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ENGENHARIA CIVIL
Marcelo Franciscon
TECNOLOGIA DA ARGAMASSA
Dezembro de 2007
Marcelo Franciscon
TECNOLOGIA DA ARGAMASSA
Novembro 2007
ii
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Prof. Dr. Adilson Franco Penteado
USF – orientador
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Prof. André Franco Penteado
USF - examinador
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Eng. Omar Iver Jimenez Ayala
Empresa - examinador
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AGRADECIMENTOS
Sendo este trabalho mais uma etapa importante do meu percurso acadêmico e pessoal não
quero deixar de agradecer a todos aqueles que direta ou indiretamente deram o seu contributo
para a concretização do mesmo.
Primeiramente a Deus, fonte de toda sabedoria, pela força e pela coragem que me concedeu,
permanecendo ao meu lado em todo o percurso desta caminhada.
Ao Professor, Doutor Adilson Franco Penteado por toda ajuda e orientação que me
disponibilizou durante o decorrer deste trabalho.
Aos Professores da Universidade São Francisco pelo apoio dado durante todo o curso de
engenharia civil.
Aos meus pais, Mauricio e Maria Madalena, pelo apoio incondicional, incentivo e confiança
que sempre me depositaram em mim .
E finalmente, a minha namorada Nádia, cujo apoio e dedicação extremos foram a base de
motivação para chegar ao fim.
“O coração do homem traça seu caminho, mas o senhor lhe dirige os passos”
Provérbio – 16,9
v
RESUMO
O revestimento de argamassa pode ser uma das partes integrantes das vedações do
edifício, que deve apresentar um conjunto de propriedades que permitam o cumprimento das
suas funções, definições e execução, auxiliando a obtenção do adequado comportamento das
vedações e conseqüentemente, do edifício considerado como um todo.
O revestimento de um edifício sendo uma das partes mais visíveis, normalmente serve
como referência para avaliar a qualidade ou padrão de todas as fases da obra. No entanto as
alvenarias e os revestimentos argamassados são tecnologias construtivas que, na sua essência
remontam seu uso desde a idade média.
ABSTRACT
The mortar covering can be one of the integral parts of the vedações of the building, that
should present a group of properties that you/they allow the execution of their functions,
definitions and execution, aiding the obtaining of the appropriate behavior of the vedações
and consequently, of the building considered as a whole.
The covering of a building being one of the most visible parts, it usually serves as
reference to evaluate the quality or pattern of all of the phases of the work. However the
masonries and the cemented coverings are constructive technologies that, in his/her essence
they raise his/her use from the medium age.
With the appearance of the Armed Concrete the construction system changed, therefore
the masonries stopped exercising his/her function as structure and being only used for
vedação elements, because, the fissuração problems and mortar military detachment, they had
begin and most of the time, she opt for an empiric solution with unexpected results, with great
development probability and future pathological manifestations.
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................ v
ABSTRACT............................................................................................................ vi
LISTA DE FIGURAS............................................................................................. xi
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1
1.1 Objetivo.................................................................................................................... 2
2. ARGAMASSA DE REVESTIMENTO................................................................. 3
2.1 Definições............................................................................................................... 3
3.1 Aglomerantes........................................................................................................... 8
3.1.1 Cimento.................................................................................................................... 8
3.1.2 Cal............................................................................................................................ 9
3.2 Agregados................................................................................................................ 11
3.3.1 Trabalhabilidade....................................................................................................... 14
3.3.2 Plasticidade.............................................................................................................. 15
3.3.7 Permeabilidade......................................................................................................... 18
3.3.8 Durabilidade............................................................................................................. 18
3.3.9 Elasticidade.............................................................................................................. 19
4.3 Base.......................................................................................................................... 25
4.4 Substrato.................................................................................................................. 25
4.5 Chapisco................................................................................................................... 26
4.6 Emboço.................................................................................................................... 29
4.7 Reboco..................................................................................................................... 29
6. CONCLUSÃO......................................................................................................... 44
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 45
ix
Símbolos:
% - Porcentagem
ºC - Graus Celsius
Kg - Quilograma
mm - Milímetros
cm - Centímetros
m - Metros
m² - Metros Quadrados
Abreviaturas:
LISTA DE FIGURAS
1. Exemplo de Pingadeiras................................................................................ 05
6. Chapisco Convencional................................................................................. 27
7. Chapisco Industrializado............................................................................... 27
8. Chapisco Rolado........................................................................................... 27
9. Fissuração...................................................................................................... 36
12 Utilização de Tela.......................................................................................... 41
xii
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO
O revestimento de um edifício sendo uma das partes mais visíveis, normalmente serve
como referência para avaliar a qualidade ou padrão de todas as fases da obra. No entanto as
alvenarias e os revestimentos argamassados são tecnologias construtivas que, na sua essência
remontam seu uso desde a idade média.
