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- A PROVA EM AUDITORA-

PROCEDIMENTOS EM AUDITORIA:
*VENDAS, PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS E DÍVIDAS A
RECEBER
*PROVISÕES
Licenciatura em Contabilidade e Fiscalidade
Unidade Curricular ´Auditoria Financeira`

Diana Patrício, nº150120031


Liliana Henriques, nº150120024
Marta Possidónio Silva, nº150120023
Sophie Tomás, nº150120011

Santarém, 26 de janeiro de 2018


Índice
Introdução ....................................................................................................................................... 3
1. A Prova de Auditoria: Vendas, Prestações de Serviços e Dívidas a receber........ 4

1.1. Aspetos de Natureza Contabilística……..……………………………………………………4


1.2. Objetivos de Auditoria………………….………………………………………………………......6
1.3. Procedimentos de Auditoria…………………………………………………………………......7
1.4. Programa de Auditoria……………………………………………………………………………21
1.5. Mapas de Trabalho………………………………………………………………………………….25

2.Provisões…………………………………………………………………………………………………………34
2.1. Aspetos de Natureza Contabilística………………………………………………………...34
2.2. Objetivos de Auditoria……………………………………………………………….……………34
2.3. Procedimentos de Auditoria……….…………………………………………………………..35
2.4. Programa de Auditoria……………………………………………………………………………36

Conclusão…………………………………………………………………………………………………………..37

Referências…………………………………………………………………………………………………………38

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Introdução
Devido à globalização, as organizações têm vindo a manifestar um aumento na
sua dimensão e complexidade, na medida que deixam de poder elas próprias
controlar diretamente o seu dinheiro.
Neste contexto, tem ascendido a relevância da auditoria às contas como
instrumento de confiança aos investidos e, por conseguinte, a responsabilidade
dos revisores oficiais de contas.
A Auditoria Financeira “é definida como um serviço que se caracteriza pela
expressão de uma opinião objetiva sobre as demonstrações financeiras de uma
entidade, fazendo referência a um conjunto de normas que têm natureza de
interesse público e que contribuem para o aumento da credibilidade da
informação financeira. Para tal, o conhecimento aprofundado acerca das
empresas auditadas, nomeadamente, quanto às suas atividades e às suas
estruturas, proporcionam ao auditor uma tomada de decisão consciente no
domínio da gestão”.

(Duarte. Lara Santos, 2010, Relatório de estágio auditoria financeira.)

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1. Vendas, Prestações de Serviços e
Dívidas a Receber

1.1 Aspetos de natureza contabilística

As principais contas de 1ºgrau do SNC relacionadas com esta área de auditoria


são as seguintes:
71-Vendas
72-Prestações de Serviços
21-Clientes
75-Subsídios à exploração

Das Contas de 2º grau do SNC, destacam-se:


211-Clientes, conta corrente
212-Clientes, títulos a receber
218-Adiantamentos a clientes
219-Perdas por Imparidade acumuladas
243-Iva
276-Adiantamentos por conta de vendas
282-Rendimentos a reconhecer
651-Perdas por Imparidade, em dívidas a receber
682-Descontos de pronto pagamento concedidos
683-Dívidas incobráveis
716-Iva das vendas com imposto incluído
717-Devoluções de vendas
718-Descontos e abatimentos em vendas
726-Iva dos serviços com imposto incluído
728-Descontos e abatimentos
762-Reversões de perdas por imparidade
781-Rendimentos Suplementares
783-Recuperação de dívidas a receber
788-Outros Rendimentos e ganhos

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Âmbito das Contas:

Conta 71- A conta Vendas, integra as vendas, representadas, representadas pela


faturação, que devem ser deduzidas do IVA e de outros impostos e incidências
nos casos em que nela estejam incluídos (SNC).

Conta 72- A conta Prestação de Serviços, diz respeito aos trabalhos e serviços
prestados que sejam próprios dos objetivos ou finalidades principais da entidade.
Poderá integrar os materiais aplicados, no caso de estes não serem faturados
separadamente. A contabilização a efetuar deve basear-se em faturação emitida
ou em documentação externa (no caso das comissões obtidas) não deixando de
registar os réditos relativamente aos quais ainda não se tenham ainda recebido
os correspondentes comprovantes externos.

Conta 21- A conta Clientes destina-se ao registo dos movimentos com os


compradores de mercadorias, de produtos e de serviços.

Relativamente aos adiantamentos feitos à entidade por clientes há que ter em


atenção se o preço não está fixado ou se, pelo contrário, está fixado.
Se estivermos na presença de uma conta monetária deve-se creditar a conta 218-
Adiantamentos a clientes. No caso contrário, a conta a creditar será a conta 276-
Adiantamentos por conta de vendas, que é uma conta não monetária.

Conta 75- A conta Subsídios à exploração é uma conta que inclui os subsídios
relacionados com o rendimento, confirme estabelecido na NCRF 22.

