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Disciplina: Comunicaçao e Expressão.

Tema: Estruturação do Parágrafo


Professor: Ivan Cupertino Contato: despaisado@yahoo.com

A estruturação do parágrafo-padrão

PARAGRAFO

O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um


período, em que se desenvolve determinada idéia central, ou nuclear, a que se agregam outras,
secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.
Antes de começar a elaborar esse tipo de texto, é importante atentar para os seguintes
passos preliminares:
 Escolher um assunto. Por exemplo: leitura.
 Fazer a delimitação do assunto escolhido, isto é, restringir o pensamento, concentrar-se
apenas em um ou dois aspectos do tema. Por exemplo, escolhido o tema “leitura”, delimitá-
lo para “vantagens da leitura”.
 Definir a intenção, o objetivo de quem escreve o parágrafo. Assim, pode-se redigir para
“mostrar as vantagens que a leitura proporciona”.
Os pontos enumerados anteriormente podem ser chamados de esquema para esse tipo de
redação. Entretanto, esse esquema não é suficiente. É preciso conhecer a estrutura do
parágrafo, a fim de organizá-lo.
Escolhido o assunto, a delimitação e o objetivo, elabora-se o primeiro item da estrutura.
Uma vez elaborado o tópico frasal, passa-se ao desenvolvimento. Nesse momento, é
preciso haver uma seleção de idéias relacionadas à delimitação do assunto e à ordenação das
mesmas. Aproveitando o assunto “leitura” com sua delimitação, objetivo e tópico frasal apresenta-
dos, podem-se selecionar as seguintes idéias para o desenvolvimento:
 a prática da leitura amplia o vocabulário;
 conhecimentos variados são adquiridos através da leitura;
 a leitura como forma de lazer.

Conclusão

A última etapa é a conclusão. Sua elaboração consiste em retomar a delimitação do


assunto, acrescentando uma idéia ou opinião, tendo o cuidado de não repetir algo que já tenha
sido exposto ou desenvolvido. Pode-se até levantar uma questão que servirá para a reflexão
posterior do leitor. O importante nessa etapa é o fechamento da argumentação de modo coeso e
coerente.
É necessário salientar que a estrutura definida até aqui pertence ao chamado parágrafo
padrão, o qual consiste em uma explanação escrita com, no mínimo, cinco períodos.

TÓPICO FRASAL

A idéia central do parágrafo é enunciada através do período denominado tópico frasal


(também chamado de frase-síntese ou período tópico). Esse período orienta ou governa o resto
do parágrafo; dele nascem outros períodos secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do
escritor na construção do parágrafo; ele é o período mestre, que contém a frase-chave. Como o
enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor diretamente para o tema central, o tópico frasal
ajuda o leitor a agarrar o fio da meada do raciocínio do escritor; como a tese, o tópico frasal
introduz o assunto e o aspecto desse assunto, ou a idéia central com o potencial de gerar
idéias-filhote; como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentável, afirmação ou negação
que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para
completar o parágrafo ou apresentar um raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é
enunciação, supõe desdobramento ou explicação.
A idéia central ou tópico frasal geralmente vem no começo do parágrafo, seguida de outros
períodos que explicam ou detalham a idéia central.

Exemplos:
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 Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltrátá-los. O modo


de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel. Ele sabe como o animal
foi domado, conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto
exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu que paciência e muitos exercícios são os
principais meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode
exigir mais do que é esperado.

 A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita brasileira seja
estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria
ganha dezenas ou centena de vezes mais. A maioria dos trabalhadores ganha o salário
mínimo, que vale U$$112 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário
mínimo,. Dividindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e mulheres,
a renda per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o número de desempregados,
a renda diminui um pouco mais. Há pessoas que ganham cerca de U$$10.000
mensais, ou U$$ 120.000 anuais; outras ganham muito mais, ainda. O contraste entre
o pouco que muitos ganham e o muito que poucos ganham prova que a distribuição de
renda em nosso país é injusta.

Exercícios: desenvolva estes tópicos frasais dissertativos:

 A prática do esporte deve ser incentivada e amparada pelos órgãos públicos.


 O trabalho dignifica o homem, mas o homem não deve viver só para o trabalho.
 A propaganda de cigarros e de bebidas deve ser proibida.
 O direito à cultura é fundamental a qualquer ser humano.

