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R&T Análise de Vibrações

e Balanceamento

CURSO

BALANCEAMENTO
DE
ROTORES

Engº Ricardo Damião Góz


Engº Thadeu Carneiro da Silva
R&T Análise de Vibrações e Balanceamento

CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................ 4
CAPÍTULO 1. NECESSIDADE DE BALANCEAMENTO........................................................... 5
1.1. Introdução ................................................................................................................ 5
1.2. Necessidade do Balanceamento........................................................................... 5
1.3. Origens do Desbalanceamento ............................................................................. 6
1.4. Algumas Causas de Desbalanceamento.............................................................. 6
1.1.1. Tolerâncias de Fabricação............................................................................... 7
1.1.2. Práticas de Oficina ............................................................................................ 7
1.1.3. Operação Normal ............................................................................................. 8
1.1.4. Desgaste e Erosão ............................................................................................. 9
1.1.5. Resumo ............................................................................................................... 9
1.5. Efeitos e Tipos de Desbalanceamento ................................................................... 9
1.6. Rotores Rígidos e Rotores Flexíveis ....................................................................... 12
CAPÍTULO 2. TÉCNICAS DE BALANCEAMENTO ............................................................... 14
2.1. Balanceamento Dinâmico .................................................................................... 14
CAPÍTULO 3. QUALIDADE DE BALANCEAMENTO ............................................................ 18
3.1. Introdução .............................................................................................................. 18
3.2. Quantificação do Desbalanceamento................................................................ 18
3.3. Exemplo de Uso da Norma ISO 1940/1 ................................................................ 19
3.4. Avaliação do Desbalanceamento pela Vibração ............................................. 19
CAPÍTULO 4. BALANCEAMENTO COM BALANCEADORAS............................................. 22
4.1. Introdução .............................................................................................................. 22
4.2. Como especificar?................................................................................................. 22
4.3. Comparação entre Balanceadoras Duras e Moles ............................................ 22
CAPÍTULO 5. BALANCEAMENTO DE CAMPO .................................................................. 24
5.1. Introdução .............................................................................................................. 24
5.2. Método dos 3 Pontos.............................................................................................. 25
5.3. Método Vetorial de Um Plano ............................................................................... 27
5.4. Balanceamento Vetorial de 2 Planos ................................................................... 32
CAPÍTULO 6. SOFTWARES DE BALANCEAMENTO DE CAMPO......................................... 35
CAPÍTULO 7. CARACTERÍSTICAS DE UNIDADES GERADORAS PARA O BALANCEAMENTO
..................................................................................................................... 36
7.1. Referências ............................................................................................................. 36
7.2. Introdução .............................................................................................................. 36
7.3. A Correção ............................................................................................................. 39
7.4. Desbalanceamento Magnético............................................................................ 40
7.5. Perturbações Hidráulicas na Turbina.................................................................... 43
7.6. Limites e Critérios de Vibração em Turbinas........................................................ 44
7.7. Práticas de Balanceamento de Unidades Geradoras........................................ 47
7.7.1. Instrumentação................................................................................................ 47

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7.7.2. Tipos de Balanceamentos .............................................................................. 49


7.7.3. Formas de Balanceamento: ........................................................................... 49
7.7.4. Métodos de Cálculo de Balanceamento de Campo .................................. 49
7.8. Considerações Finais ............................................................................................. 58
ANEXO - USO DE BALANCEAMENTO ATIVO NA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE
MANUTENÇÃO E DE CONFIABILIDADE ............................................................................. 61
1. Sinopse ...................................................................................................................... 61
2. Correção Automática do Desbalanceamento ..................................................... 61
3. Operação de um Sistema de Balanceamento Ativo ........................................... 61
4. Aplicações do Balanceamento Ativo.................................................................... 62
5. Exemplos de Aplicação .......................................................................................... 62
5.1. Fabrica de Cimento ........................................................................................... 62
5.2. Siderúrgica (USStell) ........................................................................................... 63
6. A Tecnologia SKF...................................................................................................... 64

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RESUMO
O estudo da vibração trata das respostas dos sistemas mecânicos às excitações
dinâmicas a que é submetido.

Excitação dinâmica é qualquer esforço não constante, varia tempo, de modo


aleatório ou regular. O som de uma fanfarra incidindo em um painel, a água fluindo
dentro de um rotor de turbina são exemplos reais de excitações dinâmicas.
Dinâmicas porque são variáveis no tempo e podem ou não ter um conteúdo de
freqüências bem definido.

O comportamento vibratório de uma máquina depende muito de seu projeto e de


sua montagem.

Na aplicação desta análise no monitoramento de máquinas, o analista identifica a


causa, faz o diagnóstico da vibração, e pela tendência (amplitude e evolução) da
vibração se faz a avaliação da severidade das condições mecânica da máquina,
ou seja, das condições atuais dos defeitos.

Os resultados desta análise são aplicados diretamente em muitas técnicas de


manutenção, onde coexistem várias filosofias com nomes sugestivos: Manutenção
Preditiva, Monitoramento das Condições, Manutenção Pró-Ativa, Falha Zero e
outros que lembram maior Vida Útil, maior Disponibilidade, menor Estoque,
Manutenção “Just-in-time”, etc.

Com qualquer nome, uma das conseqüências diretas mais eloqüentes é financeira.
A redução significativa dos custos de manutenção, a redução do imobilizado em
estoques, a maior produtividade. No Brasil, o retorno financeiro com a aplicação da
Análise de Vibração é de 10 a 30 vezes, no primeiro ano de implantação. Em alguns
outros países, fala-se em 20 a 50 vezes.

Este curso visa estabelecer os principais critérios e parâmetros que deverão ser
observados durante o balanceamento de Unidades Geradoras de eixo vertical, de
médio e grande porte, cujas freqüências de rotação são inferiores às freqüências
críticas, o que facilita seu balanceamento e assegura a inexistência de fenômenos
pertinentes às máquinas de alta rotação.

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CAPÍTULO 1. NECESSIDADE DE BALANCEAMENTO


1.1. Introdução

Neste módulo trata-se do balanceamento de rotores, a técnica mais importante


na linha de fabricação de elementos que giram.

O balanceamento é o respaldo, o toque final de todo bom projeto. As pequenas


diferenças devido às tolerâncias de fabricação são compensadas no ato de
balancear.

Curiosamente os especialistas e as máquinas balanceadoras se tornam


transparentes, invisíveis aos usuários das boas máquinas. A maioria dos usuários
não valoriza suficientemente o balanceamento, eles se mantêm atentos ao
desbalanceamento que de fato é altamente pemicioso para o maquinário.

Nos itens seguintes se tratará especificamente do balanceamento rotativo de


rotores rígidos, do beneficio gerado e das técnicas mais usuais. Apresentar-se-á
também a norma internacional que recomenda a qualidade de balanceamento
para cada caso.

1.2. Necessidade do Balanceamento

Um rotor em rotação gera esforços dinâmicos que se propagam às partes da


máquina que o suportam. Neste texto, a discussão será restrita aqueles esforços
passíveis de eliminação pelo balanceamento. Não serão tratadas aqui as forças
giroscópicas, magnéticas, inerciais, etc.

Quando uma máquina é projetada, prevê-se os níveis admissíveis de esforços em


todas as suas partes, quais sejam: mancais, blocos, eixos, suportes, parafusos ... .
Estes esforços previstos são em parte estáticos e em parte dinâmicos, ambos
perigosos e respeitáveis.

Uma fonte comum de esforços dinâmicos em máquinas é o desbalanceamento,


formado por alguns desequilíbrios de massa.

As forças geradas no desbalanceamento, mesmo sendo pequenas, aumentam o


trabalho das partes da máquina ocasionando, no mínimo, uma redução de sua
vida útil.

Reduzir a vida útil é um prejuízo, mas é também um custo que aparecerá


discretamente. As outras conseqüências do desbalanceamento são mais
imediatas: perda de qualidade, aumento de refugos, vibração, ruído,
desconforto, quebra de partes, parada de produção, acidentes...

Quase dispensável é referenciar ao custo progressivo destes efeitos, tanto


financeiro como na imagem do produto e da equipe. Também há o aumento do
consumo de energia com o aumento da vibração.

Sem nenhum esforço, qualquer pessoa verifica que sempre é necessário e


econômico manter os rotores dentro dos limites estabelecidos do
balanceamento, seja para o rotor da turbina do avião, à roda do carro, ao rotor
da furadeira ou aos eixos da máquina de costura.

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1.3. Origens do Desbalanceamento

Desde a de concepção da máquina, o projetista otimiza as funções, a


performance e a fabricação de sua idéia. Assim, o resultado será sem duvida
uma máquina boa. Mas são inevitáveis as as simetrias, os desvios dimensionais e
os desvios de forma. Somam-se ainda as imperfeições da matéria prima e da
montagem.

Qualquer um destes erros ou uma combinação deles destruirá a condição de


perfeita distribuição de massa em tomo do eixo de rotação do rotor, gerando
desbalanceamento. As fontes mais comuns de desbalanceamento são:

• Configuração assimétrica;

• Fundição e ou usinagem excêntricas - inclusões e ou vazios em peças


forjadas ou fundidas;

• Mancais e ou acoplamentos não concêntricos;

• Distorções permanentes devido a efeitos térmicas ou a esforços;

• Incrustações, desgaste ou corrosão.

Cada erro de massa que ocorre em um rotor provoca mudança de posição do


centro de gravidade da secção transversal que contém o erro. O somatório
destes desvios é o afastamento do eixo principal de inércia - EPI, do eixo de
rotação - ER, ou seja, a massa do rotor não estará perfeitamente distribuída ao
redor do eixo de rotação, como na Ilustração 1.1.

Ilustração 1.1 – Diferença entre o eixo de rotação e o eixo de inércia

1.4. Algumas Causas de Desbalanceamento

Entender as causas do desbalanceamento é importante para poder corrigir o


problema.

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Um balanceamento pode ser um esforço perdido se as causas não forem


controladas.

Este texto comenta algumas causas que levam uma máquina ao


desbalanceamento.

1.1.1. Tolerâncias de Fabricação

A construção da máquina não garante o balanceamento de suas partes.

Rotores fundidos podem ter materiais não uniformes e ou com falhas internas.

Os processos de usinagem não garantem peças circulares nem furos


concêntricos.

Se os desvios não forem grandes, o balanceamento no final da montagem


pode corrigir o conjunto dentro das tolerâncias exigidas.

