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Universidade de Brasília (UnB) – Faculdade de Direito

Direito Internacional Público


Resposta do caso 06

1)Tribunal – julgamento: O caso da plataforma continental do Mar do Norte de 1969, foi


julgado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), que é o principal órgão judiciário das
Nações Unidas.

2) Partes:
Demandantes:
1. Reino da Dinamarca: A Dinamarca apresentou o caso como uma das partes
demandantes. Eles reivindicavam direitos sobre a plataforma continental no Mar do
Norte além das 200 milhas náuticas a partir de sua costa.
2. Reino dos Países Baixos (Holanda): Os Países Baixos também foram parte
demandante no caso, buscando reivindicar direitos sobre a plataforma continental
além das 200 milhas náuticas a partir de sua costa no Mar do Norte.
Demandada:
1. República Federal da Alemanha: A Alemanha foi a parte demandada no caso,
contestando as reivindicações da Dinamarca e dos Países Baixos. Argumentou que
cada Estado envolvido deveria receber uma parte "justa e equitativa" da plataforma
continental disponível com base no comprimento do seu litoral.

3) Fatos: O caso da plataforma continental do Mar do Norte entre a Dinamarca e os Países


Baixos contra a Alemanha, foi um caso de disputa territorial resolvido pela Corte
Internacional de Justiça (CIJ) em 1969. A disputa dizia respeito à delimitação das fronteiras
marítimas e à soberania sobre a plataforma continental no Mar do Norte. A Dinamarca e os
Países Baixos reivindicavam direitos sobre a plataforma continental além das 200 milhas
náuticas a partir de sua costa no Mar do Norte, justificando com base no princípio da
equidistância onde todas as delimitações da plataforma continental deviam ser estabelecidas
por meio de linhas equidistantes, a menos que "circunstâncias especiais" existissem. No
entanto, a Alemanha negou o caráter obrigatório da equidistância para Estados não-parte à
Convenção de Genebra e contestou essas reivindicações, argumentando que cada Estado
envolvido deveria receber uma parte "justa e equitativa" da plataforma continental disponível
com base no comprimento do seu litoral. O caso foi levado à CIJ em 1967, e a decisão foi
proferida em 20 de fevereiro de 1969. A CIJ decidiu a favor da Alemanha, rejeitando a
alegação da Holanda e da Dinamarca de que as delimitações em questão deveriam ser
realizadas de acordo com o princípio da equidistância conforme definido na Convenção de
Genebra de 1958 sobre a Plataforma Continental. A Corte levou em conta o fato de que a
Alemanha não havia ratificado a referida Convenção e considerou que o princípio da
equidistância não era inerente ao conceito básico de direitos da plataforma continental,

4) Problemas jurídicos discutidos:


Problema 1: Método de delimitação da plataforma continental
A questão central é determinar qual método de delimitação da plataforma continental
deve ser aplicado. As partes apresentam posicionamentos opostos. A Dinamarca e a Holanda
defendem a aplicação da regra de "circunstâncias especiais de equidistância", baseada no
Artigo 6 da Convenção de Genebra sobre a Plataforma Continental de 1958. Eles
argumentam que essa regra é obrigatória e deve ser utilizada, a menos que "circunstâncias
especiais" existam.
Por outro lado, a Alemanha nega o caráter obrigatório da equidistância para Estados
não signatários da Convenção de Genebra. A Alemanha propõe o método da "frente costeira"
ou "fachada" como alternativa, no qual uma linha-base reta é utilizada como referência para a
delimitação.

Problema 2: Obrigatoriedade da regra de equidistância para a Alemanha


A Dinamarca e os Países Baixos argumentam que a Alemanha, independentemente de
sua posição em relação à Convenção de Genebra, está juridicamente obrigada a aceitar a
delimitação com base na regra de "circunstâncias especiais de equidistância". Eles afirmam
que essa regra é vinculante para a Alemanha como parte do direito internacional geral,
independentemente do consentimento dela. A Alemanha contesta essa argumentação e
defende que a equidistância não é obrigatória para ela, a menos que seja estabelecida como
regra de direito positivo.

5) Argumentos das partes:


Parte A (Dinamarca e Países Baixos): A Dinamarca e os Países Baixos argumentam que a
delimitação das zonas da plataforma continental do Mar do Norte deve ser feita com base na
regra da "eqüidistância - circunstâncias especiais". Essa regra, estabelecida no artigo 6º da
Convenção de Genebra de 1958 sobre a Plataforma Continental, afirma que, na ausência de
acordo entre as partes para usar outro método, a delimitação deve seguir a linha de
equidistância, a menos que existam "circunstâncias especiais". Eles afirmam que a
configuração da costa alemã não constitui uma circunstância especial que justifique a não
aplicação desse método.

Parte B (Alemanha): A República Federal da Alemanha argumenta que o método da


equidistância na delimitação da plataforma continental reduziria exageradamente sua justa
parte da plataforma continental em proporção ao comprimento de seu litoral. Ela sustenta que
o princípio da equidistância, se aplicado, resultaria em uma diminuição injusta de sua porção
da plataforma continental. Sustenta assim que a regra a ser aplicada na delimitação da
plataforma continental no Mar do Norte é aquela que garante que cada Estado obtenha uma
parte "justa e eqüitativa" da plataforma proporcional ao comprimento de seu litoral. A
Alemanha argumenta que, devido à forma do Mar do Norte, cada Estado envolvido pode
reivindicar que sua zona da plataforma continental se estenda até o ponto central do mar ou
pelo menos alcance sua linha mediana. Além disso, a Alemanha afirma que, caso o método
da equidistância seja considerado aplicável, a configuração da costa alemã constituiria uma
circunstância especial que justificaria a rejeição desse método no presente caso.

6) Decisão dos problemas jurídicos:


Problema 1: A Dinamarca e os Países Baixos argumentaram que a Alemanha era obrigada a
aceitar o método da equidistância na delimitação da plataforma continental. A Corte
considerou que, embora a proximidade pudesse ser um critério importante para a delimitação
em certas condições, não era necessariamente o único nem sempre o mais apropriado. A
concepção fundamental da plataforma continental é entendida como um prolongamento
natural do território costeiro. A noção de equidistância não está necessariamente ligada à
concepção fundamental da plataforma continental e não é identificada ao prolongamento
natural. A Corte concluiu que o princípio da equidistância não era inerente à concepção
fundamental da plataforma continental. A Corte considerou que o princípio da equidistância,
conforme estabelecido no artigo 6º da Convenção de Genebra, não foi proposto como uma
regra de direito internacional costumeiro em vias de formação pela Comissão de Direito
Internacional. Além disso, o fato de os Estados poderem formular reservas ao artigo 6º indica
que não foi considerado uma regra de direito internacional costumeiro. A Corte também
considerou que a influência da Convenção e a prática dos Estados não foram suficientes para
estabelecer o princípio da equidistância como uma regra costumeira de direito internacional.
Portanto, a Corte concluiu que o princípio da equidistância não constitui uma regra de direito
internacional costumeiro.
Problema 2: A Corte examinou se a República Federal da Alemanha era obrigada a aceitar a
aplicação do princípio da equidistância, conforme estabelecido no artigo 6º da Convenção de
Genebra de 1958. A Corte concluiu que a Convenção não era obrigatória para a Alemanha,
uma vez que a Alemanha não a ratificou. Além disso, não havia evidências de que a
Alemanha tivesse aceitado as obrigações da Convenção por meio de seu comportamento,
declarações públicas ou proclamações. Portanto, o artigo 6º da Convenção não era aplicável
às delimitações discutidas.

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