2. Desenvolva os tópicos frasais seguintes, considerando os conectivos:

 O jornal pode ser um excelente meio de conscientização das pessoas, a não ser que...
 As mulheres, atualmente, ocupam cada vez mais funções de destaque na vida social e
política de muitos países; no entanto
 Um curso universitário pode ser um bom caminho para a realização profissional de uma
pessoa, mas...
 Se não souber preservar a natureza, o ser humano estará pondo em risco sua própria
existência, porque...
 Muitas pessoas propõem a pena de morte como medida para conter a violência que
existe hoje em várias cidades; outras, porém
 Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, porque.
 Muitos alunos acham difícil fazer uma redação, no entanto
 Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura,
pois
 Um meio de comunicação tão importante como a televisão não deve sofrer censura,
entretanto
 O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar, porque
 O uso de drogas pelos jovens é, antes de tudo, um problema familiar, embora

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DESENVOLVIMENTO

Desenvolver o parágrafo é expor de forma pormenorizada a idéia principal deste. Tal


desenvolvimento pode se dar por diversas maneiras.

Tópico frasal desenvolvido por enumeração: o autor enumera e detalha a idéia


apresentada.
Exemplo: A televisão, apesar das críticas que recebe, tem trazido muitos benefícios às
pessoas, tais como: informação, por meio de noticiários que mostram o que acontece de
importante em qualquer parte do mundo; diversão, através de programas de entretenimento
(shows, competições esportivas); cultura, por meio de filmes, debates, cursos.

Tópico frasal desenvolvido por descrição de detalhes: é o processo típico do


desenvolvimento de um parágrafo descritivo:
Exemplo: era o casarão clássico das antigas fazendas negreiras. Assobradado, erguia-se
em alicerces o muramento, de pedra até meia altura e, dali em diante, de pau-a-pique (...) À porta
da entrada ia ter uma escadaria dupla, com alpendre e parapeito desgastados. (Monteiro Lobato)

Tópico frasal desenvolvido por confronto: No confronto, o autor utiliza o artifício de


contrapor idéias, seres, coisas, fatos ou fenômenos. Tal confronto tanto pode ser de contrastes
como de semelhanças. Analogia e comparação são também espécies de confronto: a primeira trata
de semelhança primária sugerindo uma afinidade completa entre os dados; a segunda mostra
semelhanças reais e visíveis, valendo-se para isto do uso de conectivos de comparação.
Exemplo: Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode
ilustrar o fato de que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos
lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não pode
seguir seus planos sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será prontamente
abatido. O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem adaptar
sua forma dse agir às respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanças da situação geral,
na medida em que se apresentam. (Bruno Betelheim, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido por razões: desenvolve-se assim o parágrafo, esclarecendo a


causa, motivo ou razão, bem como a conseqüência ou efeito do acontecimento ou fato
apresentado como idéia principal. Quando se trata de fenômenos físicos, empregamos os termos
causa e efeito; se humanos usamos os termos motivo, razão e conseqüência.
Exemplo: as adivinhações agradam particularmente às crianças. Por que isso acontece de
maneira tão generalizada? Porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase
simbólica, da experiência infantil de conquista da realidade. Para uma criança, o mundo está cheio
de objetos misteriosos, de acontecimentos incompreensíveis, de figuras indecifráveis. A própria
presença da criança no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de
experimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura da surpresa. (Gianni
Rodari, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido por análise: é a divisão do todo em partes.


Exemplo: quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar,
divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos e comentários
sobre a realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de divertimento por parte
do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo produto. A quarta é
realizada de modo intencional ou não, por meio de material que contribui para a formação do
indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. (Samuel P. Netto, adaptado)

Tópico frasal desenvolvido pela exemplificação: ao definir, o autor, de forma clara e


concisa, conceitua o objeto, ser, fato ou fenômeno apresentado. A definição pode envolver ou não
a divisão e citação de exemplos, estas por sua vez, podem acompanhar uma definição ou serem
usadas isoladamente desta e uma da outra.

