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Caderno de
Notas Jurídicas
Janeiro/Julho 2023
Uma publicação do
Ayres Ribeiro Advogados
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Áreas de atuação
Cível Empresarial
Consultivo Tributário
Contencioso Tributário
Comércio Internacional
Concorrencial
Consumidor
Contencioso e Arbitragem
Mercado de capitais e instituições financeiras
Regulatório
Societário
Fusões e Aquisições
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10 anos construindo
grandes negócios lado a
lado com nossos clientes
Ayres Ribeiro Advogados é a concretização do desejo de praticar o Direito em seu mais
alto nível, para oferecer soluções seguras e eficientes a empresas e empresários.
Com esse propósito, advogados com sólida experiência, formação acadêmica de pri-
meira linha e carreiras em ascensão uniram-se na determinação de criar um endereço
de excelência para questões complexas do Direito Empresarial.
O Caderno de Notas Jurídicas é uma publicação do Ayres Ribeiro Advogados que com-
pila algumas das principais análises, notas e comunicados produzidos e divulgados pela
nossa equipe com o objetivo de fomentar discussões jurídicas de alto nível.
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Índice
Tributário
Não incidem Contribuições Previdenciárias e IRPF sobre ressarcimento de despesas de
teletrabalho.....................................................................................................................................................5
Não incide IRRF no pagamento de juros sobre empréstimos tomados no exterior para
financiamento de exportações.................................................................................................................5
Receita exclui o IPI da base de créditos de PIS e COFINS sem amparo legal.........................6
Fisco esclarece tratamento tributário de contribuintes que assumem residência no país...7
RFB limita créditos de PIS e COFINS sobre a alimentação dos trabalhadores........................8
Municípios só podem cobrar ISS sobre o valor efetivo dos serviços prestados.....................9
Os bônus de contratação e/ou retenção não são submetidos às contribuições
previdenciárias...............................................................................................................................................9
STF afasta multa isolada por compensação não homologada.................................................... 10
STF decide que decisões vinculantes interrompem coisa julgada..............................................11
STF reconhece a prescrição intercorrente no curso da execução fiscal................................. 12
Novo marco cambial flexibiliza as exigências para as remessas ao exterior...........................13
STF finaliza julgamento da Inconstitucionalidade da cobrança de ICMS na transferência
de mercadorias.............................................................................................................................................13
Aquisição de insumos na fase agrícola da agroindústria gera créditos de PIS/COFINS.... 15
Receita Federal não pode aplicar multa da ECF por discordância de entendimento......... 16
PGFN divulga nota reconhecendo os limites da tributação dos benefícios fiscais de
ICMS.................................................................................................................................................................17
ISS é devido no local do estabelecimento prestador dos serviços de planos de saúde e
serviços financeiros.................................................................................................................................... 18
RFB passa a exigir PIS/COFINS na importação de software........................................................ 18
Medida Provisória sobre preços de transferência é convertida em Lei com alterações
significativas.................................................................................................................................................. 19
Societário
CMN e BCB regulamentam o Marco Legal do Câmbio.................................................................. 21
CVM publica nova regulamentação dos fundos de investimento............................................. 22
BACEN divulga novas regras sobre capital estrangeiro no país................................................ 23
BCB apresenta nova regulação sobre capitais brasileiros no exterior.................................... 24
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Tributário
Não incidem Contribuições Previdenciárias e IRPF sobre
ressarcimento de despesas de teletrabalho
23 de Janeiro de 2023
Os valores pagos para ressarcimento de despesas arcadas pelos empregados com inter-
net e consumo de energia elétrica, em decorrência da prestação de serviços no regime
de teletrabalho, não devem ser incluídos na base de cálculo das Contribuições Previ-
denciárias e do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), conforme posicionamento
vinculante proferido pela Receita Federal na Solução de Consulta COSIT nº 63 de 2022.
No caso analisado pelo Fisco Federal, a consulente contribuinte atuante no ramo de
fabricação de refrigerantes e refrescos e comércio atacadista de bebidas adotou o re-
gime integral de home office para alguns dos empregados em virtude da crise ocasio-
nada pela COVID-19, ajustando o pagamento de ‘ajuda de custo mensal’ para auxiliar os
funcionários com as despesas referentes ao serviço de internet e consumo de energia
elétrica durante o período de expediente.
