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CURSO – CARREIRAS JURÍDICAS Nº 34

DATA – 20/09/16

DISCIPLINA – DIREITO PENAL – TEORIA DA PENA (MANHÃ)

PROFESSORA – FRANCISCO MENEZES

MONITORA – JAMILA SALOMÃO

AULA 02/06

Ementa:

Na aula de hoje serão abordados os seguintes pontos:

 Aplicação da pena: 1ª, 2ª e 3ª Fases.


 Concurso de crimes.

Aplicação da pena

1) Aplicação da pena privativa de liberdade – PPL.

1.1) 1ª Fase – Pena base:

1.1.1) Circunstâncias judiciais:

Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário
e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)

b) Antecedente:

 Observações:

 Existe um julgado no STF, o RE 591054, no qual vários Ministros ressalvaram suas opiniões
contrárias no que tange a constatação de maus antecedentes através de inquéritos ou ações
em curso, decidindo ao final, conforme entendimento tradicional do STF em respeito ao
Princípio da Colegialidade.

c) Conduta social e personalidade:

Conduta social é o comportamento do agente no seu meio familiar, profissional, pessoal e


social. Seu trato com as pessoas. Como é visto e bem aceito na sociedade e nos seus círculos
sociais.

Obs.: Corrente majoritária defende que condenações não valoradas na reincidência ou nos
antecedentes não podem pesar contra o réu na conduta social, em que pese entendimento em
sentido contrário (Bittencourt). Inf. 825, STF, segue o entendimento majoritário.
Testemunha de beatificação  Testemunhas para falar bem do agente.

Personalidade é o perfil psíquico do agente, ou seja, sua índole. No sentido de que avalia-se
na personalidade sua índole subjetiva.

d) Motivos:

Motivos são as razões que não constituem ou qualificam o crime.


O juiz somente pode julgar como desfavorável essa circunstância judicial se a razão pela o
crime foi praticado não constitui, qualifica ou serve como causa de aumento de pela daquele
delito, para se evitar o bis in idem.

Deve-se observar que determinados motivos são óbvios para alguns crimes. Por exemplo, nos
crimes patrimoniais o indivíduo quer se enriquecer ilicitamente.

e) Circunstâncias:

Referem-se aos meios de execução do crime, ou seja, ao modo, tempo e lugar do delito.
Se a circunstância já constitui ou qualifica o crime não pode pesar negativamente para o réu.
Da mesma forma, a jurisprudência não valora duas vezes uma circunstância que privilegia.

f) Consequências do crime:

Consequências do crime são os efeitos posteriores à consumação do delito.


Não se confunde com o resultado do crime, que é elemento do fato típico.

g) Comportamento da vítima:

Verifica-se a colaboração da vítima para o delito.

Obs.: Entende-se majoritariamente que essa circunstância não pode ser avaliada em desfavor
do réu, mas apenas para beneficiá-lo.

1.2) 2ª Fase – Pena provisória:

Também chamada de fase ou pena intermediária.

Aplicam-se as circunstâncias legais. São as atenuantes (arts. 65 e 66, CP) e agravantes (arts.
61 e 62, CP). Existem, ainda, em leis penais especiais.

Circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do
ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo
comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com
violência contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.

Agravantes no caso de concurso de pessoas


Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou
qualidade pessoal; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - ter o agente: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências,
ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a
influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora
não prevista expressamente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Convencionou-se, na jurisprudência, o uso da fração de 1/6 para atenuantes e agravantes. 1/6 é


igual à fração mínima das majorantes e minorantes, causas de aumento e diminuição.
Conforme a Súm. 231, STJ, o juiz não pode fixar a pena abaixo do mínimo legal na segunda
fase. Como consequência, também deve respeitar o máximo. Sofre pesadas críticas doutrinárias
por não ter previsão legal, porém, unanimidade na jurisprudência.

Súmula 231, STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.

1.2.1) Atenuantes:

 Art. 65, CP.

a) Inciso I:

Não exerce influência apenas nessa parte. Também exerce influência, por exemplo, na
prescrição, pois, conforme art. 115, CP, o prazo de prescrição cai pela metade.

Redução dos prazos de prescrição


Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21
(vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Atenuante preponderante em relação a todas as outras.

Obs.: A sentença mencionada no inciso é de 1º grau de jurisdição, segundo jurisprudência


majoritária.

