Você está na página 1de 3

RESENHA

Mestrando: Alan Johnnes Lira Feitosa

ZYLBERSZTAJN, Joana. Direito Internacional dos Direitos Humanos: Proteção às


mulheres no STF. In: AMARAL JUNIOR, Alberto do; JUBILUT, Liliana Lyra. O STF e
o direito internacional dos direitos humanos. São Paulo: Quartier Latin, 2009. pp. 413-
442.

O presente artigo trata de parte de um livro com nomenclatura homônima e


aborda a questão da proteção da mulher no contexto dos direitos humanos no âmbito do
STF, realizando a abordagem de determinados temas, colacionando julgados do Pretório
Excelso em que há enfrentamento do referido tema, sempre de forma favorável à mulher,
possuindo um total de 29 páginas.

Num primeiro momento, a autora realiza escorço histórico descrevendo os


principais tratados internacionais de direitos humanos em que contempla a mulher,
arrolando, portanto: a Declaração dos direitos do homem e do cidadão, de 1789; A
Declaração dos direitos da mulher, de Olympe de Gouges, de 1791, texto que foi rejeitado
e sua redatora enforcada; a Convenção sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação contra a mulher – CEDAW, de 1979; a Declaração Universal dos direitos
do homem, - DUDH, de 1945; por fim, o Pacto internacional dos direitos civis e políticos.
Dentro do contexto interamericano, cita a Convenção interamericana para prevenir, punir
e erradicar a violência contra a Mulher, editada pela OEA, em 1994.

Segue, já no contexto interno, abordando a Constituição Federal, o Código Civil,


o Código Penal, este que recebeu mudanças com a edição da Lei Maria da Penha, um
marco brasileiro na defesa contra a violência familiar e doméstica em desfavor da mulher.

No segundo momento, a autora passa a descrever os temas abordados pelo


Supremo Tribunal Federal em seus julgados, narrando que se valeu da seguinte
metodologia: pesquisa de decisões do STF com as expressões “gênero”, “Lei Maria da
Penha”, “mulher”, com recorte temporário posterior a 1988, ano de proclamação da
Constituição Federal vigente, com isto, foi feita a triagem e dividas em tópicos.

Os tópicos são os seguintes:


Crimes sexuais – Estupro, fala-se da decisão no sentido em que o estupro foi
alçado à categoria de crime hediondo, independentemente de haver lesão corporal grave,
considerando, ainda, que para que o delito se configure, é dispensável o exame de corpo
de delito.

Lei Maria da Penha - fala-se de Ação Declaratória de Constitucionalidade nº


19, em que foi concedida medida liminar para o fim de considerar constitucional e Lei
Maria da Penha em todos os seus termos, instrumento este de grande eficácia para
assegurar a integridade das mulheres frente a violações familiares envolvendo gênero.

Tráfico de Mulheres – no julgado elencado, ficou consignado que para a


configuração de crimes envolvendo traficância de mulheres para o mercado sexual, é
desimportante o fato de serem mulheres já prostituídas ou não.

Direitos trabalhistas – fala-se de assegura-se a licença-maternidade à mulher e,


ainda assim, isso ser tido como uma forma de assegurar a isonomia Homem X Mulher,
devendo, ainda, haver garantia do direito à estabilidade no trabalho da gestante.

Direito de Família e reprodutivos – com a evolução da constituição federal e


do código civil, viu-se que os direitos da mulher foram se aproximando aos direitos dos
homens, consagrando efetivamente a isonomia entre os gêneros, uma vez que,
exemplificativamente, igualou os direitos e obrigações havidos entre marido e mulher,
afastando cláusulas que sujeitavam a esposa ao marido.

Em relação à questão reprodutiva, falou-se de julgado do STF em que foi


enfrentada a possibilidade de abortamento de feto anencéfalo, ocasião em que o STF
definiu os limites de sua aceitação, demonstrando um avanço no julgado, permitindo às
gestantes nessa condição, que possam abortar, sem que precisem se sujeitar a uma penosa
gravidez por conta de entraves burocráticos e legais para efetuar a interrupção da
gravidez.

A Autora conclui mencionando que o artigo pretendeu retratar a posição


brasileira frente ao Direito Internacional dos Direitos Humanos das mulheres.
Argui que o que se pode notar é que o STF segue as diretrizes do Direito
Internacional, na medida em que a normatização brasileira as segue, não havendo, de
rigor, referências a tratados internacionais, mas em geral, sua argumentação obedece aos
ditames internacionais, porque a lei brasileira assim o faz.

Você também pode gostar