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É certo Senhor,
que há Céu e Inferno
Eu ei-de morrer Virgem Santíssima
Nosso Senhor Jesus Cristo
e Sua Mãe Maria Santíssima
Guarde minha alma para a vida eterna
AMEN
Reza do Quebranto
iz-se que uma pessoa padece do Quebranto quando se queixa de fortes dores de cab
eça, fraqueza ou prostração. Pode ainda querer significar aqueles períodos de má sorte ou
azar persistente ou duradouro.
Estes estados físicos e/ou de espírito são muitas vezes fruto de um mau-olhado ou de i
nveja por parte de outras pessoas, mas também podem ser o resultado inadvertido da
cura do Quebranto por parte de uma pessoa que estava muito longe, pois como vam
os ver em seguida, esta maleita "propaga-se" através do vento.
Versão I
A Reza do Quebranto é feita por uma pessoa que não aquela que padece. Pode ser um fa
miliar, um vizinho ou um amigo.
Pegam-se em dois pauzinhos de um "vassouro", de mato velho e seco, e põem-se ao lu
me, um de cada vez, até ficarem brasa. Depois pega-se num desses pauzinhos e parte
-se em pedaços mais pequenos para dentro de uma malga com água.
Ao colocá-los para dentro da malga dizemos as seguintes palavras:
Se é Quebranto, eu te espanto
Se é olhado, vai para o telhado
Se é Quebranto, eu te espanto
Se é olhado, vai para o telhado
Depois, a pessoa que diz a reza molha os dedos na água da malga e faz o sinal da c
ruz na testa daquele que padece do Quebranto.
Se os pedacinhos ficam à tona de água, é sinal que a pessoa não tem o Quebranto. Ao invés,
se forem para o fundo, tal significa que sofre daquele mal.
A dúvida dissipa-se mais facilmente se os pedacinhos ficarem cruzados no fundo da
malga. Repete-se este procedimento umas três vezes para se obter uma resposta clar
a.
Posto isso, faz-se novamente o sinal da cruz nas costas da pessoa do paciente co
m a malga e dizemos novamente:
Se é quebranto, eu te espanto
Se é olhado, vai para o telhado
Se é quebranto, eu te espanto
Se é olhado, vai para o telhado
Em seguida, o paciente pega na malga e dirige-se a uma encruzilhada (a um cruzam
ento ou entroncamento de várias estradas). Depois, vira-se de costas para o lado e
m que vai atirar a água contida na malga. Posto isso, atira o líquido por cima do se
u ombro direito e vai-se embora sem olhar para trás.
Caso alguém pise a água que ficou no chão da encruzilhada, ela não contrairá o Quebranto,
pois esse foi levado pelo vento para outras paragens.
Versão II
A seguinte reza também serve para curar o Quebranto, mas desta feita sem necessida
de do rito atrás descrito. Pode-se dizê-la em qualquer lugar, até de uma janela:
REZA - (olhos)
Em nome de Deus e da Virgem Maria da Milagrosa Santa Luzia, eu te benzo para que
Nosso Senhor te atalhe; se és cabrita valha-te Santa Rita, se és farpão valha-te São João
se és unheiro valha-te Deus verdadeiro para que não cresças nem reberdeças pelas cinco
chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amen.
Nota: Esta oração diz-se três vezes e no fim reza-se uma A -de-Maria.
S. Gregório se levantou
Seu cajadinho tomou
E pelo caminho
Nossa Senhora encontrou.
E ela lhe perguntou:
- Onde vais Gregório?
- Vou acalmar esta tempestade
Que está sobre nós armada.
- Então vai.
Leva-a para longe
Para muito longe
Onde não haja
Eira nem beira
Nem folha de figueira
Nem pedra de sal
Nem coisa que nos faça mal!
(E termina-se esta oração rezando um padre-nosso e uma avé-maria)
Aníbal Pacheco
Recolhida por António Amaro Rosa a D. Gracinda da Piedade das Neves (Aldeia de Amo
reira Freguesia de Portela do Fojo).