Apesar do revestimento ser bastante utilizado em obras, ainda existe uma considerável
incidência de falhas e problemas patológicos, desperdícios de materiais e tempo, com a
2
1.1 Objetivo
Como não é só de uso acadêmico de conclusão do curso de engenharia, mas, servir para
ser utilizado por pesquisadores, construtores e profissionais da área de engenharia civil, que
atuam na construção de edifícios.
3
2 ARGAMASSA DE REVESTIMENTO
O revestimento de argamassa pode ser uma das partes integrantes das vedações do
edifício, que deve apresentar um conjunto de propriedades que permitam o cumprimento das
suas funções, auxiliando a obtenção do adequado comportamento das vedações e,
conseqüentemente, do edifício considerado como um todo.
2.1 Definição
Exemplificando tal fato, pode-se ilustrar a questão das definições das juntas nos
revestimentos. Qual o modelo de cálculo para definir os espaçamentos entre juntas? As
referências de norma são extremamente genéricas e pouco específicas, resultando em
situações não particularizadas aos materiais a empregar. Outro ponto questionável seria de
como dimensionar a estruturação obrigatória tela soldada galvanizada para revestimentos de
grande espessura nestes simples exemplos, evidenciam-se dúvidas difíceis de serem
tecnicamente sanadas, sendo que, na maioria das vezes, opta-se por uma solução empírica
com resultados imprevistos, com grandes probabilidades de desenvolvimento de
manifestações patológicas futuras.
4
Outro ponto importante diz respeito à qualidade de mão-de-obra. Uma vez que temos
materiais e processos mais específicos, o cuidado e respeito às recomendações deve ser regra
geral. Freqüentemente, observam-se situações em que são empregados materiais de bom
desempenho, a custos mais significativos, e o resultado final deixa a desejar. Tanto as
operações de execução como de controle devem ser atuantes no sentido de se ter uma mão-
de- obra mais capacitada, capaz de executar as tarefas a contento.
argamassa (em uma, duas ou várias camadas), utilizar sistemas com o emprego de placas de
rocha (por exemplo, placas de granito, mármore), dentre vários.
· proteger os elementos de vedação dos edifícios da ação direta dos agentes agressivos;
· auxiliar as vedações no cumprimento das suas funções como, por exemplo, o isolamento
termo-acústico e a estanqueidade à água e aos gases;
· regularizar a superfície dos elementos de vedação, servindo de base regular e adequada ao
recebimento de outros revestimentos ou constituir-se no acabamento final;
· contribuir para a estética da fachada.
Esse tipo de argamassa é utilizada para emboço e reboco, devido a sua plasticidade,
elasticidade e as condições favoráveis de endurecimento e proporciona o acabamento
esmerado, plano e regular.
As argamassas mista de cimento e cal são utilizadas nas alvenarias estruturais ou não, de
tijolos ou blocos, nos contra pisos, no assentamento e revestimento.
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Outro fato que merece certa parcela de atenção na produção de argamassa. Por exemplo,
cal (hidratadas, aditivadas e pré-misturada com cimento), aditivos para produção das
argamassas industrializadas ou para produção em canteiro de obras (incorporadores de ar,
retentores de água e aditivos poliméricos), com dimensões e granulométricas especificas dos
agregados para cada aplicação.