De acordo com a NCRF 20, entende-se por rédito, o influxo bruto de benefícios
económicos durante o período proveniente do curso de das atividades normais
de uma entidade quando esses influxos resultarem em aumentos de capital
próprio, que não sejam aumentos relacionados com contribuições de
participantes no capital próprio.
Os réditos provêm da venda de bens, da prestação de serviços e do uso por
outros de ativos da entidade que produzam juros, royalties e dividendos.
O rédito deve ser mensurado pelo justo valor da retribuição recebida ou a receber
(líquida de descontos comerciais e de quantidades).

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.354). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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1.2 Objetivos de Auditoria

Depois de terminado o trabalho de auditoria nesta área, o auditor deve estar em


condições de poder concluir se:
1. As políticas e os procedimentos contabilísticos e as medidas de controlo
interno relacionados com esta área são apropriados e se estão, de facto, a
ser aplicados.
2. Todos os réditos derivados das vendas e das prestações de serviços estão
relacionados com a atividade da empresa, respeitam efetivamente ao
período, estão contrabalançados com os respetivos gastos e:
a) Não estão sobreavaliados através de créditos ilícitos por via de vendas
fictícias ou de serviços não prestados;
b) Não estão sobreavaliados através de réditos reconhecidos no período, mas
cujas vendas ou serviços prestados apenas se concretizam no período
seguinte
c) Não estão subavaliados através de vendas efetuadas ou serviços prestados
no período, mas cujos réditos forma diferidos para o período seguinte.
3. Os descontos, abatimentos, devoluções ou outras deduções aos réditos
estão adequadamente mensurados e classificados.
4. Todos os Outros rendimentos e ganhos estão relacionados com a
atividade da Empresa, dizem referência ao período e estão
adequadamente mensurados e classificados.
5. Os saldos relativos a dívidas a receber expostas no Balanço apresentam
efetivamente todos os créditos legítimos da Empresa sobre terceiros e
estão adequadamente mensurados e apresentados.
6. Os saldos das contas de Perdas por imparidade acumuladas são
adequados, de forma a cobrir possíveis prejuízos consequentes de dívidas
incobráveis.
7. Os saldos das respetivas contas de credores por acréscimos de gasto e/ou
provisões são adequados de forma a ocorrerem a riscos que possam
resultar de devoluções, descontos, abatimentos, bónus, garantias, etc…
8. Todas as informações pertinentes relacionadas com esta área estão
adequadamente divulgadas no Anexo.

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.370). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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1.3 Procedimentos de Auditoria

1.3.1 Testes aos controlos

Depois de adquirir conhecimento do sistema de controlo interno em vigor nesta


área, o trabalho do auditor começa com a execução do teste aos controlos das
vendas e das dívidas dos clientes a fim de poder concluir se o referido sistema é
ou não credível.
Posteriormente, os resultados obtidos com a realização deste teste devem ser
confrontados com as conclusões que se adquiriram aquando da realização dos
“cortes” de expedição e de vendas.
Assim, o primeiro procedimento a realizar será obter uma análise mensal das
vendas comparativa com o ano anterior, conforme se mostra no mapa de
trabalho. (pag.26)
De forma semelhante, deve proceder-se em relação às prestações de serviços
(mapa de trabalho pág.26).
Tendo como base os elementos do mapa, o auditor selecionará um ou mais
meses para efetuar o mencionado teste a fim de poder chegar ao desfecho se os
valores contabilizados representam efetivamente vendas fidedignas.

É também vantajoso obter da parte do pessoal responsável da empresa


explicações para possíveis variações verificadas, não só entre meses dentro do
mesmo ano como também em relação ao período anterior (campanhas de
vendas, vendas sazonais) e aos valores orçamentados para o período em causa.
O teste aos controlos das vendas e das dívidas dos clientes baseia se no Diário
de vendas a crédito, relativamente à faturação emitida, e no diário de operações
diversas no que respeita às notas de crédito. No mapa de trabalho 100 dever se
á reproduzir os respetivos lançamentos relativamente ao mês (ou meses)
selecionado para o teste.

Por outro lado, e sempre que possível, com base nas cópias das faturas
arquivadas na secção de faturação por ordem numérica dever-se-á adquirir uma
listagem (número e valor de cada fatura) e conferir o total com o valor do
lançamento acima referido.
Este valor, aliás, deverá também coincidir com o valor inserido no mapa de
trabalho (pág.26)
-Análise mensal das vendas, no caso de a empresa apenas efetuar venda a crédito.

Com base na indicada listagem, selecionar-se-ão as faturas que serão objeto de


teste, mencionando os respetivos números no mapa de trabalho 101. No que se
refere às notas de crédito o caminho seguir será, obrigatoriamente, similar (ver
mapa 102).

