, instrumento parecido com um teclado primitivo, tra o outro, o que pode produzir um clamor terrível, ou, sus-
com tubos de metal percutidos por martelos de madeira e ex- pendendo-se um deles, percurti-lo tremulando com baquetas
tensão de dó4 a dó6, escrita duas oitavas abaixo do que soa; de tímpanos com ponta de feltro, o que pode criar um efeito
e o XILOFONE, um carrilhão de madeira com extensão de dó3 obscuro e misterioso.
a dó6, escrita como deve soar.
O BOMBO é percurtido com uma baqueta grande com pon-
SINOS TUBULARES são tubos de metal suspensos por uma ta de feltro; o som profundo e surdo da sua batida pode até
armação e percutidos com um martelo. São modelados para inspirar temor.
imitar os sinos das igrejas; têm geralmente extensão do dó3
O GONGO é ainda mais assustador. O seu fortissimo pode
ao fá4. São ditos como de "altura definida" e suas notas são
abafar todos os outros instrumentos (exceto o guincho das no-
cuidadosamente afinadas, mas na verdade o som que chega
tas mais agudas do piccolo). Se fosse tocado com muita força,
aos ouvidos é um amontoado de notas "fantasmas". Isso por-
além do "limiar da dor", poderia até prejudicar os ouvidos do
que os sinos tubulares, como os sinos das igrejas, são ricos
instrumentista ou de qualquer outra pessoa que estivesse perto.
em harmónicos audíveis. Eles são tão ressonantes que conti-
Na partitura completa, os tímpanos vêm na pauta superior
nuam a soar muito tempo depois de terem sido percutidos. Se
do grupo de percussão. Depois vêm os instrumentos de altu-
dois sinos são tocados um após o outro, as ondas sonoras f i -
ra indefinida, em linhas únicas, e abaixo deles a percussão
cam sobrepostas e produzem SONS RESULTANTES. (Há dois t i -
"de teclado" (carrilhão e xilofone).
pos de sons resultantes; um deles é o SOM ADICIONAL, que pos-
A CELESTA não pertence realmente ao naipe de percussão:
sui frequência igual à soma das frequências dos dois sons ori-
é classificada como um integrante individual da orquestra. É
ginais; o outro é o SOM DIFERENCIAL, com frequência igual à
parecida com um piano pequeno, com extensão que vai do
diferença entre as frequências dos dois sons.)
dó3 ao dó7, escrita uma oitava abaixo do que soa.
Os instrumentos de percussão sem altura definida não A HARPA também é um instrumento individual na orques-
precisam de pauta, e, desse modo, suas partes vêm escritas tra. Sua parte vem escrita na partitura completa entre a da ce-
numa linha única. lesta e a dos instrumentos de corda comuns às orquestras. A
O mais importante instrumento de percussão de altura in- harpa possui uma corda para cada diferente nota da escala
definida é a CAIXA. Ela pode influenciar a dinâmica da músi- maior diatónica, ao longo de seis oitavas e meia. É afinada na
ca de maneira brilhante e alegre, com acentos frágeis e rufos escala de dót> maior, com extensão que vai do dók ao solk.
rápidos, que podem crescer do pp ao ff no espaço de um com- Tem diferentes pedais que controlam cada uma das sete notas
passo. em cada oitava; com um simples movimento do pé, todos os
O PANDEIRO possui um som tilintado, que marca o ritmo dós abemolados são elevados para dót]; num segundo movi-
de uma dança ou se agita numa tremulação excitante. mento são elevados de mais um semitom para dói. Esse me-
O TRIÂNGULO tem um som agudo insistente e metálico, canismo de "ação dupla" torna posssível a execução de qual-
que pode se fazer ouvir em quase todos os tutti orquestrais. quer tonalidade maior ou menor.
244
245
A orquestra completa atual
246 247
A orquestra completa atual Instrumentos de cordas
de toda a orquestra. Essa denominação é uma relíquia do fim pro e de percussão na ORQUESTRAÇÃO. Para um programa que
do século XVIII, quando a orquestra era conduzida pelo pri- exija uma orquestra grande, a proporção das cordas poderia
meiro violino". Antes disso, o cravista era quem conduzia. Foi ser de vinte primeiros violinos, dezoito segundos violinos, ca-
a partir do começo do século X I X que um MAESTRO contou torze violas, doze violoncelos e oito contrabaixos.