1.1.2. Práticas de Oficina

Alguns procedimentos do pessoal de manutenção podem comprometer o


balanceamento das partes. Falta de cuidados básicos criam
desbalanceamentos às vezes graves.

O acoplamento mostrado abaixo é um exemplo terrível de erros de


procedimentos. Na desmontagem, os parafusos antes combinados foram
trocados de posição ficando um curto de um lado e um mais longo do outro.
Necessitando de mais arruelas.

Ilustração 1.2 - Acoplamento

O resultado com certeza é desbalanceamento com vibração alta.

Quando as partes são balanceadas individualmente é necessário usar a meia


chaveta para compensar a massa da chaveta que será usada na montagem
final. Lógico que existem diferenças na aplicação desta idéia. Alguns admitem
que a meia espessura da chaveta deva cobrir a extensão do rasgo. Outros
consideram que deve apenas ter o comprimento do cubo do acoplamento.

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Não existe uma resposta ótima para isso, a não ser aquela que a massa não
mude com o conjunto montado.

Ilustração 1.3 – Roda de Balanceamento Definitivo

O esquema acima mostra um tipo de roda de balanceamento definitivo


instalada em várias máquinas. Para tentar balancear a máquina, parafusos
prisioneiros são colocados em furos apropriados, um procedimento simples.
Quando o conjunto está balanceado, os parafusos devem ser travados
definitivamente. Pode ser uma deformação na rosca por um punção. Eles não
podem mais ser removidos.

1.1.3. Operação Normal

Durante o uso normal, é comum a incrustação de pó ou detritos nos rotores de


ventiladores e bombas. Muitas vezes isso não causa vibração forte, até que a
incrustação se solte e crie um forte desbalanceamento. A Ilustração 1.4 mostra
um ventilador axial de Ø760 mm e o detalhe abaixo. A inspeção das pás mostra
arestas rugosas com depósito de materiais.

Ilustração 1.4 - Ventilador axial de Ø760 mm

A Ilustração 1.5, em close, mostra a aresta da pá. Além da redução da


eficiência, houve o desbalanceamento do mesmo. O procedimento de
limpeza pode ser mais difícil em função do material incrustado.

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Ilustração 1.5 – Aresta da Pá do Ventilador

De vez em quando aparece uma idéia criativa. Alguém limpou um ventilador


de caldeira com cascas de nozes. Outra idéia é aplicar água fria pressurizada
no rotor incrustado e quente.

A incrustação marinha também é uma causa comum em embarcações.

1.1.4. Desgaste e Erosão

Desgaste e erosão danificam e provocam o desbalanceamento do rotor, de


acordo com as propriedades do material. Principalmente em ambientes
corrosivos ou sujeitos à cavitação.

Ilustração 1.6 – Rotores danificados

1.1.5. Resumo

São muitas as causas do desbalanceamento. Antes de decidir balancear a


máquina, é recomendável efetuar uma inspeção para determinar a causa e
definir o procedimento a ser tomado. A inspeção facilita a correção e impede
erros futuros, aumentando a confiabilidade da máquina.

1.5. Efeitos e Tipos de Desbalanceamento

Os inevitáveis erros de massa criam regiões de concentração de massa fora do


eixo de rotação do rotor. Ou seja, existirão pontos pesados aleatórios distribuídos
pelo rotor.

Por exemplo:

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a) Uma fatia de 2 kg do rotor com empenamento de 1 µm equivale a um ponto


pesado de 0.02 g localizado a 100 mm do centro ou 2 g.mm;

b) Uma bolha de Ø = 2 mm a 20 mm do centro de rotação em um rotor de aço


cria um ponto pesado de 0.0653 g a 10 mm do centro no lado oposto da
secção ou 0.65 g.mm.

Não é possível determinar a posição exata de cada ponto pesado no rotor tanto
pelas pequenas dimensões dos erros como pelo fato do rotor estar em rotação. É
possível apenas determinar as forças que o rotor exerce sobre os mancais. São
forças centrífugas radiais atuantes no rotor e transmitidas aos mancais.

A combinação de todas as forças dinâmicas geradas pelos pontos pesados cria


em cada mancal uma força resultante, cuja intensidade e direção dependerão
das posições dos pontos pesados. Estas resultantes são características do rotor e
giram solidárias com ele.

A Ilustração 1.7 mostra em um exemplo acadêmico, a combinação dos efeitos


de 4 pontos pesados na formação das resultantes de desbalanceamento de um
rotor. As amplitudes e posições relativas das forças são conhecidas e as
resultantes podem ser calculadas e suas posições angulares referenciadas a uma
marca fixa no rotor.

Ilustração 1.7 – Exemplo de formação das resultantes do desbalanecamento

Na Ilustração 1.7, os pontos pesados geram as resultantes R1 e R2 que o rotor


aplica nos mancais. Se o rotor for um rolo batedor ou um eixo de excêntricos, as
resultantes poderão ser calculadas e corrigidas, porém nos casos comuns elas são
medidas.

As resultantes R1 e R2 atuam sobre os mancais, representam o efeito do


desbalanceamento de todo o rotor.

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R1e R2 atuam em planos diferentes, mas são geradas por um só conjunto de


forças, assim seus módulos e direções podem ser quaisquer, iguais ou não.
Conceitualmente, pode-se dizer que cada resultante está na direção do desvio
do eixo principal de inércia EPI e o módulo proporcional ao tamanho deste
desvio, como ilustrado no desenho maior da Ilustração 1.8.

Como os módulos e as direções de R1 e R2 podem ser quaisquer, podem-se


imaginar duas situações características:

1º Caso: os pontos pesados estão distribuídos uniformemente em uma linha


paralela ao eixo de rotação. O EPI estará paralelo ao ER e as duas resultantes
serão iguais em módulo e direção;

2º Caso: os pontos pesados estão divididos igualmente, metade deles


concentrados em uma extremidade e a outra metade na outra extremidade,
mas no lado diametralmente oposto. O EPI estará inclinado em relação ao ER,
cruzando com este exatamente no CG do rotor. As duas resultantes terão
módulos iguais e direções defasadas de 180º.

Um rotor enquadrado no 1º caso apresentará em movimento uma tendência de


vibração em órbita circular em fase nas duas extremidades. Porém, se for do tipo
do 2º caso o movimento orbital das duas extremidades serão também circulares,
mas defasados de 180º. Estes dois casos limites estão mostrados nos detalhes a e b
da Ilustração 1.8.

Ilustração 1.8 – Relação entre EPI, R1 e R2 e os casos limites.

É lógico, estes dois casos limites não ocorrem na realidade. São situações limites,
porém não impossíveis de acontecer. Por exemplo, em uma engrenagem ou
polia grande e fina, fixada no centro de um eixo bi-apoiado, é quase certeza a
ocorrência do primeiro caso.

Quando em rotação, um rotor com o EPI paralelo ao ER (1º caso limite) gera duas
resultantes iguais em módulo e direção, que podem ser combinadas em uma
única ‘Força Resultante’. E o resultado da concentração de pontos pesados em
uma geratriz do rotor. Este rotor tem uma força resultante e mesmo quando
plotado terá uma força gravitacional, do tipo ‘mg’, tentando girar o rotor

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colocando o lado pesado para baixo. Este é chamado Desbalanceamento


Estático Puro.

O rotor do 2º caso limite em rotação não apresenta força resultante: as massas


estão distribuídas ao redor do eixo de rotação. Contudo, apresentam um
‘Momento Resultante’, ou seja, o efeito do desbalanceamento somente aparece
na rotação do rotor. Este é chamado Desbalanceamento Dinâmico Puro.

Qualquer desbalanceamento real é a combinação de uma parcela puramente


estática com outra puramente dinâmica. Somente em rotores com diâmetro
muito maior que o comprimento (e.g. serra circular, polias, engrenagens, alguns
ventiladores, rebolos, etc.) a parcela dinâmica do desbalanceamento (momento
resultante) pode ser desprezada, se a rotação não for alta.

1.6. Rotores Rígidos e Rotores Flexíveis

Foi dito nos itens anteriores que os pontos pesados geram forças centrífugas na
rotação rotor e que estas forças se somam vetorialmente produzindo as
resultantes R1e R2. Tudo isto somente é válido, se os planos radiais que contém
cada uma das forças permanecerem imóveis um em relação ao outro. Isto impõe
a condição que o rotor seja rígido.

A palavra rígido neste texto é usada em termos reais, ou seja:

Um rotor é considerado rígido quando as deformações elásticas que ocorrem em


serviço não são suficientes para influenciar significativamente as resultantes R1e R2
do desbalanceamento.

O conceito de rigidez do rotor é bastante complexo englobando inclusive a


relação entre as flexibilidades do conjunto rotor-eixo e a dos mancais. Quanto
maior a flexibilidade dos mancais mais o rotor podem ser considerados rígidos.

A Ilustração 1.9 mostra em escala exagerada as deformações um rotor flexível e


sua transformação em rotor rígido com o aumento da flexibilidade dos mancais.

Convêm reafirmar que os comentários feitos nesta unidade e os próximos da


Unidade 2 a seguir, só se aplicam a rotores rígidos inclusive os rígidos no sentido
da Ilustração 1.9.

Ilustração 1.9 – Representação Coreográfica do efeito da flexibilidade dos mancais.

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CAPÍTULO 2. TÉCNICAS DE BALANCEAMENTO


2.1. Balanceamento Dinâmico

Qualquer rotor possui força e momento resultantes do desbalanceamento.

Em alguns casos o momento resultante pode ser negligenciado por ser muito
pequeno ou por não afetar o funcionamento normal de determinada máquina.
Nestas condições aceita-se apenas o balanceamento estático.

Na imensa maioria das vezes é necessário corrigir também o momento resultante:


é necessário usar o balanceamento dinâmico que por si mesmo já envolve o
estático.

O balanceamento dinâmico consiste em medir as duas forças resultantes, nos


dois planos de balanceamento e proceder sua anulação pela colocação de
duas massas corretoras.

O mercado oferece muitas balanceadoras de alta qualidade que executam


com precisão o balanceamento dinâmico.

Uma balanceadora dinâmica é antes de tudo um artefato de grande perfeição


mecânica. Mesmo um ótimo projeto não fará um bom balanceamento se não
houver requintes mecânicos apurados aliados a um excelente conjunto estrutura -
fundação.

Atualmente a eletrônica digital e a matemática contida nos DSP' s (Digital Signal


Processor) aumentaram a versatilidade das balanceadoras. As técnicas digitais
de tratamento de sinais eliminaram a necessidade de fundações especiais para
as balanceadoras. A mesma Qualidade de balanceamento hoje é alcançada
com a balanceadora colocada em cima de um caminhão. As balanceadoras
atuais são máquinas incríveis sejam manuais, semi-automáticas ou totalmente
automáticas para linhas de montagem.