Menor de 21 e maior de 70 não sofreu qualquer influência de legislação específica, seja do


Código Civil ou do Estatuto do Idoso.

b) Inciso II:

Desconhecimento da lei.
É diferente de Erro de Proibição, também chamado de Erro sobre a Ilicitude, que é o
desconhecimento culturalmente condicionado da ilicitude, que recai sobre a conduta. Por motivos
socioculturais. Diz respeito à ilicitude, à norma, ao conteúdo normativo da lei. Norma é a conduta
imposta ou proibida pela lei.
Se inevitável  Exclui a culpabilidade;
Se evitável  Permite a aplicação de pena, com minorante de 1/6 a 1/3.

c) Inciso III:

 Alínea a:

Relevante valor social diz respeito a interesse de toda a comunidade.


Relevante valor moral diz respeito a valores nobres individuais.

Obs.: Só haverá atenuante quando esta circunstância não for apreciada em outra fase da
dosimetria.

 Alínea b:

Dois contextos diferentes:

 Logo após o crime trabalhou para minorar/evitar as consequências. Ex.: Logo após um
acidente o agente socorre a vítima e a leva para o hospital.
 Antes de ter ocorrido o julgamento ter reparado o dano.

Art. 15, CP  Desistência voluntária e arrependimento eficaz.


Art. 16, CP  Arrependimento posterior.

Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)


Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Desistência voluntária: O agente, durante a execução do crime abandona os atos


executórios, evitando a consumação. Espécie de tentativa abandonada.
Arrependimento eficaz: após a conclusão dos atos executórios o agente se arrepende e
impede a consumação. Também não ocorre a consumação.
Em ambos, o agente responde apenas pelos crimes já praticados. Tem a intenção de impedir a
responsabilidade pela tentativa.
Chamam o art. 15, CP, de Ponte de ouro, em que o agente está caminhando pela trilha do
crime e tem a opção de não continuar.

Arrependimento posterior: Causa de redução de pena. Ocorre a reparação do dano por


conduta voluntária e, conforme entendimento que prevalece, de maneira integral, antes do
recebimento da inicial, em crimes sem violência ou grave ameaça à pessoa. Minorante apreciada
na terceira fase da dosimetria, de 1/3 a 2/3.
Essa é a chamada de Ponte de prata.

Na atenuante genérica do art. 65, III, b, CP, o agente não evita a consumação.
Por exemplo: Socorre a vítima; Antes do julgamento, mas depois do recebimento da denúncia,
repara o dano causado.
Essa é a chamada de Ponte de bronze.

 Alínea c:

Três contextos distintos:


 Coação resistível;
 Ordem de superior hierárquico;
 Violenta emoção, provocada injustamente pela vítima.

 Coação resistível;
O art. 22, CP, afirma que a coação moral irresistível é uma excludente de culpabilidade.

Coação irresistível e obediência hierárquica (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Seu caráter resistível ou irresistível é analisado de acordo com o caso pelo juiz.

 Ordem de superior hierárquico;


O art. 22, CP, também diz que obediência hierárquica também pode excluir a culpabilidade,
mas, nesse caso, a ordem não pode ser manifestamente ilegal.

 Violenta emoção, provocada injustamente pela vítima.


O art. 121, §1º, CP, tem-se o chamado homicídio privilegiado, porém, os requisitos são um
pouco diferentes.
Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
§1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço

 Alínea d:

Confissão espontânea. Deve ser feita perante autoridade com alguma atribuição na
persecução penal.

Obs.: A confissão deve ser espontânea, que é aquela que parte do próprio agente.
A voluntária é aquela que parte de influência subjetiva de terceiro.
Entendimento majoritário afirma que a confissão meramente voluntária não poderia atenuar a
pena com fundamento no art. 66, CP, servindo de atenuante inominada.

Obs.: Confissão qualificada.


Confissão qualificada ocorre quando o agente admite o fato, mas alega causa de exclusão de
ilicitude ou de culpabilidade.
Segundo entendimento majoritário dos tribunais superiores, a confissão qualificada pode, sim,
atenuar a pena, em que pese entendimento em sentido contrário.

Obs.: Se o agente volta atrás e se retrata da confissão.


Prevalece que só haverá atenuante se essa confissão for fundamento do juiz na sentença
condenatória.

Obs.: A confissão, hoje, é considerada circunstância preponderante por revelar a personalidade


do agente.

 Alínea e:

Multidão ou tumulto.
É importante que o agente não tenha causado o tumulto.
Crimes multitudinário.

Obs.: Art. 66, CP.


As atenuantes estão previstas em rol exemplificativos por força da atenuante inominada do art.
66, CP.
O juiz pode apreciar circunstância que considera relevante, anterior ou posterior ao crime. Que
o juiz considera como supra legal.
Teses como Coculpabilidade de Zaffaroni: Se traduz na atenuação da pena de pessoas
marginalizadas pela omissão do Estado no cumprimento de seus deveres sociais. Possuem juízo
de reprovação menos intenso.
Portanto, poderia vir como atenuante inominada. Prevalece que poderia ser aplicada na
segunda fase da dosimetria, no art. 66, CP.