3.1 Aglomerantes
3.1.1 Cimento
3.1.2 Cal
• cal virgem, sob a forma de óxido de cálcio ou óxidos cálcio e magnésio, extinto em obra;
• cal hidratada, sob a forma de hidróxido de cálcio ou hidróxido de cálcio e magnésio e das
matérias-primas encontradas no Brasil.
Para a obtenção da cal hidratada como produto final, após a seleção da jazida e extração
da matéria-prima, duas outras etapas interferem na sua qualidade:
• calcinação da matéria-prima (transformação térmica do carbonato em cal virgem)
• hidratação do produto calcinado.
Calcinação do carbonato
Quando a cal virgem entra em contato com a água, ocorre hidratação do produto, cuja
reação é fortemente exotérmica.
O calor liberado na hidratação gera forças de expansão na cal virgem, o que causa a
desintegração completa da mesma, que se transforma em um pó. Esta reação tem como
produtos formados os hidróxidos de cálcio e de magnésio.
Como descrito na NBR 7175 (ABNT, 1992), a cal hidratada é um pó seco obtido pela
hidratação de cal virgem, constituída essencialmente de hidróxido de cálcio ou de uma
mistura de hidróxido de cálcio e hidróxido de magnésio, ou ainda de uma mistura de
hidróxido de cálcio hidróxido de magnésio e óxido de magnésio.
A cal hidratada deve ser designada conforme os teores de óxidos não hidratados e de
carbonatos indicados, pelos seguintes tipos e siglas;
Segundo RAGO & CINCOTTO (1999), sempre se utilizou cal como um dos
constituintes das argamassas. Atualmente, com o uso de aditivos cada vez mais difundidos, a
cal tem sido abandonada em muitos casos. No entanto, sabe-se que essa prática afeta a
durabilidade do revestimento, como já observado em alguns países da Europa, como por
exemplo, a França, que tem a cal como um dos vários constituintes das argamassas.
3.2 Agregados
O agregado é parte integrante das argamassas, sendo em alguns casos definido como o
“esqueleto” dos sistemas de revestimento argamassados, com influência direta em
propriedades como retração, resistência mecânica, módulo de deformação, dentre outras.
Agregado Miúdo: São materiais granulares, com pelo menos 95% (em massa), passando na
peneira 4,8 mm.
Agregado Graúdo: São materiais granulares, com pelo menos 95% (em massa), retido na
peneira 4,8 mm.
Para classificar os agregados existem duas series de peneiras normalizadas pela ABNT,
as peneiras da serie normal e as peneiras da serie intermediária, que são usadas em conjuntos.
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Sugere-se que a escolha de uma areia deva ser baseada em uma granulométrica
contínua, com uma dimensão máxima característica adequada aos tipos de revestimento no
qual será utilizado.
A norma NBR 7211 (ABNT, 2005) – Agregados para concreto –Especificações, que
passou a vigorar a partir de 29/04/2005, criou novos limites de utilização para agregados
miúdos. Anteriormente esta norma classificava o agregado miúdo em muito fino (zona 1),
fino (zona 2), médio (zona 3) e grosso (zona 4). Agora, conforme o módulo de finura (MF)
classifica em zona utilizável inferior (MF varia de 1,55 a 2,20), zona ótima (MF varia de 2,20
a 2,90) e zona utilizável superior (MF varia de 2,90 a 3,50). Nas Figuras 2, 3 e 4 estão
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apresentados os limites inferior e superior para a zona utilizável inferior, zona ótima e zona
utilizável superior, respectivamente.
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3.3.1 Trabalhabilidade
3.3.2 Plasticidade
Segundo CASCUDO et al. (2005), a plasticidade adequada para cada mistura, de acordo
com a finalidade e forma de aplicação da argamassa, demanda uma quantidade ótima de água
a qual significa uma consistência ótima, sendo esta função do proporcionamento e natureza
dos materiais.
As argamassas com um alto teor de cimento, denominadas “fortes”, são mais sujeitas às
tensões que causarão o aparecimento de fissuras prejudiciais durante a secagem, além das
trincas e possíveis descolamentos da argamassa já no estado endurecido. Já as argamassas
mais “fracas”, são menos sujeitas ao aparecimento das fissuras prejudiciais.
