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Análises do tema “A Baixa Representatividade Feminina na Diplomacia Brasileira”

através do Construtivismo e do Marxismo

Aluna: Beatriz do Piauí Barbosa

 Construtivismo

A ideia por trás do Construtivismo está na mudança sobre as análises comumente


feitas acerca das vontades e desejos dos Estados. Ao invés das finalidades dos
Estados serem totalmente voltadas para benefícios próprios – e serem tidas como
os principais fatores que modificam as atitudes e vontades estatais – a perspectiva
construtivista afirma que, ainda que o Estado trate-se de um agente muito
importante nas relações internacionais, as decisões estatais são tomadas a partir do
que a sociedade acredita ser relevante, através dos chamados “fatos sociais”.
Segundo Emanuel Adler “os construtivistas acreditam que as relações internacionais
consistem primariamente em fatos sociais, os quais são fatos apenas por acordo
humano.” (ADLER, 1999, pp. 206)

Sendo assim, a questão de gênero aparece como um dos assuntos que têm
despertado o interesse social, logo é interessante tratá-lo sobre a vertente
Construtivista. Partindo da premissa que os Estados sofrem a influência social e
cultural na tomada de decisões e medidas, o aumento de mulheres na diplomacia
pode ser tido como um efeito dessa influência sobre o governo brasileiro. Por fim, o
crescente desenvolvimento de projetos que visam à diminuição da desigualdade de
gênero, como a campanha “#maismulheresdiplomatas” do Ministério das Relações
Exteriores, reforçam a concepção construtivista de que o Estado “agiria a partir das
decisões da cultura social advinda das ideias sociais.” (NUNES FILHO, 2014, pp. 18)

 Marxismo

O Marxismo é uma das vertentes teóricas que fogem do mainstream teórico


(realismo e liberalismo), a adaptação da teoria socio-econômica para as RI pode ser
vista a partir da análise histórica do Sistema Internacional através do materialismo
histórico.
O marxismo clássico sugere que, para compreender como se processam as
relações entre as unidades políticas num determinado período histórico, é
necessário olhar primeiramente para o estado de evolução das forças
produtivas, a saber, para o prevalecente modo de produção, bem como
para as relações sociais de produção. (MARTINS; MIKLOS; RODRIGUES;
VIGEANI, 2011, pp. 129)

Com o capitalismo, a “nova” definição de poder político e público faz com que o
Estado moderno, os quais são em sua maior parte capitalistas, sobreponha-se aos
interesses das classes, favorecendo as classes que comandam o capital e deixando
à margem de suas decisões a base do capitalismo, ou seja, o povo.

A questão de gênero aparece nesse debate partindo da ideia que a desigualdade


é incentivada com o capitalismo. Desde a implementação do sistema liberal na
sociedade, a mulher é tratada de modo desigual em suas condições de trabalho com
salários menores e menor índice de empregabilidade.

Tanto no marxismo como no feminismo, haveria a preocupação por


questionar relações desiguais socialmente construídas e reconstruídas em
embates de poder (no caso do feminismo, entre os sexos e pela
institucionalização da supremacia masculina). (GARCIA CASTRO, pp. 99)

Ainda que hajam investimentos internacionais por parte de OIs, ONGs e até
mesmo campanhas domésticas para o apoio ao direito das mulheres e seu
crescimento dentro do mercado de trabalho, o capitalismo não é capaz de quebrar
de fato a estrutura da desigualdade de gênero por necessidade da competição e
hierarquia das relações sociais. “O Capitalismo via uma postura blasé, de
indiferença (...) de contradições, explorações de classe, (...) sem nomear poderes e
privilégios de classe ou de raça.” (GARCIA CASTRO, pp. 101)

Referência Bibliográficas

ADLER, Emanuel. O construtivismo no estudo das relações internacionais.


São Paulo. Lua Nova [online]. 1999, n.47, pp. 231.

NUNES FILHO, Máximo Helder Meireles. O Construtivismo e a Inserção do


Movimento de Gênero na Agenda de Discussão Internacional. Brasília: Centro
Universitário de Brasília, 2014.
MARTINS, Aline Regina Alves. et al. A Contribuição Marxista para o Estudos
das Relações Internacionais. São Paulo: Lua Nova, 2011.

CASTRO, Mary Garcia. Marxismo, feminismos e feminismo marxista: mais


que um gênero em tempos neoliberais. Crítica Marxista, 2000.

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