1.2.2) Agravantes:

 Art. 61, CP:

a) Inciso I:

Reincidência. Ocorre quando o agente comente novo crime depois do trânsito em julgado que
o condena por crime anterior.

b) Inciso II:

 Alínea a:

Fútil é o motivo desproporcional, pequeno e insignificante.


Torpe é o motivo altamente reprovável, vil, repugnante e egoístico.

Obs.: Ambas são qualificadoras do homicídio, art. 121, §2º, I e II, CP.

Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Homicídio qualificado
§2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo fútil;

 Alínea b:

Hipóteses de conexão material. Quando um crime é praticado para facilitar, assegurar a


execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime.

Art. 121, §2º, V, CP, também trás essa qualificadora.

Homicídio simples
Art. 121. Matar alguém:
Homicídio qualificado
§2° Se o homicídio é cometido:
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
 Alínea e:

Obs.: Conforme o art. 30, CP, as circunstâncias de caráter pessoal não se comunicam, salvo
quando elementares do crime.

Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

 Alínea f:

Violência contra a mulher, na forma da lei específica: Expressão que remete aos arts. 5º e 7º
da lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha). Traçam as normas básicas para compreender a violência
doméstica contra a mulher.

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão
baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide
Lei complementar nº 150, de 2015)
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem
vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram
aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou
que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante,
perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro
meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação
sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de
qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à
gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total
de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos,
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

Art. 5º, 11.340/06, traça o que é âmbito doméstico ou familiar.


Art. 7º, 11.340/06, afirma quais são as formas de violência contra a mulher.

Art. 5º  É aquela ação ou omissão baseada no gênero praticada na unidade doméstica


(convívio doméstico permanente), no seio da família (natural ou por afinidade, independente de
coabitação) ou nas relações íntimas de afeto (entre cônjuges, companheiros ou namorados).
Art. 7º  Não necessariamente a violência é física, podendo também ser psicológica, sexual,
patrimonial ou moral.

Obs.: Para evitar bis in idem nos casos de lesão corporal doméstica do art. 129, §9º, CP, não
há aplicação concomitante da agravante.
Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004)
§9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou
tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
(Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)

 Alínea g:

Se a violação já foi elementar do crime não cabe aplicação concomitante.

 Alínea h:

As qualidades da vítima devem ser de conhecimento do agente. Caso contrário haveria


responsabilidade objetiva, não aceita pelo direito penal contemporâneo.
Criança é aquela que ainda não tem 12 anos completos.

 Alínea i:

Maior desvalor da conduta.

 Alínea j:

O indivíduo que se aproveita de algum desastre ou desgraça particular do ofendido para


praticar crimes.
Maior desvalor da conduta.

 Alínea l:

 Embriaguez preordenada: Ocorre quando o agente consome a substância objeto da


embriaguez com a intenção de praticar crime enquanto embriagado. Desvalor maior da
conduta. Estado voluntário de intoxicação mental.

Embriaguez é estado de intoxicação agudo e passageiro induzido por álcool ou substância


análoga.

A embriaguez pode ser:

 Voluntária: O agente consome a substância com a intenção de se embriagar.


 Culposa: O agente consome a substância voluntariamente, mas sem a intenção de se
embriagar.

Art. 28, II, CP  Voluntária ou culposa, não afasta a culpabilidade ou isenta da pena. Adota-se
a Teoria da Actio libera in causa (ação livre em sua causa), em que a verificação da
imputabilidade deve ser feita no momento do consumo da substância. Se no momento do
consumo voluntário o agente tinha a capacidade de entender o caráter ilícito da conduta será
imputado.

 Involuntária ou acidental: Aquela que ocorre por motivo de caso fortuito ou força maior. Se
completa afasta a culpabilidade. Se for completa afasta a culpabilidade e se incompleta serve
de minorante, de 1/3 a 2/3, aplicada na terceira fase da dosimetria. Art. 28, §§ 1º e 2º, CP.

Emoção e paixão
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
§1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

 Patológica: Refere-se ao vício da substância objeto da embriaguez e pode ser considerada


doença mental para aplicação do art. 26, CP (transtorno mental e sua consequência). Se o
transtorno mental afasta completamente a imputabilidade também exclui o crime porque exclui
a culpabilidade. Se afastar parcialmente a culpabilidade serve como minorante aplicada na
terceira fase da dosimetria, de 1/3 a 2/3.

Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

 Art. 62, CP:

 Inciso I: È o chamado de autor intelectual do crime. Considerado autor pela chamada Teoria
do Domínio Final do Fato.