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De acordo com a norma NBR 13749 (ABNT, 1996), o limite de resistência de aderência
à tração (Ra) para o revestimento de argamassa (emboço e massa única) varia de acordo com
o local de aplicação e tipo de acabamento, conforme a Tabela 1.
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Ra
Local Acabamento (Mpa)
3.3.7 Permeabilidade
3.3.8 Durabilidade
3.3.9 Elasticidade
Caso não seja possível atender às espessuras admissíveis, devem ser tomados cuidados
especiais. Se a espessura do revestimento for maior, devem ser adotadas soluções que
garantam a sua aderência.
Se a espessura for menor, não deve ultrapassar alguns limites, para que a proteção do
revestimento à base não seja prejudicada. A Tabela 3 apresenta as espessuras mínimas nos
pontos críticos do revestimento de argamassa de fachada, conforme a CPqDCC-EPUSP (USP,
1995).
Segundo a NBR 13530 (ABNT, 1995), os revestimentos são aplicados sobre paredes e
tetos, objetivando uma aparência desejada. Em casos específicos, atendem às exigências de
conforto térmico e de proteção contra radiação e umidade consideradas como sistemas
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constituídos de uma ou mais camadas de argamassa podendo cada uma ter uma função
característica e classificadas de acordo com a tabela 4
revestimento comum
revestimento hidrófugo
camurçado
chapiscado
desempenado
sarrafeado quanto ao acabamento de superfície
imitação travertino
lavado
raspado
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Preparada em obra
Central de produção caso não seja produzida nos próprios pavimentos do edifício
possibilidade de redução da ocupação do canteiro e interferência com o transporte vertical dos
outros materiais produção nos pavimentos diminuição das áreas de estocagem dos sacos de
argamassa maior facilidade de controle e estocagem do material.
Dispensa a organização de uma central de produção local para instalação do silo diminuição
das áreas de estocagem todos os materiais constituintes da argamassa ficam armazenados no
próprio silo maior facilidade de controle e estocagem do material mistura feita no
equipamento acoplado no próprio silo pode existir interferências ou não com o transporte dos
outros materiais mistura no pavimento elimina-se a interferência do transporte dessa
argamassa com outros materiais, otimizando a execução do revestimento.
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Com relação à utilização do andaime, existe uma maior facilidade na observação das
etapas de execução e dos intervalos entre as atividades. O emprego do andaime facilita a
introdução das etapas de mapeamento e taliscamento da fachada, pois não é preciso haver
deslocamentos adicionais do equipamento, o que despenderia maior esforço e tempo.
4.3 Base
4.4 Substrato
A norma NBR 7200 (1992), por ocasião da aplicação da camada de argamassa, o substrato
deverá apresentar-se isento de partículas soltas, até mesmo de resíduos de argamassas
provenientes de outras atividades, que quando presentes poderão ser removidos, empregando-
se lixas ou escovas. Além disso, a norma recomenda a remoção de manchas de óleos, graxas
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ou outras substâncias gordurosas através de lavagem com solução de soda cáustica de baixa
concentração, sendo que a superfície deverá ser posteriormente, lavada com água limpa. As
manchas de bolor podem ser removidas com uma solução de hipoclorito de sódio (água
sanitária ou de lavadeira).
4.5 Chapisco
Além da textura, o chapisco tem função de regular à capacidade de sucção por parte do
substrato. Assim, substratos de altíssima sucção (como por exemplo, as alvenarias de concreto
celular) têm no chapisco um elemento que diminui a intensidade do transporte de água das
argamassas para o substrato. Em contraposição, substratos com sucção muito baixa (como é o
caso dos elementos estruturais em concreto), necessitam do chapisco como elemento
incrementador da sucção de água da argamassa, com o intuito do desenvolvimento adequado
da aderência argamassa-substrato. Este fato é exemplificado na rotina de obras pela
obrigatoriedade do chapisco sobre elementos estruturais. O chapisco, como um dos elementos
de preparação de base, tem as suas peculiaridades. Primeiramente ele deve ter aderência ao
substrato. Isso se consegue pela formulação de dosagem do chapisco, onde se emprega uma
argamassa de significativo consumo de cimento (traço 1:3 em volume, usualmente). Essa
dosagem rotineiramente costuma nos dar valores aceitáveis de aderência, embora o resultado
não dependa somente da argamassa de chapisco, mas de outros fatores como a natureza do
substrato BAUER (S/D).