Com técnicas eletrônicas analógicas ou digitais, as balance adoras podem:

• Balancear em qualquer rotação (rotores rígidos);

• Corrigir as leituras de força dos planos dos mancais para os planos de


balanceamento;

• Já apresentar o resultado em gramas para as massas corretoras;

• Indicar a posição angular de correção em graus - 0° a 360° - dividir a massa


em posições possíveis de correção pré- fixadas;

• Indicar a posição do rotor parado para facilidade ao operador;

• Catalogar os rotores balanceados para montagem de banco de dados.

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A Ilustração 2.1 mostra uma máquina balanceadora manual moderna, com


sistema de pulso eletrônico de medição das fases, acionamento por cardã,
mancais moles ou duros e tratamento digital.

No balanceamento de rotores os erros de distribuição de massa de um extremo


tende a afetar a vibração e as medidas do outro extremo do rotor. É o efeito
cruzado que dificulta o balanceamento e impede sua perfeita correção.

Nas máquinas duras, o rotor é impedido de vibrar e, quanto mais duros os


pedestais, menor a chance de manifestação do efeito cruzado. Se o rotor a
balancear estiver com grandes erros de massa é possível que a balanceadora
exceda seus limites de linearidade e com isto ocorram medições não corretas.
Porém, à medida que o excesso de desbalanceamento for eliminado, o efeito
cruzado é reduzido, as medidas são mais perfeitas e o desbalanceamento
residual converge para valores muito baixos.

Nas máquinas moles, o rotor tem liberdade de vibração e efeito cruzado se


manifesta mais intensamente não como um defeito, mas sim como uma
característica normal. A eliminação do efeito cruzado nas medidas é feito através
do circuito eletrônico com técnicas de compensação. Aqui também vale lembrar
que rotores com grandes erros de massa tiram a máquina de suas melhores
condições e a qualidade final será alcançada com um número maior tentativas.

Atualmente dispõe-se de balanceadoras para rotores de 1 grama até muitas


toneladas, com excelentes níveis de qualidade.

Ilustração 2.1 – Esquema de uma balanceadora dinâmica

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Ilustração 2.2 – Exemplo de balanceadora dinâmica

Ilustração 2.3 – Exemplo de balanceadora dinâmica de grande porte

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Ilustração 2.4 – Exemplo de balanceadora dinâmica de grande porte

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CAPÍTULO 3. QUALIDADE DE BALANCEAMENTO


3.1. Introdução

Sabendo executar o balanceamento de um rotor por qualquer processo, é


preciso avaliar e julgar sua qualidade. É importante saber especificar o grau de
balanceamento ideal para cada máquina.

Balancear é sempre uma atividade econômica, pois o desempenho, a


produtividade, a qualidade dos bens produzidos e a vida útil das máquinas são
grandemente melhoradas.

Não é possível eliminar totalmente o desbalanceamento, sempre ficará um


resíduo.

O problema agora é saber até que ponto este resíduo é prejudicial. Com esta
informação é possível estabelecer critérios para o balanceamento, para
manutenção e até para previsão da vida útil dos mancais.

A seguir serão apresentadas as formas de quantificação do desbalanceamento,


as normas internacionais, formas de verificação do balanceamento e também
alguns exemplos.

3.2. Quantificação do Desbalanceamento

O desbalanceamento é caracterizado por um ponto pesado que é em essência


uma massa adicional situada a uma certa distância do eixo de rotação do rotor.
Por exemplo: 8 gramas a 26 mm do eixo. No rotor, raramente é possível ver 8 g na
posição de 26 mm, mas é possível sentir o efeito de 8 g a 26 mm, ou a 10 mm, ou
a 50 mm.

O desbalanceamento e por isso sempre quantificado massa x distância com


unidade [g.mm]: 8 g a 26 mm dá um desbalanceamento de 208 g.mm.

Por exemplo, o rotor com 208 g.mm de desbalanceamento deverá ser


balanceado até que o número 208 abaixe para um mínimo aceitável.

Este mínimo admissível é chamado nas normas de Desbalanceamento Residual


Permissível, tem o símbolo U e unidade [g.mm].

U = massa x distância [g.mm] (3.1)

O desbalanceamento residual permissível depende da massa do rotor: quanto


mais pesado o rotor maior poderá ser o residual. Definiu-se então o
Desbalanceamento Residual Especifico que vale o desbalanceamento residual
permissível dividido pela massa do rotor e tem o símbolo e.

U  g.mm 
e=
massa do rotor [kg]  kg 
(3.2)

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Lê-se: tanto de desbalanceamento por cada quilo de massa do rotor.

Quanto maior a rotação do rotor, menor deve ser o desbalanceamento residual,


pois a força centrífuga aumenta com o quadrado da rotação ( FCent = meω 2 [N] ).

Com base em muitos anos de experiência, os especialistas decidiram que o


produto da rotação em radianos/segundo pelo desbalanceamento residual
específico deve ser constante - para aumentar a rotação tem que diminuir o
resíduo especifico:

 g.mm 
G = e.ω = constante   (3.3)
 kg.s 
Onde:

G: Qualidade de Balanceamento.

Para atender a grande variedade de rotores foi preciso atribuir para cada tipo de
rotor um valor para aquela constante. Por exemplo, um girabrequim de navio tem
a constante igual a 4000, um ventilador 4.7 e um giroscópio 0,4.

Esta constante foi denominada G e normalizada de 4000 a 0.4 em função do tipo


do rotor e sua aplicação. G é chamada de Qualidade de Balanceamento.

A tabela 3.1 reproduz a indicação da norma ISO 1940/1 Balance Quality of


Rotating Rigid Bodies.

3.3. Exemplo de Uso da Norma ISO 1940/1

Rotor com grau de qualidade 5.2, massa 40 kg e rotação máxima 3550 RPM.

SOLUÇÃO:

2.π.n 2.π.3550  rad 


Rotação: ω = = = 371,75 
60 60  s 
Com G = 5.2, o desbalanceamento residual permissível, vale

= 560[g.mm]
5,2.1000.40
U=
371,75
Se o rotor for simétrico, em termos de massa, cada plano de balanceamento terá
metade de U, ou seja: U por plano = 280 g.mm.

3.4. Avaliação do Desbalanceamento pela Vibração

O desbalanceamento de rotores e eixos provoca tensões mecânicas e vibrações,


com suas conseqüências danosas para as máquinas. As tensões mecânicas por si
só não são vistas ou sentidas pelo operador, os responsáveis pela máquina verão
seus efeitos quando estes acontecerem. As vibrações, porém, dão informação
imediata da quantidade de desbalanceamento, de modo que o usuário as

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perceba e avalie o grau de desbalanceamento do rotor. Com isto, a ação


corretiva mais adequada pode ser planejada criteriosamente.

A avaliação do desbalanceamento deve ser feita com cuidado, pois infelizmente


as outras fontes de vibração na máquina, confundem a avaliação.

Se o balanceamento é feito em máquinas balanceadoras, o desbalanceamento


residual em gramas x milímetros é obedecido e a vibração resultante e as tensões
geradas são sempre baixas.

Já no balanceamento de campo, o desbalanceamento residual é avaliado pela


vibração na estrutura da máquina, e isto não permite uma quantificação
satisfatória.

Mesmo que a vibração resultante seja baixa a máquina pode estar sob tensão.
Existem nas medidas da vibração do desbalanceamento contribuições de outros
erros que se manifestam também em uma vez a freqüência de rotação, tais
como: desalinhamento, folgas, desbalanceamento de outras partes rotativas, etc.

Contudo, vários pesquisadores e técnicos dedicaram muito esforço e


estabeleceram critérios válidos para avaliar as vibrações das máquinas, incluindo
o desbalanceamento.

Muitos dos trabalhos pioneiros ainda são bem aceitos hoje, ou integralmente, ou
com valores adaptados aos casos particulares.

Da experiência acumulada destes pesquisadores nasceram as normas


internacionais muito respeitadas hoje pelos profissionais envolvidos na análise de
vibrações de máquinas e equipamentos.

O curso Análise de Vibração Básico trata dos critérios de avaliação dos níveis de
vibração.
Tabela 3.1 - Graus de Qualidade de Balanceamento pela Norma ISO-1940/1

G Tipos de Rotores - Exemplos Gerais


4000 Conjunto girabrequim de motores marítimos lentos com número ímpar de
cilindros;(3,4)
1600 Conjunto girabrequim de grandes motores 2 tempos montados rigidamente;
630 Conjunto girabrequim de grandes motores 4 tempos montados rigidamente;
Conjunto girabrequim de motores Diesel marítimos com montagem flexível;
250 Conjunto girabrequim de motores Diesel 4 cilindros, rápidos montados
rigidamente;
100 Conjunto girabrequim de motores Diesel rápidos com 6 ou mais cilindros;
Motores completos (gasolina ou Diesel) para carros, caminhões ou
locomotivas;(5)
40 Roda de carro, aro de roda, conjunto de roda, conjunto de eixos;
Conj. Girabrequim de motores rápidos com montagem flexível, 4 tempos com
6 ou mais cilindros;
Conjunto girabrequim para motores de carro, caminhões e locomotivas;
16 Conjunto de eixos (propulsão, cardã) com requisitos especiais;
Partes de máquinas de moagem;

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Partes de máquinas agrícolas;


Componentes individuais de motores (Diesel ou gasolina) para carros,
caminhões e locomotivas;
Conjunto girabrequim de motores de 6 ou mais cilindros com requisitos
especiais;
6.3 Partes de máquinas industriais;
Engrenagens de turbinas marítimas (serviço mercante);
Tambores de centrífugas;
Cilindros de máquinas de papel, cilindros de gráficas;
Ventiladores;
Rotores de bombas;
Rotores montados de turbinas a gás para aviação;
Volantes;
Partes de máquinas ferramentas e de máquinas em geral;
Rotores elétricos médios e grandes (h > 80 mm) sem requisitos especiais;
Rotores elétricos pequenos usados com isoladores ou em locais insensíveis a
vibração;
Partes individuais de motores com requisitos especiais;
2.5 Turbinas a vapor e a gás, incluindo as usadas na marinha mercante;
Rotor rígido de turbo-gerador;
Winchester para computadores;
Turbo compressores;
Acionamentos de máquinas ferramentas;
Rotores elétricos médios e grandes com requisitos especiais;
Rotores elétricos pequenos com requisitos especiais;
Bombas acionadas por turbinas;
1 Conjunto tape-deck e toca-discos;
Conjunto de retifica;
Pequenas armaduras elétricas com requisitos especiais;
0.4 Mandris, rebolos e armaduras de retificas de precisão;
Giroscópios.