 Inciso II: O autor que pratica a coação ou induz outra pessoa a executar materialmente o
crime recebe a agravante.
O autor coagido pode estar em coação moral irresistível (causa que exclui a culpabilidade, art.
22, CP) ou em coação moral resistível (recebe atenuante).

 Inciso III: Ex.: Indivíduo que induz o tutelado, menor de 18 ou doente mental a praticar
crime.

 Inciso IV: Quando qualifica o crime não serve como circunstância agravante.

1.1.2) Concurso entre agravantes e atenuantes:

 Art. 67, CP

Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes


Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias
preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do
agente e da reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Algumas circunstâncias prevalecem sobre as outras.

 Circunstâncias preponderantes são aquelas que resultam da personalidade do agente.


Doutrina e jurisprudência afirmam que as que resultam da personalidade do agente são
aquelas que dizem respeito às características do condenado ou da sua conduta espontânea:
 Menor de 21 anos na data do fato;
 Maior de 70 anos na data da sentença;
 Confissão espontânea.

 Motivos determinantes do crime.

 Reincidência.

A circunstância preponderante deve indicar os limites da pena e deve ter um peso maior do
que a que não é preponderante. Muitos autores sugerem e é usual na jurisprudência utilizar-se da
fração de 1/6 para as que são preponderantes e 1/12 para aquelas que não são preponderantes.

A jurisprudência hoje tende para a noção de que a circunstância da menoridade ou da


senilidade é mais preponderante de todas. Em segundo lugar, a confissão e a reincidência. Em
terceiro, estão os motivos determinantes do crime.

É possível a compensação da confissão espontânea com a reincidência, afirmando que tem


igual carga valorativa.
1.3) 3ª Fase – Pena concreta ou definitiva:

O juiz aplica as circunstâncias minorantes (causas de diminuição) e majorantes (causas de


aumento). Sempre em fração específica. Podendo essa fração específica ser determinada ou
variável.

Prevalece que a aplicação será feita em cascata. Aplicam-se as causas diminuição e, sobre o
resultado, aplicam-se as causas de aumento.

Obs.: Na terceira fase não é necessário respeitar os limites da escala penal, ou seja, a pena
pode ficar para aquém do mínimo ou para além do máximo.

Obs.: Art. 68, parágrafo único, CP. Trata do critério trifásico de forma geral. Causas de
aumento ou diminuição de penas específicas.
O entendimento que prevalece é que trás realmente uma faculdade ao juiz. O juiz pode,
fundamentando, observar o que diz o art. 68, CP, quando existe um concurso de causas de
aumento ou de diminuição. Pode aplicar somente a causa que mais aumente ou a causa que mais
diminua.

Cálculo da pena
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as
circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a
um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Obs.: Cada majorante ou minorante prevista com fração variável tem seu próprio critério de
definição da quantidade de aumento ou de diminuição. Ex.: Na tentativa é a progressão do iter
criminis.

Concurso de crimes

Conceito: É a pluralidade de infrações praticadas por um ou mais agentes.


A espécie de concurso determina o critério de fixação da pena.

 Três espécies de concurso de crimes:

 Material. Art. 69, CP. A pena é aplicada pelo critério do cúmulo material de pena. As penas
serão somadas após o critério trifásico de cada uma.
 Formal. Art. 70, CP. Depende:
 Impróprio. Pena aplicada pelo critério do cúmulo material.
 Próprio. Pena aplicada pelo critério da exasperação. O juiz só aplicará a pena do crime
mais grave, aumentando de 1/6 até 1/2.

 Continuado. Art. 71, CP. A pena será aplicada pelo critério da exasperação. A pena do
crime mais grave, porém, nesse caso será aumentada de 1/6 até 1/3.

Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-
se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos
crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
§2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem
compatíveis entre si e sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe
a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e,
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada,
em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa,
poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo,
observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

1) Concurso material:

Ocorre quando por meio de uma pluralidade de condutas (mais de uma conduta) o agente gera
uma pluralidade de crimes (mais de um crime, idêntico ou não). Art. 69, CP.
A pena será aplicada conforme o cúmulo material de penas, ou seja, após a aplicação
individual o juiz soma todas as penas, todas as sanções.

Obs.: Súmula 715, STF.


A pena, ao final do concurso material de crimes, pode ultrapassar 30 anos, sendo unificada
nesse valor para fins de execução. Entretanto, conforme Súm. 715, STF, os benefícios na
execução serão calculados sobre a pena total.

Súmula 715, STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do
Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais
favorável de execução.
Obs.: Penas de reclusão e de detenção não são somadas entre si. Executando-se primeiro a
mais grave.

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