(E repetimos aqueles versos acrescidos dos respectivos sinais da Cruz mais duas
vezes. Após isso, dizermos os seguintes versos:)
É certo Senhor,
que há Céu e Inferno
Eu ei-de morrer Virgem Santíssima
Nosso Senhor Jesus Cristo
e Sua Mãe Maria Santíssima
Guarde minha alma para a vida eterna
AMEN
Recolhida por António Amaro Rosa a D. Maria de la Salette, no Lugar de Felgueiras
(Aldeia de Ribeiro do Soutelinho Freguesia de Portela do Fojo).
Orações ao deitar
I
Com Deus me deito
com Deus me levanto
com a graça de Deus
e do Divino Espírito Santo
É certo Senhor
que há céu e inferno
eu hei-de morrer Maria Santíssima
guardai a minha alma
para quando deste mundo for
II
Com Jesus me deito
com Jesus ao lado
com Jesus ao peito
com Jesus crucificado
Recolhida por António Amaro Rosa na Freguesia de Portela do Fojo.
Trata-se de uma oração para dizer por nós, e não por alma de alguém, como pode à primeira v
sta parecer. Geralmente é dita no leito, antes de nos deitarmos:
Recolhida por António Amaro Rosa a D. Gracinda das Neves (aldeia de Amoreira Fregu
esia de Portela do Fojo).
Temidas por uns, admiradas por outros, as trovoadas não deixam ninguém indiferente.
Diz o povo desta parte sul do concelho da Pampilhosa que o "trovejar é a voz de De
us". Fazendo fé nas palavras deste povo, e atendendo ao timbre da Sua voz, conclui
-se que O faça em ocasiões de descontentamento.
Então, para apaziguar o Seu ânimo, recorrem os populares (sobretudo elas) à sua advoga
da, Santa Bárbara, para que interceda pelos fregueses da Portela do Fojo junto Del
e.
Eis alguns exemplos:
I
A Magnífica (Ó Senhor)
Magnífica ó Senhor
meu espírito, meu salvador
entendei à humildade todos aqueles que O temem
chamarão bem aventurados
aos pobres humildes encheu-os de bens
aos ricos avarentos deixou-os vazios
Ele se lembrou de seu pai Abraão
toda a nossa geração
por todos os séculos dos séculos
Glória seja ao Pai
Glória seja ao Filho
Glória seja ao Espírito Santo
assim como é no princípio
Agora e sempre
AMEN
Dizemos isto em voz alta e depois rezamos um Pai Nosso. Quando torna a vir um tr
ovão dizemos:
Santa Barburinha*
nos livre das trovoadas
e as afaste para bem longe
onde não faça mal e nem prejuízo a ninguém
Quanto mais alto dissermos esta oração tanto melhor, pois aonde chega a nossa voz não
cai relâmpago nenhum.
II
Versos a Santa Bárbara
Santa Barburinha* bendita
nos acuda
pela vossa infinita misericórdia
nos livre das trovoadas para bem longe
Do mesmo modo, quanto mais alto dissermos esta oração melhor, pois até onde ecoa a nos
sa voz não cai relâmpago algum.
III
Oração cantada
Bendito e louvado seja
o Santíssimo Sacramento
da Eucaristia
do fruto do ventre
sagrado
da Virgem Maria
E sua mãe Maria
Santíssima
Recolhidas por António Amaro Rosa a D. Maria de la Salette, no Lugar de Felgueiras
(Aldeia de Ribeiro do Soutelinho Freguesia de Portela do Fojo)
Reza do Cobrão
Antigamente, toda a roupa era lavada nas margens dos ribeiros, sendo depois este
ndida nos arbustos para secar.
Ora, não raras vezes sucedia que nessas ocasiões uma cobra, um sapo ou até uma aranha
passava por cima da roupa. Assim, a pessoa que vestisse uma peça de roupa pateada
por um destes bichos tinha grande probabilidade de vir a ficar com marcas ou bol
has na pele, uma espécie de alergia cutânea: o cobrão.
Tal doença tinha de ser tratada rapidamente, antes que o cobrão "juntasse os pés com a
cabeça". Para tanto, tinha de se efectuar o seguinte tratamento:
Dentro de um tacho queimavam-se umas cascas de alho. Às cinzas juntava-se o azeite
e depois untava-se a zona afectada pelo cobrão.
Em seguida, dizia-se a seguinte reza, ao mesmo tempo que se "desenhavam" cruzes
no ar sobre a zona, com uma faca:
Eu te corto
Cobro e cobrão
Cabeça, rabo e coração
Recolhida por António Amaro Rosa a D. Maria da Conceição (Aldeia de Folgares - Fregues
ia de Portela do Fojo).