De acordo com o entendimento das Autoridades Fiscais, os valores pagos para ressarcir
as despesas arcadas pelos empregados em decorrência da adoção do regime de traba-
lho diferenciado, essenciais para a realização das suas atividades fora do ambiente da
empresa, não constituem contraprestação pelo trabalho em si, mas sim uma indenização
ao empregado pelos custos ocasionados pela alteração do local de prestação de ser-
viços, afastando-se, assim, a incidência dos tributos sobre a remuneração dos trabalha-
dores.
No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro real, os valores tratados acima
podem ser considerados ‘despesas dedutíveis’, reduzindo-se a base de cálculo do IRPJ
e da CSLL, desde que o beneficiário comprove, mediante documentação hábil e idônea,
os valores despendidos.
Diogo Brazioli
Não incide Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) em remessas ao exterior para amor-
tizar os juros de empréstimos tomados para o pré-pagamento de exportações. Esse foi o
entendimento adotado pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) no
recente julgamento do Processo Administrativo nº 16682.720004/2018-53.
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De acordo com o artigo 1º, inciso XI, da Lei nº 9.481 de 1997, fica reduzida a zero a alí-
quota do IRRF sobre os rendimentos auferidos no país, por residentes ou domiciliados
no exterior, na hipótese de “juros e comissões relativos a créditos obtidos no exterior e
destinados ao financiamento de exportações”.
Segundo a fiscalização, no caso analisado o empréstimo tomado pela empresa teria
sido utilizado para outras finalidades e não para o fomento da exportação, visto que, no
mesmo dia da entrada dos valores a empresa teria utilizado os recursos para outros fins,
como o para realizar aporte de capital em outra empresa. Sem a destinação para a ex-
portação, a conclusão foi no sentido de que o tributo deveria ser cobrado.
Contudo, a empresa comprovou que os recursos dos empréstimos foram efetivamente
utilizados para fomentar a exportação, seguindo o previsto no o artigo 1º, inciso XI, da
Lei nº 9.481 de 1997, bem como que as exportações foram realizadas de forma regular,
inclusive ao amparo de certificação por parte dos bancos responsáveis pelas operações
de câmbio.
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Em casos análogos, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu que tributos irre-
cuperáveis estão incluídos no custo das mercadorias e, por isso, declarou o direito dos
contribuintes de manter o ICMS-ST na base de cálculo dos créditos do PIS e da COFINS
(REsp 1.568.691/RS e REsp 1.428.247/RS).
Portanto, os contribuintes podem pleitear o direito de apurar créditos da não-cumula-
tividade do PIS e da COFINS sobre o valor de aquisição dos bens, nele incluído o IPI,
conforme sistemática prevista nas Leis nºs 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, admitidas
apenas as exclusões previstas nesta própria legislação.
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Aleksandros Markopoulou
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Municípios não podem cobrar ISS sobre descontos incondicionados. Este posicionamen-
to foi afirmado em recente decisão publicada no dia 7 de março de 2023 pelo Superior
Tribunal de Justiça (STJ) no Recurso Especial (REsp) nº 1.893.596, que entendeu por
afastar a cobrança de Imposto sobre Serviço (ISS) sobre descontos incondicionados con-
cedidos por instituição financeira.
O ISS é um imposto de competência municipal cobrado sobre o valor da prestação de
serviço. No curso das relações comerciais, é comum que prestadores concedam des-
contos aos consumidores, que podem ser incondicionados ou condicionados. Os des-
contos condicionados não são dedutíveis da base de cálculo do ISS, eis que houve
uma contrapartida em favor do prestador que deve ser considerada depois da cobrança
pelos serviços e emissão das notas fiscais. Não obstante, os descontos incondicionados
devem ser deduzidos da base de cálculo do ISS, eis que consistem em verdadeira redu-
ção do valor devido ao prestador em razão da prestação de serviço.
O STJ, quando do julgamento do REsp nº 1.893.596, enfrentou tanto a questão dos des-
contos incondicionados na composição da base de cálculo do ISS, como também a pos-
sibilidade de um munícipio desconsiderar o preço do serviço cobrado pelo prestador
em razão da existência de uma norma administrativa que fixava um piso para o valor da
prestação de serviço.