imediatamente assim que não houver lavagem do chapisco pela água de cura. Resultados
muito bons são relatados pelo emprego de névoa sobre o chapisco. A duração da cura (ou
seja, manter o chapisco molhado) deve ser no mínimo de 24 horas, recomendando-se estendê-
la para 48 horas em condições de clima quente e seco. Falhas de cura, geralmente são:
pulverulência, fissuração intensa e desagregação.
Argamassa de cimento, areia e água, adequadamente dosada resulta em uma película rugosa,
aderente e resistente apresenta um elevado índice de desperdício, em função da reflexão do
material pode ser aplicado sobre alvenaria e estrutura.
___________________________________________________________________________
CHAPISCO INDUSTRIALIZADO
___________________________________________________________________________
CHAPISCO ROLADO
Obtido da mistura de cimento e areia, com adição de água e resina acrílica argamassa bastante
plástica, aplicada com um rolo para textura acrílica em demãos pode ser aplicado na fachada,
tanto na estrutura como na alvenaria proporciona uma elevada produtividade e um maior
rendimento do material necessita do controle rigoroso da produção da argamassa e da sua
aplicação sobre a base.
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CONVENCIONAL
Aplicado com colher de pedreiro
(Ceotto, Banduk e Nakakura, 2005)
INDUSTRIALIZADO
Aplicado com desempenadeira
denteada. Usualmente aplicado sobre a
estrutura de concreto (Ceotto, Banduk
e Nakakura, 2005).
ROLADO
Aplicado com rolo de espuma.
Pode ser aplicado tanto na estrutura
como na alvenaria (Ceotto, Banduk e
Nakakura,2005).
4.6 Emboço
4.7 Reboco
“esfarelar” pelo corte da régua. O momento para execução do sarrafeamento é feito por
avaliação tátil do oficial pedreiro
5. PATOLOGIA DA ARGAMASSA
Barros & Sabbatini (1997) os problemas patológicos são manifestados nas edificações
devidos a uma série de razões. Isto não é de se estranhar, pois diversos materiais, diferentes
técnicas de execução e condições ambientais adversas estão sempre concorrendo para a
realização dos empreendimentos.
Os problemas originados na fase de projeto ocorrem, de modo geral, por dois motivos:
ou pela inexistência de um projeto específico em que sejam definidas as características do
revestimento como um todo, ou seja, da camada de regularização, de fixação e de acabamento
ou ainda por erros de concepção durante a elaboração do projeto, pois quando este existe, está
limitado aos efeitos arquitetônicos, em que muitas vezes suas diretrizes são dadas
independentemente das condições reais de exposição e dos requisitos básicos à sua
construção.
formação adequada para enfrentar tal situação, é extremamente necessário que se busque
adotar uma metodologia de desenvolvimento do projeto que contemple todos os detalhes
executivos; a especificação de materiais compatíveis com as condições de uso; a interação do
revestimento com as demais partes do edifício tais como esquadrias, pisos, instalações e a
própria vedação, fornecendo assim, os subsídios necessários para um adequado
desenvolvimento dos serviços em obra, buscando minimizar ou mesmo eliminar as
improvisações e as decisões no momento da execução, diminuindo sensivelmente a
probabilidade de ocorrência de problemas futuros.
Durante muito tempo, admitia-se que o edifício era previsto para durar indefinidamente,
sem qualquer tipo de reparo. A ocorrência cada vez maior de problemas patológicos mostrou
que, de fato, essa idéia não correspondia à realidade. O problema patológico acontece quando
o desempenho do produto ultrapassa o seu limite mínimo de desempenho desejado.