Reza do Escaldado
Trata-se de uma reza utilizada nos casos em que uma pessoa sofria uma queimadura
ao lume ou com água quente a fim de aliviar a dor e ajudar à recuperação da zona afecta
da.
Mas para além das palavras, é necessário um ingrediente: o "unto" ou banha de porco. H
oje em dia compramos o "unto" em embalagens vendidas no talho ou no supermercado
, mas antigamente ele era recolhido aquando da matança do porco e guardado numa va
silha ou numa garrafa partida até à matança do suíno seguinte, altura em que era substit
uída por banha fresca.
Caso uma pessoa sofresse uma queimadura deveria munir-se de um pouco de "unto" e
passá-lo na queimadura repetidamente, desenhando cruzes sobre ela, e dizendo as s
eguintes palavras:
Uma vez ditas estas palavras, reza-se um Pai Nosso e uma Avé Maria.
A Reza do Escaldado é uma curiosa mezinha que merece uma pequena análise.
Por um lado, porque combina dois campos frequentemente opostos: o Sagrado e o Pr
ofano. Encontramos o lado Sagrado na medida em que se invoca a figura de Nossa S
enhora e exigem-se como requisitos o Pai Nosso e a Avé Maria. E encontramos o lado
Profano na medida em que se recorre a um "ritual" pouco comum, com recurso a "i
ngredientes" também eles pouco habituais - pelo menos aos olhos de hoje.
Por outro lado, porque demonstra a imaginação/sabedoria popular e um certo sentido d
e reutilização dos materiais disponíveis.
Demonstra, por último, a penúria por que passavam os nossos avós, que se viam obrigado
s a recorrer, na ausência de assistência médica adequada, a métodos pouco fiáveis para a c
ura dos seus males.
Recolhida por António Amaro Rosa na Freguesia de Portela do Fojo.
Reza do Quebranto
Diz-se que uma pessoa padece do Quebranto quando se queixa de fortes dores de ca
beça, fraqueza ou prostração. Pode ainda querer significar aqueles períodos de má sorte ou
azar persistente ou duradouro.
Estes estados físicos e/ou de espírito são muitas vezes fruto de um mau-olhado ou de i
nveja por parte de outras pessoas, mas também podem ser o resultado inadvertido da
cura do Quebranto por parte de uma pessoa que estava muito longe, pois como vam
os ver em seguida, esta maleita "propaga-se" através do vento.
A Reza do Quebranto é feita por uma pessoa que não aquela que padece. Pode ser um fa
miliar, um vizinho ou um amigo.
Pegam-se em dois pauzinhos de um "vassouro", de mato velho e seco, e põem-se ao lu
me, um de cada vez, até ficarem brasa. Depois pega-se num desses pauzinhos e parte
-se em pedaços mais pequenos para dentro de uma malga com água.
Ao colocá-los para dentro da malga dizemos as seguintes palavras:
Se é Quebranto, eu te espanto
Se é olhado, vai para o telhado
Se é Quebranto, eu te espanto
Se é olhado, vai para o telhado
Depois, a pessoa que diz a reza molha os dedos na água da malga e faz o sinal da c
ruz na testa daquele que padece do Quebranto.
Se os pedacinhos ficam à tona de água, é sinal que a pessoa não tem o Quebranto. Ao invés,
se forem para o fundo, tal significa que sofre daquele mal.
A dúvida dissipa-se mais facilmente se os pedacinhos ficarem cruzados no fundo da
malga. Repete-se este procedimento umas três vezes para se obter uma resposta clar
a.
Posto isso, faz-se novamente o sinal da cruz nas costas da pessoa do paciente co
m a malga e dizemos novamente:
Se é quebranto, eu te espanto
Se é olhado, vai para o telhado
Se é quebranto, eu te espanto
Se é olhado, vai para o telhado
Em seguida, o paciente pega na malga e dirige-se a uma encruzilhada (a um cruzam
ento ou entroncamento de várias estradas). Depois, vira-se de costas para o lado e
m que vai atirar a água contida na malga. Posto isso, atira o líquido por cima do se
u ombro direito e vai-se embora sem olhar para trás.