1 – ω = 2*π*n/60 ω ≈ n/10 [rd/s] n [RPM]


2 - Em geral para rotores rígidos com 2 planos de balanceamento, metade do
desbalanceamento residual recomendado é tomado para cada plano; estes
valores se aplicam a qualquer plano escolhido, mas o balanceamento pode ser
melhorado se forem próximos aos mancais.
3 - Conjunto girabrequim inclui o girabrequim, volante, embreagem, polia,
neutralizador de vibração, porções rotativas das bielas etc.
4 - Para esta norma, motores Diesel lentos são aqueles com velocidade do pistão
menor do que 9 m/s. E os rápidos são aqueles com velocidade do pistão maior
do que 9 m/s.
5 - No motor completo a massa do rotor é a soma de todas as massas anexadas ao
conjunto girabrequim.

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CAPÍTULO 4. BALANCEAMENTO COM BALANCEADORAS


4.1. Introdução

O mercado atualmente oferece muitas opções de balanceadoras, tanto no


processo adotado como nos recursos disponíveis. Como acontece em todas as
áreas existem marcas tradicionais e enorme reputação. Se alguém for comprar
uma balanceadora para vender serviço de balanceamento convém respeitar a
opinião geral e comprar aquela marca famosa. Os clientes não discutem.

Não pretendo ser o dono da verdade, mas em fotografia a marca é Nikon, existe
a Canon, mas não é igual à reputação, mas se o fotógrafo aparecer com uma
Leica mecânica... Geladeira e fogão é Brastemp, existe a Consul. Na minha casa
é Dako.

Balanceadora é Schenck. Não importa o preço. O cliente não discute.

Se for para serviços próprios qualquer marca boa vale.

4.2. Como especificar?

Quem precisar de uma balanceadora tem que saber:

1. Qual a faixa de massa dos rotores a balancear? Algumas gramas? 4


toneladas?

2. Qual a faixa de qualidade é necessária? G2.5, G1 ...

3. Precisa ser automática para trabalhar em linha de montagem? Ou será para


manutenção de vários tipos de rotores?

4. Precisa gerenciar informações? Guardar dados de rotores e outros


procedimentos?

A forma de acionamento também deve ser escolhida. A mais tradicional é o


acionamento por cardã. É mais fácil de trabalhar mantém fácil a rotação de
balanceamento, mas é preciso fabricar uma luva de adaptação para cada
tamanho de ponta de eixo. Existe o acionamento por cinta que não precisa de
luva, mas dependendo do diâmetro que pegar tem que ajustar a rotação. Tem o
pneuzinho que aciona o rotor por contato. E assim muitas opções.

Quem balanceia em rotações maiores rotores que tem fluxo de ar, precisa de
câmara de vácuo para reduzir a potência necessária do motor.

4.3. Comparação entre Balanceadoras Duras e Moles

Para máquinas menores, até 12 toneladas, existe preferência para máquinas


duras devido à simplicidade de operação. Elas necessitam de roletes perfeitos,
que é o grande problema das máquinas maiores. Nas máquinas moles, os roletes
mesmo facetados não criam problemas.

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Não existe diferença de sensibilidade entres as duas. As duras não são


adequadas para rotores de massa semelhante às partes da máquina. Em outras
palavras, uma máquina mole de 2500 kg, balanceará um rotor de 5 kg, a dura
talvez não.

As moles terão dificuldade com desbalanceamentos iniciais grandes, erros


grosseiros. Elas trabalham acima da 1ª crítica e podem não conseguir passar por
ela.

As moles têm menor preço, devido à construção mais barata.

Existe também a vantagem das duras devido à primeira medida ser mais direta,
sem necessitar aplicar massas de teste.

Alguém disse que tem CEMB Italiana e várias Schenck e IRD. A CEMB é mais
barata, trabalha com computador PC com software 3D para 1 e 2 planos.

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CAPÍTULO 5. BALANCEAMENTO DE CAMPO


5.1. Introdução

O balanceamento de campo é uma técnica utilizada em várias situações para


corrigir o desbalanceamento de massa de algum rotor de uma máquina
específica.

Não vamos discutir aqui se é melhor ou pior do que o balanceamento em


balanceadoras próprias. Somente vamos considerar que é mais um recurso que
pode ser usado na solução dos problemas cotidianos. Dependendo das
circunstâncias a escolha de qualquer solução pode ser um grande desafio, muito
sujeito a críticas, como tudo na vida.

Como já foi comentado e explicado o desbalanceamento é essencialmente o


resultado de uma coleção de erros de massa, os chamados pontos pesados.
Espalhados no rotor de forma aleatória, os resultados se manifestam de modo
estático ou dinâmico ou em uma combinação dos dois. De qualquer modo, o
desbalanceamento gera forças de massa, em rotação, forças centrífugas que
aplicadas nos mancais da máquina desbalanceada esforçam os mancais,
pontas de eixo e estruturas. Essas forças além de reduzirem a vida útil, provocam
vibrações. Como as forças são radiais ao rotor, as vibrações produzidas também
serão radiais, a não ser em rotores em balanço. A vibração de
desbalanceamento tem características bem definidas que garantem o
diagnóstico de desbalanceamento e fornecem condições de determinar as
correções necessárias.

Vibração bem definida tem a forma de vetor, com direção, amplitude, sentido e
defasagem bem definidos. A Figura abaixo mostra um espectro característico de
desbalanceamento.

Ilustração 5.1 – Espectro típico de desbalanceamento.

Além do aspecto do espectro, o diagnóstico preciso do desbalanceamento


precisa de informações da fase: “a fase do desbalanceamento é muito estável”.

Tendo certeza que a vibração é devida ao desbalanceamento, é possível usar a


vibração para a correção do rotor.

Em qualquer método de balanceamento de campo é preciso usar um


desbalanceamento conhecido para calibrar a sensibilidade do sistema.

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Um desbalanceamento conhecido é conseguido colocando uma massa


conhecida em um raio conhecido. Chamados massa de teste (mT) e raio de teste
(rT). Por exemplo: 4.5 g a 122 mm = 549 g.mm. A posição angular deve ser
marcada, talvez chamá-la de 0º. Esse desbalanceamento proposital deve ser
suficientemente grande para alterar a vibração em amplitude e fase e ao mesmo
tempo suficientemente pequeno para não colocar a máquina em risco.

Agora vamos trabalhar com alguns métodos de balanceamento de campo.

5.2. Método dos 3 Pontos

Esse método é usado por quem está sem medidas de fase. Ele trabalha só com as
amplitudes de vibração. Simples de entender e de executar tem como grande
desvantagem a necessidade de rodar a máquina por 4 vezes. Porém, resolve
bem.

Procedimento:

Vamos resolvê-lo por partes.

Com a máquina diagnosticada como desbalanceada, é coerente afirmar que a


vibração medida como global (sem filtro) seja atribuída ao desbalanceamento

No rotor a balancear faz-se uma divisão de 3 posições angulares. A forma mais


fácil é dividi-lo em 120 º. Isso define as posições 1,2 e 3. Serão feitas 4 medidas:

• Vibração sem nenhuma massa de teste. A vibração original V0;

• Vibração com a massa de teste na posição 1. Essa é a vibração V1;

• Vibração com a massa de teste na posição 2. Essa é a vibração V2;

• Vibração com a massa de teste na posição 3. Essa é a vibração V3.

A 1ª medida é a vibração original e chamada de V0. É a ação do


desbalanceamento a ser corrigido. A vibração pode ser medida em qualquer
parâmetro, ou seja: deslocamento, velocidade ou aceleração. Com qualquer
instrumento, em qualquer direção radial. A exigência é manter a forma de
medição durante todo o procedimento.

Para a solução gráfica, desenha-se em um papel um circulo completo com raio


correspondente à amplitude de V0.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Exemplo:

Se a vibração original for 8 desenha-se um círculo de


raio 8, ou 4 ou 2 ou em qualquer escala conveniente.
Nesse círculo desenhado no papel, reproduz-se a
mesma divisão angular feita no rotor e marcam-se os
pontos 1, 2 e 3 sobre o círculo.

Com uma massa de teste mT = 4.5 g colocada na posição 1 – 0º, a vibração


passou para V1 = 11.05.

Retira-se a mT de1 e coloca-se na posição 2 – de 120º, a vibração passou para V2


= 3.82.

Retira-se a mT de 2 e coloca-se na posição 3 – de 240º, a vibração passou para V3


= 15.09.

Com essas medidas, volta-se ao gráfico e traça-se 3 arcos de círculo.

Com centro em 1, um arco de círculo de raio V1,

Com centro em 2, um arco de circulo de raio V2

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Com centro em 3, um arco de círculo de raio V3

Do centro do círculo de V0 até a intersecção ou


o centro da pequena área circunscrita, neste
sentido, tem-se a direção de colocação da
massa de correção e a dimensão deste vetor é
proporcional ao efeito da massa de teste mT

Se não ocorrerem erros grosseiros, os 3 círculos determinarão um ponto de


intersecção, ou uma pequena área.

A massa de correção, mc, será calculada por:

V0
mC = m T (5.1)
OP
Visualmente, neste exemplo, o trecho OP ficou menor do que o raio V0. Então a
massa de correção será maior do que a de teste. Se a pequena área tivesse
ficado fora do círculo V0 a massa de correção seria menor do que a de teste.

5.3. Método Vetorial de Um Plano

Esse método precisa medir a vibração como um vetor, um elemento que tem
amplitude e fase.

A instrumentação deve possuir recurso de medição de fase. Esta fase em relação


a qualquer coisa que gire junto com o rotor. Existem vários tipos de sensores de
fase, os óticos, os magnéticos ou capacitivos. Muito comum é o uso dos sensores
óticos por luz ou laser. Uma marca branca em um eixo escuro, ou uma fita
refletiva colocado no rotor e o sensor fixado externamente. Alguns podem ser
colocados a 1 m de distância.

A Ilustração 5.2 abaixo mostra um esquema comum:

• Máquina;

• Planos de Balanceamento;

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• Acelerômetro;

• Sensor de Fase Ótico;

• Analisador.