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Quando divide, o autor explora as idéias em cadeia, ou seja, após apresentar a temática no
tópico frasal, divide-a e explana-a em períodos seguintes, sempre de forma a manter a cadeia de
desenvolvimento.
Ao exemplificar, o autor tanto pode esclarecer o assunto proposto quanto comprová-lo.
Exemplo: a imaginação utópica é inerente ao homem, sempre existiu e continuará
existindo. Sua presença é uma constante em diferentes momentos históricos: nas sociedades
primitivas, sob a forma de lendas e crenças que apontam para um lugar melhor; nas formas do
pensamento religioso que falam de um paraíso a alcançar; nas teorias de filósofos e cientistas
sociais que, apregoando o sonho de uma vida mais justa, pedem-nos que “sejamos realistas,
exijamos o impossível”. (Teixeira Coelho, adaptado)

Exercícios

1. Grife o tópico frasal de cada parágrafo apresentado. Não deixe de observar como o autor o
desenvolve.

a) “O isolamento de uma população determina as características culturais próprias. Essas


sociedades não têm conhecimento das idéias existentes fora de seu horizonte geográfico. É o que
acontece na terra dos cegos do conto de H.G. Welles. Os cegos desconhecem a visão e vivem
tranqüilamente com sua realidade, naturalmente adaptados, pois todos são iguais. Esse conceito
pode ser exemplificado também pelo caso das comunidades indígenas ou mesmo qualquer outra
comunidade isolada.” (Redação de vestibular)

b) “O desprestígio da classe política e o desinteresse do eleitorado pelas eleições


proporcionais são muitos fortes. As eleições para os postos executivos é que constituem o grande
momento de mobilização do eleitorado. É o momento em que o povão se vinga, aprovando alguns
candidatos e rejeitando outros. Os deputados, na sua grande maioria, pertencem à classe A. É
com os membros dessa classe que os parlamentares mantêm relações sociais, comerciais,
familiares. É dessa classe com a qual mantêm maiores vínculos, que sofrem as maiores pressões.
Desse modo, nas condições concretas das disputas eleitorais em nosso país, se o
parlamentarismo não elimina inteiramente a influência das classes D e E no jogo político,
certamente atua no sentido de reduzi-la.” (Leôncio M. Rodrigues)

2. Apresentamos a seguir alguns tópicos frasais para serem desenvolvidos na maneira


sugerida.

a) Anacleto é um detetive trapalhão. (por enumeração de detalhes: forneça a descrição física e


psicológica do personagem).
b) As novelas transmitidas pela televisão brasileira são muito mais atraentes que nossos filmes.
(por confronto)
c) As cidades brasileiras estão se tornando ingovernáveis. (por razões)
d) Há três tipos básicos de composição: a narração, a descrição e a dissertação. (por análise)
e) Nunca diga que algum ser humano é uma ilha: tudo que acontece a um semelhante nos
atinge. (por exemplificação)

Bibliografia:
FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A Redação pelo Parágrafo. 1ª edição. Brasília, Editora UnB, 1995.
DELMANTO, Dileta. Escrevendo Melhor, 8ª série. 1ª edição. São Paulo, Editora Ática, 1995.
TUFANO, Douglas. Estudos de Redação. 4ª edição. São Paulo, Editora Moderna, 1996.

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TIPOS DE PARÁGRAFOS

I - PARÁGRAFO DESCRITIVO E PARÁGRAFO NARRATIVO

Parágrafo Descritivo
É aquele que descreve o objeto, ser, coisa, paisagem ou até mesmo um sentimento. Tal
descrição se dá pela apresentação das características predominantes e pelo detalhamento destas.
É, portanto o objeto matéria da descrição.
Uma descrição perfeitamente realizada não se mostra pelas minúcias descritivas do objeto
e sim pela compreensão deste através da imagem reproduzida pela rica imaginação e pela
utilização correta dos recursos de expressão, apresentando traços específicos do objeto da
descrição, sem se preocupar com os supérfluos.
A descrição deve apresentar o ponto de vista do observador, ou seja, o ângulo do qual será
feita a descrição, não só o físico, mas também a atitude da observação.
Quanto ao objeto a ser descrito, deve o autor apresentar o posicionamento físico deste, de
forma a permitir ao leitor a firme criação do cenário em sua mente. Esta apresentação se dá pela
disposição ordenada dos detalhes, o que cria uma cadeia de idéias que será absorvida pelo leitor.
O posicionamento psicológico é outro ponto a ser apresentado. Este direciona a descrição
para caminhos diversos: o do subjetivismo, quando o autor deixa transparecer o seu estado de
espírito, suas preferências e opiniões, assim descrevendo não apenas o que vê, mas o que pensa
ver, usando para tal, expressões carregadas de conotação; a descrição pode ser também
direcionada para o objetivismo, que é a pura descrição, fidelíssima ao que se vê, retratando
exatamente o quadro contemplado, e desta forma, com a pura utilização da linguagem denotativa.
Os personagens devem também ser descritos, e esta, reveste-se de maior complexidade
pois, a simples enumeração de características tornaria o personagem desinteressante. Deve então
o autor, valendo-se dos recursos de linguagem, formar uma representação viva do objeto descrito,
transmitindo além das características físicas, o retrato psicológico do personagem.
A descrição deve abranger também a paisagem ou ambiente, e não como resultado de
mera observação, mas como de um contágio efetivo da natureza ou ambiente sobre o autor, o que
o integra ao quadro e permite maior dinâmica à descrição. Ao descrever paisagem ou ambiente,
cuidados especiais devem ser tomados para que não se valorize em demasia aspectos
secundários, deixando à parte os principais.