apenas com uma varinha, ou BATUTA, ao invés de um instru- O tamanho de uma orquestra completa varia considera-
mento. E foi só no fim do século X I X que ele passou a ser um velmente. Os compositores do fim do século X I X às vezes es-
virtuoso autoritário. Entretanto, o líder dos primeiros violinos creviam para nada menos que quatro flautas e piccolo, quatro
continua a ser um spalla, no mais verdadeiro sentido da pala- oboés e corne-inglês, quatro clarinetas e clarone, quatro fago-
vra, pois pode ajudar a criar um conjunto de reações flexível tes e contrafagote, oito trompas, quatro trompetes, quatro
de um grande grupo de aplicados executantes individuais. E, trombones, tuba, tímpanos, percussão, duas harpas, piano, ór-
se o maestro for inexperiente, o spalla pode, discretamente, gão de cordas. Desde então, nenhuma orquestra foi maior do
exercitar a tradição do século X V I I I , encorajando os outros in- que essa.
tegrantes a observarem o movimento do seu arco a cada pau-
sa ou mudança no tempo.
A VIOLA é um instrumento maior do que o violino. As suas
quatro cordas estão afinadas em dó2-sol2-ré3-lá3. A parte é
escrita na clave de contralto, e na clave de sol para notas agu-
das. As partes orquestrais raramente vão além do dó5, a não
ser em passagens em uníssono ou oitavas com outras cordas.
O VIOLONCELO OU CELLO é um instrumento muito maior
do que a viola. As suas quatro cordas são afinadas uma oita-
va abaixo da viola. A parte é escrita na clave de fá, na clave
de tenor para as notas medianamente agudas e na clave de sol
para as notas muito agudas, que podem alcançar até o sol4,
passando dele ocasionalmente.
O CONTRABAIXO é tão grande que as suas cordas soltas
precisam ser afinadas em quartas, e não em quintas, por cau-
sa da distância das notas a serem dedilhadas pela mão esquer-
da. As quatro cordas estão afinadas em mil-lál-ré2-sol2. A
parte é escrita na clave de fá, uma oitava acima do que soa.
O número de instrumentos de cordas numa orquestra
completa depende do equilíbrio entre os instrumentos de so-
• 11. Spalla, em italiano, significa "ombro". O líder seria aquele que "carrega a or-
questra nos ombros". (N. do T.)
248 249
Capítulo 53
Termos italianos e sinais usados em partituras
251
A orquestra completa atual Termos italianos e sinais usados em partituras
252 253
A orquestra completa atual Termos italianos e sinais usados em partituras
Senza: sem (por exemplo: senza rep. - sem repetições; ou Os glissandos são executados em instrumentos tais como
senza sord. - sem surdina ou abafador, senza vibrato a harpa ou o piano, onde podem passar por notas das escalas
- sem vibrar). diatónica ou cromática em rápido movimento ascendente ou
Símile: da mesma maneira. (Essa palavra de uso frequen- descendente. O deslizar num instrumento de cordas, no trom-
te é empregada em passagens onde cada nota vem bone de vara ou numa voz, passa por microtons e é definido
com um sinal, tal como um acento ou um traço de COmO PORTAMENTO.
staccato acima dela: basta escrever o sinal acima das Uma linha vertical ondulada antes de um acorde, numa
primeiras notas, se for seguido de sim.) música para harpa ou teclado, indica que as notas do acorde
Subito: subitamente (por exemplo: subito p depois de um devem ser executadas umas depois das outras, da mais grave
crescendo prolongado). à mais aguda. A isso se dá o nome de ARPEGGIANDO. (Nas ra-
ras ocasiões em que um acorde arpeggiando deve ser tocado
Alguns sinais especiais usados na música instrumental: da nota mais aguda à mais grave, uma seta apontando para
O sinal n indica arcada para baixo; o sinal v indica arcada baixo vem escrita no fim da linha ondulada.)
para cima. COLL'8VE, escrito acima das notas agudas ou entre as no-
O sinal ° acima de uma nota indica um som harmónico, tas graves de uma parte de harpa ou teclado, indica que as
um sobretom fraco das séries harmónicas que pode ser pro- notas devem ser tocadas em oitavas.