Dentre esses, é destacada a importância do problema das trincas nos edifícios, que
podem ser sinais do comprometimento da segurança da estrutura e do desempenho da vedação
quanto à estanqueidade, durabilidade e isolação acústica, além de causar um constrangimento
psicológico dos usuários.
De acordo com a norma NBR 13749 (ABNT, 1996) descreve os seguintes tipos de patologias
em revestimentos:
a) fissuras mapeadas: podem se formar por retração da argamassa, por excesso de finos no
traço, quer sejam de aglomerantes, quer sejam de finos no agregado, ou por excesso de
desempenamento. Em geral, apresentam-se em forma de mapa;
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− hidratação retardada do óxido de cálcio não hidratado, presente na cal (o interior da vesícula
é branco);
− presença de concreções ferruginosas no agregado miúdo (o interior da vesícula é vermelho);
− presença de matéria orgânica ou pirita no agregado miúdo (o interior da vesícula é preto).
A perda de aderência pode ser entendida como um processo em que ocorrem falhas ou
ruptura na interface das camadas que constituem o revestimento ou na interface com a base ou
substrato, devido às tensões surgidas ultrapassarem a capacidade de aderência das ligações.
As causas mais comuns para o descolamento por empolamento seriam: a cal parcialmente
hidratada que, ao se extinguir depois de aplicada, aumenta de volume e pode produzir a
expansão, ou cal contendo óxido de magnésio, pois a hidratação desse óxido é muito lenta e
caso não tenham sido tomados os devidos cuidados, poderá ocorrer meses após a execução do
revestimento, produzindo expansão e empolando o mesmo BAUER, (1997).
BAUER (1997) salienta que estão sendo avaliados para este tratamento adesivos à base
de resinas acrílicas, diluídos em água.
· apicoamento da base;
· eliminação da base hidrófuga;
· aplicação de chapisco ou outro artifício para melhoria de aderência.
BAUER (1996) salienta que o substrato deve fornecer condições para que ocorra a
ligação mecânica com o revestimento, de maneira a se garantir adequada aderência,
minimizando problemas de descolamento. Conseqüentemente, os aspectos relacionados à
limpeza da base devem ser observados, como a eliminação de pó e resíduos e a presença de
desmoldantes em substratos de concreto.
maior freqüência em fachadas (LOGEAIS, 1989). Analisou-se 5.832 casos, onde 2.486 casos
relacionavam-se às fissuras “não-passantes”, ou seja, que não atravessam toda a espessura da
parede e 3.346 casos corresponderam às fissuras “passantes”.
De acordo com BAUER (1996), a incidência de fissuras em revestimentos sem que haja
movimentação e ou fissuração do substrato ocorre devido a fatores relativos à execução do
revestimento argamassado, solicitações higrotérmicas e também por retração hidráulica da
argamassa. Observa-se, então, que vários fatores intrínsecos à argamassa podem ser
responsáveis pela fissuração do revestimento, dentre os quais citam-se: consumo de cimento,
teor de finos e quantidade de água do amassamento de acordo com a figura 9 e 10.
No caso de argamassa composta por alto teor de finos, há um maior consumo de água de
amassamento, o que ocasiona maior retração por secagem e, se o revestimento não for
executado corretamente, podem aparecer fissuras na forma de “mapas” por todo o
revestimento. Outro fator que influencia no surgimento de fissuras é a umidade relativa do ar.
BAUER (1996) aponta como uma das causas comuns de fissuração nos revestimentos,
por exemplo, o fato de esse revestimento ser, muitas vezes, executado de maneira contínua
sobre juntas de dilatação da estrutura, podendo ocasionar o desprendimento da argamassa
nessa região.
Além disso, esse autor aponta, ainda, algumas outras causas que podem ser responsáveis
pelas fissuras nos revestimentos de argamassas, destacando entre elas: consumo elevado de
cimento; teor de finos elevado; consumo elevado de água de amassamento; número e
espessura das camadas; argamassa com baixa retenção de água e cura deficiente.