Nesta ocasião, a corte entendeu que não incide ISS sobre descontos incondicionados e
reafirmou que a base de cálculo do tributo é o valor da prestação, independentemente
da regulamentação existente sobre o setor econômico, eis que os descontos concedidos
não estavam vinculados à ocorrência de eventos incertos ou futuros.
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que o segundo assine um contrato duradouro de trabalho. A seu turno, o bônus de re-
tenção corresponde a valor que tem por objetivo a manutenção do vínculo empregatício
em hipóteses específicas de oferta de novo emprego recebida pelo empregado que se
pretenda reter.
Considerando referidas premissas, a CSRF entendeu que, em que pese a vinculação do
bônus de contratação a um contrato de trabalho, a figura jurídica em análise se aperfeiçoa
em momento anterior à relação laboral, afastando-se, portanto, da natureza remunerató-
ria para fins previdenciários. No mesmo contexto, entendeu o colegiado administrativo
que o bônus de retenção não ostenta natureza remuneratória, posto que não decorre da
prestação de serviços propriamente dita e sim de verba para que o empregado assuma
o compromisso de manutenção de vínculo, afastando-se, assim, da base de cálculo das
contribuições previdenciárias.
Pedro Albuquerque
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Pedro Albuquerque
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Aleksandros Markopoulou
Com o advento da Lei nº 14.286 de 2021, que instituiu o novo marco legal do mercado
de câmbio, passa a ser regra a possibilidade de realização de remessas ao exterior
sem a necessidade prova da retenção do Imposto sobre a Renda na Fonte (IRF) sobre
o pagamento de rendimentos a beneficiário estrangeiro, sendo mantida essa exigência
somente sobre os lucros, dividendos, juros, amortizações, royalties, assistência técnica
científica, administrativa e semelhantes.
Antes, o artigo 880 do Decreto nº 3.000 de 1999 (RIR/99) limitava indiscriminadamente
qualquer remessa de rendimentos para o exterior, exigindo de todos a prova do paga-
mento do imposto, com base no artigo 125, parágrafo único, alínea “c” do Decreto-Lei nº
5.844 de 1943 e no artigo 57, parágrafo único, da Lei nº 4.595 de 1964.
Contudo, com a lei do novo marco cambial essa proibição genérica foi revogada, não
sendo mais exigido do contribuinte a produção de prova do pagamento do imposto
para toda e qualquer espécie de remessa de rendimentos para fora do país, senão em
algumas hipóteses excepcionais, elencadas no artigo 774 do Decreto nº 9.580 de 2018
(RIR/18).
Isso porque a lei do novo marco cambial preservou o artigo 9º da Lei nº 4.131 de 1962,
que condiciona as remessas para o exterior à prova do pagamento do imposto, porém
com alcance mais restrito, atingindo somente os lucros, dividendos, juros, amortizações,
royalties, assistência técnica científica, administrativa e semelhantes, não sendo então
inteiramente livre a prática dessas operações.
Assim, se conclui que atualmente, a regra é a desburocratização, e apenas as operações
indicadas na legislação de regência dependem de comprovação do recolhimento do IRF.
O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não incide nas opera-
ções de transferência de mercadorias entre estabelecimentos de um mesmo contribuin-
te e é garantida a manutenção dos créditos fiscais relacionados às operações anteriores
com as mercadorias ou seus insumos, bem como a transferência dos créditos para o
estabelecimento destinatário. Este foi o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF)
ao finalizar o julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) nº 49. Além
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disso, em razão da modulação dos efeitos, a decisão produz efeitos a partir de 2024 e se
Estados e Distrito Federal não criarem mecanismo para viabilizar a transferência dos cré-
ditos de ICMS relativos às operações anteriores com as mercadorias objeto da remessa
entre os estabelecimentos, os contribuintes terão o direito de assim proceder em razão
do julgamento do STF.
