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PÂnico e o deus pã

- Abandono, terror e rejeição associados a sua aparência; Metade homem, metade animal, não
pertence a uma categoria fixa;

 Pã é abondonado pela a mãe devido a sua aparência.


Díopre se espanta com o aspecto duplo de Pã, assim como nós que renegamos aquela parte grotesca
de nosso ser, dizendo que não somos ou fomos nós que agimos como agimos... Podemos então dizer
que, arquetipicamente, nós estamos fadados a responder com atitudes de fuga e rejeição a tudo
aquilo que nos causa horror e temor, devido à irracionalidade mobilizada.
 Pã e a sua condição de não lugar,- Provoca risos nos deuses/é usado e abusado por eles;
As angústias e intuições associadas a esse não-lugar adquirem o caráter de crises de pânico como as
descritas nos manuais.

“o homem precisa ser incitado a sair de si, a cancelar o eu e deixar-se escavar pela fenda do não
lugar, pelo corpo, pela terra, pelo outro, pela morte. Incitá-lo a uma outra saúde. Uma saúde ampla
que hospede alteridades banidas.” A alteridade banida, no caso que discutimos, é Pã.

 Pânico associado ao início da vida psíquica, tão turbulenta e frágil em sua condição inicial.
Poderíamos pensar na imagem de Pã, metade homem metade animal, como a de um Self que ainda
é ‘meio alguma coisa, meio outra’ e está existencial e funcionalmente ‘preso’, ‘entre’, um mundo e
outro.

- Protetor dos campos e pastagens, deus da natureza, associados ao sexo, a gênese e aos
instintos mais primitivos; Quando é amigo dos homens cuida dos rebanhos e das colméias;

 Como é esta experiência de nos darmos conta de que geramos e somos responsáveis pelo que
criamos?
No mito, a mãe de Pã, foge ao ver sua aparência grotesca. Ela foge de seu próprio fruto.

 O corpo e a condição de deteriorização, e a fuga destaa condição.


 Pã representa a energia genésica e está ligado às energias de criação e reprodução como vimos,
o que nos leva a pensar que o pânico pode estar indicando uma inadequação da consciência no
que se refere aos processos criativos do qual a sexualidade faz parte.

- Dom oracular;
 Os intensos afetos antes apavorantes agora modulam uma nova postura.
 Nessas situações, parece que a dinâmica de Pã é uma dinâmica iniciadora. A serpente que come
a cauda.
 Pã lembra-nos do limite, pois se adentrarmos o irracional de uma forma abusiva, seremos
dominados e aprisionados por ele.

- Sua morte está associada ao final do paganismo e início do Cristianismo.


 Sabemos que a nossa relação desrespeitosa com a natureza desenvolveu-se quando o homem
dela se apossou para seu próprio benefício, um efeito colateral da cristandade que atingiu grande
importância na Idade Média e Renascimento: com o desenvolvimento da razão, o homem
outorgou-se o direito de ocupar e utilizar e consumir os recursos naturais, incluindo a
sexualidade, para seu próprio benefício sem pensar muito profundamente no impacto que isso
teria sobre a natureza, dentro e fora dele.
 Pã representa e apresenta uma espiritualidade associada à Natureza e que não foi perdida, mas
que está à sombra, o assim chamado 'paganismo'.
“O Homem não-religioso assume uma nova situação existencial: rejeita a transcendência e
insiste em se olhar como o único agente e sujeito da História. Continua a não aceitar qualquer
outro modelo de humanidade além daquela pensada e construída por ele mesmo. O homem
fabrica ele mesmo, e ele somente o faz na medida em que se dessacraliza e dessacraliza a
natureza. O sagrado é o principal obstáculo a sua liberdade. Ele se tornará ele mesmo apenas
quando ele for totalmente desmitificado. Ele não se tornará livre a não ser quando ele matar o
último deus.”

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