Caso alguém pise a água que ficou no chão da encruzilhada, ela não contrairá o Quebranto,
pois esse foi levado pelo vento para outras paragens.
Recolhida por António Amaro Rosa na Freguesia de Portela do Fojo
Prato com água onde se coloca 1 pinga de azeite após cada reza (feita sempre em número
ímpar). Se esta não se dissipar na água é porque a pessoa mencionada não tem quebranto, s
e se dissipar é necessário fazer (em número ímpar) a reza até sete vezes para controlar a
dissipação do azeite até desaparecer (se possível) ou minimizar a dôr do sofredor.
Reza:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (benzer).
(nome da pessoa a curar) tu tens quebranto, dois te puseram, três te hão-de tirar. D
e onde este mal veio para lá torne a voltar em nome das três pessoas da Santíssima Tri
ndade que é (benzer) o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ámen.
A mim disseram-me que para funcionar a arruda deve-se ter macho e femia juntos a
entrada da porta principal«casa»
no meu caso as duas estam murchas a maior parte do tempo«já conhecia a oração para tirar
o quebranto»
desconjurar o quebranto
Recolhi, com mero interesse antropológico, a seguinte reza para desconjurar o queb
ranto, de uma senhora da minha terra Natal - Carvalhal, Abrantes. A senhora - qu
e, sem o saber, ao fazê-lo, está a faltar aos preceitos da Igreja Católica - é conhecida
por ter mãos nestas coisas. Mas diz que é a oração, e não ela, quem procede à cura. A oraç
de, portanto, ser usada por quem acreditar, embora me pareça que a mesma já foi muit
o alterada pela memória (tanto da curadora quanto de quem lhe ensinou a reza). Há fr
ases cuja intenção original se perde numa construção frásica heterodoxa. É interessante a i
clusão bairrista, na principal apóstrofe, da Nossa Senhora do Tojo, cuja devoção é, actual
mente, restrita àquela zona de Portugal (embora se creia que a capela da Senhora d
o Tojo, na Ribeira da Brunheta, fosse local de peregrinação popular desde a Idade Médi
a, embora não existam dados arqueológicos de relevo no local, pelo menos que eu conh
eça).
(Nome da pessoa a benzer), Deus te fez,
Deus te criou,
Deus te tire o mal que no teu corpo entrou:
Nas tuas pernas
Na tua barriga
No teu estômago
No teu coração
Nos teus olhos
Na tua cabeça
No teu interior, fizeram-te mal.
Atravessados Sol e Lua, tornem a vir
Que te hão-de deixar a tua saúde.
São três, são três, são três as pessoas da Santíssima Trindade.
Com que se benze o quebranto,
Com água da fonte,
E com Bom Jesus defronte,
Que é tão bom, que é tão santo,
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo:
Valei-te o Senhor dos Aflitos;
Valei-te a Senhora do Tojo;
Valei-te o Divino Espírito;
Valei-te o Santíssimo Sacramento;
Valei-te aqui São João
(repetem-se os últimos cinco versos, 5 vezes)
Que te tirem o teu mal e te ponham são.
As santas cruzes de Cristo te alevantem maus olhos odiados.
Aleluia,
Aleluia,
Aleluia!
Credo, credo,
Credo, credo,
Credo, credo
Credo à Virgem.
Nossa Senhora te entregue.
(repetem-se os dois últimos versos, três vezes)
Valei-te o Divino Espírito Santo
Que te leve do teu corpo para fora esse malvado quebranto
Lá para as ondas do mar
- que ninguém o possa apanhar.
Santo é só Deus
Santo é só Deus
Santo é só Deus
Abrenúncio
Abrenúncio
Abrenúncio
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
A reza é feita perante o doente, com uma bacia de água defronte e com um copinho de
azeite. Depois de feita a reza, molham-se os dedos no azeite e deixam-se cair al
gumas gotas sobre a superfície da água. Se o mal é, de facto, quebranto, as gotas indi
vidualizar-se-ão na forma de pequenas lentes, com um centro de luz, semelhante a o
lhos (os olhos das bruxas que lançaram o quebranto) - caso contrário, o azeite espal
ha-se sobre a superfície... Posso estar enganado em questões de pormenor quanto a es
te procedimento [ver a este propósito o comentário de Sónia Henriques a este artigo].