Ilustração 5.2 – Esquema comum de balanceamento

Com a instrumentação mostrada acima a medida de vibração fica com o


seguinte aspecto:

V0 = 8 mm/s a 40º

Então convém usar notação vetorial. Assim:


r mm
V0 = 8 a 40º
s
Procedimento:

Primeira coisa é garantir que a vibração é realmente devida ao


desbalanceamento.

Com o analisador em espectro e com o sensor de fase conectado à entrada de


trigger, medir a vibração na freqüência de rotação do rotor a ser balanceado em
módulo e fase. r Essa é a vibração original. Sem nenhuma ação no rotor. É
chamada de V0 .

A solução gráfica consiste em desenhar um papel um conjunto de eixos


cartesianos com a marcação de ângulos no mesmo sentido de rotação como
olhando para a máquina.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Ilustração 5.3 – Esquema de solução gráfica

Procedimento:

1. Desenhar os eixos ortogonais com a


numeração de angular no mesmo
sentido da rotação do rotor a
balancear

2. Medir a vibração original, neste


exemplo:

V0 = 8 mm/s a 40º

3. Plotar este vetor com uma escala


apropriada;

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

4. Colocar uma massa de teste


compatível com o rotor, em uma
posição qualquer (raio e ângulo), e
marcar esta posição no rotor;

5. Medir a vibração resultante:


r
V1 = 13,54 mm/s a 11º ;

6. Plotar
r no gráfico na mesma escala
de V0 ;

7. Fazer a operação vetorial


r r r
Vef = V1 − V0
r
Vef é o efeito da massa de teste na
máquina;

8. Medir no gráfico, usando


r a mesma
escala, o tamanho de Vef ;

9. Medir o ângulo
r β no
r gráfico. Verificar
o sentido de Vef até V0 .

Atenção:r observar
r bem o sentido de
giro de Vef até V0 .

r
10. Agora é preciso virar Vef de βº para ficar posicionado contra a vibração
r
original V0 . Para conseguir isso, é preciso girar no rotor a massa de teste de βº no
r
mesmo sentido do giro de Vef no gráfico.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

No rotor, girar a massa de teste do mesmo ângulo β, sobre o rotor na mesma


direção do que no gráfico.
r
Substituir a massa de teste por uma de correção, baseado no tamanho de Vef
segundo a equação:
r
V0
mC = m T r (5.2)
Vef

11. Depois de colocada a massa de correção, mede-se a vibração final e se


aceita ou não a qualidade do balanceamento feito. Se estiver
r nos padrões, o
serviço está encerrado, se não com a nova vibração V1 refazer todo o
r
procedimento com o V0 original.

Divisão da Massa de Correção:

Em algumas situações coincide que a massa de correção deve ser colocada em


alguma posição angular não disponível. Hélices, girabrequim, rotores elétricos têm
lugares específicos para colocação de massas de balanceamento. Se a
indicação cair fora delas, a massa deve ser dividida em duas nas posições mais
próximas para ter o efeito esperado.

As Figuras abaixo mostram alguns exemplos de divisão de massa – uma massa de


8 g.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Ilustração 5.4 – Exemplos de gráficos

5.4. Balanceamento Vetorial de 2 Planos

O balanceamento de Campo em 2 Planos é semelhante ao de um plano. Só que


o trabalho manual é bem maior, não mais difícil.

Princípio Básico do Método Vetorial:

1. Medir a vibração original;

2. Aplicar um desbalanceamento conhecido, massa de teste e raio de teste;

3. Medir a vibração resultante;

4. Determinar o efeito da massa de teste na vibração da máquina;

5. Calcular a correção necessária para anular a vibração original.

No balanceamento em dois planos o procedimento básico é o mesmo, mas


quando a massa de teste é colocada em cada um dos planos é preciso verificar
a sensibilidade da massa nos dois planos.

É então conveniente usar dois índices nas notações da vibração: o índice 1 para
o plano 1 e o índice 2 para o plano 2. Assim tem-se;

• V10 – a vibração original no mancal 1 próximo do plano 1;

• V20 – a vibração original no mancal 2 próximo do plano 2;

• V11 – a vibração resultante no plano 1 com a massa de teste no plano 1;

• V12 – a vibração resultante no plano 1 com a massa de teste no plano 2;

• V22 – a vibração resultante no plano 2 com a massa de teste no plano 2;

• V21 – a vibração resultante no plano 2 com a massa de teste no plano 1;

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

• Vef11 – o efeito no plano 1 com a massa no plano 1;

• Vef12 – o efeito no plano 1 com a massa no plano 2;

• Vef21 – o efeito no plano 2 com a massa no plano 1;

• Vef22 – o efeito no plano 2 com a massa no plano 2.

Medir e plotar as vibrações


originais: V10 e V20;

Colocar massa de teste no


plano 1 e medir V11 e V21.

Determinar os efeitos das duas


massas nos dois planos

Deixar só os vetores efeito, Vef11


e Vef21

Colocar massa de teste no


plano 2 e medir V12 e V22. Plotar
esses vetores.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Determinar os efeitos das duas


massas nos dois planos

Deixar no gráfico somente os


vetores originais e os dois
efeitos em cada plano.

Alterar simultaneamente os
tamanhos e posição das duas
massas de testes, para que
seus efeitos, Veff11 e Vef21
anulem V10, e Vef22 e Vef12
anulem V20.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

CAPÍTULO 6. SOFTWARES DE BALANCEAMENTO DE CAMPO


O balanceamento Vetorial trabalha com Amplitude e fase, isso em matemática
significa números complexos do tipo (a + jb).

No balanceamento em 1 plano o efeito da massa de teste tem de se transformar


em um vetor igual e oposto à vibração original, segundo a expressão:

O P .Vef = − V0 (6.1)

Como se lê: o operador OP atua sobre o efeito Vef para transformá-lo em V0 em


sentido oposto.

No caso de 1 plano, a solução gráfica para determinar o Operador é mais simples


do que a solução matemática.

No balanceamento de 2 planos, a lógica é a mesma, só que bi-dimensional. Assim


tem-se:

V10 V Vef 21  O 1
=  ef11 . (6.2)
V20 Vef12 Vef 22  O 2

Como se lê: os operadores O1 e O 2 atuam nos 4 efeitos e criam vetores iguais e


opostos às vibrações originais V10 e V20 . Este procedimento é pesado para fazer na
mão (nossos avós faziam). Para nós é muito mais conveniente fazer por software.
Existem vários softwares disponíveis. Inclusive com download livre.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

CAPÍTULO 7. CARACTERÍSTICAS DE UNIDADES GERADORAS PARA O


BALANCEAMENTO
7.1. Referências

• Jens Trampe Broch – B & K 1984 – “Mechanical Vibration and Shock


Measurements”;

• Willian T. Thompson – Interciência 1978 – “Teoria da Vibração”;

• Vladislavlev, L. A. – Amerind Publishing 1979 – “Vibration of Hydro Units in


Hydroelectric Plants”;

• Márcio T. A., Ricardo D. S. G. – FUPAI 1993 – “Manutenção Preditiva Usando


Análise de Vibrações”;

• Ricardo D. S. Góz – Fupai 2000 – “Balanceamento de Rotores”;

• SILVA, 1999 apud BRAUN & DATNER, 1975;

• Normas e Recomendações Técnicas: VDI – 2056/64, 2059/82, 2060/66; ISO –


2631/78, 2372/74, 1940/73, 2373/70; DIN – 45665/68; BS – 4675/71; ANSI – 5217/80.

7.2. Introdução

As causas mais comuns de vibração em uma Unidade Geradora são:

• Desbalanceamento Mecânico;

• Desbalanceamento Magnético;

• Excitações hidráulicas.

Todas estas causas geram forças dinâmicas e podem aparecer isoladamente ou


simultaneamente ou ainda combinadas.

O desbalanceamento mecânico é uma causa comum e é corrigido com a


correção da distribuição de massa do conjunto girante. Nas Unidades Geradoras
é mais comum corrigir a distribuição de massa, adicionando massas de correção
em locais estratégicos. Nas máquinas de Utilidades pode-se optar entre colocar
ou retirar massa de correção.

É importante ter certeza que a vibração a ser corrigida seja mesmo causada por
desbalanceamento de massa. É perda de tempo e dinheiro tentar corrigir outros
problemas com a operação de Balanceamento.

Para qualquer máquina, deve-se executar o balanceamento com o menor


número possível de partidas. Também não é conveniente colocar muitas massas
de correção. Para um novo balanceamento é recomendável retirar as massas
colocadas anteriormente.

Os possíveis erros de montagem, tais como: desalinhamento, acoplamentos,


desnivelamento, geram vibrações às vezes intensas, mas não podem ser

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

corrigidas pelo balanceamento. Inclusive, o balanceamento só deve ser feito


depois da correção dos outros erros.

Também os erros de uso, tais como: roçamento e empenamento, devem ser


corrigidos antes do balanceamento ser aplicado.

O desbalanceamento mecânico em um rotor é caracterizado por uma


excentricidade de massa, a qual faz com que seu centro de gravidade (cg) não
coincida com seu Centro geométrico (Cg) e este não coincida com o Centro de
Rotação (CR).

Em um rotor perfeitamente balanceado, as forças radiais decorrentes de sua


rotação e massa se anulam, mantendo o rotor em equilíbrio. A Ilustração 7.1
representa esquematicamente o comportamento de um rotor girando com
rotação ω [rad/s] com as forças de massa geradas pela rotação.

Ilustração 7.1 - Representação de um rotor girando com rotação ω e as forças de massa


desenvolvidas.

Um rotor real é constituído por infinitas massas pontuais. Em um rotor real


desbalanceado, a soma de todas as forças de rotação não é nula. A resultante
aplica esforços na estrutura da máquina e provoca vibração. As forças são todas
vetoriais com módulo, direção e sentido. São forças centrífugas, com a seguinte
equação:
n
fC = ∑ mi .di .ω 2 (7.1)
i =1
Onde:

Wi ou mi: Massas desbalanceadas;

di: Distancias ao eixo de rotação;

ω: Rotação do rotor em [rad/s].

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Se o rotor estiver excêntrico de δ [mm] toda a massa do rotor gerará uma força
centrífuga devido à excentricidade δ. Nos casos reais o balanceamento só
consegue corrigir se a excentricidade for bem pequena.

A força centrífuga tem módulo constante enquanto a rotação permanecer


constante. Mas se alguém mede a vibração provocada em uma determinada
direção radial, para este observador, a força será senoidal. A vibração resultante
desta força também será senoidal com a mesma freqüência ω. Ilustração 7.2
abaixo.