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Em seguida, para cada uma das faturas e notas de crédito selecionadas e na
presença de todos os documentos de suporte encarados como necessários, dá-
se resposta a cada uma das perguntas do teste, utilizando a seguinte simbologia:

✓ Resposta afirmativa
5 Resposta negativa.
NA Não aplicável (a pergunta não se aplica à fatura ou nota de credito em causa)

As respostas negativas deverão ser explicadas no mapa de trabalho 103


apontando dentro de cada círculo, e por ordem sequencial, o número de cada
exceção à medida que as mesmas foram surgindo.
Finalmente no mapa de trabalho 104 dever-se-á escrever um breve resumo do
trabalho efetuado relatando o critério utilizando para a realização do teste e
apresentando as conclusões obtidas, as quais deverão fazer referência à
qualidade do sistema e à eficácia do seu funcionamento, classificando-o em bom
regular ou deficiente.
Se o mês selecionado para a realização deste teste não for um dos últimos do
ano, e se exatamente nestes o auditor verificar um aumento anormal de
rendimentos, é indispensável a realização de um outro teste suplementar, ainda
que de extensão mais limitada que o anterior.
Examinando globalmente as vendas, torna-se necessário proceder a uma análise
detalhada dos principais produtos, comparando o valor das vendas com o
respetivo custo (margem bruta), se os registos contabilísticos existentes o
permitir, e obter explicações válidas e lógicas para as variações mais significativas.
A análise das notas de crédito expelidas no mês seguinte àquele a que a auditoria
se refere, é também um procedimento da maior importância quando se deseja
assegurar que as vendas contabilizadas no período em análise são fidedignas. Na
verdade, pode suceder que pelos motivos mais variados, mas não corretos, a
empresa combine com determinados clientes efetuar faturação adicional
comprometendo-se a aceitar no mês seguinte a respetiva devolução, emitindo a
correspondente nota de crédito.
Torna-se, pois, fundamental que o auditor reveja todas as operações
significativas, e não só nesta área, ocorridas entre a data a que a auditoria se
refere e aquela em que o seu relatório é emitido.
No que respeita às restantes contas de Rendimentos o auditor deverá iniciar por
obter análises mensais comparativas com os valores reais do período anterior e
com os valores orçamentados para o período em causa no caso de, obviamente,
existirem orçamentos.
Os mapas de trabalho serão similares ao indexado com 1, tendo em ponderação
as necessárias adaptações.
Deverão ser recebidas explicações da parte de pessoas responsáveis
relativamente às variações mais significativas.

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Após selecionar um ou mais meses, e dentro de cada um deles diferentes
movimentos, há que verificar se os mesmos se encontram devidamente
suportados com documentos credíveis, se correspondem a operações que
caibam no objeto da empresa imputáveis ao período sob exame e se se
encontram adequadamente classificados na demonstração de resultados.
De notar que a análise dos saldos de alguns destas contas, está referida com
procedimentos de auditoria efetuados ou a efetuar noutras áreas.
Assim, por exemplo, o saldo da conta Trabalhos para a própria empresa pode
estar referido com uma das seguintes contas: ativos fixos tangíveis; ativos
intangíveis; Propriedades de investimento; Ativos por gastos diferidos. Contudo
se o saldo da conta Juros obtidos está relacionado com Meios financeiros
líquidos, Investimentos financeiros e Propriedades de investimento. De referir que
aquela conta deve ser creditada pelo valor ilíquido dos respetivos juros sendo,
portanto necessário verificar a adequada contabilização do imposto (IRS/IRC)
retido.

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.371-373). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

1.3.2 Procedimentos Substantivos

1.3.2.1 Procedimentos básicos

O primeiro procedimento a efetuar com referência a todos os saldos contantes


do balanço e representativos de dívidas a receber será o de averiguar se os
mesmos estão de acordo com os respetivos balancetes.

Casos em que tal não se verifique deverão ser objeto de investigação, seguida de
eventual correção do saldo do razão.

De assinalar que o balancete de títulos a receber deve ser complementado com


informações obtidas no respetivo livro de registo, com as seguintes colunas:
nomes dos aceitantes, números dos títulos, datam de emissão e vencimento e
valores. De forma similar deve ser elaborado o balancete dos títulos descontados
e com a indicação do Banco onde os mesmos foram negociados.

No caso de existir saldos no balanço que representem o valor líquido dos saldos
devedores e credores dos balancetes torna-se essencial efetuar as respetivas
reclassificações uma vez que, não é apropriado efetuar compensações de saldos,
a não ser em situações imateriais.

Também no que respeita à apropriada classificação/apresentação das dívidas a


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receber no balanço, o auditor deve certificar se aquelas que têm vencimento para
além de um ano após a data do balanço estão neste incluídas no ativo não
corrente, ao contrário das restantes que se expõem no ativo corrente. Esta
distinção é importante para efeito da determinação de rácios financeiros.