Tal aparato divinatório é comum deste género de rezas. Nos autos da Inquisição no Brasil há
a denúncia de um tal de Bento de Lima Prestello, vindo das minas do Sabará, da freg
uesia de Santo Antônio da Roça Grande, que averiguava se a maleita era provocada por
feitiço ou não, entregando algumas raízes "contra beninos" nas mãos do doente: se a mão t
remesse (não sei se a ele, se ao enfermo, mas creio que a este último) é porque a doença
era consequência de magia. A reza consistia em: "Jesus, Nome de Jesus, Deus te fe
z, Deus te curou, Deus acanhe a quem te acanhou. Deus te tire o mal que no teu c
orpo entrou: o ar de lua, ar de figueira, ar de pereira, ar de perlezia, ar de c
orrupto, ar de inveja, ar de feitiçaria, ar de enchaque, ar de maleitas e mais coi
sas que não estou ciente pelos poderes da Virgem Maria, São Pedro e São Paulo, que o c
orpo de (diz o nome do doente) fique são e salvo como na hora em que foi nascido,
assim como Nosso Senhor sarou das cinco chagas. Padre-Nosso, Ave Maria". Há, de f
acto, contactos na forma e no conteúdo das duas rezas. Seria interessante averigua
r outras semelhantes para estudar um fenómeno característico da tradição oral luso-brasi
leira.
Artigos da mesma série: cultura popular, notas
publicado por Manuel Anastácio às 14:16
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14 comentários:
De Ana Ramon a 24 de Janeiro de 2007 às 20:01
Quando escrevi o post sobre a espinhela caída, andei à procura das rezas que acompan
ham essa "cura". Encontrei um monte delas e resolvi não divulgar nenhuma porque fi
quei na dúvida se seriam oriundas do Brasil ou de Portugal e eu queria uma coisa b
em portuguesa. Mas achei todas muito curiosas tal como essa que publicaste.
responder a comentário
De Filipe a 25 de Janeiro de 2007 às 00:33
Olá Manuel
Tenho que por a leitura em dia, mas tenho andado sem tempo.
Em relação a este tema, em que também tenho interesse, existe um livro "Medicina popul
ar da Chamusca" de Luís A. V. Tecedeiro . Gosto deste livro porque o autor é (foi?)
médico na Chamusca, penso que o escreveu quando se reformou, parece dá-lo a entender
na introdução.
Mas ao longo da sua vida foi recolhendo aspectos da medicina popular, recorrendo
muitas vezes desses mesmo conhecimentos. Como ele diz era um meio rural, pobre,
primitivo e com dificuldades de comunicação.
Só para dizer que no fim, o livro é basicamente sobre plantas, mas no fim faz referênc
ias a certas "actuações". Tem 5 versões dessa oração, com outros santos e em termos de con
cepção, existe uma parte intermédia que não existe na tua oração em que se faz a defumação
5 raminhos de alecrim
5 raminhos de arruda
5 raminhos de aroeira
5 raminhos de murta
e misturados com
5 trapinhos de cor diferente
5 cabeças de fósforo
5 pedras de sal
5 raspas de corno
O número 5 continua a ser o número mágico. Claro que na defumação existe outra reza intermé
ia
SIMPATIA 01
SIMPATIA 02
Podem-se fazer 4 banhos diferentes contra o mau-olhado:
a) água de mina e sal grosso;
b) banho feito com o cozimento de sempre-vivas;
c) banho feito com o cozimento de arruda e guiné;
d) banho feito com o cozimento de guiné arruda alecrim e alho.
Ramo seco de artemísia atrás da porta é providencia que pertence à magia defensiva.
SIMPATIA 03
SIMPATIA 04
Para defesa contra o mau-olhado planta-se guiné no vaso e coloca-se à entrada da por
ta da rua.
Fulana (diz-se o nome da criança) Deus te fez, Deus te gerou. As cinco chagas de N
osso Senhor que tirem esse quebranto que em teu corpo entrou. Em nome das três pes
soas da Santíssima Trindade, ofereço uma ave-maria, uma santa-maria, uma salve-rainh
a e um pai-nosso.
SIMPATIA 05
SIMPATIA 06
Quem conduz alho no bolso ou em patuá, está defendido contra o diabo, assombrações e olh
o mau.