O mérito da controvérsia da ADC 49 já estava pacificado quando o STF decidiu que não
incide ICMS na transferência entre estabelecimentos, inclusive em operações interesta-
duais. Todavia, considerando que o julgamento implicava alteração da sistemática então
vigente, os Estados ingressaram com embargos de declaração para rediscutir a situação
dos créditos de ICMS aproveitados pelos contribuintes em operações anteriores envol-
vendo as mercadorias transferidas ou seus insumos de produção, pois entendiam que
os contribuintes deveriam estorná-los como se esta fosse uma operação de circulação
de mercadorias sujeita a não incidência, conforme determina o artigo 155 § 2º, inciso II,
da Constituição Federal, e ainda com a pretensão de estabilizar as relações não litigiosas
por meio da modulação dos efeitos.
Enfim, o STF concluiu o julgamento dos embargos de declaração e reafirmou o direito
dos contribuintes de manter os créditos da não-cumulatividade do ICMS, deixando claro
que a transferência de mercadoria entre estabelecimentos não se trata de hipótese de
circulação jurídica e econômica de mercadorias com não incidência do imposto estadu-
al. Nas palavras do ministro Relator Edsosn Fachin, cujo voto foi vencedor: “(...) evidente
que devido a sua irrelevância jurídica para tributação, trata-se de hipótese integralmente
alheia ao disposto no art. 155, § 2º, II da Constituição Federal. A transferência interes-
tadual da mercadoria entre estabelecimentos de uma mesma pessoa jurídica equivale,
portanto, a mera movimentação física”.
Além disso, foram modulados os efeitos da decisão de modo que o posicionamento do
STF somente produzirá efeitos a partir de 1º de janeiro de 2024, ressalvados os contri-
buintes que tiverem questionado a exigência do imposto sobre transferências até a data
de publicação da ata de julgamento do mérito da ação, em 4 de maio de 2021. O objetivo
foi resguardar os contribuintes que possuem incentivos fiscais de ICMS oferecidos na
transferência de mercadorias e preservar as relações jurídicas não-litigiosas.
Quanto aos créditos fiscais de ICMS relativos às operações anteriores, além de declarar
o direito de manter tais valores registrados, o STF garantiu aos contribuintes o direito
de transferi-los para o estabelecimento destinatário, inclusive depois de 1º de janeiro
de 2024, ainda que não tenha havido alteração legislativa trazendo este direito para os
contribuintes.
Portanto, espera-se que os Estados e o Distrito Federal busquem disciplinar a transferên-
cia de mercadorias e dos créditos da não-cumulatividade de forma célere e transparente,
com participação da sociedade civil, de forma a reestruturar a sistemática do imposto e
os incentivos fiscais que, até então, baseavam-se na incidência do ICMS na operação de
transferência com fulcro no princípio de autonomia dos estabelecimentos.
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Pedro Almeida
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Pedro Almeida
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O valor correspondente aos incentivos fiscais de ICMS deve transitar pelo resultado e
ser mantido em reserva de lucros, caso a sociedade beneficiária exclua tais importes da
base de cálculo do IRPJ e da CSL. Este requisito não se aplica aos benefícios de créditos
presumidos de ICMS. Esta foi a tese firmada pelo STJ quando do julgamento do Tema
1.182.
Logo após a publicação do acórdão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) relativo à tri-
butação dos benefícios fiscais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS) pelo Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e pela Contribuição Social sobre o
Lucro (CSL), a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) divulgou nota em seu site
apresentando as suas primeiras impressões sobre o entendimento firmado pelos Minis-
tros da Corte Superior.
Em sua nota, a PGFN confirma a orientação consolidada pelo STJ no sentido de que os
contribuintes que cumpram os requisitos legais previstos no artigo 30 da Lei nº 12.973
de 2014 estão autorizados a não considerar o valor dos benefícios fiscais de ICMS na
apuração do lucro real e na base de cálculo da CSL. Ao mesmo tempo, a Procuradoria
reconhece que a legislação não mais distingue o tratamento das subvenções para inves-
timento das para custeio no âmbito do tributo estadual.
A PGFN também reforça que apenas os benefícios fiscais de crédito presumido de ICMS
não estão sujeitos aos requisitos contábeis previstos no artigo 30 da Lei nº 12.973 de
2014 para fins de não incidência do IRPJ e da CSL. Para os demais incentivos fiscais con-
cedidos pelos Estados, não poderá o contribuinte incorporar os respectivos valores ao
lucro da empresa sob pena de incidência dos referidos tributos federais, devendo man-
tê-los em reserva e utilizá-los somente para reinvestimento “na expansão ou implantação
de um empreendimento”.