Parágrafo Narrativo

O parágrafo narrativo deve transmitir fielmente a intenção da narração. Esta tem como
matéria o fato, ou seja, qualquer acontecimento de que o homem participe direta ou indiretamente.
O relato de um episódio é composto por elementos definidos, a saber: o enredo, os
personagens, a ação, o tempo, o espaço, a causa, a conseqüência, o foco narrativo, o clímax e o
desfecho. Estes podem aparecer em sua totalidade ou parcialmente dentro de um parágrafo
narrativo.
O enredo é o entrelaçamento dos fatos de uma narração. Os personagens são: o
protagonista, aquele que pratica a ação, normalmente o "mocinho" e personagem principal da
história; e o antagonista, aquele que sofre a ação, o opositor do personagem principal. Tem-se
ainda personagens secundários que são os figurantes da narração. O tempo pode ser o
cronológico, tempo mensurável do acontecimento ou o psicológico, imensurável e só conhecido
pelo personagem. O espaço é o local dos acontecimentos. Causa e conseqüência são
respectivamente, o motivo e o resultado da ação narrada. O foco narrativo é o angulo de vista do
narrador, que pode ser de mero observador, narrando os fatos na terceira pessoa ou, de
personagem, quando usará então a primeira pessoa. O clímax e o desfecho são, respectivamente,
o momento de expectativa, de tensão e o fechamento da narração.
É certo que todos os elementos nem sempre estarão contidos em um só parágrafo, sendo
assim presentes em outras unidades da narração, contudo, existe a possibilidade de estes
elementos serem observados num mesmo parágrafo, devido à capacidade do autor e sua perícia
na utilização dos recursos de linguagem a ele disponibilizados. O fato narrado pode ser real, como

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a história da humanidade, a biografia de alguém, a autobiografia, uma reportagem, ou pode ser


também fictício, como novelas, romances, contos e anedotas.
O parágrafo narrativo tem como núcleo o incidente, o fato ocorrido, nele também,
geralmente, não se tem o tópico frasal explícito, pois este está diluído implicitamente no
ordenamento da narração.
A dicotomia primária, apresentada entre os parágrafos narrativo e descritivo é a dinâmica
dos personagens existente no primeiro e a ausência da mesma no segundo.

QUALIDADES DO PARÁGRAFO E DA FRASE EM GERAL

O parágrafo e a frase possuem qualidades em comum, as quais podemos definir de


maneira superficial da seguinte forma: correção - respeito às normas e princípios do idioma;
clareza - expressão clara e objetiva da idéia; concisão - apresentação da idéia usando o menor
número possível de palavras; coesão – exposição das idéias de forma ordenada, uma de cada
vez; coerência - ligação perfeitamente inteligível das partes de um texto com o seu todo; ênfase –
realce da idéia apresentada através de mecanismos próprios e, finalmente, argumentação - a
exposição dos fundamentos da idéia, de forma a torná-la suscetível de aceitação.
Devido à intenção deste trabalho, nos deteremos em três destas qualidades, a saber:
coesão, coerência e argumentação.
Das qualidades do parágrafo e da frase, coesão e coerência dificultam as suas definições,
pois muito se confundem quando da ausência, pois, a falta de uma, redunda na impossibilidade de
existência da outra, isto de forma generalizada. São, portanto responsáveis por garantir ao texto
uma unidade de significados encadeados.