Andar com um galhinho de guiné atrás da orelha também afasta o mau-olhado.
SIMPATIA 07
SIMPATIA 08
Pendurar uma espiga de milho com a palha, na entrada da casa.
Para evitar a influência e o encosto de maus espíritos queima-se a folha seca da gui
né, em brasa-viva, todas as sextas-feiras às seis horas da tarde, hora da ave-maria.
SIMPATIA 09
SIMPATIA 10
Em casa mal assombrada entra-se com ramos de arruda e alecrim, ainda verdes.
Queimar folha de incenso.
SIMPATIA 11
SIMPATIA 12
Molhar um ramo de alecrim na água benta e aspergir as portas da rua e dos fundos,
tira mau-olhado.
O chamado olho gordo, ou olho da inveja não causam mal se houver limão plantado no q
uintal.
SIMPATIA 13
SIMPATIA 14
Queimar unha de boi no quintal, espanta inveja e evita a perturbação espiritual e o
mau-olhado.
Guardar um limãozinho no bolso afasta os malefícios, doenças e coisas-feitas.
SIMPATIA 15
SIMPATIA 16
Misturam-se num prato água e óleo, mexendo com uma colher. Deixam-se assentar os doi
s líquidos até aparecer bem a separação. Então, reza-se:
"Em louvor de Deus Nosso Senhor
E de Nossa Senhora Aparecida,
Em louvor do Padre Santo
Em louvor do Pai Simão
Em louvor de nosso Senhor Jesus Cristo
Em louvor de Nossa Mãe Maria Santíssima.
Nossa Senhora lavou seu filho para cheirar
Eu benzo esta criança para sarar
De quebranto, mau-olhado e vento virado
Amém."
Repete-se a oração três vezes, fazendo de cada vez o sinal da cruz sobre a criança, com
um raminho de alecrim.
Para livrar alguém do encosto faz-se banho com o decocto de 3 galhos de arruda 3 d
e guiné palma benta alecrim, 3 galhinhos de cambará e 3 espadas de São Jorge.
(Guiné, ou pipi ou ainda erva-pipi tem duas variedades principais: Petiveria Tetra
nda e Petiveria Aliácea família das fitolacáceas é escurona tem um cheiro forte de alho
e sabor acre. Chamada também guiné-gambá tipi, tipi verdadeiro e amansa-senhor. O Dr.
João Batista de Lacerda em 1980 alude aos efeitos narcotizantes das raízes do pipi.
Era planta usada em beberagens pelos escravos, para amansar os senhores de maus
bofes.)
SIMPATIA 17
SIMPATIA 18
A mãe lambe a testa da criança três vezes e reza um pai-nosso, segurando as mãozinhas de
la. Em seguida repete três vezes estas palavras:
"Deus te criou,
E eu, mãe, te pari;
Quebranto que te puseram,
Eu, mãe, lambi."*
Põe-se olho de cabra no bracinho da criança.
SIMPATIA 19
SIMPATIA 20
Figa de ouro usada pela criança afasta o mau-olhado e o quebranto.
A benzedeira de quebranto e mau-olhado benze a água de um copo e asperge o pacient
e com ramo de guiné.
SIMPATIA 21
SIMPATIA 22
Quando a criança está muito impertinente, a mãe lambe a testa dela. Se estiver salgada
, está com quebranto. Então ela ou outra pessoa põe três brasas vivas (bem' acesas) dent
ro de um copo com água e diz:
Benzo Fulana (nome da criança) em nome de Deus para sarar do quebranto.
Repete-se 3 vezes. Depois sai-se andando de costas para a rua e joga-se o copo c
om a água e os carvões, por cima do ombro, sem olhar para trás.
Bate-se um tomate com a primeira água que se tirou do poço, pela manhã. Bate-se à parte
a gema de um ovo, que também se mistura com a água.
Com essa mistura banha-se a criança. Da água que escorre do corpinho dela apara-se u
m pouco e dá-se nas mãos em concha para ela tomar.
Esfrega-se a clara do ovo na cabeça da criança, até que não faca espuma. Seca-se a criança
que é depois colocada na cama. Só se amamenta o nenê duas horas depois do banho. O pr
ocesso se repete três dias seguidos.