Um outro problema destacado por BAUER (1996) refere-se à ocorrência de fissuras
quando a deformação da laje de piso do subsolo é inferior à deformação da laje e viga
superiores; nesse caso, as paredes existentes entre as mesmas poderão se comportar como
uma viga, podendo ocorrer fissuras verticais e inclinadas nas extremidades superiores dos
panos de alvenaria.
Além desses problemas, em edifícios altos, os últimos pavimentos ficam sujeitos a uma
maior movimentação por dilatação dos elementos de concreto, mais expostos aos raios
solares. Nesse caso, é comum o aparecimento de fissuras no encontro alvenaria-estrutura.
Além desse tipo de manifestação, CINCOTTO (1986) registra, ainda, que no caso de
não ocorrer tempo suficiente para a secagem, entre a aplicação de duas camadas de
revestimento sucessivas, a retração na secagem da camada inferior poderá provocar fissuras
com configuração de mapa na camada superior.
O ato do desempeno com força suficiente e no tempo correto é importante, pois nessa
fase é possível comprimir a pasta e aproximar os grãos, reduzindo o potencial de fissuração da
argamassa.
Segundo BAUER (1996), as micro fissuras geradas por retração hidráulica podem ser
cobertas pela película de tinta, ou seja, através de pintura. Essa alternativa também é proposta
por THOMAZ (1989) que recomenda, para esses casos, utilizar pintura elástica encorpada
com três ou quatro demãos de tinta à base de resina acrílica com reforço com telas de náilon
nos locais mais danificados.
Esse mesmo procedimento é recomendado por THOMAZ (1989). Para esse autor, as
fissuras intrínsecas à argamassa de revestimento, sem fissuração da base, manifestam-se por
retração da argamassa e em conseqüência de solicitações higrotérmicas. A incidência dessas
fissuras será tanto maior, quanto maiores forem a resistência à tração e o módulo de
deformação da argamassa. Assim, para que se evite o aparecimento de fissuras esse autor
recomenda que as argamassas de revestimento contenham consideráveis teores de cal.
Para as regiões altas dos edifícios, BAUER (1996) sugere para as junções entre a
estrutura e a alvenaria, a utilização de uma tela em toda a extensão, inserida no revestimento
dos últimos andares, visando minimizar a fissuração de acordo com mostra na figura 11
acima.
Para que não á fissuras numa edificação devemos tomar o cuidado quanto a sua espessura e
devido ao material que está utilizando, para que obtemos um bom resultado seria interessante
utilizar uma argamassa mais grossa como a de assentamento na primeira demão e após as 16
horas entra com a camada de argamassa para o acabamento final.
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6. CONCLUSÃO
Por fim, salienta-se que o uso da argamassa de revestimento para construção passa pelo
incentivo à adoção de tecnologias construtivas mais sustentáveis. O aumento na qualidade dos
produtos obtidos na construção, a necessidade de uma manutenção adequada e a diminuição
dos custos são algumas das metas a serem alcançadas, entretanto, isso não deve ocorrer de
forma indiscriminada e com isso diminuirá a patologia. São interessantes que sejam
elaboradas normas rígidas de controle de qualidade desse material, bem como disseminar a
adoção de novas tecnologias de interesse comum, com o objetivo de melhorar a execução.
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7. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
______. NBR 7211: Agregados para concreto - especificação. Rio de Janeiro, 2005.
______. NBR 5735: Cimento Portland de alto - forno - especificação. Rio de Janeiro, 1991.
BAUER, Roberto José Falcão. Falhas em Revestimentos, suas causas e sua prevenção.
Centro Tecnológico Falcão Bauer, 1996.
CINCOTTO, Maria Alba; UEMOTO, Kai Loh. Patologia das Argamassas de Revestimento
– Aspectos Químicos. In: III SIMPÓSIO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA
CONSTRUÇÃO, São Paulo, 1986. Patologias das Edificações: Anais. São Paulo, EPUSP,
1986, p.77-85.
THOMAZ, Ercio. Trincas em Edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo. Pini,
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas
do Estado de São Paulo, 1989.