duzido por um instrumento de cordas tocando-se levemente a As vezes, o sinal / . é usado para indicar que as notas do
corda num ponto determinado da sua extensão. (Esses pontos compasso anterior devem ser repetidas:
são chamados NÓS: aparecem para indicar amplitude menor
de vibração da corda através da sua divisão em segmentos:
metade, um terço, um quarto, um quinto etc.) escrito tocado
\nm\ \mrm. i
j ^ r x j i .• i
escrito
4^r,LrrLXm
tocado
254 255
A orquestra completa atual Termos italianos e sinais usados em partituras
escrito tocado
escrito tocado
256 257
PARTE X I I I
A R U P T U R A C O M A TRADIÇÃO
NO S É C U L O X X
Capítulo 54
Fugindo da tonalidade
261
A ruptura com a tradição no século XX
mti2 si\>3 dóÍ5 dól4 fáft4 soll3 fák4 si\>2 làk4 sik3 sol$4 rétt
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
262 263
A ruptura com a tradição no século XX Música serial dodecafônica
ferentes instrumentos ou vozes, contanto que a ordem vigen- mo os intérpretes às vezes acham difícil manterem-se em suas
te seja estritamente mantida dentro da série. E podem ser usa- posições, particularmente no desenvolvimento recente conhe-
das verticalmente, de modo a formar acordes. Esses acordes cido por "densidade serial", no qual nenhum instrumento toca
não são construídos como as tríades: seus intervalos são de- mais de uma única nota a cada entrada. Não é de surpreender
terminados pela ordem da nota na série. Podem consistir em que alguns compositores de música serial total tenham sido
qualquer combinação, de três a doze notas. Entretanto, as es- levados a conceber seus trabalhos para execução eletrônica.
truturas dos acordes na música dodecafônica não produzem
cadências ou outras progressões harmónicas, como na músi-
ca tonal, porque não há relação a uma nota fundamental.
O termo "serial" é usado, às vezes, como uma denomina-
ção alternativa para a música dodecafônica, mas pode ser
confuso a partir do momento em que é possível empregar a
técnica da composição serial em séries com menos de doze
notas. As composições seriais que empregam todas as doze no-
tas, como no método de Schoenberg, são mais precisamente
definidas como MÚSICA SERIAL DODECAFÔNICA.
Alguns dos compositores adeptos de Schoenberg concen-
tram-se na SERIALIZAÇÃO TOTAL. Isso significa que não apenas
as notas, mas também o ritmo e a dinâmica são controlados
pela organização "serial". Os valores de duração das notas
são arranjados numa ordem fixa, e a dinâmica é distribuída
numa rotação rigorosa.
Não há nada de novo em observar-se estritamente a mes-
ma ordem de notas, tanto retrógrada quanto invertida, ao lon-
go de toda uma composição. Bach já o fazia no princípio do
século X V I I I . Também não há nada de novo em serializar de-
senhos rítmicos: o grande compositor inglês Dunstable j á o
fazia no princípio do século X V Mas Dunstable usava cantos
gregorianos que todos conheciam de cor, de modo que os
seus ouvintes conseguiam acompanhá-lo. Os compositores
serialistas do século X X conhecem de cor suas próprias séries
de notas, mas para o ouvinte "comum" é totalmente impossí-
vel acompanhar as séries em uma primeira audição. Até mes-
264 265
Capítulo 56
Artifícios eletrônicos
267
A ruptura com a tradição no século XX
268 269
ABC da música Coda
quartetos de cordas de Mozart; as paixões de Bach e as pri- chinesas suspensas ao longo de uma corda e percutidas por
meiras experiências da ópera italiana; a música dos consorts uma colher de pau.
que Shakespeare ouvia quando saía para jantar e os motetes Não há dúvida de que a segunda metade do século X X é
medievais que eram entoados nas catedrais inglesas quando um período encorajador para o principiante que ainda está
Chaucer escrevia seus Contos de Canterbury. aprendendo o alfabeto musical.
Ouvir uma execução através do disco ou do rádio pode ser
uma experiência irresistível, mas é preciso lembrar, enquanto
analisamos nosso prazer, que estamos perdendo algo de grande
importância. Perdemos a troca entre o intérprete e a plateia,
que é um dos ingredientes principais na audição de música. E
quando ouvimos o mesmo disco, vez após vez, perdemos a
singularidade da performance. A música não pode ser rígida
e inalterável; deve ser avivada de maneira nova cada vez que
for cantada ou tocada. Por essa razão, cantores e instrumen-
tistas amadores geralmente entendem melhor o que é música
do que os ouvintes de discos, embora nem sempre consigam
manter-se afinados ou no tempo.