Ilustração 7.2: Movimento periódico de um desbalanceamento

Disto saí a principal característica de diagnóstico do desbalanceamento:


Vibração em 1x.

Os rotores devem ser balanceados na última etapa de fabricação (ou


montagem). É o caso de rodas, ventiladores, bombas, e muitos outros.

No caso de máquinas muito grandes, típicas Unidades Geradoras, não é possível


ou viável ter uma balanceadora. No máximo se faz um equilíbrio estático.

Então se aplica o balanceamento de campo no rotor na época do


comissionamento.

Os fabricantes quando vão montar o rotor procurar colocar em posições opostas,


partes com mesma massa, visando com isso minimizar o erro de massa final.

A força de desbalanceamento é gerada no rotor e então é aplicada no rotor.


Ela atua na estrutura do rotor, força os mancais e flete o eixo. Estas forças de
reação equilibram a excitação. A Ilustração 7.3 mostra as forças atuantes.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Ilustração 7.3: Efeitos da força desbalanceadora.

Se as forças, e a vibração, forem excessivas, todos os elementos da máquina


serão esforçados, especialmente os mancais de guia que tem pequenas folgas.

7.3. A Correção

O conjunto rotativo de uma Unidade Geradora é composto do Gerador, eixo,


acoplamento, eixo, e rotor da turbina. O elemento mais acessível é o gerador
com seus dois mancais, o superior e o inferior. Ele também tem a maior inércia,
chamada GD2 [kg.m2]. Então as adições de massa para balancear são
colocadas no rotor do gerador, para que a vibração atinja níveis aceitáveis.

A Ilustração 7.4 mostra o fundamental do balanceamento. Determinado onde


está o ponto pesado, a posição da resultante do desbalanceamento, a massa de
correção é colocada em uma posição diametralmente oposta (adição de
massa).

Nas Unidades Geradoras, o eixo é fabricado com segundo grande controle de


qualidade e o seu diâmetro é bem menor do que o do gerador.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Ilustração 7.4 - Exemplo de colocação de massa no gerador.

O rotor da turbina está sujeito a desgastes, se acontecer cavitação, por exemplo,


ela deve ser corrigida o mais rápido possível, em outra atuação de manutenção.
Além disso, existem algumas dificuldades inerentes ao rotor da turbina:

1. O acesso ao rotor da turbina é quase impossível;

2. Não existem pontos de colocação de massas corretoras;

3. Colocada uma massa, a alteração de posição para refinamento é inviável;

4. O rotor da turbina é balanceado estaticamente na fabrica.

Com estas observações o balanceamento de campo aplicado em Unidades


Geradoras é feito no rotor do gerador, mesmo sabendo que o possível erro possa
estar no rotor da turbina.

Mas também é observado que o gerador é a principal fonte de


desbalanceamento mecânico da Unidade. Ele é formado de muitas partes e tem
chances de desbalancear e tem muitos locais de colocação de massas de
balanceamento, a fixar com solda ou com parafusos.

O rotor do Gerador pela sua função tem ainda outro grupo de grandes forças
atuantes: as forças magnéticas.

7.4. Desbalanceamento Magnético

A interação magnética entre os pólos do rotor e do estator de um gerador de


Usina desenvolve imensas forças radiais e tangenciais no entreferro. Com as
associações de densidade de fluxo, saturação no circuito magnético, valor do
entreferro e forças magnéticas de atração e repulsão, vem à conclusão a
vibração do rotor dentro do estator cria forças magnéticas que interagem com a
vibração. A Ilustração 7.5 mostra um exemplo de variação de entreferro e suas
conseqüências.

Ilustração 7.5 - Desequilíbrio magnético

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Para uma determinada corrente de campo, a densidade de fluxo é inversamente


proporcional ao tamanho do entreferro. A força magnética é proporcional ao
quadrado da densidade de fluxo, ela também será proporcional à dimensão do
entreferro.

Em uma condição ideal de entreferro perfeitamente uniforme em toda periferia


do rotor, as forças magnéticas estarão equilibradas com resultante nula. Se essa
perfeição não existir, acontecerá o desequilíbrio magnético.

A força radial do desequilíbrio magnético, o empuxo magnético, é grande, da


ordem de:

Fempuxo = 20.
δ
g
(
. Área Interna do Estator ) (7.1)

Onde:

δ: É a variação do entreferro [mm];

g: É o valor nominal [mm];

Área Interna do Estator: Perímetro x Altura [m2].

Exemplo: rotor com Ø = 12 m, altura h = 1.5 m, entreferro g = 25 mm, o empuxo


magnético será de 45 toneladas força por mm de desvio radial no gerador. Esse
empuxo aparece com a máquina energizada. A freqüência da força magnética
é 2x fgerada, de 120 Hz.

As causas das forças magnéticas podem ser:

• Desbalanceamento mecânico;

• Não circularidade do rotor;

• Não circularidade do estator;

• Desvio radial do eixo;

• Não uniformidades no circuito magnético (curto-circuito).

Sozinho, o desbalanceamento mecânico pode deslocar o rotor do centro


magnético do estator e com isto, gerar forças magnéticas não equilibradas. Às
vezes, o sintoma de erros magnéticos é causado pelo desbalanceamento
mecânico.

Portanto, às forças desbalanceadoras por excentricidade de massa já citadas,


deverá ser somado o empuxo magnético quando o gerador for excitado.

Os efeitos do desbalanceamento magnético aumentam com o aumento da


potência gerada, pois o fluxo magnético é proporcional à corrente de campo.

A tentativa de adicionar uma massa de balanceamento em certa condição


magnética pode até reduzir a vibração final, mas se mudar a condição de

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excitação, a vibração pode atingir níveis críticos. Se ocorrer uma rejeição de


carga, a turbina acelera, e a situação pode ficar muito mais perigosa.

Curto-circuito nas bobinas de um pólo faz reduzir a densidade de fluxo no


entreferro, desequilibrando as forças magnéticas do rotor. Em máquina com mais
de 8 pólos, o efeito na vibração é pequeno.

As Ilustrações 7.6.a, 7.6.b e 7.6.c mostram registros de vibração nos mancais antes
da colocação de massas corretoras (esquerda), efeito da correção das massas
(centro) e, corrigida por massa, mas com excitação (direita). Observe que a
freqüência da vibração de origem magnética é = o dobro da rede.

Ilustração 7.6.a – Vibrações oscilografadas nos mancais de uma máquina antes da adição de massas
de correção

Ilustração 7.6.b – Vibrações oscilografadas nos mancais de uma máquina após a adição de massas de
correção sem excitação do gerador

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Ilustração 7.6.c - Vibrações oscilografadas nos mancais de uma máquina após a adição de massas de
correção sem excitação do gerador

Em Unidades Geradoras, a correção de desequilíbrios magnéticos é um trabalho


complexo, grande que põe a máquina fora de operação por um longo tempo.
Então, a intervenção só deve ser decidida se as vibrações estiverem em níveis
perigosos.

As vibrações mecânicas podem afrouxar as cunhas das bobinas do estator, da


fixação dos pólos etc.

7.5. Perturbações Hidráulicas na Turbina

O fluxo de água pelo rotor da turbina gera vibrações em freqüências


características, normalmente maiores que a rotação. O fluxo passando pelo
distribuidor e pelo rotor faz aparecer vibrações com freqüência igual à rotação
vezes número de pás do rotor ou do distribuidor ou as duas.

As vibrações oriundas de perturbações hidráulicas da turbina podem ser


minimizadas pela injeção de ar comprimido. Será mostrada agora como uma
perturbação hidráulica pode influir numa oscilação de eixo.

Outra característica das Unidades Geradoras é o ‘run-out’ do eixo: um passeio


em baixa freqüência que um eixo vertical faz devido às folgas radiais dos
mancais. Isto acontece porque falta uma força radial que ‘segura’ o eixo em
certa posição dentro do mancal. A força gravitacional de um eixo horizontal,
uma correia de transmissão, ou até mesmo um desalinhamento proposital entre
os mancais. A Figura 7 mostra a influência deste passeio na vibração.

Ilustração 7.7 - Vibração radial de um eixo vertical. Onde δP é a vibração total e δD a vibração sem
‘runout’.

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Na Figura acima se percebe a combinação de dois sinais: um com a freqüência


de giro do eixo devido talvez ao desbalanceamento e outro com freqüência mal
definida ou mais baixa que é o ‘passeio’ do eixo – talvez até aleatório.

Em um caso de turbina Kaplan, o passeio do eixo era causado por um desajuste


dos ângulos das pás, surgiam vórtices abaixo do rotor com freqüência próxima de
0.125 Hz (o caso da trança). Corrigido o problema, a medida de vibração do eixo
mostrou a rotação da máquina. Ilustração 7.8.

Ilustração 7.8 - Vibração do eixo, com os ângulos das pás corrigidos.

Outro exemplo, na Ilustração 7.9 mostra as vibrações radiais do eixo de uma


Francis sem aeração natural, durante o aumento de carga. Percebe-se que o
eixo passa por região de instabilidade, nesse caso atribuído ao run-out. isto pode
indicar regiões críticas de funcionamento.

Ilustração 7.9 - Vibrações de uma turbina com o aumento da carga.

7.6. Limites e Critérios de Vibração em Turbinas

Os níveis de vibração devem ser comparados com referencias para fim de


comparação e daí decidir a aceitação. A Ilustração 7.10 mostra a Carta de
Rathbone, publicada em 1939.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Ilustração 7.10 - Carta de Severidade de T. C. Rathbone

Depois foi aceita no mercado outra referência, a Carta da IRD, a mesma da


“General Machinery Vibration Severity Chart”, mostrada na Ilustração 7.11.

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Ilustração 7.11 - Carta da IRD, ou “General Machinery Vibration Severity Chart”

Até a década de 80, utilizavam-se a carta de Rathbone para a avaliação da


vibração das Unidades Geradoras.

Atualmente, os limites de vibração são associados às folgas radiais dos mancais


de guia. São porcentagens das folgas.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

A Norma NEMA LG-3.1959, considera aceitáveis, vibrações menores do que 70 a


80 % das folgas dos mancais onde se mede a vibração. Não considerando o run-
out. São valores em rotação e carga nominais, com instrumentos montados nos
suportes dos mancais.

Quando a máquina for “rodar” pela primeira vez, ou após a manutenção nos
mancais, a vibração do eixo deverá ser medida aumentando a rotação até a
nominal em degraus de 25% (ou seja, 25%, 50%, 75% e 100%). A cada patamar, a
vibração deve ser avaliada. Se em alguma etapa a vibração exceder os limites
aceitáveis, a máquina deverá ser balanceada neste ponto, antes de continuar
aumentando a rotação.