Coesão

Coesão, ou unidade, consiste no resultado do emprego correto dos termos conectivos da


linguagem, o que permite expressar uma coisa de cada vez, omitindo o desnecessário e
prendendo-se às relações existentes entre as idéias principal e secundárias. Tal resultado em
muito se deve ao correto emprego do tópico frasal.
Na língua portuguesa, muitos recursos garantem a coesão, são eles: a referência - uso dos
pronomes, advérbios e artigos; a elipse - omissão de um termo a fim de evitar sua repetição; o
lexical - uso de sinônimos que evitam a repetição de termos; a substituição - abreviação de
sentenças inteiras, substituindo-as por uma expressão de significado equivalente; a oposição -
emprego de termos com valor de oposição, como: mas, contudo, todavia, porém, entretanto etc.; a
concessão - uso de termos como: embora, ainda que, se bem que, apesar de etc.; a causa -
utilização de termos que indicam a causa do fato: porque, pois, como, já que, visto que etc.; a
condição - a imposição de termos condicionais, tais como: caso, se, a menos que etc.; a
finalidade - mostrar o fim do fato através do emprego de termos como: para que, para, a fim de,
com o objetivo de etc.;
Além dos recursos acima citados, que proporcionam coesão, evitando pormenores
impertinentes, acumulações e redundâncias, outros recursos redacionais proporcionam coesão ao
parágrafo, e podemos citar alguns como: O emprego, sempre que possível do tópico frasal
explícito; o desenvolvimento da idéia-núcleo em um mesmo parágrafo, a busca da não utilização
de frases entrecortadas.

Coerência

Valendo-nos da definição primariamente apresentada para coerência, (ligação


perfeitamente inteligível das partes de um texto com o seu todo), podemos concluir que esta
consiste em ordenar e interligar as idéias de maneira clara e lógica e de acordo com um plano
definido.
Para que a coerência seja evidente numa composição, algumas particularidades devem ser
observadas:

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A ordem cronológica, espacial e lógica são algumas destas particularidades. Ordenar


cronologicamente os fatos consiste em não inverter o tempo dos acontecimentos. A ordem espacial
consiste em descrever sob o ângulo da observação o objeto, ou seja, dos detalhes mais próximos
para os mais distantes ou ao inverso. A ordenação lógica nada mais é do que a manutenção da
idéia apresentada através do tópico frasal ou implícita no texto, a fundamentação desta idéia no
seu desenvolvimento e, finalmente a conclusão da composição.
A satisfação do aspecto de coerência em uma composição não se deve apenas ao
ordenamento da idéia, conseguido através dos recursos acima citados, deve-se também ao
emprego correto dos termos que permitam a transição e a conexão entre as idéias. Neste ponto,
encontramos a necessidade da correta utilização, conforme as normas gramaticais, das
conjunções, preposições, pronomes e até mesmo dos advérbios e locuções adverbiais e ainda, em
sentido mais amplo, de orações, períodos e parágrafos que servem de transição ou conexão entre
as idéias apresentadas.
Listamos abaixo, alguns advérbios ou locuções adverbiais que proporcionam a coerência
na composição quando da sua utilização.
 Prioridade, relevância - em primeiro lugar, antes de mais nada...
 Tempo - então, enfim, logo, imediatamente, não raro...
 Semelhança, comparação - igualmente, de acordo com, segundo...
 Adição - além disso, também, e...
 Dúvida - talvez, provavelmente...
 Certeza - de certo, por certo, certamente...
 Surpresa - inesperadamente, surpreendentemente...
 Ilustração - por exemplo, quer dizer, a saber...
 Propósito - com o fim de, a fim de...
 Lugar, proximidade, distância - perto de, próximo a, além...
 Resumo - em suma, em síntese, enfim, portanto...
 Causa - daí, por conseqüência, por isso, por causa...
 Contraste - pelo contrario, exceto, menos...
 Referência em geral - pronomes demonstrativos: este, aquele, esse; pronomes pessoais;
pronomes adjetivos: último, penúltimo; os numerais ordinais: primeiro, segundo....

Certamente os recursos apresentados nos possibilitarão a busca, e se bem aplicados, o


encontro da coerência em nossas composições.

Argumentação

Considerando a argumentação dentro da unidade de composição do texto, podemos afirmar


que ela procura formar a opinião do leitor em conformidade com a do autor, em outras palavras, é
a busca do convencimento, mediante a apresentação de razões, da coesão e da coerência, de que
o raciocínio apresentado é o correto.
A boa argumentação deve revestir-se de caráter construtivo, cooperativo e útil; e fundamentar-
se em dois pilares: a consistência do raciocínio e a evidência das provas.
Ao intentar argumentar, deve o autor se fundamentar nos fatos, nos exemplos, nas ilustrações,
em dados estatísticos e em testemunhos, para que após a argumentação sua conclusão seja
firme, sedimentada e apresentada com autoridade.