Ao longo dos últimos anos houve um aumento espantoso
no estímulo, inclusive financeiro, aos que fazem música ama-
dora. Hoje, é possível dizer que qualquer pessoa que esteja
preparada para ensaiar exaustivamente terá oportunidade de
integrar um coral, uma orquestra, um conjunto de cordas ou
de flautas doces. E, felizmente, existem músicas suficientes
para se cantar e tocar por uma vida inteira.
Não há apenas canções populares, hinos medievais, ma-
drigais do século X V I e danças do século X V I I esperando
que os principiantes estudem suas partituras; também estão
sendo escritas composições contemporâneas instigantes, es-
pecialmente para amadores. Noye s Fludde de Benjamin Brit-
ten apresenta partes orquestrais para flautas-doces soprano,
violinos com "cordas soltas", cornetas usadas em escolas in-
fantis, sinos manuais usados em clubes juvenis e instrumen-
tos de percussão caseiros, incluindo uma fileira de canecas
270 271
índice de termos
273
ABC da música índice de termos
de terça, quinta e sexta 135 com da capo 181 batida cantabile 252
de terça e sexta 116 di bravura 182 (contando o tempo) 31, , 37, cantar 4
de tónica 106 di carattere 182 38, 43 cantata 193
acústica 67 arioso 193 preparatória 33 cantochão ou canto gregoriano 9
adlib. 61 armadura de clave 123 batimento (acústico) 78 cantus 83
adagio 167 arpeggiando 255 batuta 248 canzon(e) da sonar(e) 155
adicional, som 244 arpejo 166 bel canto 181 canzonetti 153
afinado (ver entonação) assai 253 bemol 82 capricho 226
agitato 252 atonalidade 262 dobrado 132 caráter, música de 226
agrupamento de notas 19 attacca 253 tonalidades com 130 carrilhão 244
escritas em desenho rítmico aumentação bequadro 92 casa
38,41 (da melodia) 84 de precaução 128 um (ou de primeira vez) 52
(excepcional) 56 (do tema na fuga) 199 binária(o) dois (ou de segunda vez) 52
agrupamento de pausas 48 aumentada de compasso 55 cassation (ou cassazione) 214
alaúde 154 de forma 190 catch 154
acorde de sexta 147
"alemã", sexta 147 bitonalidade 262 celesta 245
quarta 73
alemanda (século X V I I I ) 187 bombo 245 cello (ver violoncelo)
quinta 126
alman (séculos X V I e X V I I ) 160 bordão (gaita de foles) 190 cembalo 168
segunda 126
algarismos romanos como bourrée 161, 189 centro tonal 262
tríade 126
símbolos 107 breve 45 chacona 163
auxiliar, nota
all'ottava, 8va 12 broken consort 155 chalumeau 237
(no contraponto) 96
al rovescio 199 charamela 155
(na harmonia) 141
alia breve 56 c como sinal de \ 56 cifrado(a)
allargando 252 í como sinal de \ 56 baixo 168
bagatela 226
allegretto 252 cadência harmónica 112 harmonia 127
baixo
allegro 167,252 imperfeita 112 cifras 168
alterado, ritmo 60 cifrado ou numerado 168
interrompida 113 címbalos (ver pratos)
altura 4 clarineta 235
melódica 19 círculo de quintas 131
amplitude 67 contínuo 169
perfeita 112 clarineta 236
anacruse 37 obstinado 163, 164 plagal 113 -baixo (clarone) 237
análise 152 voz 121 \ 118 em lá 236
andamento 25-30 balada 226 cadenza 216 em mi bemol 237
andante 252 balé 231 caixa 244 em si bemol 236
andantino 252 ballad opera 204 calando 252 clássica, música 217
animato 252 balletti 153 câmara, música de 213 clave 10
antecipação banda cambiada armadura de 123
(no contraponto) 96 de metais 241 (no contraponto) 99 de alto 11
(na harmonia) 142 militar 237 (na harmonia) 142 de baixo 11
apoj atura 175 barítono 122 canções, ciclo de 224 dedo 11
arco 253 barra de compasso 29 canções sem palavras 226 de fá 11
ária 171 pontilhada 58 cancrizans 199 de sol 11
cantabile 181 barroco 167 cânon 86 de tenor 11
274 275
ABC da música índice de termos