Continuamente, o auditor deverá aferir se todos os balancetes estão


aritmeticamente corretos. No caso de balancetes muito volumosos poderá bastar
efetuar, aleatoriamente, as somas de algumas folhas, tendo, porém, o especial
cuidado de verificar a coincidência dos valores a transportar com os valores
transportados de todas as folhas. Por outro lado, a fim de poder concluir sobre a
afirmação da plenitude, o auditor deverá verificar, também por amostragem, se
saldos apontados nos balancetes estão de acordo com as respetivas fichas
individuais e, inversamente, selecionado fichas individuais, verificar se os seus
saldos estão bem refletidos nos respetivos balancetes. Não esquecer que todo
este trabalho pode ser efetuado com recurso a softwares específicos de auditoria
desde que seja possível aceder ao programa informático de contas correntes dos
clientes utilizado pela empresa.
Finalmente, no que concerne a estes procedimentos básicos há que ter em
atenção duas situações que, embora não sejam muito vulgares, existem com
alguma frequência.
Em primeiro lugar, há empresas que ao emitirem as faturas para os clientes
elaboram conjuntamente outros documentos, entre os quais os recebidos.
Neste caso será logo adequado que o auditor constate, desde que executável, se
a soma de todos os recibos em carteira corresponde ao saldo da conta (Clientes
c/c).
Em segundo lugar, há empresas que não controlam as contas correntes dos seus
clientes através de fichas individuais preferindo utilizar o sistema open file. Nesta
posição, o auditor terá necessariamente que, no último dia do período ou no
primeiro dia do período seguinte, obter um balancete (ou listagem) de todas as
faturas por receber à data do balanço (discriminado por clientes, números de
faturas e valores) de forma a poder comparar o seu somatório com o saldo da
respetiva conta de razão. No caso de existir qualquer diferença deverá a mesma
ser objeto de investigação e, se persistir, dever-se-á corrigir o saldo do razão.

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.373-375). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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1.3.2.2 Procedimentos específicos: Confirmação dos saldos das
dívidas a receber

O fundamental procedimento de auditoria especificamente relacionado com esta


área é o da confirmação externa dos saldos dos devedores, materializada através
da circularização relativamente à qual se podem colocar as seguintes quatros
questões:

 Porque é que se faz a circulação?


 Quem deve ser circularizado?
 Quando deve ser efetuada a circularização?
 Como se faz a circularização?

A circularização de devedores, (sejam eles clientes, sócios ou acionistas,


administradores, empregados, fornecedores- que eventualmente apresentem
saldo devedor em conta corrente ou por via de adiantamentos-etc.) efetuada com
o objetivo de se certificar a veracidade dos saldos anunciados no balanço, é um
procedimento de auditoria que podemos qualificar como sendo indispensável,
mas cujo extensão só deve ser determinada depois de se conhecerem os
resultados atingidos com a realização do teste aos controlos das vendas e das
dívidas a receber.
Embora se possa dizer que é possível concluir da adequação dos saldos de
devedores através da análise das suas contas correntes e da respetiva
documentação de suporte, o certo é que, em auditoria é acordado que a
obtenção de prova externa predomina sempre em relação à obtenção de prova
interna. A utilização de procedimentos alternativos através da obtenção de
provas internas é somente aceitável como parte do processo de circularização.
Se a empresa aplicar limitações ao auditor no âmbito da sua circularização, o
respetivo relatório (certificado legal das contas) deve ser emitido com reservas,
no caso de as situações envolvidas serem materiais.

O auditor deve usar o seu bom senso profissional para decidir quais os
devedores que deverão ser objeto de confirmação. Em princípio, dentro de várias
contas incluídas na área das dívidas a receber, são os saldos das contas dos
clientes os que mostram maior materialidade. Sendo assim, será sobre este tipo
de contas que recairá a circularização, não obstante, repete-se, a possibilidade de
a mesma ser feita em relação aos restantes devedores, se tal se justificar.
Mas, nem todos os clientes serão objeto de circularização. Coloca-se então a
questão de decidir quais os clientes a circularizar. Uma vez que o objetivo
principal é o da constatação da veracidade dos saldos apresentados no balanço
conclui-se que devem ser selecionados os clientes que, apresentem saldos mais
significativos de tal forma que o somatório dos saldos dos clientes a circularizar
seja material em relação aos saldos globais das contas.

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No entanto, além dos clientes selecionados de forma aleatória, com saldos
antigos, com saldos credores, entre outros, com o intuito de testar também os
procedimentos da empresa relativamente à generalidade dos clientes.
Um aspeto relevante relacionado com a circularização de clientes prende-se
com a data a que a mesma se deve referir, isto é, os saldos deverão ser
certificados com referência à data do balanço ou a uma data preliminar, mas, de
preferência, coincidente com a data em que se efetuam as contagens físicas dos
inventários, de forma a possibilitar que o auditor possa efetuar um apropriado
“corte” de vendas.
Tem-se como pouco aconselhável efetuar a circularização com referência a uma
data preliminar, a não ser que a empresa contenha um muito bom sistema de
controlo interno. Mas mesmo nos casos em que seja praticável o procedimento
referido, tal data nunca deve ser anterior a dois/três meses em relação à data do
balanço, uma vez que será fundamental realizar a análise profunda dos
movimentos que ocorrerem durante esse período.