CONCLUSÃO

Após a pesquisa bibliográfica realizada, inferimos:

A incontestável importância do parágrafo, mediante a sua utilidade essencial como unidade


de composição, permitindo ao autor e ao leitor o entendimento paulatino do sentido do texto, e ao
mesmo tempo dando uma visão global deste.
A necessidade do correto desenvolvimento do parágrafo, valendo-se para tal, de todos os
recursos disponíveis.

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O conhecimento e discernimento dos parágrafos descritivo e narrativo, diante de suas


constituições, qualidades e propósitos. A imprescindível necessidade dos aspectos de coesão,
coerência e argumentação, para que o objetivo da composição seja alcançado.

BIBLIOGRAFIA:
1. GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em Prosa Moderna : aprender a escrever, aprendendo a pensar.
17. ed. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas,1997.
2. KASPARY, Adalberto José. Redação Oficial: normas e modelos. 14.ed. Porto Alegre. Edita, 1998.
3. SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação para Todos: escrevendo com prática. São Paulo, Iglu, 1995.

A ESTÉTICA DE UMA REDAÇÃO


Prof. Adilson Torquato

No nosso primeiro contato com a redação, podemos achar que é muito fácil mas, na
realidade, surge algo que torna importante o nosso ato de escrever que se mantém na forma de
passar a mensagem ao nosso leitor e a estética do trabalho redacional, que mostra o quanto
estamos interessados em que nosso pensamento seja bem compreensível com lógica e clareza.
Surge então a busca por um trabalho mais limpo e com estética para a estrutura.
Observando os exemplos de redações da dica passada, podemos notar que a estética não é tão
ordenada, por isso a seqüência lógica se perde no meio do caminho e fica sem sentido no que diz
respeito ao desenvolvimento de seus argumentos centrais e finais para uma conclusão mais
segura e estruturada.
Lembre-se sempre que, ao formar um Plano de Trabalho para escrever sua redação, você
deve visualizar também a sua ESTÉTICA:
 Nunca comece uma redação com períodos longos. Basta fazer uma frase-núcleo que será
a sua idéia geral a ser desenvolvida nos parágrafos que se seguirão;
 Nunca coloque uma expressão que desconheça, pois o erro de ortografia e acentuação é o
que mais tira pontos em uma redação;
 Nunca coloque hífen onde não é necessário como em penta-campeão ou separação de
sílabas erroneamente como ca-rro (isto só acontece em espanhol e estamos escrevendo na
língua portuguesa);
 Nunca use gírias na redação, pois a dissertação é a explicação racional do que vai ser
desenvolvido e uma gíria pode cortar totalmente a seqüência do que vai ser desenvolvido
além de ofender a norma culta da Língua Portuguesa;
 Nunca esqueça dos pingos nos "is" pois bolinha não vale;
 Nunca coloque vírgulas onde não são necessárias (o que tem de erro de pontuação !);
 Nunca entregue uma redação sem verificar a separação silábica das palavras;
 Nunca comece a escrever sem estruturar o que vai passar para o papel;
 Tenha calma na hora de dissertar e sempre volte à frase-núcleo para orientar seus
argumentos;
 Verifique sempre a ESTÉTICA: Parágrafo, acentuação, vocabulário, separação silábica e
principalmente a PONTUAÇÃO que é a maior dificuldade de quem escreve e a maioria
acha que é tão fácil pontuar !
 Respeite as margens do papel e procure sempre fazer uma letra constante sem diminuir a
letra no final da redação para ganhar mais espaço ou aumentar para preencher espaço;
 A letra tem que ser visível e compreensível para quem lê;
 Prepare sempre um esquema lógico em cima da estrutura intrínseca e extrínseca;
 Não inicie nem termine uma redação com expressões do tipo: "... Eu acho... Parece ser...
Acredito mesmo... Quem sabe..." mostra dúvidas em seus argumentos anteriores;
 Cuidado com "superlativos criativos" do tipo: "... mesmamente... apenasmente." . E de
"neologismos incultos" do tipo: "...imexível... inconstitucionalizável...".

http://www.dorothea.com.br/downloads/O_paragrafo.doc
http://www.ibilce.unesp.br/teiadosaber/curso12.htm
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=redacao/teoria/docs/topicofrasal
http://educaterra.terra.com.br/vestibular/dicas/redacao/27abr98.htm
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