No entanto, vale lembrar que o STJ fixou tese resumindo-se a condicionar a não incidên-
cia do IRPJ e da CSL apenas ao preenchimento dos requisitos contábeis de manutenção
dos recursos relacionados aos incentivos fiscais de ICMS em reserva de lucros, sem
exigir que os recursos sejam efetivamente utilizados para a expansão ou implantação de
um empreendimento.
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Diogo Brazioli
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Societário
CMN e BCB regulamentam o Marco Legal do Câmbio
08 de Fevereiro de 2023
Rebecca Ferreto
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Societário • Janeiro/Julho 2023 | 22
no mesmo dia de sua realização, sendo certo que a nova resolução permitiu que as
operações de câmbio de até US$ 50 mil, ou seu equivalente em outra moeda, sejam
informadas até o dia 5 do mês subsequente ao da sua realização.
Rebecca Ferreto
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Sobre a carteira dos fundos, a resolução prevê expressamente que os fundos poderão
investir (i) em ativos sustentáveis, na forma de créditos de descarbonização – CBIO e
créditos de carbono, desde que no mercado regulado (e não voluntário); (ii) diretamente
(e não apenas via veículo) em criptoativos, inclusive para classes destinadas ao varejo; e
(iii) em ativos de crowdfunding e contratos de investimento coletivo (não apenas de con-
do-hotel), inclusive para classes destinadas ao varejo.
A Resolução CVM nº 175 de 2022 entra em vigor em 3 de abril de 2023, sendo que os
fundos vigentes devem se adaptar às novas regras até 31 de dezembro de 2024, com
exceção dos FIDC, que possuem prazo de adaptação até 31 de dezembro de 2023.
Rebecca Ferreto
O Banco Central publicou as Resoluções nºs 278, 280 e 281 de 2022 com o objetivo
de regular Lei Cambial (Lei nº 14.286 de 2021) no que se refere ao ingresso de capitais
estrangeiros no País nas operações de crédito externo e de investimento estrangeiro
direto, bem como em relação à prestação de informações relativas a tais operações.
Segundo a nova regulamentação, os sistemas de prestação de informações passam a
ser denominados: (i) SCE-IED - Sistema de Prestação de Informações de Capital Estran-
geiro de Investimento Estrangeiro Direto, RDE-IED - em substituição ao Registro Decla-
ratório de Investimento Estrangeiro Direto; e (ii) SCE-Crédito - Sistema de Prestação de
Informações de Capital Estrangeiro – Crédito Externo, em substituição ao RDE-ROF - Re-
gistro Declaratório de Operações Financeiras.
Em linha com objetivo da Lei Cambial de modernizar, simplificar e consolidar as normas
relativas ao mercado de câmbio brasileiro, as resoluções do Banco Central ampliaram o
rol de receptores de investimento direto, incluindo qualquer sociedade, parceria, empre-
sário individual, consórcio e sociedade em conta de participação.
Nas operações de investimento estrangeiro direto, o receptor deverá prestar informa-
ções ao Banco Central em até 30 dias, na hipótese de: (i) ocorrer transferência financeira
relacionada a investidor não residente de valor igual ou superior a US$ 100 mil ou seu
equivalente em outras moedas; ou (ii) ocorrer movimentação de reorganizações socie-
tárias, cessão, permuta e conferência de quotas ou ações, conferência internacional de
quotas ou ações, reinvestimentos, distribuição de lucros e dividendos, pagamento de ju-
ros sobre capital próprio, alienação de participação etc. de valor igual ou superior a US$
100 mil ou o seu equivalente em outras moedas.
De forma periódica, as empresas com participações detidas por não residentes (pessoas
físicas e jurídicas) continuam obrigadas a prestar informações ao Banco Central. Ficam
obrigadas a prestar declaração trimestral (data-base 31 de março, 30 de junho, 30 de se-
tembro e 31 de dezembro de cada ano) as empresas que possuírem ativos totais em valor
igual ou superior a R$ 300 milhões na respectiva data-base. As empresas com ativos
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totais em valor igual ou superior a R$ 100 milhões devem apresentar declaração anual
com data-base de 31 de dezembro.