O ideal será, que a circularização seja efetuada com referência à data do balanço.
Em Portugal a maioria das empresas se atrasam no fecho das contas acontece
que, por via da informação a incluir nas cartas a enviar aos clientes selecionados,
o processo da circularização deve ser desencadeado numa data que possibilite
ao auditor receber as respostas em tempo conveniente para a emissão do seu
relatório.

Tais como, podemos considerar aceitável que a circularização seja efetuada com
referência à data de 30 de novembro, examinando depois com bastante
pormenor os movimentos ocorridos em dezembro nas contas dos clientes
circularizados.
Para terminar, há que fazer referência à forma como se faz a circularização,
iniciando por indicar que a mesma pode ser efetuada de forma positiva ou de
forma negativa.
Enquanto na circularização positiva se pede ao devedor que responda à carta
dizendo se concorda ou não com o saldo que lhe é enviado, na circularização
negativa o devedor só é solicitado a responder no caso de não concordar com o
saldo.
Do ponto de vista de obtenção de prova por parte do auditor, a circularização
positiva proporcional, tem muito mais garantias do que a circularização negativa,
razão pela qual esta só deve ser utilizada em situações muito especiais, como,
por exemplo, no caso de existirem muitos devedores cada um dos quais com
saldos idênticos e, conjuntamente, a empresa possuir um muito bom sistema de
controlo interno.

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A confirmação dos saldos dos devedores deve obrigar à prévia elaboração da
justificação ou composição dos mesmos, uma vez que referir apenas o saldo não
motiva o devedor a responder, no caso de o referido saldo não coincidir com o
dos seus registos contabilísticos.
Contudo, se no caso de fornecedores que mostrem saldos devedores, é de
sublinhar que muitas vezes tais saldos não têm razão de ser dado que originam
de deficiente contabilização.
É o que ocorre, com pagamentos efetuados a fornecedores sem anteriormente
terem sido contabilizadas as faturas, com pagamentos em duplicado, com
pagamentos a fornecedores estrangeiros contabilizados sem atender à correta
contabilização das diferenças de câmbio, etc.
Circularizar um saldo devedor nestas circunstâncias, dá uma imagem negativa
do profissionalismo do auditor, razão pela qual defendemos que a composição
do saldo deve ser sempre enviada.
Para cada devedor objeto de circularização devem ser enviados os seguintes
documentos:
 Carta, pedindo a confirmação do saldo devidamente assinada (ou
autorizada, no caso de ser feita em papel timbrado dos auditores) por
quem tiver poderes para tal;
 Composição do(s) saldo(s) da(s) conta(s);
 Minuta da carta/resposta, com indicação do(s) saldo(s), a ser remetida pelo
devedor ao auditor devidamente datada, carimbada e assinada;
 Sobrescrito RSF (resposta sem franquia) dirigido ao auditor.

De referir que todos estes documentos devem ser colocados num único
subscrito que refira como remetente o auditor e não a empresa que está a ser
auditada. Isto porque se a carta for devolvida, o auditor tem conhecimento direto
de tal ocorrência.
De notar ainda que em casos muito especiais (por exemplo, quando o
auditor tem fundadas dúvidas quanto à veracidade das asserções da plenitude
das transações e dos acontecimentos ocorridos durante o período) pode ser mais
prudente não enviar aos clientes/ devedores a composição do saldo em aberto,
mas sim requerer que enviem o extrato completo da respetiva conta corrente.

Nas páginas subsequentes apresentamos modelos das mencionadas cartas


chamando-se a atenção para o facto de o exemplo para a primeira dizer respeito
a uma confirmação de tipo positiva e o exemplo para a última se referir à
circularização de uma empresa de factoring.

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.375-378). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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Circularização de Clientes

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.379). Lisboa: Rei dos Livros Editora)
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Circularização de Clientes
Minuta da Carta/Resposta

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.380). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª
Edição) (p.381). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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O auditor, que deverá sempre ficar com cópias das cartas e das composições
enviadas aos clientes, deve inserir no correio todas as cartas da circularização.

Como consequência da circularização a clientes, o auditor pode ser confrontado


com três situações, a saber: obter uma resposta concordante; obter uma resposta
discordante ou não obter qualquer resposta.