clavicórdio 154 contar (ver também capítulos 6-9, desenho contraponto 197
clavier 195 11-12) 28 melódico 15 ponto de aumento 35
coda contínuo 169 rítmico 28 duração 29
(na fuga) 198 contrabaixo 247, 248 desenvolvimento, seção de 211
(na sonata) 211 contrafagote 237 diatônica(o) 6 elegia 153
col ou colla 253 contralto 122 escala 6 eletrônica(os)
colcheia 36 contraponto 83 semitom 145 instrumentos 267
coll'8ve 255 duplo 197 diferencial, som 244 música 267
coloratura 172 harmónico 199 diminuendo, dim. 68 "em dó" 23
coma 18 triplo 197 diminuição (do tema na fuga) 199
enarmônica, mudança 131
come 253 contrário, movimento 83 diminuta(o)
ensemble vocal 182
compasso contratema 197 acorde de sétima 146-7 entonação 6
binário 55 contratenor 122 intervalo 73
exata 196
cor anglais (ver corne-inglês) tríade 107
composto 40 entrada falsa 198
coral dinâmica 67
comum 56 entreato 173
prelúdio (ou coral para órgão) direto, movimento 117
primeiro tempo 52 eólia 21
194 disjunto, movimento 15
quaternário 55 episódio 197
variações 194 dissonância 78
quinário 57 escala 6
cordas não resolvida 231
segundo tempo 52 de tons inteiros 246
instrumentos de 247 resolução 93
setenário 58 diatónica 6
orquestra de 247 divertimento 214
silencioso 48 maior 106
quarteto de 214 divisões 164
simples 40 menor (natural) 106
coreógrafo 231 dó 108
ternário 55 menor harmónica 125
corne-inglês 236 central 6
composto clave de 11 menor melódica 125
coro 172
compasso 40 corrente dobrada, nota (no acorde) 108 modal 21
intervalo 71 (séculos X V I e X V I I ) 160 dobrado pentatônica 23
con 253 (século X V I I I ) 188 bemol 132 escapada 143
concertino 185 cravo 154 sustenido 132 espaçar (notas em um acorde) 108
concerto 185 crescendo, cresc. 68 dobrar partes instrumentais 185 espineta 154
barroco 186 cruzadas, vozes 84 dodecafonismo 262 espressivo 252
duplo 215 dolce 252 estado
grosso 185 danças dominante 24 (da tríade) 115
triplo 215 incidentais 173 acorde 106 fundamental 116
concomitantes (ver harmónicos) nacionais 231 acorde de sétima da 135 (inversões) 116
conjunto, movimento 14 dabraccio 154 doppio movimento 252 estante 247
consonância 78 da capo al fine 53 dórico 23 estilo galante 205
imperfeita 78 da gamba 154 drama musical 229 estrutura de acordes 142
perfeita 78 dal segno al fine 53 duas-quiálteras 59 exposição
consort 154 decibel 68 dupla(o) (na fuga) 197
broken 155 décima 74 barra 32 (na sonata) 211
whole 154 descante 83 concerto 215 extensão 89
276 277
ABC da música índice de termos
278 279
ABC da música índice de termos
mordente 176 série de 263 pandeiro 244 piccolo (ou flautim) 236
morendo 252 valor da 29 parada 19 pistões 239
motivo 197 notação 7,9-13 paralelas, oitavas e quintas 93 piú mosso 252
movimento noturno paralelo, movimento 81 pizzicato 253
conjunto 17 (fim do século X V I I I ) 214 parciais (ver harmónicos) plagal 90
contrário 83 (século X I X ) 226 parlando 182 cadência 113
de sonata 167 novelette 226 partes da orquestra 251 poco 253
direto 117 numerado (ver cifrado) partita 187 poco a poco 253
disjunto 17 partitura poema sinfónico 227
oblíquo 83 obligato (ou obbligato) 194 aberta (coral) 121 polifônico 87
paralelo 81 oblíquo, movimento 83 completa 235 politonalidade 262
mudanças de fórmula de compasso oboé 236 de bolso 251 ponte 210
59 da caceia 236 reduzida (de coral) 121 pontilhada, barra de compasso 58
relação entre notas nas 59 obstinado (ver baixo) vocal 251 pontilho 239
museta 189 oitava 6 pas d'action 231 ponto 9
música (intervalo) 74 pas de deux 231 de aumento 35-6
concreta 267 (intervalo melódico) 18 pas de six 231 de pedal 190