Outro fato que deve ser levado em conta é o “run out” do eixo, ou seja, o círculo
desenvolvido pelo eixo devido ao seu alinhamento e às condições do
acoplamento, sem as influências do desbalanceamento. O run-out deve ser
medido no local de instalação dos sensores de e na época da montagem do
grupo.

Estes valores deverão ser descontados das amplitudes do desbalanceamento


captados no instrumento. Se, por exemplo, a amplitude da freqüência de
desbalanceamento for de 150 µm em um ponto qualquer do eixo e, se neste
mesmo ponto, por problemas de desalinhamento ou outros, o eixo apresentar 50
µm no sentido de aproximação do instrumento medidor, a amplitude real de
desbalanceamento será igual a:

A Real de Desbalanceamento = 150 − 50 = 100 µm (7.2)

Caso contrário, se o “run out” apresenta (-50 µm), evidenciando um afastamento


do instrumento medidor, a amplitude real de desbalanceamento será:

A Real de Desbalanceamento = 150 + 50 = 200 µm (7.3)

É importante conhecer o run out, pois permite medir a verdadeira amplitude da


vibração da máquina.

Ainda sobre particularidades sobre Unidades Geradoras, a Westinghouse orienta


que em máquinas de baixa rotação, até 100 RPM, o ângulo de fase da vibração
seria 15º. Em máquinas que giram de 120 e 150 RPM, o ângulo de fase de 30 a 35º
e em máquinas de alta rotação, 300 RPM, o ângulo de fase será
aproximadamente 50º.

7.7. Práticas de Balanceamento de Unidades Geradoras

7.7.1. Instrumentação

Para a execução do balanceamento, é preciso medir a amplitude da vibração


e sua fase.

A amplitude da vibração normalmente é medida em deslocamento e expressa


em [µm]. É proporcional à quantidade de desbalanceamento, aqui
considerada a resultante do desbalanceamento. Deve ser bem medida para
avaliar a condição atual do rotor e determinar as correções necessárias.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

A fase é o atraso da vibração em relação à excitação, deve ser medida entre


um ponto fixo no eixo e outro fixo na estrutura da máquina. A amplitude e a
fase definem o vetor vibração, uma grandeza mecânica com módulo, direção
e sentido.

O sensor de fase pode ser ótico, para perceber uma marca colorida do eixo ou
a reflexão de um laser ou infravermelho em um pedaço de fita refletiva. Pode
ser usado um tacômetro. Outras formas de sensores de fase são os capacitivos
ou os indutivos, que percebem a passagem de algo à sua frente. O sinal do
sensor de fase é enviado ao instrumento que o vê como uma série de pulsos
positivos ou negativos com o período muito bem definido e igual ao ciclo da
rotação. Uma lâmpada estroboscópica disparada com a própria vibração é
um bom medidor de fase.

Nas Unidades Geradoras hidráulicas com mancais hidrostáticos ou


hidrodinâmicos é tradição usar como medidores sensores de proximidade,
presos à carcaça dos mancais e direcionados para a superfície do eixo. São
usados 3 ‘proximeters’, 1 para cada direção radial e o 3º como sensor de fase,
ou trigger, ou keyphasor. Para garantir a qualidade da medida, as regiões de
medida no eixo devem estar livres de erros, tanto geométricos como
metalúrgicos.

Os sinais dos sensores são convenientemente tratados e a instrumentação


fornece as leituras de vibração e de fase.

Existem outros tipos de sensores de vibração, cada um deles com as devidas


adequações, pode ser usado.

Modernamente os sinais são enviados para sistemas de aquisição de dados,


onde são processados e talvez comparados com outras variáveis do sistema,
permitindo a análise completa da operação.

Os sistemas de aquisição oferecem boa qualidade, simultaneidade de medidas


e dispensam a permanência de operadores em locais inóspitos. Lógico que
necessitam de boa calibração. A Ilustração 7.12 mostra o esquema de um
sistema de aquisição.

Ilustração 7.12 - Esquema de sistema de aquisição de dados.

A Ilustração 7.13 mostra um exemplo de medida.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Ilustração 7.13 - Desbalanceamento inicial, da máquina rodando a vazio e sem excitação.

7.7.2. Tipos de Balanceamentos

Para qualquer tipo de rotor, sempre existe a questão entre balanceamento


estático e dinâmico. O estático corrige uma força resultante e o dinâmico um
momento resultante. Sob todos os aspectos o dinâmico é melhor do que o
estático. Mas em alguns casos, o estático é suficiente, em outros a estrutura do
rotor elimina a ação do momento (ventiladores centrífugos), em outros as
rotações são mais para baixas (roda de carro que vai à feira livre no domingo),
em outros é muito complicado acessar dois planos, em outros só possível
acessar um lado do rotor. Todas estas considerações são filosóficas e cada
caso deve ser analisado com cuidado.

7.7.3. Formas de Balanceamento:

Os rotores podem ser balanceados em balanceadoras, máquinas de alta


precisão calibradas para grande faixa de massa e dimensões, ou balanceados
em campo, usando a própria estrutura de sua máquina. Cada forma tem suas
vantagens e desvantagens.

Quando as dimensões são tão... (grandes ou pequenas) aí só pode usar esse ou


aquele.

Imagine tirar um rotor de 100 toneladas e transportá-lo para uma


balanceadora. Existe balanceadora para até 125 toneladas de rotor, é melhor
balancear em campo. Por outro lado imagine balancear um rotor de 1 grama,
nem pensar em balancear em campo. Existe balanceadora para rotores de 1
grama. Imagine balancear em campo um satélite de tele comunicações (em
serviço).

7.7.4. Métodos de Cálculo de Balanceamento de Campo

O balanceamento de campo exige a medição da vibração, a aplicação de


massas de teste para calibração, e cálculos das correções.

Os processos de cálculo de balanceamento podem ser: gráfico, vetorial e


analítico. Existem algoritmos gráficos para a solução matemática do
balanceamento, o mais conhecido é o método dos 3 pontos. O método
vetorial é muito intuitivo e dá uma boa exatidão. E atualmente com
computadores até nos celulares, faz-se o analítico.

As formas e métodos estão detalhados nos Capítulos anteriores desta apostila.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

A seguir alguns exemplos de balanceamentos de campo em Unidades


Geradoras.

a) Balanceamento Vetorial

mT = 30 kg, no ponto 5.

A vibração passou de R0 = 200 µm a 30º


para R1 = 100 µm a 90º.

Então o efeito da massa de teste é o


vetor P na escala = 173 µm. Precisando
ser girado de 30º para anular R0.

A massa de teste deve ser substituída


por outra de 35 kg colocada 30º para
trás, na posição 6.

b) Balanceamento de 3 Pontos

Vibração Original, V0 = 110 µm;

Vibração com massa de teste


de 145 kg no ponto A, VA = 100
µm;

Com a massa no ponto B, VB =


150 µm;

Com a massa no ponto C, VC


= 120 µm;

Adota-se uma escala (e.g. 1


cm = 50 kg) para a massa de
teste:

1. Traçar um círculo com


centro em ‘O’ e raio = escala
da massa de teste;

2. Traçar as retas AB, BC e CA e


dividi-los na proporção de VA/
VB, VB/ VC e VC/ VA interna e
externamente;

3. Os pontos de divisão interna


e externa definem o raio de
um círculo que é o lugar
geométrico dos pontos que
distam de A e de B na

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

proporção VA/VB;

4. Repetir para B e C e C e A;

5. Os 3 círculos gerados
definem o ponto P2 que dá a
posição da massa de
correção, e

6. O tamanho do segmento OP
define o tamanho da massa
de correção.
Nesse exemplo a massa de
correção calculada foi de 590
kg.

Outro exemplo:

Balanceamento de Unidade Geradora, com as seguintes características:

• Peso do rotor: 200 ton;

• GD2: 4.500 ton.m2;

• Rotação: 300 RPM;

• Relação L/D: 0,3;

• Sobrevelocidade atingida: 525 RPM;

• Raio de inserção das massas: 2 m;

• Potência: 130 MVA;

• Acionamento: Turbina Francis

O método a ser utilizado será o da análise do diagrama vetorial e as oscilações


medidas simultaneamente nos mancais de guia superior e inferior do gerador,
pontos C e B. Foram usados 3 sensores de proximidade, 2 para vibração e outro
para referencia de fase, no ponto A no mancal da turbina. O esquema de
medida é mostrado na Ilustração 7.14 abaixo.

As medidas originais foram:

VB = 394 µm a -270º

VC = 402 µm a - 246º

As fases próximas indicam um desbalanceamento quase estático.

Com uma massa de teste de 9.33 kg no ponto 2, as medidas passaram para

VB1 = 378 µm a -191º

VC1 = 275 µm a - 221º

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Ilustração 7.14 – Posicionamento dos transdutores

Os oscilogramas de medidas estão mostrados abaixo.

Ilustração 7.15 – Oscilograma do desbalanceamento inicial

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Ilustração 7.16 – Oscilograma do desbalanceamento após a inserção da massa de teste

Registros antes e depois da massa de teste.

Para análise do diagrama vetorial (acima), Depois de colocada a massa de 7.25 kg


para atenuar VB e VC, a massa deverá ser no ponto I, as vibrações passaram para
deslocada no sentido anti-horário para próximo VB2 = 216 µm a - 230º e VC2 = 232 µm a -
do ponto I de colocação da massa de teste. As 263º.
massas requeridas para anular VB e VC são,
respectivamente, 7,5 e 19,5 kg.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Para um refinamento do balanceamento, o diagrama da direita mostra a massa


de balanceamento do ponto B pode ainda ser deslocada mais ainda na direção
anti-horário, enquanto para o ponto C pode ficar na mesma posição.

No refino, as massas de correção de VB e VC são, respectivamente, 10,6 e 15 kg.

Na tentativa, foi adicionado mais 1,4 kg no ponto VIII, mantendo-se a massa de


7,25 kg no ponto I. Com esta composição, haverá uma resultante de 8,3 kg
atrasada de 8º da referência. As novas medidas foram:

VB3 = 176 µm a -201º

VC3 = 158 µm a - 248º

Para análise do diagrama vetorial abaixo, revela que houve uma alteração
sensível do desbalanceamento. Veja que os efeitos estão quase que contrários às
vibrações originais.

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Depois foi verificada a influência da potencia gerada. As medições foram


repetidas para 25, 50 75 e 100% da potência nominal. Observou-se que a
vibração no ponto C aumenta com a potência gerada o no ponto B diminui.
Veja gráfico abaixo.