Seguidamente vejamos o trabalho a desenvolver para cada uma das situações:

a) Respostas concordantes
É, claramente, o caso mais fácil, limitando-se o auditor a averiguar se a
resposta está datada, carimbada e assinada (não são de ponderar respostas
não assinadas) e se os valores na carta- resposta não foram modificados. Logo
após, arquivará num mesmo mapa de trabalho todas as respostas nestas
exigências.

b) Respostas discordantes
Nestes casos há que adquirir do Chefe da Contabilidade a respetiva
conciliação da conta (ver modelo apresentado no final deste capítulo) e
averiguar a sua adequada elaboração. Provavelmente, será também
imprescindível alcançar a conciliação da conta títulos a receber.

Os casos mais frequentes que ocorrem como itens de conciliação são


mercadorias em trânsito e pagamentos em trânsito.

No primeiro caso (mercadorias em trânsito) o auditor deverá efetuar, pelo


menos os seguintes procedimentos:

 Comprovar a ordem de compra assinada pelo cliente;


 Comprovar se a guia de remessa está em conformidade com a ordem de compra
e se a sua data é anterior à data da circularização;
 Verificar o documento que justifique que a mercadoria foi recebida pelo cliente
e /ou o talão da guia de remessa assinado pelo cliente, evidenciando de forma
inequívoca que a mercadoria foi remetida até à data a que se refere a confirmação
do saldo;
 Verificar se a cópia da fatura está de acordo com a guia de remessa e se a sua
data é anterior à data da circularização;
 Verificar a contabilização do custo da mercadoria vendida ou do custo da venda
e o registo da saída da mercadoria na ficha de stock, assim como as respetivas
datas.

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No segundo caso (pagamentos em trânsito) há que analisar se o registo do
recebimento foi executado seguidamente à data da circularização, analisando
para tal o crédito na conta do cliente, o débito na conta de depósitos à ordem
e, neste caso, o duplicado do talão de depósito devidamente certificado pelo
Banco ou o documento emitido pelo banco no caso de transferência. Um
pormenor a ter em conta é o de analisar se não é demasiado grande o lapso
de tempo que medeia entre a data do pagamento informada pelo cliente e o
respetivo registo por parte da empresa.

c) Não obtenção de resposta


Conforme foi atrás referido, a obtenção de prova externa é significativamente
mais importante que a obtenção de prova interna.

Deste modo, se qualquer cliente não responder à circularização dever-se-á insistir


enviando um segundo e, naturalmente, terceiro pedidos. Se a ausência de
resposta prosseguir, e o auditor entender que o saldo em causa é extremamente
significativo, é apropriado efetuar contactos telefónicos e mesmo pessoais, com
o cliente em causa, com o objetivo de se tentar obter a referida resposta, assim
como deve ser feito o mesmo, nas circularizações de fornecedores. Quando,
contudo, todas estas diligências resultam infrutíferas o auditor precisará efetuar
procedimentos alternativos.

Para tal, com base na cópia da composição do saldo que reteve nos seus papéis
de trabalho, o auditor deverá começar por executar, para cada uma das faturas,
um trabalho semelhante ao que foi referido no caso das mercadorias em trânsito
relativamente às respostas discordantes. Este trabalho deverá ser acompanhado
com a verificação das faturas que, constando da composição, foram pagas
subsequentemente à data da circularização. De notar que há quem defenda que
este último procedimento deve ser o primeiro a efetuar-se e que se as faturas já
estiverem pagas torna-se desnecessário realizar o outro trabalho. Somos de
opinião que esta forma de atuar não é correta visto que, assim sendo, não fica
inequivocamente demonstrado que os créditos eram legítimos à data da
circularização, mas apenas, e tão exclusivamente que eram legítimos. Por fim,
resta evidenciar que o auditor deve controlar a circularização efetuada assim
como os resultados obtidos com a mesma. Para isso, deverá elaborar mapas de
trabalho do tipo dos indicados com os índices M-1/1 e M-9.

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.382-383). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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1.3.2.3 Análise da adequação dos saldos das Perdas por Imparidade
acumuladas

Como vimos nos objetivos enunciados, pode haver a necessidade de constituir


ou reforçar imparidades para ocorrer a riscos de incobrabilidade e/ou provisões
para ocorrer a riscos resultantes, de entre outros, garantias a prestar a clientes, as
quais, fazendo parte do saldo da conta Provisões, serão tratadas no capítulo 15.
Em ambos os casos é geralmente difícil ao auditor expressar-se sobre a
adequação dos respetivos saldos.

No que diz respeito ao saldo da conta Perdas por Imparidade acumuladas em


Clientes, a primeira afirmação que se pode fazer é a de que o auditor, para a
emissão do seu relatório, não deve atender ao facto de as mesmas terem sido
calculadas de acordo com o critério fiscal.
Na realidade, só por mero acaso, o saldo de tal conta calculado segundo o critério
fiscal vai coincidir com o valor adequado para cobrir prejuízos resultantes de
dívidas incobráveis.