de câmara 213 ópera 170 passacale 163 de staccato 66
eletrônica 267 alemã (Singspiel) 204 passagem, modulação de 133 duplo 42
ballad 204 passagem, nota de portamento 255
naipes (da orquestra) buffa 203 (na harmonia) 141 portato 66
cordas 247 comique 203 (no contraponto) 95 posição dos acordes
madeiras 235 ligeira 203 acentuada (contraponto) 96 afastada ou larga 107
metais 239 napolitana 181 acentuada (harmonia) 143-4 estreita ou unida 107
percussão 243 romântica 229 pastoral 186 pratos 245
natural (nota) 91-2 oratório 182 pausa(s) 47 prelúdio
napolitana, ópera 181 órgão, coral para (ver prelúdio agrupamento de 48 coral 194
nó 254 coral) geral 207 (século X V I I I ) 191
nona 74 ornamentos 175-7 pauta 10 (século X I X ) 227
nota(s) 4 orquestra 172 pavana 159 preparatória, batida 33
auxiliar (na harmonia) 141 completa 235 pedal 190 presto 167
auxiliar (no contraponto) 94 de cordas 247 pentatônica 23 primeira(o)
"brancas" (do piano) 4 partes da 251 percussão 235,243 inversão 116
(como símbolo escrito) 10 orquestração 249 perfeito(a) tema (sonata) 210
dedilhadas 247 ossia 253 acorde 109 vez, casa de 52
de mão 239 ouvertures (suite) 191 cadência 112 voz (instrumental) 155
dobrada (no acorde) 108 ouvido período 18-9 principale 185
fundamental (de uma série) 109 absoluto 4 pesante 253 programa, música de 227
ornamentais 175 relativo 4 pianissimo 68 progressão 197
"pretas" (do piano) 5 overture 227 piano (dinâmica) 68 gradual 15
repetida 16 piano, redução para 251 pulsação 27
sensível 91 Paixão 194 pianoforte (piano) 213,225 variação rítmica 101
280 281
ABC da música índice de termos
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Outros títulos do nosso catálogo
ABC da música
Hoarder, T.
tercina 58 trio
Jíistória da Dança no Ocidente
ternária(o) (no minueto) 190 Hourniquel, C.
compasso 55 sonata 168 Chopin
forma 191 triplo
tetracorde 7 concerto 215 Candé, H. de
textura 152 contraponto 197 Jíistória Liniversal da Música
timbre 152 trítono 73 Candé, "K. de
tímpanos 243 trombone 155,240
Vivaldi
cromáticos 243 -baixo 240,241
tocatas 166 -tenor 240, 241 Dart, T.
tom trompa 239 Interpretação da Música
(grau em uma escala) 7 trompete 155,240
médio, escala de 196 tuba 241
Deyries, TS., Lemery, D. e Sadler, M.
(qualidade de som) 152 -baixo 241 Jíistória da Música em Quadrinhos
tonal tubulares, sinos 244 ßalway, ] . e Mann, W.
centro 262 tutti (séculos X V I I - X V I I I ) 185 d Música no Timpo
resposta 198 unidade (de tempo) 31
tonalidade(s) 123, 262 uníssono 72 Sriffitñs, T.
com bemóis 130 "Enciclopedia da Música do Século XX
com sustenidos 129 valores de tempo (ou de notas) 29
Jíocquard, J.-V.
vizinhas 133 valsa 223
vara (trombone) 240
Mozart
tónica 19,21
acorde de 106 variação 16 Xárolyi, Ó.
menor 137 de pulsação rítmica 101 Introdução à Música
traços verticais 67 variações (sobre um tema) 164
tranquillo 253 vaudeville 203 Xerman, J.
transitória, modulação (ver vibração 4 Musicologia
modulação de passagem) vibrato 254
Lovelock, IV.
transposição viola 247, 248
Jíistória Concisa da Música
(melódica) 90 da gamba (e família) 154
(para uma tonalidade diferente) violino 247-8 Lovelock, IV.
122 violoncelo ou cello 247, 248 Os 'Rudimentos da Música
transpositores, instrumentos 236 virginal 154
Marcel, L.íÃ.
tremulando 207 vírgula 18
trémulo 256 virtuoso 182
"Bach
três-quiálteras (ver tercina) vivace 167 "Rey, X
tríade 107 vocal, partitura 251 "Erik Satie
aumentada 126
diminuta 107 whole consort 154 Scñnáder, M.
triângulo 244 "Wagner
trinado 176-7 xilofone 244
Soled, J.-J. e Lelonq, Çj.
¡As Obras-Grimas da Música
Vígnal, M.
284 Mahler