Outro Exemplo:

Outro exemplo prático refere-se a dois grupos geradores iguais, com as seguintes
características:

• Peso do gerador: 729 ton.;

• GD2: 70.000 Ton.m2;

• Rotação: 120 rpm;

• Diâmetro do rotor: 11,3 m;

• Diâmetro do ponto de inserção das massas de teste: 9,5 m;

• Relação L/D: 0,2;

• Potência: 350,5 MVA;

• Acionamento: Turbina Francis.

Medidas nos pontos S (mancal guia do Gerador) e I (mancal guia da turbina),


como podem ser observadas na Ilustração 7.17 abaixo:

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Ilustração 7.17 - Medidas nos pontos S (mancal guia do Gerador) e I (mancal guia da turbina)

Os valores de amplitude e posição angular dos vetores antes e depois do


balanceamento são os seguintes:

Unidade Geradora 1

VS0 = 208 µm θ0 = 0º

VI0 = 208 µm θI0 = 0º

Massa de teste inserida = 115,6 kg no ponto 6

VS1 = 100 µm θ1 = 120º em atraso

VI1 = 103 µm θI1 = 30º em atraso

Os índices 0 e 1 referem-se à situação antes e após a adição de pesos,


respectivamente.

Unidade Geradora 2 (Ilustração 7.31)

VS0 = 274 µm θ0 = 146º em atraso

VI0 = 280 µm θI0 = 190,5º em atraso

Massa de teste inserida = 124 kg entre os pontos 9 e 10

VS1 = 76 µm θ1 = 46º em atraso

VI1 = 87 µm θI1 = 273,5º em atraso

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

A sensibilidade à massa de teste de uma Unidade Geradora de 4500 ton.m2 e 300


RPM é de aproximadamente 36 µm/kg. Para máquinas de 70000 ton.m2 e 120 RPM
é em torno de 2 µm/kg.

Ilustração 7.18 – Diagrama Vetorial da Oscilação da unidade geradora 1

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Ilustração 7.19 – Diagrama Vetorial da Oscilação da unidade geradora 2

7.8. Considerações Finais

Antes e durante um balanceamento, de uma maneira geral, é importante a


observação dos seguintes itens:

• Verificar se a máquina já fora balanceada e, em caso afirmativo, procurar


reunir todas as informações do balanceamento, tais como:

− Pesos adicionais (quantidade e posição);

− Valores obtidos;

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

− Dificuldades encontradas.

• Levantar as características da máquina, tais como:

− Tipo, potência, rotação nominal e crítica, folgas dos mancais;

− Dimensões da máquina, principalmente do rotor do gerador (pontos de


colocação de pesos, relação L/D).

• Levantar os dados relativos à montagem, tais como:

− Alinhamento do eixo (“run out”);

− Condições do acoplamento;

− Verificar o acesso aos pontos de medição da oscilação e em função disto,


estabelecer a instrumentação a ser utilizada;

− Antes de partir a máquina, inspecionar o gerador e, se possível, a turbina,


de modo a verificar a existência de peças soltas, mal fixadas e ou qualquer
situação que possa provocar vibrações ou atritos desnecessários;

− Durante o balanceamento, aumentar a velocidade da máquina


gradativamente, observando o comportamento da amplitude do
desbalanceamento. Se em alguma velocidade se observarem oscilações
indesejáveis, quer seja por desbalanceamento, quer seja por outra causa,
procurar corrigir a situação antes de prosseguir no incremento de
velocidade;

− Certificar-se de que a oscilação é proveniente de um desbalanceamento


mecânico, antes de partir para a inserção de massas de correção;

− Fixar seguramente as massas de correção;

− Durante a análise das vibrações, considerar o desalinhamento de eixos.


Somente o desbalanceamento por excentricidade de massas poderá ser
corrigido com a adição de massas de correção;

− Sempre que adicionar uma massa ou tiver uma dúvida quanto à


intensidade de sua massa, proceder ao aumento da velocidade,
analisando a oscilação;

− Acompanhar também as oscilações junto aos outros mancais e verificar se


a redução da oscilação em um ponto não provocará o aumento da
oscilação em outro ponto;

− Sempre que possível, medir a oscilação no eixo e não no suporte ou caixa


do mancal;

− Antes de medir ou registrar a amplitude e ângulo da oscilação, os quais


servirão de base para o balanceamento, observar se não há a alteração
dos mesmos com o aumento das temperaturas da máquina (mancais,
estator, etc.). Caso houver alguma alteração, aguardar a estabilização
antes de iniciar a medição. Porém, se a amplitude de oscilação for alta,
iniciar a correção e, após reduzir a amplitude, refazer a medição,

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

esperando a estabilização das temperaturas. Se as alterações nas


amplitudes forem acentuadas durante o tempo necessário para a máquina
atingir o regime, para a máquina e investigar a causa;

• Se, durante o balanceamento, as amplitudes se comportarem de maneira não


lógica, verificar a possibilidade de outras causas de oscilação;

• O balanceamento deverá seguir as seguintes etapas:

− Máquina a vazio e sem excitação;

− Máquina a vazio excitada;

− Máquina em carga (25, 50, 75 e 100% da potência nominal);

− As observações acima descritas são de âmbito geral e, sobre elas, imperam


o bom senso e a experiência para situações que não se enquadrem aos
casos expostos acima..

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

ANEXO - USO DE BALANCEAMENTO ATIVO NA SOLUÇÃO DE


PROBLEMAS DE MANUTENÇÃO E DE CONFIABILIDADE
1. Sinopse

Existem no mercado algumas opções de Balanceamento Ativo para aplicação


mais dirigida a grandes ventiladores centrífugos sujeitos à incrustação, ou seja,
que trabalham em ambientes sujos.

2. Correção Automática do Desbalanceamento

Desde os anos 80 existem sistemas que monitoram a vibração em 1x e


continuamente corrigem o desbalanceamento sem a necessidade de parar o
ventilador. Esses sistemas chamados de Balanceamento Ativo ou Balanceamento
Automático são compostos de sensores de vibração, um sistema de controle,
atuadores e anéis de correção.

Os anéis de correção contêm massas internas que podem ser reposicionadas


para compensar o desbalanceamento de massa do rotor. Eles são presos ao eixo
a corrigir. A Ilustração 1 mostra as partes do sistema.

Ilustração 1 – Partes do sistema de balanceamento automático.

3. Operação de um Sistema de Balanceamento Ativo

O principio é simples: sentir e ajustar. O monitoramento é contínuo e o usuário


estabelece a faixa de tolerância desejada. Atingido o nível superior desta faixa, o
sistema determina a intensidade e a fase da correção necessária, a informação é
enviada a um atuador que comunica aos anéis que reposicionam as massas
móveis. Até que a vibração em 1x volte para a faixa estabelecida. A Ilustração 2
mostra o esquema funcional.

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R&T Análise de Vibrações e Balanceamento

CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Ilustração 2 – Esquema de Balanceamento Ativo.

4. Aplicações do Balanceamento Ativo

Apesar de ser usado em muitos tipos de máquinas, o principal uso é em


ventiladores centrífugos, os ID fans (induced draft). Nesta categoria, 3 tipos são
destacados:

1. Em balanço com uma entrada;

2. Bi-apoiado com uma entrada, e

3. Bi-apoiado com duas entradas – dupla aspiração.

A Ilustração 3 mostra os croquis e a necessidade de 1 ou 2 planos de correção.

Este sistema pode ser “linkado” à rede e comandado à distância. Suas


informações podem ser usadas na otimização do balanceamento de campo,
como estimativa da massa de teste e sua posição.

Tipo 1 – Em balanço - 1
Tipo 2 – Bi-apoiado – 1 Entrada Tipo 3 – Dupla Aspiração
Entrada
Ilustração 3 – Configurações de Ventiladores Centrífugos

5. Exemplos de Aplicação

5.1. Fabrica de Cimento

a) Descrição do Problema

IDF trabalhando com gás quente com partículas de cimento gerando


incrustação. Com mudanças de temperatura o material incrustado quebra e
solta criando fortes desbalanceamentos. A vibração atinge 25 mm/s a 1330

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

RPM. A limpeza feita com jateamento de areia a cada 2 meses com perda de
produção de 12 horas.

Ilustração 4 - IDF

b) Solução:

Com a instalação do balanceamento ativo, a vibração se mantém entre 0.6 e


1.3 mm/s e o intervalo entre paradas passou para 6 meses para limpeza. As
paradas de emergência foram eliminadas.

5.2. Siderúrgica (USStell)

a) Descrição do Problema

Um exaustor de Ø3050 mm trabalhando com mistura de ar, gases, cal em um


duto de 250 m na coqueria. A vibração sempre é alta após qualquer parada. O
controle é desligar quando a vibração atinge 5.5 mm/s. Para manter o serviço o
rotor era balanceado 2 vezes por mês a um custo de US$ 1000,00 por vez e um
dia de parada. Os rolamentos eram trocados todos os meses.

Ilustração 5 - Exaustor

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

b) Solução

A instalação do Balanceador Ativo manteve a vibração em 0.5 mm/s e os


rolamentos passaram a suportar mais do que 1 ano de serviço. Só na troca de
rolamentos a USSteel economizou US$80.000,00 em peças e mão de obra. Em
horas de manutenção, a empresa estima a redução de mais de 1000 horas
manutenção, equivalente a US$45.000,00.

6. A Tecnologia SKF

A proposta da SKF para o Sistema de Balanceamento Ativo está mostrada na


Ilustração 6 abaixo.

O reposicionamento de elementos faz a compensação de massa para corrigir o


desbalanceamento de massa de vários tipos de rotores. Faz coincidir o Centro de
Massa com o Centro Geométrico.

Antes do Balanceamento Depois do Balanceamento


Ilustração 6 - A proposta da SKF para o Sistema de Balanceamento Ativo.

À medida que o desbalanceamento varia, as esferas se movem continuamente e


corrigem o desbalanceamento.

Um modo de comparar as diversas normas é associar a força dinâmica criada


pelo desbalanceamento residual como porcentagem da carga estática
aplicada nos mancais.

Veja a tabela a seguir:

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CURSO – BALANCEAMENTO DE ROTORES

Tabela 1 - Força Centrífuga como porcentagem da força estática nos mancais.

Comparação entre as Normas API, ISO & MIL-STD-167-1 para tolerâncias de


balanceamento em função da Máxima Rotação de Operação [RPM]

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Velocidade em mm/Sec

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