Sendo assim, perante uma imparidade calculada daquela forma, o auditor pode
ter de conter uma reserva no seu relatório por duas razões: ou porque é excessiva
(situação pouco habitual) ou porque é insuficiente (caso mais normal), apesar de
em qualquer dos casos o seu valor possa estar dentro dos limites que a
Administração Fiscal aceita para efeitos da determinação da matéria coletável.

Esta é uma situação (como aliás todas as que se relacionam com provisões), que
deve merecer a máxima atenção e cuidado por parte dos auditores).
Vejamos então os principais procedimentos que o auditor deve realizar para
poder concluir sobre a adequação (ou não adequação) do saldo da referida
imparidade.

Assim, dever-se-á iniciar, por analisar o movimento ocorrido na conta durante o


período (ver mapa de trabalho M-4) e alcançar explicações para a política que foi
seguida na determinação do saldo final.
De seguida, o auditor deve analisar os balancetes por antiguidades de saldos,
resumir os seus resultados e seguidamente compará-los com os dos períodos
anteriores de forma a ficar com uma ideia de respetiva tendência.

É evidente que é difícil ao auditor determinar quando é que um saldo antigo é


parcial (e em que percentagem) ou totalmente incobrável.
Para tal é apropriado que o auditor analise, com o responsável da secção de
controlo de créditos, todos os saldos que surjam nos balancetes com antiguidade
superior ao que seria normal esperar.

P á g i n a 19 | 38
Nos casos em que as empresas tenham entregue processos de cobrança e
advogados, torna-se imprescindível que o auditor obtenha destes, informações
concretas sobre tais situações. Para isso deverão ser enviadas cartas do tipo da
que se apresenta na página seguinte, na qual se solicitarão também informações
sobre outras áreas da auditoria.
As respostas obtidas dos advogados deverão ser objeto de uma análise
adequada, sendo por vezes necessário solicitar-lhes esclarecimentos adicionais.
A análise da evolução do prazo médio de recebimentos ou de cobranças, ao
longo dos últimos períodos, cuja fórmula é dada por:

� É � �
× 3
� � � É �

No que diz respeito a devoluções, descontos, abatimentos, bónus, entre outros,


o auditor deve concluir da adequada contabilização dos respetivos créditos (nas
contas de clientes, c/c e/ou na de credores por acréscimos de gastos), analisando
ao pormenor a evolução das correspondentes contas de saldo devedor incluídas
nas contas de rendimentos, realizando comparações com os saldos dos períodos
anteriores e tirando conclusões sobre as tendências verificadas. É indispensável
também, proceder à análise dos contratos estabelecidos com os clientes.

A análise dos acontecimentos subsequentes à data do balanço, sobretudo no


que se refere à emissão de notas de crédito, será também um procedimento a
realizar no sentido de se atingir o objetivo em causa.

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.385-386). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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1.4 Programa de Auditoria

1.4.1 RENDIMENTOS

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.390-391). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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1.4.2 DÍVIDAS A RECEBER

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.392-393). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª
Edição) (p.394-395). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª
Edição) (p.396). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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1.4 Mapas de Trabalho

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.398-399). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª
Edição) (p.400-403). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

P á g i n a 26 | 38
(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª
Edição) (p.404-407). Lisboa: Rei dos Livros Editora) P á g i n a 27 | 38
(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª
Edição) (p.408-411). Lisboa: Rei dos Livros Editora)
P á g i n a 28 | 38
(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª
Edição) (p.412-415). Lisboa: Rei dos Livros Editora)
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(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª
Edição) (p.416-419). Lisboa: Rei dos Livros Editora)
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(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª
Edição) (p.420-423). Lisboa: Rei dos Livros Editora)
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(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª
Edição) (p.424-427). Lisboa: Rei dos Livros Editora)
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2. Provisões

2.1 Aspetos de natureza contabilística


De acordo com o parágrafo 37 da Estrutura Conceptual do SNC, que trata da
prudência (conceito subjacente à característica qualitativa da fiabilidade), “os
preparadores das demonstrações financeiras têm, porém, de lutar com as
incertezas que inevitavelmente rodeiam muitos acontecimentos e circunstâncias,
tais como a cobrabilidade duvidosa de dívidas a receber, a vida útil provável de
instalações e equipamentos e o número de reclamações de garantia que possam
ocorrer. Tais incertezas são reconhecidas através da divulgação da sua natureza
e extensão e pela aplicação de prudência na preparação das demonstrações
financeiras. A prudência é a inclusão de um grau de precaução no exercício dos
juízos necessários ao fazer as estimativas necessárias em condições de incerteza,
de forma que os ativos ou os rendimentos não sejam sobreavaliados e os passivos
ou os gastos não sejam subavaliados. Porém, o exercício da prudência não
permite, por exemplo, a criação de reservas ocultas ou provisões excessivas, a
subavaliação deliberada de ativos ou de rendimentos, ou a deliberada
sobreavaliação de passivos ou de gastos, porque as demonstrações financeiras
não seriam neutras e por isso não teriam a qualidade de fiabilidade” (SNC)
Por outro lado, a NCRF 21- Provisões, passivos contingentes e ativos
contingentes define provisão como sendo “um passivo de montante incerto ou
de ocorrência temporal incerta” caracterizando-se, portanto “pela existência de
incerteza acerca da tempestividade ou da quantia dos dispêndios futuros
necessários para a sua liquidação”.

