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Borboleta, borboleta,
Verão flor do ar,
onde vais, que me não levas?
Caracol, caracol, Onde vais tu, Leonoreta?
onde vais com tanto sol?
Vou à loja do Senhor Adão, Vou ao rio, e tenho pressa,
comprar um girassol; não te ponhas no caminho.
Com tanto Sol Vou ver o jacarandá,
ninguém aguenta o Verão. que já deve estar florido.
Adeus, adeus, caracol,
tens razão, Leonoreta, Leonoreta,
sem guarda-sol que me não levas contigo…
ninguém aguenta este sol.
Gatos Velho, velho, velho
chegou o Inverno.
Gato dos quintais,
Gato dos portões,
Gato dos quartéis, A formiga
Gato das pensões.
Sete palmos, sete metros,
Vêm da Índia, da Pérsia, anda a formiga por dia
De Ninive, Alexandria. (sete palmos a correr,
Vêm do lado da noite, sete metros devagar),
Do oiro e rosa do dia. só para lamber o mel
que lentamente escorria
Gato das duquesas, quer da boca quer do pão,
Gato das meninas, quer dos dedos do Miguel.
Gato das viúvas,
Gato das ruínas.
Andorinha
Gatos e gatos e gatos.
Arre, que já estamos fartos! Era uma andorinha branca
que me batia à janela
e contente anunciava
Canção da Joaninha que chegara a primavera,
ou era eu que sonhava?
A Lisboa, vamos a Lisboa.
Joaninha voa, voa.
Faz de conta
Num cavalo baio
ou num alazão, vamos a Lisboa. - Faz de conta que sou abelha.
Joaninha voa, voa. - Eu serei a flor mais bela.
Rosa
Não quero, não
É uma rosa amarela.
Uma rosa de verão. Não quero, não quero, não,
Sempre uma rosa em botão ser soldado nem capitão.
estava posta à janela.
Quem mora naquela casa Quero um cavalo só meu,
certamente que sabia seja baio ou alazão,
quanto essa rosa em botão, sentir o vento na cara,
seja branca ou amarela, sentir a rédea na mão.
perfuma todo o verão.
Não quero, não quero, não,
ser soldado nem capitão.
Romance de D. João
Não quero muito do mundo:
Foi-se D. João, quero saber-lhe a razão,
foi à sua vida, sentir-me dono de mim,
sem dificuldade ao resto dizer que não.
saltou pelo muro,
não voltou senão Não quero, não quero, não,
quando ao outro dia ser soldado nem capitão.
já fazia escuro.
Vinha enfarruscado,
partida a viola, Cavalos
o boné ao lado,
rasgado o calção Uma canção de cavalos
e a camisola. me pede o Miguel que escreva:
Fiz-lhe uma carícia, cavalos de sol sedentos,
não me respondeu, mansos cavalos de seda.
foi-se encafuar Cavalos bebendo a sombra
perto do borralho verde e rosa das palmeiras
arrastando o pé. ou bailando nas areias
com as luzes derradeiras.
Cavalos de romanceiro
disparados como setas
em terras da minha terra
ou só na minha cabeça.
Cavalos de sol sedentos,
mansos cavalos de seda:
uma canção de cavalos
me pede o Miguel que escreva.