Em relação às operações de crédito externo, tanto naqueles de ingresso de recursos
no país como nas hipóteses em que estes sejam mantidos no exterior, será obrigatória a
prestação de informações quando se tratar de: (i) US$ 1 milhão (ou mais) para operações
de crédito externo, recebimento antecipado de exportação e arrendamento mercantil
financeiro externo com prazo de pagamento superior a 360 dias; (ii) US$ 500 mil (ou
mais) para operação de financiamento de importação de bens ou serviços com prazo
de pagamento superior a 180 dias; ou (iii) operações de crédito externo contratadas por
entes da Administração Pública Direta e Indireta federal, estadual, municipal e do Distrito
Federal, independentemente do valor da operação.
Vale mencionar que a Resolução nº 278 de 2022 eliminou a exigência de prestação de
informações sobre contratos entre residentes e não residentes referentes (i) ao uso ou
cessão de patentes, marcas de indústria ou de comércio, fornecimento de tecnologia,
para fins de transferências financeiras a título de royalties; e (ii) à prestação de serviços
técnicos e assemelhados, ao aluguel e afretamento e ao arrendamento mercantil (lea-
sing) operacional externo. O registro de operações das modalidades acima previstas,
formalizado previamente à vigência da resolução permanecerá disponível apenas para
fins de consulta até 31 de dezembro de 2023.
Caso não sejam enviadas informações ou sejam enviadas informações inverídicas, in-
completas, incorretas ou mesmo fora do prazo, a empresa investida poderá incorrer em
multa no valor de até R$ 250 mil, além da possibilidade de responder a possível proce-
dimento administrativo sancionador e ter seu registro suspenso, conforme Lei nº 13.506
de 2017 e Resolução BCB nº 131 de 2021. As sociedades com registro cancelado estão
impedidas de efetivar operações de câmbio, tanto para o ingresso de investimentos es-
trangeiros ao Brasil quanto para o envio de recursos para fora do país.
Rebecca Ferreto
O Banco Central (BCB) publicou a Resolução nº 279 de 2022 que regulamenta a Lei
Cambial (Lei nº 14.286 de 2021) em relação ao capital brasileiro no exterior, revogando-
-se, assim, a Resolução BCB nº 3.854 de 2010.
De acordo com a nova regulação, define-se como capital brasileiro no exterior, para fins
de prestação de informação, a aplicação do capital brasileiro no exterior em qualquer
modalidade regularmente praticada no mercado internacional, inclusive derivativos, além
de financiamentos, empréstimos diretos e créditos comerciais concedidos no país a não
residentes.
Ainda, considera-se como capital brasileiro no exterior o patrimônio cuja titularidade foi
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transferida por qualquer arranjo, revogável ou não, a agente fiduciário no exterior para
administração em favor de beneficiários residentes especificados. Nesta hipótese, o re-
sidente beneficiário é o responsável pela prestação de informações perante o Banco
Central.
Os fluxos devem possuir fundamentação econômica e toda documentação deve ser
mantida pelo prazo de 10 anos, podendo o Banco Central, durante esse período, solici-
tá-la sempre que considerar necessário.
Quanto à prestação de informações do capital brasileiro no exterior, os pisos declarató-
rios e a periodicidade das declarações foram mantidos, isto é:
US$ 1 milhão para a declaração anual. O prazo de entrega é até 5 de abril.
U$100 milhões para as declarações trimestrais. O prazo de entrega é 5 de junho (data-
-base 31 de março), 5 de setembro (data-base 30 de junho) e 5 de dezembro (data-base
30 de setembro).
Caso as informações não sejam prestadas ou sejam enviadas informações inverídicas,
incompletas, incorretas ou mesmo fora do prazo, ficará a pessoa física ou jurídica passí-
vel de multa no valor de até R$ 250 mil, além da possibilidade de responder a possível
procedimento administrativo sancionador e ter seu registro suspenso, conforme Lei nº
13.506 de 2017 e Resolução BCB nº 131 de 2021.
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