As contas de 1º grau do SNC que têm a ver com esta problemática são seguintes:

29- Provisões
67- Provisões do período

Cada uma destas contas subdivide-se em: Impostos; Garantias e clientes;


Processos judiciais em curso; Acidentes de trabalho e doenças profissionais;
Matérias ambientais; Contratos onerosos; Reestruturação e Outras provisões.

Vejamos agora o âmbito de cada uma das referidas contas de primeiro grau:

A conta 29-Provisões “serve para registar as responsabilidades cuja a natureza


esteja claramente definida e que à data do balanço sejam de ocorrência provável
ou certa mais incertas quanto ao seu valor ou data de ocorrência”.
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De notar que o âmbito desta conta não integra o imposto sobre o rendimento
(o qual faz parte da conta 24- Estado e outros entes públicos) uma vez que se
trata da estimativa de um passivo certo em que, portanto nem a sua quantia,
apesar de estimada, nem a data de ocorrência são incertos.

Assim sendo, a conta 29.1- Provisões para impostos, destina-se a refletir as


provisões constituídas para impostos em mora.

Por seu lado, a conta 67- Provisões do exercício, regista os gastos do período
relacionados com as referidas responsabilidades. Eventuais reversões são
registadas na conta 76.3-Reversões- De provisões.

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.657-658). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

2.1 Objetivos de Auditoria

Após ter terminado o trabalho de auditoria nesta área, o auditor deve estar em
condições de poder concluir se:

1. Os procedimentos contabilísticos e as medidas de controlo interno


relacionados com as provisões são adequados e se estão de facto a ser
aplicados.
2. Foram criadas as provisões necessárias a fim de se cumprir com o conceito
de prudência.
3. Os saldos das diversas provisões são adequados.
4. Todas as informações pertinentes estão adequadamente divulgas no
Anexo.

2.3 Procedimentos de auditoria

O trabalho de auditoria relacionado com as provisões obriga a uma grande


perspicácia por parte do auditor, uma vez que, devido à enorme variedade de
provisões que se podem constituir, de modo algum é possível indicar
discriminadamente todos os procedimentos a seguir.

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No caso especifico da Provisão para garantias a clientes, o auditor deve obter não
só uma análise histórica da sua evolução da sua evolução como também informações
detalhadas e pertinentes nos Serviços Pós-Venda.

Relativamente à Provisão para processo judiciais em curso (que podem ter a ver
com acidentes de trabalho e doenças profissionais, matérias ambientais, contratos
onerosos, etc.) é necessário que o auditor analise criticamente as respostas aos
pedidos de informações feitos aos advogados da Empresa, conforme modelo de
carta

No que se refere à Provisão para reestruturações ou reconversões empresariais, o


auditor deve verificar se a mesma foi criada tempestividade, ou seja, quando os
respetivos planos tiverem o seu início. Para tal torna-se indispensável consultar as
atas dos órgãos sociais da Empresa.

Ainda uma referência ao facto de o auditor deve estar sensibilizado para a


necessidade de se constituírem provisões decorrentes de atrasos no pagamento de,
entre outros, financiamentos obtidos, impostos, taxas, tributos e contribuições para
a Segurança Social.

Finalmente, refira-se que em todos os casos relacionados com provisões o auditor


deve concluir, após a realização dos respetivos procedimentos e testes, se os saldos
das mesmas são ou não adequados.

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.658-659). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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2.4 Programa de Auditoria

(COSTA, Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª


Edição) (p.660-661). Lisboa: Rei dos Livros Editora)

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Conclusão
Em suma, a revisão/auditoria às contas e a outros elementos financeiros é
fundamental para melhorar a transparência e garantir a credibilidade da
informação financeira prestada pelas entidades, possibilitando, desta forma, aos
utilizadores dessa informação tomarem decisões mais sustentadas. Com o
crescente volume de escândalos e crises financeiras, a auditoria tem, cada vez,
mais um papel fulcral na minimização do risco a este nível

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Referências

COSTA,Carlos Batista. (2014). Auditoria Financeira: Teoria e Prática (10ª Edição) (pp. 351-398/
pp.657-660). Lisboa:Rei dos Livros Editora.

ALVES, Joaquim José dos Santos. (2015). Princípios e prática de auditoria e revisão de contas (1ª
ed.).Lisboa: Edições Sílabo, Lda. Obtido em 06 de Junho de 2017:
http://www.silabo.pt/Conteudos/8216_PDF.pdf

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