De cima desse telhado. Por causa de ti, papão, Está Portugal desgraçado.
Está Portugal desgraçado
E sem se poder valer. Por causa de ti, papão, Até custa a perceber.
Até custa a perceber,
Mas ai, é certo, é certinho: Por causa de ti, papão, Está Portugal pobrezinho!
Está Portugal pobrezinho
E numa angústia tamanha Que dos Algarves ao Minho Não há mal que lhe não venha!
Não há mal que lhe não venha,
Nem trigo que lhe dê pão! Nem pinheiro que dê lenha, Por causa de ti, papão!
Papão, não será que ás vezes
Nesses teus olhos gelados Há vultos de portugueses Assustados, assustados? Por tudo o que já lá vai, Por tudo o que vem aí, E por ti próprio, papão, Vai-te, vai-te, sai daí!